"Eu não me importo com sua opinião."
"Sim, você se importa," ele insiste, sua voz firme. "E você vai desligar esse telefone e reconsiderar a herança que te foi dada. Pense nisso, Blair. Me ligue mais tarde."
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"Ethan Banks foi visto beijando a modelo Mariah Donovan. O casal está de volta?"
Leio repetidamente a notícia, cada palavra cortando mais fundo do que a anterior, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto a cada olhar. As revistas e sites de fofoca já espalharam a notícia sobre Ethan e Mariah, o relacionamento deles estampado para todos verem.
Parece que a única pessoa que não sabia era eu.
Retoco cuidadosamente minha maquiagem, o rímel passando pelos meus cílios pela terceira vez nesta noite. Parada diante do espelho, espero o inevitável, o evento iminente da noite: a festa de aniversário de Ethan.
Com o coração pesado, dou uma última olhada em mim mesma no espelho, tentando mascarar a dor com uma fachada de compostura. O peso da traição recai pesadamente sobre meus ombros enquanto me preparo para enfrentar o mundo lá fora, onde todos parecem conhecer os segredos do meu marido antes de mim.
E eu nem posso reclamar, porque também tive meus segredos.
A dor no meu peito intensifica a cada batida, enquanto percebo a farsa que estou vivendo, as mentiras que engoli para manter a ilusão de um casamento feliz.
O som pesado dos passos de Ethan reverbera pela sala, cada passo enviando uma onda de apreensão através das minhas veias. Meu coração b**e forte no peito, o som de suas batidas rápidas preenchendo o silêncio.
À medida que ele se aproxima, a tensão na sala se torna palpável, quase sufocante. Posso sentir sua presença atrás de mim antes mesmo de vê-lo.
Quando capto seu reflexo no espelho, meu fôlego se prende na garganta.
Ethan não poderia estar mais elegante!
Eu me endireito. "Suponho que essa seja uma maneira de ver as coisas," respondo, minha voz tingida de incerteza. "Mas às vezes, não se trata apenas de ter seus desejos e necessidades atendidos, não é?"
O olhar de Ethan suaviza levemente enquanto ele reflete sobre minhas palavras. "Não, não é," ele admite. "Mas você sabe tão bem quanto eu que nossa situação é... complicada."
Aceno com a cabeça, sentindo um nó se formar no estômago. "Complicada não começa a descrever." Aliso a lapela do terno dele com dedos trêmulos. "Seu presente está esperando por você na minha cama," consigo dizer, desviando da confrontação.
Se Mariah é quem ele realmente deseja, então, se ele se importa comigo ou não, é inconsequente.
"Feliz aniversário," acrescento suavemente.
A mão dele envolve a minha, seu toque firme, mas terno, enquanto ele a guia pelo contorno do meu rosto. Inclino-me em sua palma. Seu toque desperta uma cascata de sensações, provocando um desejo inegável dentro de mim.
Enquanto me coloco na ponta dos pés, sinto a antecipação crepitando no ar entre nós. O calor da respiração dele se mistura com a minha, criando uma mistura intoxicante de desejo e necessidade. Nossos corpos se pressionam, o calor de sua presença me envolve.
Seu olhar, escuro e penetrante, trava-se no meu, me mantendo em um transe cativante.
Quando me inclino, a antecipação do beijo iminente eletrifica o ar.
Mas, no instante em que nossos lábios estão prestes a se encontrar, uma batida brusca na porta quebra o feitiço, e Ethan se afasta, me deixando suspensa.
"Estou saindo agora. Você e Mariah irão com o motorista mais tarde," ele diz enquanto sai do quarto.
Ao sair do banheiro, uma onda de decepção me invade. Ethan nem sequer se deu ao trabalho de pegar a caixa que estava na cama. Desamarro a fita e a abro, encontrando o presente ainda dentro, intocado.
É apenas mais um lembrete de sua indiferença.
Eu mereço isso.
Que garota estúpida eu sou, achando que um quase beijo no banheiro poderia significar alguma coisa!
Alguém abre a porta, e por um momento, a esperança brilha dentro de mim, antecipando o retorno de Ethan para buscar o presente esquecido. Mas é Mariah que está diante de mim, extinguindo essa faísca de esperança com sua mera presença.
O vestido de festa de Mariah é uma obra-prima azul de elegância e sedução. Feito de um tecido luxuoso que parece deslizar sobre sua pele, o vestido se ajusta perfeitamente às suas curvas.
"O que você quer?" pergunto, minhas sobrancelhas se franzindo em frustração.
