Caminho até o elevador e pressiono o botão. Ethan não acredita em mim, permanecendo imóvel nas escadas. Enquanto isso, Mariah sorri atrás dele.
Ethan não percebe que eu estava lhe dando o maior presente de aniversário possível: um caminho claro para seguir em frente com Mariah.
Com um movimento brutal da minha mão, arranco o anel do meu dedo, lançando-o impiedosamente ao chão, onde cai com um estalo agudo.
"Não ouse deixar este apartamento," Ethan murmura, sua voz tensa de urgência, enquanto desce as escadas.
Mas é tarde demais.
Ao entrar no elevador e pressionar o botão para o andar térreo, Ethan corre em minha direção, seus olhos suplicantes, sua voz quebrando de desespero enquanto grita: "Blair!"
"Adeus," eu silencio os lábios.
E as portas se fecham antes que ele possa me alcançar, cortando seu pedido angustiado e me deixando sozinha no silêncio sufocante de nosso casamento destruído.
Os punhos de Ethan batem contra a robusta porta de aço, uma tentativa fútil de impedir minha partida.
À medida que o elevador começa a descer, sinto o peso da finalização se instalando.
Os olhos do recepcionista se alargam quando as grandes portas se abrem, o telefone apertado com força em sua mão. A chamada autoritária de Ethan ainda ecoa no ar.
"Senhora Banks!" A voz dele chama, um último esforço para interromper minha partida. Mas já estou saindo do prédio, impulsionada por uma mistura poderosa de adrenalina e desafio.
Lá fora, a chuva cai em torrentes, encharcando as ruas da cidade e criando reflexos brilhantes das luzes de néon. Apesar do tempo sombrio, há uma sensação de liberdade nas ruas vazias.
Ao pisar na calçada molhada pela chuva, sou consumida pela minha missão urgente.
Eu preciso de uma nova vida!
Enquanto caminho pelo labirinto de becos, o ritmo da chuva acalma meus nervos desgastados, oferecendo um momento de alívio do tumulto dos meus pensamentos.
A cada passo, minha determinação se solidifica. Procuro meu telefone, os dedos tremendo de expectativa, e disco o número de Drake.
"Estava começando a achar que você não se importava." A voz de Drake quebra a linha, clara e profissional.
"Drake, encontre-me o mais rápido possível," imploro urgentemente, minha resolução inabalável. "Estou pronta para reivindicar o que é meu por direito."
"Claro! Onde devo te encontrar?" A resposta dele é rápida.
Meu coração b**e acelerado no peito, acompanhando o ritmo da chuva ao meu redor, enquanto atravesso a rua, meus sentidos aguçados por uma onda de adrenalina.
Então, em um instante, tudo muda.
O ar é rasgado pelo grito dos pneus e pelo brilho ofuscante dos faróis, vindo em minha direção com uma velocidade aterrorizante. Meu corpo congela ao perceber — não há tempo para reagir, não há como escapar.
O impacto é devastador. O carro colide comigo com força implacável, arrancando um grito de dor dos meus lábios enquanto sou lançada pelo ar. O tempo parece desacelerar ao colidir com o pavimento impiedoso, o choque reverberando por cada fibra do meu ser.
Por um momento, fico lá, atordoada e desorientada.
Os tentáculos frios da chuva penetram minhas roupas, me congelando até os ossos. Cada gota de chuva se sente como agulhas geladas contra minha pele, amplificando o desconforto das minhas feridas.
Enquanto estou lá, tonta e desorientada, uma onda de agonia me invade, engolfando-me em um mar de tormento. Minha cabeça pulsa com uma dor pulsante, e cada respiração que tomo parece como estilhaços de vidro perfurando meus pulmões.
A chuva b**e em meu corpo machucado, misturando-se com o sangue que escorre de inúmeras feridas invisíveis.
Enquanto o carro acelera noite adentro, deixando-me batida e abandonada em seu rastro, uma onda de descrença corta a agonia pulsante em meu corpo. Apesar da dor e confusão esmagadoras, reúno forças para apertar os olhos através do borrão de lágrimas e escuridão. E ali, naquele momento fugaz de clareza, reconheço a inconfundível visão da placa.
É o carro de Ethan.
