Meus olhos se alargam em descrença.Grávida?"Não, isso não pode ser verdade," eu ofego, as palavras escapando de meus lábios com uma mistura de choque e incredulidade.Uma risada incrédula escapa de mim, preenchendo a sala estéril do hospital com um eco oco que reflete o vazio que sinto por dentro.A absurdidade da situação me atinge como uma onda avassaladora, esmagando-me com força implacável. Como eu, Blair Banks, poderia me encontrar em uma situação tão surreal? É como se eu tivesse sido lançada nas profundezas mais sombrias de um pesadelo.E para aumentar o tormento, como esse ser que cresce dentro de mim pode ser meio Ethan, o homem que me traiu, me humilhou e tentou acabar com a minha vida?O médico acena com compreensão, sua expressão suavizando-se com compaixão enquanto fala: "Uma criança pode ser uma surpresa, mas Deus sabe como essas surpresas podem nos curar."Posso realmente encontrar cura e redenção?"Você pode nos dar um momento, doutor?" A voz de Drake é calma, mas fi
4 ANOS ANTESEra uma manhã conturbada na Las Vegas downtown, assim como todas as outras. Os arranha-céus sempre acordados na cidade que nunca dorme exalavam dinheiro e poder. Aquele era um lugar onde as pessoas jamais se sentiriam em casa, no entanto, também não teriam vontade de sair dali.Ainda era muito cedo para o restante do mundo, mas não para a ambição dos cassinos e clubes que abriam as portas e mostravam ao público o melhor da vida; o prazer. Os prédios elegantes ao longo da avenida dispunham de escritórios, boates e residências. A mistura eclética era o que caracterizava a cidade do pecado, sua vastidão e amor pela novidade. O tédio jamais se instalaria em Vegas.Dentre os incontáveis prazeres na cidade do pecado, os departamentos policiais também não descansavam. Os telefones tocavam incansavelmente na delegacia, principalmente nas manhãs de sábado.E no meio do furacão que o departamento mostrava ser, Blair Collins caminhava pela recepção. Ela estava deslocada naquele ambi
Um homem adentrou a sala do inspetor, levando consigo algumas pastas. Ele olhou para a ruiva instintivamente, e levou alguns segundos a analisando, mais do que seria ético. Seu nome era Colton, um agente operacional.- "Bom dia, Colton. Me diga que trouxe boas novidades" Spencer disse, recostando-se em sua cadeira.- "Eu trouxe os relatórios que você pediu"- "Deixe comigo. Esta é Blair Collins, nossa mais nova colega de trabalho"Colton manteve os olhos na mulher por alguns segundos, e então sorriu. Ele gostou da simpatia que o rosto angelical e bonito dela expressava.- "Seja bem-vinda, Blair"- "Obrigada, Colton"Colton deixou as pastas sobre a mesa do inspetor e abandonou a sala. Spencer abriu os relatórios sem muita expectativa, pois sabia que nenhum de seus casos eram resolvidos com facilidade. Blair não entendeu aquela movimentação, e ficou confusa quanto a sua presença naquela sala.- "Sim, eu investiguei sua vida. Eu sei que morou na Filadélfia, e sei que foi uma ótima funcio
Blair Collins era uma mulher exuberante. Os longos fios ruivos em contraste com a pele clara lhe deixavam afrodisíaca, diferente de qualquer outra mulher. Os olhos azuis como o mar das Maldivas eram um atrativo, chamavam e clamavam por atenção. As pessoas se perguntavam se ela podia ser tão bonita e, sim, podia. Era impossível olhar uma única vez para ela, pois seus detalhes convidavam para uma avaliação.Ao chegar no luxuoso hotel Bellagio, localizado na Strip, a limusine parou em frente ao carpete vermelho estendido diante da construção que mais parecia ser um palácio. O hotel inspirado na Itália seria sede do evento organizado para prestigiar Jean Keanu Collins pela direção de seu último filme, sucesso de bilheteria.As luzes embaçaram a vista de Blair. Os holofotes voltados para a frente do prédio lhe davam o ar que somente uma construção em Las Vegas teria. Também haviam dezenas de fotógrafos para prestigiar o mais novo querido da América, Jean. Contudo, os seguranças do local ga
