— Brecha? — sussurro, um nó se formando na garganta. Ele não pode estar falando sobre o que eu acho que está falando.Ele se aproxima, a calma dele assustadora diante da minha crescente agitação.— A confiança. — Ele faz uma pausa, como se saboreasse o momento. — Vocês não desconfiam das pessoas que gostam. E isso é uma fraqueza. Então, você quer saber como entrei aqui, como sei tudo sobre todas as pessoas ao seu redor, como consegui atingir meu alvo. Como, Blair, eu teria acesso a você tão facilmente? A resposta é mais simples do que você imagina.Ele faz uma pausa dramática.— Gregory Marsh.O impacto das palavras dele é tão devastador que sinto as pernas tremerem. Meu assistente... — Você está mentindo! — Me viro para ele com toda a convicção que consigo reunir. A minha voz sai em um grito abafado, mas determinado. — Ele não é como você!Volkov apenas sorri, um sorriso grotesco, de alguém que conhece uma verdade que você não pode compreender.— Então tente abrir a porta. — Ele diz
Caminho pelo estacionamento do prédio sentindo-me um cãozinho acuado, de pelos eriçados e olhar inquieto. O silêncio opressor do subsolo se mistura com o eco de nossos passos, cada um deles parecendo um prego selando meu destino. Gregory e Volkov caminham logo atrás de mim, sombras ameaçadoras que pairam sobre minha nuca. Meu corpo avança por pura inércia, mas minha alma já se dissipou, deixando apenas um invólucro vazio para enfrentar o inevitável.Então, a vejo.A única figura feminina em meio à escuridão do estacionamento. A mulher que sempre foi uma ameaça silenciosa e que agora se materializa como um pesadelo prestes a se concretizar. O brilho carmesim dos lábios é suficiente para que meu estômago se revire em reconhecimento."Mariah..." O nome escapa de meus lábios em um sussurro incrédulo, impregnado de choque e repulsa.Sempre soube que ela queria me destruir. Sempre soube que sua presença era um presságio de infortúnio. Mas jamais imaginei que ela desceria tão baixo. Jamais
Volkov dirige por uma rodovia deserta, uma linha de asfalto esmaecida serpenteando entre pinheiros que se erguem como sentinelas frias. O inverno já mostra seus dentes: as árvores estão parcialmente cobertas por neve, e o chão, engolido por folhas mortas e congeladas, estala sob o peso do vento cortante. O céu, uma extensão densa de nuvens carregadas, pesa sobre nós, sugando qualquer vestígio de luz enquanto o fim da tarde se arrasta para a escuridão total.Os faróis do carro rasgam a neblina rala que se arrasta pela estrada como uma presença silenciosa e insidiosa. A luz hesitante ilumina apenas alguns metros à frente antes de ser devorada pelo breu. O ronco do motor preenche o silêncio sepulcral, interrompido apenas pelo ocasional sussurro do vento e pelo rangido seco das árvores balançando sob sua fúria.Meu Deus…Volkov mantém as mãos firmes no volante, os nós dos dedos pálidos contra o couro negro. Há um propósito em seu olhar, algo afiado e calculista, como se já tivesse plane
Um músculo salta em sua mandíbula quando ele murmura algo, ou talvez tenha apenas movido os lábios, um fantasma de ameaça.Eu tento me concentrar na respiração, mas o pânico sobe pela minha garganta como um gosto metálico.Então Volkov fala novamente, e sua voz é um veneno lento: "Eu sei exatamente onde Banks e seu filho estão. Espero que se lembre disso, Blair."O peso de suas palavras me atinge com força.Meu peito aperta. Meu coração martela contra minhas costelas, uma batida irregular e frenética. O carro continua a avançar, cada solavanco na estrada sacudindo meu corpo, mas nada é mais violento do que o medo que começa a se instalar em mim.Eu engulo em seco e sussurro: "Me matar para validar sua honra não te faz melhor que o Ethan."É um erro.Um erro que percebo no instante seguinte.O olhar que ele me lança pelo espelho é um buraco negro de fúria contida, um abismo que ameaça me consumir por inteiro. Se um olhar pudesse matar, eu estaria caída no chão neste exato momento, sem
