Lis caminhava pela floresta, cada passo uma batalha contra o cansaço que a consumia. O céu estava tingido de um laranja profundo, enquanto o sol se despedia no horizonte, mergulhando o mundo em um crepúsculo mágico, mas também aterrorizante. As árvores ao seu redor se erguiam como sentinelas silenciosas, e a brisa fresca da noite não conseguia aliviar o peso que pressionava seu coração.
— Eu não vou sobreviver para ver outro nascer do sol — murmurou para si mesma, sua voz falhando sob o peso da tristeza. As lágrimas queimavam em seus olhos, e uma sensação de desespero a envolvia. A culpa era uma sombra constante, lembrando-a do dia fatídico em que, em uma tentativa de salvar um amigo de um ataque, acabou causando um acidente que lhe custou a liberdade. Agora, era uma loba sem matilha, sem lar, vagando pela floresta como um espírito perdido. Lis parou para se apoiar em uma árvore, seu corpo tremendo. O que deveria ser um simples passeio pela floresta se tornara um pesadelo. — Se ao menos eu pudesse voltar atrás... — pensou, a dor em seu coração se transformando em um peso insuportável. — Eles nunca iriam me perdoar. — O desespero a envolvia como uma neblina espessa. Enquanto isso, Matthew, um alfa dominante de 25 anos, patrulhava seus domínios. O peso das responsabilidades repousava em seus ombros largos, e uma inquietação o consumia. Ele sentia que algo estava faltando em sua vida, mas não conseguia identificar o que era. Sempre fora o líder forte e confiável, mas a solidão o fazia questionar seu papel. Ele sentia que algo estava prestes a acontecer — um pressentimento que o fazia acelerar o passo. Matthew, com seus cabelos escuros e ondulados, olhos intensos como o céu noturno e um corpo atlético, sentia a energia da floresta pulsar ao seu redor. — Shadow, o que está acontecendo? — perguntou em sua mente, sentindo o lobo interior despertar, inquieto e ansioso. — Companheira! — gritou Shadow, um desejo primal ecoando em sua consciência. Foi então que Matthew avistou uma figura à distância — uma jovem com cabelos longos e desgrenhados, vestindo roupas simples e sujas, e a pele marcada por arranhões e sujeira. — O que é aquilo? — pensou, a preocupação crescendo em seu peito enquanto se aproximava. O coração dele disparou ao ver Lis caída de joelhos, exausta e vulnerável. O instinto de proteção tomou conta dele. — Ei — disse ele, tentando manter a voz suave e reconfortante, enquanto se aproximava lentamente. — Você está bem? Lis virou-se rapidamente, seus olhos cheios de medo e desconfiança. — Quem é você? — Sua voz tremia, e ela se preparou para fugir ou lutar. A adrenalina percorria seu corpo, pronta para se defender de uma ameaça. — Matthew. Sou o alfa desta região — respondeu ele, fazendo questão de manter uma distância respeitosa, mas ao mesmo tempo se mostrando disponível. — Você está ferida. — O coração dele doía ao ver o estado dela, e a necessidade de ajudar a envolvia como um manto. Ela hesitou, lutando para se levantar, as pernas tremendo sob seu peso. — Não importa. Só preciso de um lugar para descansar — respondeu, sua voz soando fraca, como se as forças a abandonassem. — Venha comigo — ele insistiu, estendendo a mão. — Posso ajudar. — O olhar determinado dele fez Lis hesitar. Havia uma profundidade nos olhos de Matthew que a intrigava, um brilho que prometia segurança em meio ao caos. Relutante, Lis olhou para a mão estendida. A decisão de aceitá-la parecia uma luta interna, mas seu corpo gritava por ajuda. — Eu… não posso. Não quero ser um fardo. — Você não é um fardo — Matthew disse, a voz carregada de empatia. — Eu não vou deixar que você sofra mais. Ninguém deve passar por isso sozinha. — Havia uma sinceridade nas palavras dele que a fez hesitar. — E se você se arrepender de me ajudar? E se sua matilha não me aceitar? — Lis questionou, o medo de ser rejeitada corroendo-a. — Então eu lutarei por você — Matthew respondeu, o olhar firme e decidido. — Eu nunca vi alguém tão corajoso quanto você. — Ele deu um passo à frente, sua presença projetando uma aura de força e proteção. — Acredite em mim. Você não está sozinha. Lis olhou nos olhos dele, buscando alguma forma de esperança. — E se eles não me aceitarem? — Sua voz tremia ao pronunciar as palavras. — Eu não posso prometer que será fácil, mas prometo que farei o meu melhor para protegê-la — Matthew garantiu, a sinceridade ressoando em cada palavra. — Você merece uma chance. Enquanto a noite caía, a floresta se tornava mais escura, e o frio começava a penetrar suas roupas. Mas, ao lado de Matthew, Lis sentiu uma centelha de esperança reacender em seu coração. Estava