O outro lado da linha permanecia mergulhado em completo silêncio.Nathan se sentiu ainda mais inseguro, selecionando cada palavra com extremo cuidado.— Eu sei que cometi erros imperdoáveis. Jamais deveria ter mentido para você. Não deveria ter te machucado daquela maneira cruel. Eu e Ivana não temos mais nada. O bebê... — Sua voz falhou de repente. — Também não existe mais.Nenhuma resposta emergiu daquele silêncio opressivo.— Amor, por favor... Me perdoa apenas desta vez. Juro por tudo que não consigo mais viver sem você. Se voltar para mim, estou disposto a pagar qualquer preço.O silêncio persistia, implacável.— Amor, não desliga, eu imploro...Sua voz oscilava entre súplica e desespero.Mas antes que pudesse concluir sua frase, a chamada foi encerrada.Tomado pelo pânico, tentou ligar de novo, repetidas vezes. Constatou, com horror crescente, que já havia sido bloqueado. O desespero o sufocava como uma mão invisível apertando sua garganta.A angústia se tornava tão intensa que m
— Você parece ter esquecido, eu te dei várias oportunidades. O problema é seu, não consegue aproveitar nenhuma. — Disse Susana com uma frieza cortante.Nathan tremia, sua voz se quebrando a cada palavra. — Querida, eu realmente sei que errei.— E daí? — Susana soltou uma risada seca. — Você consegue trazer as duas crianças de volta? O que aconteceu com Ivana, você acha que vai conseguir apagar com um simples pedido de desculpas? Desde o momento em que cruzei aquela porta, jamais pensei em retornar. Nathan, você é imundo.Susana desviou o olhar para Paula, que a observava com expressão suplicante.— O tempo acabou, preciso ir. — Ela declarou com resolução inabalável.— Não... Não, Susana, passamos tantos anos juntos, você não pode... — A voz desesperada de Nathan ecoava pelo telefone.Ela atravessou a porta e saiu, deixando para trás apenas o eco de um pedido de socorro que ficou engasgado na garganta de Nathan.Paula soltou um suspiro pesado, tomada por uma profunda tristeza. — Natha
— Eu não quero, porque eu te acho sujo.Nathan despertou de repente, banhado em suor frio, e correu para o banheiro, lavando cada centímetro de seu corpo, esfregando a pele com tanta força que parecia querer arrancá-la. Seus olhos estavam inflamados e vermelhos, e ele murmurava, sem sequer perceber:— Amor, eu me lavei, eu não sou mais sujo, não estou mais contaminado. Expeli tudo que ingeri, por favor, não me rejeite. Vou falar com todos eles, ninguém mais ousa aparecer aqui para nos perturbar.Foi necessária meia hora de ritual obsessivo até que Nathan finalmente emergisse do banheiro. Ao avistá-lo no corredor, Paula fez menção de entrar no quarto, mas foi impedida por ele.— Não entre. Susana detesta sua presença. Preciso organizar tudo aqui para ela, não posso permitir que fique ainda mais triste.Devastada, Paula se deixou cair sentada junto à porta, tomada pelo desespero. Se ele a impedia de entrar, permaneceria ali, o vigiando. — Não posso te impedir, então vou ficar aqui ao se
Susana apertou seus lábios vermelhos.Quando as portas do elevador se abriram, Vagner deu alguns passos para fora e olhou para trás com expressão interrogativa.— O que aconteceu?Susana guardou o celular e o seguiu.O quarto deles ficava em frente ao elevador, mas quando ela abriu a porta, hesitou antes de entrar.— Vagner. — Ela chamou com voz suave.— Deseja entrar e se sentar um pouco? — Ofereceu ela, com gentileza.Susana se virou para encará-lo, reunindo coragem para dizer o que lhe passava pela mente.— O que eu realmente quero dizer é... Que tal tentarmos construir algo juntos? Algo mais sério?Vagner ficou sem reação por um momento, e foi Susana quem recuperou primeiro a compostura.Ela estava prestes a elaborar melhor sua proposta quando Vagner se antecipou:— Sim.Ele avançou com passos decididos e a porta se fechou atrás dele com um clique suave.A pressionou entre seu corpo e a parede, com um olhar ardente que jamais havia demonstrado anteriormente.— Vamos continuar essa