O puxão é violento. Meu ombro quase se desloca com a força do impacto, e um grito escapa da minha garganta."Você é uma vadia!" O berro de Volkov ressoa como um trovão, e eu cambaleio, tropeçando nos próprios pés para me afastar. Meu corpo ainda lateja do puxão, mas minha mente só pensa em uma coisa: correr. Eu poderia tentar. Poderia arriscar. Mas não sou mais rápida do que uma bala.A mão dele avança de novo, tentando agarrar meu braço, mas desta vez consigo me esquivar. Meu corpo reage antes da minha mente, o instinto de sobrevivência gritando dentro de mim.Volkov sorri.Lento. Largo. O tipo de sorriso que gela o sangue."Não será rápida a sua morte." Ele diz, e a voz dele agora é mais baixa, mais íntima, cheia de um deleite sádico. "Eu quero saborear isso."Minha respiração sai entrecortada.Mariah ainda está caída no chão, imóvel, mas sua expressão diz tudo. Ódio. Puro, intenso, sem reservas. Ela não olha para mim… ela só enxerga Volkov, como se estivesse queimando ele com os o
Ele apenas revira os olhos, como se minha angústia fosse uma distração incômoda. Não importa o que ela faça, ele está completamente absorvido no que quer que esteja vendo. A insensibilidade dele é como uma faca afiada, cortando qualquer vestígio de esperança ou alívio.Ele começa a descer o meu jeans até revelar parte da calcinha que eu visto. Toda vez que sinto seus dedos é como se minha alma fosse manchada. Tento me debater, mas ele impõe mais força sobre meus pulsos."Não…" sussurro. Por Deus, não.Volkov abandona a calça e deixa sua mão viajar até meu rosto. Ele segura meu queixo entre os dedos e força minha mandíbula até entreabrir meus lábios. "Quieta, vagabunda" Volkov se aproxima de mim com uma intenção que me faz querer me afastar ainda mais, e, no momento exato em que tenta beijar meus lábios, meu corpo reage automaticamente. Eu viro o rosto para o lado, o movimento instintivo me protegendo do toque repulsivo.É quando, de repente, Mariah aparece no meu campo de visão. El
Slap!Quando a mão pesada da minha sogra, Dora, colide com meu rosto, uma dor lancinante percorre minha bochecha, fazendo minha cabeça girar para o lado. Uma onda de vermelhidão invade minha pele, intensificando a agonia.Lutando para manter o equilíbrio, cambaleio para trás, até finalmente cair sobre a maciez da cama atrás de mim. Instintivamente, minha mão corre para a bochecha latejante, a dor irradiando por cada fibra do meu ser."Você é uma desculpa patética de mulher", ela rosna, suas palavras gotejando desprezo. "O aniversário do meu filho é daqui a dois dias, e você ousa mostrar tanta incompetência ao não ter a festa preparada?"Ela se ergue sobre mim, sua presença intimidante. Dora encarna a essência da aristocracia italiana, sua figura alta e esbelta acentuada por um nariz afiado e traços angulares."Eu contratei um organizador de festas", retruco."Como uma Banks, você deveria ser capaz de organizar uma celebração sozinha!" Suas palavras estão carregadas de veneno, cada síl
"Você tem certeza de que sua esposa não vai se opor?" O som de sua voz é acompanhado pela fragrância sutil de um perfume doce, que se espalha pela casa como uma melodia assombrosa.Meus passos vacilam, e instintivamente recuo para as sombras do corredor, o coração batendo forte de apreensão."Esta não é a casa dela, é minha. E você está aqui a meu convite", ele retruca.Esta não é minha casa?Olho para o pequeno carro de corrida apertado em minhas mãos trêmulas. Ethan Banks, poderoso bilionário da cidade e renomado piloto de Fórmula 1, detém as chaves deste lugar extravagante, enquanto eu não sou nada além de sua esposa troféu, um mero enfeite em sua vida ilustre.É isso que eu sou, aos olhos dele e aos olhos do mundo."Mas eu sou sua ex-namorada. As pessoas podem fofocar..." As palavras da mulher, carregadas de insinuações, atravessam o ar como estilhaços gelados, cravando-se profundamente em meu coração. "Esqueça. Sou apenas mais uma convidada, como você disse. Tem um quarto sobrand