O dinheiro de seu pai falava mais alto, comprava o amor daquelas pessoas e, no fundo, se soubessem quem ele realmente era, não ligariam. Uma coisa a se aprender sobre Vegas era que o poder estava acima de tudo.- "Mas estamos aqui agora, e surtar não seria bom" o amigo alertou.Drake carregava uma áurea tranquila que sempre fizera Blair buscar conforto nele. Sua beleza exterior era um colírio para a vista, contudo, não era apenas o olhar esverdeado ou o cabelo castanho dourado que encantavam ela. Eram seu amor e generosidade.- "Eu odeio a..." ela começou, porém foi obrigada a interromper-se quando um homem se aproximou.Ele usava um terno azulado e máscara da mesma cor, e isso combinava perfeitamente com seus olhos claros. Seus passos eram graciosos, mas não negavam o quão inflado o ego do homem poderia ser.- "Olá" sua voz era melódica, lembrava um bom locutor de rádio.- "Oi" Blair não se importou em parecer indelicada, ou pouco interessada.Já era ruim suficiente ter que fingir ao
Mas, para sua surpresa e desconforto, não estava vazia. Uma loira estava encostada na parede, segurando uma taça com líquido borbulhante. Ela estava livre de seu vestido, usando apenas uma lingerie proporcional para o corpo magro, uma máscara escura e saltos agulha. Do outro lado do quarto, desatando o nó da gravata borboleta, um homem se aproximava da loira.Blair entendeu o que estava pestes a acontecer e se apressou para fechar a porta e abandonar o andar.Ela torceu para que não tivessem notado sua presença, mas decidiu não permanecer para tirar a prova real. Blair correu para o elevador tão rápido quanto seus saltos permitiam e teclou o painel de maneira nervosa, dando-se por vencida. Aquele não seria o momento ideal para fazer um intervalo antes de encarar a perfeita vida de Jean Collins.Blair retirou a máscara de seu rosto ao terminar de teclar o painel. Era sua maneira simplista de demonstrar para si mesma que não precisava fingir, não naquele instante.Contudo, por uma obra
A mulher ergueu os olhos para o homem alto ao seu lado, percebendo que seu olhar era ainda mais perigoso do que seu perfume. Ela sentia como se ele a atravessa-se, invadisse e explorasse sem permissão alguma. Blair aqueceu sob o azul daqueles olhos malignos, capazes de arrastar ao inferno ou voar até o céu.Ela não pensou uma segunda vez antes de avançar sobre ele. O homem ao seu lado significava perigo e, ao mesmo tempo, era um ímã impossível de romper. Ele chamara com um olhar, e ela aceitou.Ela se aproximou e grudou o vestido vermelho ao smoking. O homem não ficou surpreso, e não recuaria. Os lábios rosados dela, cobertos por uma camada brilhante de gloss, também o cativaram no primeiro segundo.Ele agarrou sua cintura fina e aproximou aquele corpo macio ao seu, pronto para fazer jus à cidade do pecado. As mãos dele causaram um formigamento na pele dela, mesmo sob o vestido. Ele sabia o que estava fazendo, como estava fazendo, toda a excitação que fazia crescer apenas com um toque
Era um sábado chuvoso em toda Las Vegas e, no banco traseiro do carro, Blair analisava a paisagem que se desenrolava através da janela. Seus pensamentos estavam dispersos, percorrendo um passado não muito recente.- "A noite foi uma loucura" Drake comentou.Ele estava usando óculos escuros para esconder as olheiras após passar grande parte da noite bebendo com sua amiga. Depois do evento, eles voltaram para o apartamento onde moravam e abriram algumas garrafas de um bom vinho.- "Com certeza" Blair concordou, imediatamente se lembrando do encontro com certo cavaleiro no elevador.Ela ainda não era capaz de acreditar que aquele homem havia lhe seduzido a ponto de avançar sobre ele. O que a confortava era a ideia de que não ver-se-iam novamente, pois a maioria das pessoas presentes no evento da noite anterior moravam em Los Angeles, não em Vegas.- "Nunca mais vou beber" Drake se aconchegou no banco traseiro do Bentley ao murmurar, feliz pelos mimos que o pai de Blair lhes oferecia. Na