O rugido de Matthew parecia ainda ecoar dentro de Lis, mesmo após o silêncio engolir a floresta. Estavam lado a lado, mas as emoções que os cercavam criavam um abismo quase palpável entre eles. Matthew estava furioso. Seus olhos dourados brilhavam com uma intensidade difícil de suportar, e Shadow rugia dentro dele, à beira de assumir o controle. O instinto do alfa exigia proteger e destruir qualquer ameaça que ousasse se aproximar de Lis.Lis, por outro lado, estava afundando. O encontro com Ian havia aberto feridas antigas, mergulhando-a de volta num mar de memórias e culpas que ela lutava para manter enterradas.— Ele disse algo? — perguntou Matthew, a voz rouca de tensão, mas firme.Lis sabia que não poderia mentir para ele. Não agora. Não com o elo que estavam formando, uma conexão profunda que ela ainda não compreendia completamente.— Ele veio me levar de volta — respondeu, quase num sussurro. — Disse que minha antiga matilha quer justiça.O rosnado que escapou de Matthew foi bai
A lua cheia subia lentamente no céu, iluminando o território com sua luz prateada. As sombras das árvores dançavam na clareira, onde a tensão era quase palpável. Matthew estava inquieto, caminhando de um lado para o outro, como um predador à espera de sua presa. Sua postura firme transmitia autoridade, mas os olhos dourados denunciavam a batalha interna enquanto Shadow rugia dentro dele, clamando por ação. A matilha começava a se reunir, um por um, atraída pelo chamado do alfa e pela sensação de perigo iminente.De longe, Lis observava a movimentação. Sentia-se como um intruso, mesmo que ninguém a tratasse assim diretamente. Ela podia sentir os olhares de alguns membros, alguns curiosos, outros desconfiados. Sua presença ali ainda era algo novo para muitos. Sophia se aproximou com passos leves, sua expressão serena e calorosa contrastando com a atmosfera carregada.— Como você está? — perguntou a curandeira, pousando uma mão reconfortante no ombro de Lis.— Tentando manter a calma — re
O amanhecer chegou lentamente, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados. A clareira parecia calma, mas todos sabiam que a tranquilidade era enganadora. Ian e sua ameaça pairavam como uma tempestade prestes a desabar. Matthew estava de pé na borda da clareira, seus olhos fixos na floresta adiante. Ele mal havia dormido, sua mente girando com estratégias para proteger Lis e a matilha.Lis o observava de longe. Ele parecia imponente, mas a tensão em seus ombros traía a preocupação que carregava. Rose estava inquieta dentro dela, alternando entre sussurros de encorajamento e avisos sombrios.— Você precisa falar com ele — disse Rose. — Ele está carregando o peso de tudo isso por você.— Eu sei — respondeu Lis, em sua mente. — Mas não sei o que dizer. Não quero ser um fardo maior do que já sou.— Ele não te vê como um fardo — insistiu Rose. — Vai.Lis respirou fundo antes de se aproximar. Os estalos das folhas secas sob seus pés chamaram a atenção de Matthew, que se virou para ela, sua
A noite estava silenciosa, exceto pelo som das folhas balançando suavemente ao vento. Lis estava sentada próxima à fogueira da clareira, seus músculos ainda doloridos do treinamento intenso do dia anterior. Mesmo exausta, havia uma paz incomum em seu coração. Pela primeira vez, ela não se sentia uma forasteira completa. A matilha começava a enxergá-la como algo mais do que apenas uma fugitiva.Matthew apareceu, carregando um prato com pedaços de carne fresca. Ele se aproximou em silêncio, sentando-se ao lado de Lis. A luz do fogo lançava sombras em seu rosto, destacando o brilho intenso de seus olhos dourados.— Você precisa comer — disse ele, estendendo o prato.— Obrigada — respondeu Lis, aceitando o alimento com um sorriso tímido. — Parece que você não vai descansar até garantir que eu me cuide.Matthew deu uma risada baixa.— Culpe Shadow. Ele está mais protetor do que nunca. Desde que encontrou Rose, ele não para de me lembrar que devo garantir sua segurança.— Rose não é diferent