Aquela única frase fez Nathan enxugar seus olhos umedecidos.— Permanecemos juntos por tanto tempo, não consegue me perdoar ao menos desta vez?— Certo, te perdoo. — Respondeu ela, com rapidez.Nathan ficou surpreso com sua resposta inesperada, seus olhos se iluminando com esperança renovada.— Desde que você consiga aceitar que, eu possa me envolver com outros homens. Enquanto ainda estiver com você, vou enviar mensagens constantes para ele e demonstrar publicamente meu apoio às suas publicações nas redes sociais. Vou aproveitar seus momentos de sono para passar noites inteiras na companhia dele. Existe até a possibilidade de engravidar dele e solicitar sua colaboração financeira para criar este filho que não será seu.A cada palavra pronunciada por Susana, o rosto de Nathan se tornava mais pálido. A simples menção daquelas possibilidades já o deixava à beira do colapso emocional.— Você conseguiria aceitar essas condições? — Questionou ela, implacavelmente.Nathan balançou a cabeça,
Seria o que ela estava imaginando? De fato, era exatamente isso.Susana mal conseguia imaginar como alguém aparentemente tão discreto e gentil quanto Vagner poderia ter elaborado uma lista tão extensa e detalhada de estratégias para seduzi-la a trair seu casamento.Ela soltou uma risada nervosa, num misto contraditório de choque e incredulidade, enquanto folheava as páginas daquele caderno revelador, até que seus olhos se detiveram numa anotação particular.[Melhor não prosseguir... Ela ficaria magoada.]O coração de Susana acelerou diante daquelas palavras.— Para ser franca, quando me deparei com todo esse material pela primeira vez, fiquei ainda mais perplexa do que você está agora. — Confessou Alice. — Conhecer a aparência das pessoas é simples, mas decifrar o que habita em seus corações... Nossa família inteira já nutria certas suspeitas de que ele possuía características um tanto peculiares...Susana não conseguiu conter uma risada espontânea diante daquela observação tão sincer
O celular vibrou mais uma vez, exibindo aquela notícia que já dominava trending topics há semanas.[Nathan Fonseca adquire mansão deslumbrante e cria jardim exuberante de rosas para celebrar cinco anos de matrimônio.]Era sua forma de anunciar ao mundo, mais uma vez, que seu amor por Susana permanecia inabalável como uma rocha.Os comentários não paravam de aparecer na publicação, cada um transbordando mais inveja que o anterior.[Quem ainda duvida que relacionamentos com diferença de idade podem dar certo? O verdadeiro presente do Sr. Nathan sempre foi sua devoção incondicional. Comentam por aí que a Sra. Fonseca é seis anos mais velha, e que ele correu atrás dela por três longos anos até finalmente conquistá-la!][Todo mundo já percebeu como o Sr. Nathan é completamente apaixonado pela esposa. Lembram daquele terremoto há dois anos, quando a Sra. Fonseca ficou presa? Ele se jogou nos escombros sem pensar nas consequências. Saiu todo machucado, mas mesmo assim foi ele quem consolou a
Ao meio-dia, Nathan conduziu Susana até a residência da família Fonseca para o almoço familiar.Paula, mãe dele, jamais havia demonstrado simpatia por Susana. Tão grande era sua desaprovação que nem mesmo compareceu à cerimônia quando os dois se casaram.Após o casamento, o casal se estabeleceu em outro bairro, retornando à casa materna apenas nos finais de cada mês.— Meu amor, não esquenta com o que minha mãe falar, tá? — Sussurrou Nathan, apertando suavemente a mão dela enquanto se aproximavam da porta. — Vou estar sempre ao seu lado. É só comer e depois caímos fora.Mal haviam entrado quando a risada estridente de Paula alcançou os ouvidos de Susana.— Que criança mais linda do mundo! Olha só essas mãozinhas, esses pezinhos tão pequenos... Ai, meu Deus, meu coração não aguenta de tanta fofura!O sangue fugiu do rosto de Susana, a deixando imobilizada na entrada.Ao lado de Paula estava ela, a mesma mulher da mensagem.— Esta é Ivana, filha de uma grande amiga minha. — Explicou Paul