Capítulo 6
— Me perdoa, por favor. — Nathan a abraçou com força. — Pode me bater, me xingar, fazer o que quiser comigo, mas não chora assim. Falei merda, fui um completo imbecil. Não tenho desculpa para o que disse.

As lágrimas escorriam pelo rosto de Susana enquanto ela lutava em vão para se desvencilhar dos braços dele. No fundo do seu coração, a verdade gritava: Nathan não tinha simplesmente falado sem pensar. Era tudo calculado para jogar a culpa nela.

Uma maneira conveniente de justificar a traição dele.

— Vou conversar com minha mãe, juro. — Insistia ele, enxugando as lágrimas dela com o polegar. — Quando ela aprender a te respeitar como merece no futuro, você pode desbloquear ela. O que acha?

Um sorriso triste brotou nos lábios de Susana, os olhos ainda marejados.

"Nathan, entre nós dois, não existe mais futuro.", pensou.

Nos dois dias seguintes, Nathan não colocou o pé para fora de casa.

Mesmo com Susana o tratando como se fosse invisível, ele se desdobrava na cozinha preparando os pratos que ela adorava, fazendo de tudo para reconquistar seu olhar.

Enquanto isso, no perfil de Ivana, as publicações não paravam.

[Chegaram as coisinhas que o Nathan comprou para o bebê.]

[O Nathan reservou a melhor clínica da cidade para o pós-parto.]

[Olha só a janta que ele mandou entregar para mim. Nutritiva e uma delícia!]

E em cada postagem, lá estava ele: Nathan, deixando seu like.

Naquela noite, ele se ajoelhou ao lado do sofá onde Susana estava sentada, segurando uma bacia de água morna para ela mergulhar os pés cansados.

De repente, o celular tocou.

— É o Gabriel. — Ele anunciou, mostrando a tela para ela. — Ele fechou um contrato gigante e quer comemorar. Chamou a gente para ir junto.

Colocou no viva-voz sem hesitar.

— Susana! — A voz animada do irmão ecoou pela sala. — Quanto tempo! Você tem que vir também, tá?

Faltavam apenas dois dias para sua partida. Ela não sabia quando veria Gabriel novamente. Seu único irmão.

As palavras saíram quase num sussurro:

— Tudo bem. Eu vou.

Gabriel organizou um churrasco de arromba no quintal do restaurante da família Miranda.

Mal Susana e Nathan pisaram no local, Gabriel disparou em direção a eles, abrindo os braços.

— Susana! — Ele exclamou, a abraçando com entusiasmo. — Sei que você detesta cigarro, então já dei ordem. Ninguém acende nada aqui hoje. Sou o melhor irmão do mundo ou não?

Antes que Susana pudesse responder, alguém gritou da churrasqueira:

— Ei, Gabriel! Não rouba o mérito alheio! Foi o Nathan que pediu isso.

— Nossa, como ele cuida da Susana... — Comentou outro convidado.

Gabriel soltou uma gargalhada.

— Óbvio! Senão nunca teria passado no meu teste de aprovação.

Já arregaçando as mangas, Nathan foi direto para a churrasqueira e começou a preparar os cortes que sabia que Susana mais gostava.

— Amor, senta aqui. — Apontou para uma cadeira afastada. — Não quero que fique respirando essa fumaça toda. Me diz o que quer comer que eu preparo especialmente para você.

Susana manteve o silêncio. Não ia mais fingir.

Gabriel pegou duas garrafas vazias e bateu uma na outra, chamando atenção.

— Nathan, acabou a cerveja! Vem comigo buscar mais no porão.

Nathan passou a mão carinhosamente pelos cabelos de Susana e sorriu.

— Me espera aqui, tá? Volto num instante.

Ele e Gabriel desapareceram porta adentro.

Poucos minutos se passaram quando o celular de Susana vibrou em sua bolsa.

Ivana tinha acabado de mandar uma localização.

Ela também estava ali.

O coração de Susana acelerou a ponto de doer.

Gabriel não sabia de nada sobre a traição. E ele sempre foi impulsivo demais.

Sem pensar duas vezes, Susana segiu atrás deles.

Mas a cena que encontrou não era de confronto algum.

Era Nathan, Ivana e Gabriel, juntos, entre risos cúmplices.

Com um gesto íntimo, Ivana entrelaçou seus dedos nos de Nathan, levando a mão dele à sua barriga.

— Seu filho tá agitado hoje. — Ela murmurou com voz melosa. — Acho que ele sente sua falta.

Gabriel deu uma risadinha discreta.

— Nathan, vou deixar vocês conversarem à vontade. Eu cuido das cervejas.

E saiu, não sem antes piscar para Nathan com um sorriso carregado de cumplicidade.

Assim que ficaram sozinhos, Nathan puxou Ivana para seus braços com urgência.

— Só o bebê que sente minha falta? — Ele perguntou, com voz rouca.

— Você sabe muito bem que não. — Ela respondeu, mordendo o lábio inferior.

Ele sorriu, se inclinou e a beijou com paixão.

Os dois, ainda abraçados, foram se movendo para o quarto ao lado. O quarto onde Susana dormiu durante treze anos da sua vida, antes de se casar.

Ela sentiu o mundo desmoronar sob seus pés.

Aos treze anos, tinha ficado órfã. Para sustentar Gabriel, acumulou trabalhos, chegando a ter três empregos simultaneamente. Jamais reclamou do cansaço.

No dia do seu casamento, Gabriel chorou ao entregá-la a Nathan no altar.

— Se ele não te tratar como uma rainha, você volta para casa. — Gabriel havia prometido. — Seu quarto está sempre te esperando.

Mas agora... As duas pessoas que mais amava no mundo, unidas para destruir o pouco que ainda restava dela.

Quando voltou ao quintal, com o coração em pedaços, Gabriel também estava lá, carregando as caixas de cerveja.

Os olhares dos irmãos se encontraram.

Susana forçou um sorriso.

— E o Nathan? — Ela perguntou com falsa naturalidade. — Onde ele está?
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