O amanhecer chegava silencioso, como se a floresta estivesse retendo a respiração, aguardando o despertar do dia. O ar fresco da manhã se infiltrava pelas árvores, acariciando o rosto de Lis enquanto ela caminhava sozinha. A sensação da brisa suave em sua pele, a quietude do ambiente, contrastava com o turbilhão de pensamentos que a invadiam. O peso do treinamento incessante, a ameaça que ainda se escondia nas sombras e a presença constante de Ian pressionavam seu peito, tornando cada passo mais difícil de dar. Rose, sua loba interior, estava inquieta, rosnando baixinho dentro dela, como se sentisse que algo ainda precisava ser resolvido. A conexão com sua loba nunca foi algo fácil, mas era algo profundo, e as inquietações de Rose tornavam-se também suas. Lis sabia que não poderia ignorar esse incômodo por muito mais tempo; ela precisaria encarar seus próprios sentimentos e as questões não respondidas que ainda pairavam sobre sua mente. Não era apenas o que acontecera com Ian, mas o qu
Naquela noite, a matilha estava em alerta. A lua cheia iluminava o céu, mas uma sensação de perigo pairava no ar, como se algo estivesse observando. O brilho prateado da lua transformava a floresta em um cenário místico, mas, ao mesmo tempo, a tensão era palpável. A noite, que normalmente era um momento de descanso para os membros da matilha, agora parecia carregada de um pressentimento sombrio. Após o misterioso ataque ao cervo, Matthew havia organizado patrulhas constantes ao redor do território. Ele sabia que a ameaça poderia ser muito mais do que um simples predador, e estava determinado a descobrir o que estavam enfrentando antes que a criatura atacasse novamente. Havia algo de errado na floresta, e a matilha precisava estar pronta.Lis estava de vigia com Ryan, ainda tentando conquistar a confiança dele. A tensão entre os dois era palpável, como se cada palavra dita fosse uma prova a ser superada. Eles sabiam que estavam juntos em uma missão importante, mas a relação entre eles e
A batalha havia sido feroz. A criatura, embora derrotada, havia deixado um rastro de destruição. Seu corpo agora jazia no centro da clareira, caído de lado, com seus olhos vermelhos agora apagados e sem vida. Mas a vitória teve seu preço. A matilha estava marcada, não apenas pela violência da luta, mas também pela dor da perda e pelos feridos. O cheiro de sangue, ainda pungente no ar, era um lembrete cruel de que a sobrevivência tinha seu custo. Dois guerreiros estavam gravemente feridos, suas feridas abertas e profundas. O sangue ainda manchava o solo, criando poças que refletiam a luz da lua como espelhos vermelhos. A clareira, que antes era um local de tranquilidade e naturalidade, agora parecia um campo de batalha, o silêncio que se seguiu à luta quase mais pesado do que o barulho da carnificina. O som dos corpos caindo e dos uivos de agonia agora dava lugar a um silêncio profundo, como se o próprio ambiente estivesse em luto. Matthew estava ao lado de um dos guerreiros feridos,
Enquanto a matilha se recuperava dos ferimentos e da tensão da batalha, o clima era denso e pesado. O som dos guerreiros se movendo pela clareira, auxiliando uns aos outros e cuidando dos feridos, misturava-se com o silêncio, que agora parecia ainda mais imponente, mais ameaçador. A vitória, embora almejada, não havia trazido o alívio esperado. Havia algo no ar, algo inquietante, como se o medo e a incerteza persistissem apesar da criatura derrotada. O ambiente, antes acolhedor e pacífico, agora refletia o peso da luta e das perdas. A clareira parecia um reflexo da própria matilha: vencedora, mas marcada por feridas profundas, tanto físicas quanto emocionais. Embora a criatura tivesse sido derrotada, o sentimento de que algo ainda estava por vir não se dissipava. Matthew sabia que aquela noite não resolvera o mistério, nem havia aniquilado a verdadeira ameaça que rondava o grupo. O ataque tinha sido intenso, mas ele sentia que algo maior e mais sombrio se aproximava. O líder da mati