tão cansada, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. — Obrigada por me ajudar — disse ela, a voz suave, quase um sussurro. — Não é nada — Matthew sorriu, um sorriso que iluminou seu rosto e dissipou um pouco da escuridão ao redor. — Todos nós merecemos uma segunda chance. Ele começou a guiá-la por um caminho que levava à clareira onde sua matilha estava acampada. A tensão pairava no ar enquanto se aproximavam. Matthew olhou para Lis, avaliando sua expressão ansiosa. — Você está pronta? — perguntou, sentindo seu coração acelerar. Lis hesitou, o futuro parecendo tão incerto. — Não tenho certeza — respondeu, a voz hesitante. — Vamos lá — ele encorajou, segurando sua mão com firmeza. — Você não precisa ter medo. Eu estarei ao seu lado. Com isso, Lis entrou na clareira ao lado de Matthew, sentindo o peso dos olhares dos membros da matilha sobre ela. O que ela não sabia era que esse momento mudaria suas vidas para sempre. A brisa suave da noite soprava através das árvores, trazendo um cheiro de terra molhada e folhas secas, e Lis sentiu que, talvez, uma nova jornada estivesse apenas começando. E no fundo de seu ser, a presença de Rose, sua loba interior, começava a despertar, pronta para enfrentar o que viesse.O céu noturno estava pontilhado de estrelas, iluminando levemente a clareira onde a matilha de Matthew estava reunida. As vozes que antes ecoavam pelo espaço silenciaram assim que os lobos perceberam a presença do alfa retornando — acompanhado. O ambiente, que antes parecia carregado de energia descontraída, tornou-se denso e pesado, como se o próprio ar estivesse à espera do que viria a seguir.Lis sentiu o peso dos olhares imediatamente. Era como se cada par de olhos estivesse tentando decifrá-la, julgando sua presença, questionando seu direito de estar ali. Seus ombros encolheram instintivamente, e Rose, sua loba interior, se agitou.— Eu sabia que seria assim — Lis pensou, lutando contra o desejo de recuar.— Não abaixe a cabeça para eles — a voz de Rose soou firme dentro dela, sua presença vibrando com a força de uma companheira que se recusava a ser subjugada. — Você é mais forte do que pensa. Não se esqueça disso.Matthew percebeu a tensão crescente e, sem hesitar, se posicionou
A noite estava particularmente silenciosa, quase como se a floresta segurasse a respiração. A luz da lua mal penetrava pelas copas densas das árvores, projetando sombras que dançavam com o vento frio. Lis, agora deitada em uma pequena cabana nos limites do território da matilha, tentava acalmar a mente. O espaço era simples, com uma cama de madeira rústica coberta por um cobertor grosso, mas, para ela, era mais do que suficiente. Depois de dias de cansaço e frio, era um alívio estar abrigada, ainda que sob circunstâncias tensas.O silêncio parecia ensurdecedor. Rose, sua loba interior, estava inquieta.— Há algo estranho no ar — sussurrou, sua voz ecoando com uma inquietação incomum na mente de Lis.Ela suspirou, puxando o cobertor para se proteger do frio que parecia cortar até os ossos.— É só a tensão da matilha. Eles não me querem aqui — respondeu mentalmente, tentando afastar o incômodo crescente.Rose não respondeu de imediato, algo raro para sua loba normalmente falante. A sensa
A floresta estava silenciosa novamente, mas algo em seu interior parecia tenso, como se as árvores estivessem sussurrando sobre o que estava por vir. Lis sentia a presença de Matthew à sua frente, o calor de seu corpo imponente contrastando com a brisa fria da noite. Ela sentia o cheiro de sua colônia de lobo, aquele aroma forte de terra, musgo e uma nota sutil de algo selvagem que fazia seu coração bater mais rápido. Rose estava inquieta, seus sentidos apurados, mas ela não sabia dizer se era devido ao perigo iminente ou por algo mais profundo e instintivo.Apenas alguns minutos atrás, o som do uivo havia se dissipado nas sombras da floresta. Ainda assim, Lis sentia a tensão no ar. A dúvida crescente em seu peito era incontrolável, como se um véu de mistério estivesse se formando em torno dela, envolvendo-a e impedindo-a de ver a verdade de forma clara. Ela olhou para Matthew, seu olhar imerso em uma mistura de preocupação e incerteza.— Matthew, o que está acontecendo? — Ela pergunt
