Capítulo 7
— Nathan foi esquentar seu leite. Disse que você não deve tomar nada gelado. — Comentou Gabriel, com um sorriso casual. — Olha, não sou eu quem está falando, mas onde mais você encontraria um homem tão atencioso quanto ele? Preciso ainda buscar mais algumas bebidas, então vou aproveitar para apressá-lo um pouco.

Um ardor intenso tomou conta dos olhos de Susana. Suas unhas, involuntariamente, se cravaram na palma da mão com força.

Quantas vezes havia a enganado para conseguir mentir daquela forma tão natural, sem ao menos piscar?

A sensação de sufocamento era tanta que ela não conseguia permanecer ali nem mais um segundo sequer.

— Estou exausta. — Murmurou ela, se levantando. — Vou para casa.

— Quer que Nathan te leve? — Indagou Gabriel, com falsa preocupação.

Susana fitou o irmão nos olhos, com um olhar cortante.

— Não precisa. Não quero interromper a diversão dele. — Respondeu com voz firme, mas cheia de ironia.

Gabriel hesitou ao perceber a intensidade no olhar dela.

— Então eu peço um carro para você. — Ele ofereceu, desviando ligeiramente o olhar.

Antes de entrar no veículo, Susana lançou um último olhar para o irmão, aquele que havia criado praticamente como um filho.

Incapaz de sustentar aquele olhar, Gabriel desviou os olhos rapidamente.

— Que foi, Susana? — Perguntou ele, fingindo não entender.

Ela não respondeu. Apenas fechou a porta com determinação e partiu.

Mal havia chegado em casa quando seu celular tocou. Era Nathan.

— Por que não deixou que eu te levasse? — Perguntou ele, com tom preocupado. — Já está tarde, não gosto de saber que você voltou sozinha.

Ao mesmo tempo, uma mensagem de Ivana chegou ao seu aparelho.

[Vocês transaram pela primeira vez nessa cama? Ele me contou que você é muito moderada, que só sabe de poucos jeitos. Certo? Nem é surpresa que ele ficou dois dias sem te tocar. Por pouco não me deixou exausta ontem à noite.]

As lembranças invadiram sua mente. Na noite do casamento, Nathan havia percebido sua insegurança. Com delicadeza, ele a levou de volta à casa da família Miranda, para o quarto onde ela sempre se sentiu protegida.

Naquela primeira noite juntos, Nathan se conteve ao máximo. Respeitou cada hesitação, cada receio dela. Foi gentil e cuidadoso. E quando ela chorou, emocionada, ele também derramou lágrimas.

— Susana, eu te amo. — Sussurrou ele na ocasião. — Nunca vou fazer você se arrepender de ter se casado comigo.

Mas agora... Agora o arrependimento consumia seu coração.

A voz de Nathan continuava chamando seu nome do outro lado da linha.

Susana cobriu a boca com força, numa tentativa desesperada de conter o soluço que dilacerava sua garganta.

— Será que a ligação caiu? — A voz de Gabriel soou ao fundo. — Relaxa, Nathan. Eu mesmo pediu o carro. O aplicativo mostra que já chegou em casa. Vai cuidar da Ivana. Depois eu mando uma mensagem para a Susana.

— Só toma cuidado para não falar besteira. — Alertou Gabriel.

Uma risada debochada ecoou.

— Susana nunca desconfiaria de mim. Ela mesma não pode ter filhos, então o que há de errado em deixar que uma outra os tenha?

— Gabriel! — Nathan exclamou, visivelmente alterado. — Nunca mais fale assim da sua irmã!

— Tá, tá, parei. — Cedeu Gabriel.

A ligação caiu abruptamente.

Logo em seguida, Susana recebeu uma mensagem de Gabriel.

[Nathan tem voltado tão pouco ultimamente... Hoje ele prometeu tomar mais uns drinks comigo. Vou fazer ele dormir aqui. Pode ficar tranquila.]

E, quase imediatamente, uma mensagem de Nathan.

[Amor, se estiver com sono, pode dormir, tá? Gabriel conseguiu um contrato importante hoje. Vou comemorar representando você também, então não me espere.]

Susana não respondeu a nenhuma delas.

De repente, toda a dor que fervilhava dentro dela se transformou em gelo.

Com um gesto firme, secou as lágrimas.

Não esperaria mais nada.

Pessoas que não valiam a pena não mereciam seu tempo. Nem ele. Nem Gabriel.

Ela se dirigiu ao quarto e, pela primeira vez em muito tempo, dormiu profundamente.

No dia do aniversário de casamento, Nathan se levantou cedo para preparar o café da manhã.

— Amor. — Disse ele, animado. — Hoje à noite você finalmente vai ver os fogos que preparei especialmente para você.

Susana sorriu. Um sorriso vazio de emoção. Não disse nada.

— Vou para a empresa. À noite nos vemos para comemorar. — Anunciou ele.

Quando Nathan se levantou, Susana abriu a gaveta da mesa e retirou um envelope. Com um movimento decidido, o empurrou na direção dele.

— Assina. — Ordenou ela, com voz firme e definitiva.
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