Não consigo evitar sentir uma sensação de repulsa sempre que estou na presença dela.
"Honestamente? Quero que você saia desse transe e pare de ser um obstáculo na minha vida," Mariah retruca, sua voz afiada enquanto gesticula enfaticamente.
"Como estou interferindo na sua vida?"
"Seu casamento com o Ethan é um espinho no meu lado. Então, vamos direto ao ponto, certo? Peça o divórcio e desapareça da vida dele," ela responde.
"Por que eu faria isso?" retruco, minhas mãos se fechando em punhos ao meu lado.
"Para que ele finalmente possa ficar com a mulher que deseja. Eu," ela diz com desprezo, o sorriso debochado me enfurecendo enquanto ela se aproxima, invadindo meu espaço.
"Se o Ethan realmente te desejasse, ele teria me largado. Três anos atrás, ele teria pedido a sua mão.""É isso que você acredita?" ela provoca, seu olhar penetrante enquanto ela diminui a distância entre nós. "É por isso que você finge não ver quando eu entro na cama dele? Ou quando eu uso as malditas roupas dele?" Seu sorriso se alarga, desafiador em seus olhos. "Sabe, o Ethan até me convidou para viajar com ele na próxima semana. Imagine isso, querida, nós dois tomando vinho na Itália por 15 gloriosos dias," ela continua, suas palavras como punhais direcionados ao meu coração. "Exatamente como nos velhos tempos.""Então, parece que você já tem o que quer. Ele é todo seu," retruco, minha voz fria como gelo.Ao olhar para Mariah, uma onda de repulsa toma conta de mim. Apesar de sua aparência deslumbrante, há algo vazio em sua beleza, algo que parece fabricado e insincero. Cada movimento que ela faz parece calculado, cada palavra que fala carregada de segundas intenções. É como se ela
Enquanto a porta abre e o rosto preocupado de Jena aparece, uma mistura de alívio e terror inunda meus sentidos."Sra. Banks!" A voz de Jena carrega alarme, seus olhos arregalados de preocupação.Mas, mesmo enquanto estendo a mão para ela, a escuridão toma conta da minha visão, me engolindo completamente com seu abraço sufocante.**Sentada na sala de estar mal iluminada, dou um gole no chá perfumado que Jena preparou meticulosamente, o calor oferecendo um conforto passageiro em meio à tempestade que se forma.Ding.O som ecoa pelo silencioso apartamento quando o elevador chega ao seu destino, sinalizando uma chegada no meio da noite. Com um sobressalto, levanto-me da cadeira, meu coração batendo forte de apreensão, minha mente ainda processando os eventos que ocorreram mais cedo.Ao sair do elevador, uma figura emerge das sombras, e meu estômago se revira de medo ao reconhecer a expressão arrogante de Mariah."Você perdeu esta noite. Foi incrível," ela provoca.Que vadia!"Eu não per
Caminho até o elevador e pressiono o botão. Ethan não acredita em mim, permanecendo imóvel nas escadas. Enquanto isso, Mariah sorri atrás dele.Ethan não percebe que eu estava lhe dando o maior presente de aniversário possível: um caminho claro para seguir em frente com Mariah.Com um movimento brutal da minha mão, arranco o anel do meu dedo, lançando-o impiedosamente ao chão, onde cai com um estalo agudo."Não ouse deixar este apartamento," Ethan murmura, sua voz tensa de urgência, enquanto desce as escadas.Mas é tarde demais.Ao entrar no elevador e pressionar o botão para o andar térreo, Ethan corre em minha direção, seus olhos suplicantes, sua voz quebrando de desespero enquanto grita: "Blair!""Adeus," eu silencio os lábios.E as portas se fecham antes que ele possa me alcançar, cortando seu pedido angustiado e me deixando sozinha no silêncio sufocante de nosso casamento destruído.Os punhos de Ethan batem contra a robusta porta de aço, uma tentativa fútil de impedir minha parti
Beep.Beep.Beep.Acordo na cama do hospital. O ambiente branco, limpo e quente é muito melhor do que a rua onde desmaiei de dor. Apenas o leve cheiro de antisséptico paira no ar, um lembrete constante de onde estou e do que me trouxe até aqui.A camisola do hospital cai solta sobre meu corpo, seu tecido branco impecável sentindo-se frio e clínico contra minha pele. Não posso deixar de me sentir exposta, vulnerável, como se a vestimenta frágil fosse uma metáfora para meu estado atual.Abaixo das camadas finas, hematomas florescem como flores escuras.Enquanto olho ao redor do quarto, meus olhos se fixam nas duas figuras diante de mim. O médico, com seu jaleco branco e um comportamento tranquilizador, exala um ar de profissionalismo. Ao lado dele está um homem em um terno escuro, sua expressão indecifrável, mas de alguma forma reconfortante.Drake..."Olá. Estou feliz que você acordou. Você consegue falar?" a voz do médico é suave, sua preocupação evidente enquanto ele se aproxima. Ele
