Capítulo 5
Tarde da noite Susana finalmente se entregava ao sono e, como resultado natural, despertava quando a manhã já ia alta.

Mal havia deixado o quarto naquela manhã quando Nathan irrompeu pela porta, trazendo consigo um sorriso esperançoso.

— Olha só o que eu trouxe, meu bem. — Anunciou ele com entusiasmo, retirando da jaqueta um pacote como quem revela um tesouro precioso. — Passei na sua confeitaria preferida.

Era sempre assim. Quando Nathan pisava na bola, logo aparecia com um bolo para Susana. Um padrão que se repetia como ritual de redenção.

Na verdade, ela nunca tinha sido tão apaixonada assim por doces, mas aceitava as oferendas por amor.

Mas hoje? Qual seria o motivo?

"Será que está tentando aplacar a consciência depois de passar a noite nos braços de outra?", pensou ela, enquanto observava o pacote.

— Ei, você viu a mensagem que te mandei antes de sair? — Questionou ele, inquieto. — Quando acordou?

Nos últimos dias, algo em Susana havia mudado, e isso deixava Nathan visivelmente perturbado.

— Acabei de levantar. — Respondeu ela secamente, pegando os talheres. — Não vi mensagem nenhuma.

Por ele, nem mesmo o prazer de comer se negaria.

Nathan soltou um suspiro aliviado ao perceber que o semblante dela não demonstrava qualquer sinal de problema.

— Preciso resolver uns assuntos do trabalho rapidinho. — Explicou ele. — Quando terminar de comer, que tal darmos uma volta?

Enquanto saboreava o bolo, Susana pegou o celular distraidamente.

Logo notou uma nova publicação de Ivana.

[Ele é tão atencioso... Apenas mencionei de passagem que estava com vontade de comer bolo, e ele saiu correndo para comprar.]

A fotografia exibia um bolo exatamente igual ao que repousava no prato de Susana.

Do outro lado da mesa, Nathan sorriu levemente.

Segundos depois, surgiu um novo comentário na postagem.

Nathan: [Que bom que você gostou.]

Em seguida, Paula também deixou sua marca: [É assim mesmo que tem que ser! Peça o que quiser, você merece. Não é como certas pessoas que só ocupam espaço e não contribuem com nada.]

Nathan podia ver claramente esse comentário também.

Susana ergueu o olhar para captar sua reação. Ele sorria. Os olhos brilhantes, satisfeitos.

Com um sorriso enigmático, ela também sorriu. E sem hesitação alguma, bloqueou Paula em todas as redes sociais.

Já passava da hora, afinal.

Nem teve tempo de terminar o café. O telefone de Nathan tocou imediatamente.

A voz estridente de Paula parecia estourar pelo aparelho. Ele franziu a testa, lançando um olhar interrogativo para Susana.

— Minha mãe disse que ia mandar um remédio para você. — Comentou, confuso. — Por que bloqueou ela?

— Não precisa mandar nada. — Respondeu Susana com firmeza. — Não vou tomar.

Paula adorava enviar seus chás e misturas estranhas. Durante anos, Susana engoliu aquelas poções à contragosto, enquanto ouvia insinuações de que era ingrata por recusar tais cuidados.

— Mas mesmo assim... — Tentou argumentar Nathan.

Bloqueada ou não, as mensagens antigas ainda permaneciam ali.

Com um movimento decidido, Susana deslizou o celular até ele.

A última mensagem de Paula dizia: [Mulher que não tem filhos serve para quê? Já perdeu um, não conseguiu segurar. Que desperdício! A linhagem da família Fonseca não pode acabar nas suas mãos.]

No primeiro ano de casamento, Susana havia engravidado. Aos sete meses de gestação, perdeu o bebê. E desde então, essas palavras cruéis ecoavam incessantemente. Ela sempre soube que Nathan tentava acalmar as águas, intercedendo por ela. Por isso, nunca quis colocá-lo contra a própria mãe.

Mas dessa vez, Nathan apenas franziu a testa com ar pensativo.

— Ela continua sendo minha mãe. — Murmurou ele. — Você podia tentar entender o lado dela.

Susana deixou escapar uma risada cheia de amargura.

— E quem entende o meu lado? — Ela questionou, com os olhos faiscando de indignação. — Nathan, você sabe quanto eu sofri. Nunca pensou que talvez essa perda tenha acontecido por algum motivo?

Nathan soltou um suspiro profundo.

— Será que não foi algo que você comeu? Ou algum produto que usou sem perceber?

As lágrimas brotaram instantaneamente dos olhos de Susana.

— Não chora, por favor... — Nathan percebeu seu erro tarde demais. — Me desculpa. Não queria dizer isso.

Durante aquela gravidez, Susana havia sido extremamente cuidadosa.

Abandonou qualquer tipo de maquiagem. Evitou refeições fora de casa. Não viajou, não assumiu riscos. Mesmo assim, perdeu o bebê. Seu mundo desmoronou completamente.

Nathan permaneceu ao seu lado, dia e noite.

Repetia incansavelmente: "Meu amor, não foi culpa sua. Mesmo que nunca tenhamos filhos, só me importo com você."

Por um mês inteiro, ele foi seu porto seguro.

Agora, finalmente, ela compreendia a verdade.

No fundo, ele também acreditava que a culpa era dela.
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