O dia amanheceu mais sombrio do que o habitual. Lis acordou na cabana, envolta pelo silêncio que parecia pesar sobre ela. A luz suave da manhã filtrava-se pelas fendas da janela, iluminando as marcas no rosto de Lis — marcas de cansaço, dor e um passado que ela não conseguia esquecer. Mas, ao contrário de outras manhãs, desta vez havia algo diferente em seu peito. Algo que estava começando a despertar.Rose, sua loba interior, estava inquieta, movendo-se agitada dentro dela. Lis podia sentir a energia de sua loba, um fluxo de tensão e excitação que parecia transbordar de seu corpo. Rose sempre foi mais silenciosa, mas agora, estava mais presente, como se sua loba estivesse sentindo algo mais profundo, algo que Lis não conseguia compreender ainda.— O que está acontecendo, Rose? — Lis sussurrou, quase como uma oração, tentando entender o que sua loba sentia.A resposta veio rápida e direta, como uma voz suave em sua mente. — Algo está mudando. Algo está acontecendo com ele, com Matthew
O som de passos firmes ecoava pela floresta enquanto Lis seguia Matthew. O amanhecer sombrio parecia refletir a turbulência que crescia dentro dela. Cada folha que se movia, cada galho que estalava sob seus pés, fazia seu coração acelerar. Apesar da mão firme de Matthew segurando a sua, Lis não conseguia afastar a sensação de que algo estava prestes a mudar — e que essa mudança seria irreversível.Matthew, por sua vez, permanecia em silêncio, mas seu olhar era intenso, sua mente claramente ocupada. Shadow, seu lobo interior, rugia em sua consciência, mas não com inquietação desta vez. Era um chamado, um desejo de avançar, de se conectar de forma plena com Lis e sua loba. Ele sabia que a revelação daquele vínculo era apenas o começo. Algo maior os esperava, algo que exigiria força e união.— Matthew? — a voz de Lis rompeu o silêncio, hesitante.Ele parou, virando-se para encará-la. Seus olhos, brilhando com uma intensidade quase sobrenatural, encontraram os dela.— Sim?Lis respirou fun
A noite caiu sobre a floresta como um manto de sombras, trazendo consigo uma tensão que fazia o ar parecer mais denso. Lis e Matthew estavam de volta ao território principal da matilha, mas a sensação de segurança parecia mais ilusória do que nunca. O ataque dos lobos corrompidos ainda ecoava na mente de Lis. O olhar vazio do jovem lobo morto, a intensidade dos inimigos que enfrentaram... Tudo apontava para algo maior e mais sombrio.Matthew estava de pé na sala principal da cabana central, sua postura rígida enquanto conversava com Ethan, seu beta. O homem tinha uma expressão séria, as mãos cruzadas atrás das costas.— Temos que reforçar os limites — disse Ethan, sua voz firme. — Se Raven está realmente por trás disso, ele não vai parar com um aviso.Matthew assentiu, os olhos brilhando levemente sob a luz fraca do candelabro.— Já aumentei as patrulhas. Mas não é só isso. Raven não enviaria aqueles lobos apenas para testar nossa força. Ele está planejando algo maior, algo que envolve
A tensão ainda pairava sobre a clareira como uma nuvem carregada prestes a desabar. Lis sentia o peso da decisão de Sophia, mas sabia que sua presença ainda era uma ferida aberta para muitos ali. Os olhares desconfiados eram como punhais, e, apesar das palavras firmes de Matthew, ela sabia que sua aceitação naquela matilha seria uma batalha longa.Matthew, no entanto, não parecia disposto a ceder. Assim que o grupo começou a se dispersar, ele se virou para Lis, seu olhar suavizando por um breve momento.— Você está bem? — perguntou ele, sua voz baixa, mas carregada de preocupação.Lis hesitou antes de responder. As palavras de Sophia ainda ecoavam em sua mente, e ela sentia uma inquietação crescer dentro dela.— Não sei se eles algum dia vão me aceitar — admitiu, encarando o chão. — Talvez eu não devesse estar aqui.Matthew segurou seu queixo com delicadeza, forçando-a a olhar para ele. Seus olhos encontraram os dela, brilhando com determinação.— Você pertence a este lugar porque eu d
O amanhecer se aproximava, mas a tranquilidade prometida pela luz parecia um sonho distante. Lis sentia o peso da noite passada em cada músculo de seu corpo. A confissão de Matthew, tão poderosa e carregada de emoção, ressoava em sua mente como uma melodia que ela não conseguia parar de ouvir."Você é minha, Lis."As palavras aqueciam seu coração, mas também traziam um novo tipo de medo. Ser reivindicada pelo alfa era uma honra que muitos Alfa s sonhavam, mas para ela, era um território desconhecido e perigoso.Ela saiu da cabana de Sophia antes que o dia começasse. Precisava de ar, de espaço para pensar. Rose, sua loba, estava estranhamente silenciosa, mas Lis sabia que sua companheira interior observava tudo, analisando as possibilidades com cuidado.Matthew estava na clareira, já em movimento. Ele organizava um grupo para uma patrulha reforçada, ciente de que a presença de Lis poderia atrair mais do que apenas olhares hostis dentro da matilha. A antiga matilha dela ainda era um mist