Meus olhos se alargam em descrença.Grávida?"Não, isso não pode ser verdade," eu ofego, as palavras escapando de meus lábios com uma mistura de choque e incredulidade.Uma risada incrédula escapa de mim, preenchendo a sala estéril do hospital com um eco oco que reflete o vazio que sinto por dentro.A absurdidade da situação me atinge como uma onda avassaladora, esmagando-me com força implacável. Como eu, Blair Banks, poderia me encontrar em uma situação tão surreal? É como se eu tivesse sido lançada nas profundezas mais sombrias de um pesadelo.E para aumentar o tormento, como esse ser que cresce dentro de mim pode ser meio Ethan, o homem que me traiu, me humilhou e tentou acabar com a minha vida?O médico acena com compreensão, sua expressão suavizando-se com compaixão enquanto fala: "Uma criança pode ser uma surpresa, mas Deus sabe como essas surpresas podem nos curar."Posso realmente encontrar cura e redenção?"Você pode nos dar um momento, doutor?" A voz de Drake é calma, mas fi
4 ANOS ANTESEra uma manhã conturbada na Las Vegas downtown, assim como todas as outras. Os arranha-céus sempre acordados na cidade que nunca dorme exalavam dinheiro e poder. Aquele era um lugar onde as pessoas jamais se sentiriam em casa, no entanto, também não teriam vontade de sair dali.Ainda era muito cedo para o restante do mundo, mas não para a ambição dos cassinos e clubes que abriam as portas e mostravam ao público o melhor da vida; o prazer. Os prédios elegantes ao longo da avenida dispunham de escritórios, boates e residências. A mistura eclética era o que caracterizava a cidade do pecado, sua vastidão e amor pela novidade. O tédio jamais se instalaria em Vegas.Dentre os incontáveis prazeres na cidade do pecado, os departamentos policiais também não descansavam. Os telefones tocavam incansavelmente na delegacia, principalmente nas manhãs de sábado.E no meio do furacão que o departamento mostrava ser, Blair Collins caminhava pela recepção. Ela estava deslocada naquele ambi
Um homem adentrou a sala do inspetor, levando consigo algumas pastas. Ele olhou para a ruiva instintivamente, e levou alguns segundos a analisando, mais do que seria ético. Seu nome era Colton, um agente operacional.- "Bom dia, Colton. Me diga que trouxe boas novidades" Spencer disse, recostando-se em sua cadeira.- "Eu trouxe os relatórios que você pediu"- "Deixe comigo. Esta é Blair Collins, nossa mais nova colega de trabalho"Colton manteve os olhos na mulher por alguns segundos, e então sorriu. Ele gostou da simpatia que o rosto angelical e bonito dela expressava.- "Seja bem-vinda, Blair"- "Obrigada, Colton"Colton deixou as pastas sobre a mesa do inspetor e abandonou a sala. Spencer abriu os relatórios sem muita expectativa, pois sabia que nenhum de seus casos eram resolvidos com facilidade. Blair não entendeu aquela movimentação, e ficou confusa quanto a sua presença naquela sala.- "Sim, eu investiguei sua vida. Eu sei que morou na Filadélfia, e sei que foi uma ótima funcio
Blair Collins era uma mulher exuberante. Os longos fios ruivos em contraste com a pele clara lhe deixavam afrodisíaca, diferente de qualquer outra mulher. Os olhos azuis como o mar das Maldivas eram um atrativo, chamavam e clamavam por atenção. As pessoas se perguntavam se ela podia ser tão bonita e, sim, podia. Era impossível olhar uma única vez para ela, pois seus detalhes convidavam para uma avaliação.Ao chegar no luxuoso hotel Bellagio, localizado na Strip, a limusine parou em frente ao carpete vermelho estendido diante da construção que mais parecia ser um palácio. O hotel inspirado na Itália seria sede do evento organizado para prestigiar Jean Keanu Collins pela direção de seu último filme, sucesso de bilheteria.As luzes embaçaram a vista de Blair. Os holofotes voltados para a frente do prédio lhe davam o ar que somente uma construção em Las Vegas teria. Também haviam dezenas de fotógrafos para prestigiar o mais novo querido da América, Jean. Contudo, os seguranças do local ga