Beep.Beep.Beep.Acordo na cama do hospital. O ambiente branco, limpo e quente é muito melhor do que a rua onde desmaiei de dor. Apenas o leve cheiro de antisséptico paira no ar, um lembrete constante de onde estou e do que me trouxe até aqui.A camisola do hospital cai solta sobre meu corpo, seu tecido branco impecável sentindo-se frio e clínico contra minha pele. Não posso deixar de me sentir exposta, vulnerável, como se a vestimenta frágil fosse uma metáfora para meu estado atual.Abaixo das camadas finas, hematomas florescem como flores escuras.Enquanto olho ao redor do quarto, meus olhos se fixam nas duas figuras diante de mim. O médico, com seu jaleco branco e um comportamento tranquilizador, exala um ar de profissionalismo. Ao lado dele está um homem em um terno escuro, sua expressão indecifrável, mas de alguma forma reconfortante.Drake..."Olá. Estou feliz que você acordou. Você consegue falar?" a voz do médico é suave, sua preocupação evidente enquanto ele se aproxima. Ele
Meus olhos se alargam em descrença.Grávida?"Não, isso não pode ser verdade," eu ofego, as palavras escapando de meus lábios com uma mistura de choque e incredulidade.Uma risada incrédula escapa de mim, preenchendo a sala estéril do hospital com um eco oco que reflete o vazio que sinto por dentro.A absurdidade da situação me atinge como uma onda avassaladora, esmagando-me com força implacável. Como eu, Blair Banks, poderia me encontrar em uma situação tão surreal? É como se eu tivesse sido lançada nas profundezas mais sombrias de um pesadelo.E para aumentar o tormento, como esse ser que cresce dentro de mim pode ser meio Ethan, o homem que me traiu, me humilhou e tentou acabar com a minha vida?O médico acena com compreensão, sua expressão suavizando-se com compaixão enquanto fala: "Uma criança pode ser uma surpresa, mas Deus sabe como essas surpresas podem nos curar."Posso realmente encontrar cura e redenção?"Você pode nos dar um momento, doutor?" A voz de Drake é calma, mas fi
4 ANOS ANTESEra uma manhã conturbada na Las Vegas downtown, assim como todas as outras. Os arranha-céus sempre acordados na cidade que nunca dorme exalavam dinheiro e poder. Aquele era um lugar onde as pessoas jamais se sentiriam em casa, no entanto, também não teriam vontade de sair dali.Ainda era muito cedo para o restante do mundo, mas não para a ambição dos cassinos e clubes que abriam as portas e mostravam ao público o melhor da vida; o prazer. Os prédios elegantes ao longo da avenida dispunham de escritórios, boates e residências. A mistura eclética era o que caracterizava a cidade do pecado, sua vastidão e amor pela novidade. O tédio jamais se instalaria em Vegas.Dentre os incontáveis prazeres na cidade do pecado, os departamentos policiais também não descansavam. Os telefones tocavam incansavelmente na delegacia, principalmente nas manhãs de sábado.E no meio do furacão que o departamento mostrava ser, Blair Collins caminhava pela recepção. Ela estava deslocada naquele ambi
Um homem adentrou a sala do inspetor, levando consigo algumas pastas. Ele olhou para a ruiva instintivamente, e levou alguns segundos a analisando, mais do que seria ético. Seu nome era Colton, um agente operacional.- "Bom dia, Colton. Me diga que trouxe boas novidades" Spencer disse, recostando-se em sua cadeira.- "Eu trouxe os relatórios que você pediu"- "Deixe comigo. Esta é Blair Collins, nossa mais nova colega de trabalho"Colton manteve os olhos na mulher por alguns segundos, e então sorriu. Ele gostou da simpatia que o rosto angelical e bonito dela expressava.- "Seja bem-vinda, Blair"- "Obrigada, Colton"Colton deixou as pastas sobre a mesa do inspetor e abandonou a sala. Spencer abriu os relatórios sem muita expectativa, pois sabia que nenhum de seus casos eram resolvidos com facilidade. Blair não entendeu aquela movimentação, e ficou confusa quanto a sua presença naquela sala.- "Sim, eu investiguei sua vida. Eu sei que morou na Filadélfia, e sei que foi uma ótima funcio
Blair Collins era uma mulher exuberante. Os longos fios ruivos em contraste com a pele clara lhe deixavam afrodisíaca, diferente de qualquer outra mulher. Os olhos azuis como o mar das Maldivas eram um atrativo, chamavam e clamavam por atenção. As pessoas se perguntavam se ela podia ser tão bonita e, sim, podia. Era impossível olhar uma única vez para ela, pois seus detalhes convidavam para uma avaliação.Ao chegar no luxuoso hotel Bellagio, localizado na Strip, a limusine parou em frente ao carpete vermelho estendido diante da construção que mais parecia ser um palácio. O hotel inspirado na Itália seria sede do evento organizado para prestigiar Jean Keanu Collins pela direção de seu último filme, sucesso de bilheteria.As luzes embaçaram a vista de Blair. Os holofotes voltados para a frente do prédio lhe davam o ar que somente uma construção em Las Vegas teria. Também haviam dezenas de fotógrafos para prestigiar o mais novo querido da América, Jean. Contudo, os seguranças do local ga
O dinheiro de seu pai falava mais alto, comprava o amor daquelas pessoas e, no fundo, se soubessem quem ele realmente era, não ligariam. Uma coisa a se aprender sobre Vegas era que o poder estava acima de tudo.- "Mas estamos aqui agora, e surtar não seria bom" o amigo alertou.Drake carregava uma áurea tranquila que sempre fizera Blair buscar conforto nele. Sua beleza exterior era um colírio para a vista, contudo, não era apenas o olhar esverdeado ou o cabelo castanho dourado que encantavam ela. Eram seu amor e generosidade.- "Eu odeio a..." ela começou, porém foi obrigada a interromper-se quando um homem se aproximou.Ele usava um terno azulado e máscara da mesma cor, e isso combinava perfeitamente com seus olhos claros. Seus passos eram graciosos, mas não negavam o quão inflado o ego do homem poderia ser.- "Olá" sua voz era melódica, lembrava um bom locutor de rádio.- "Oi" Blair não se importou em parecer indelicada, ou pouco interessada.Já era ruim suficiente ter que fingir ao
Mas, para sua surpresa e desconforto, não estava vazia. Uma loira estava encostada na parede, segurando uma taça com líquido borbulhante. Ela estava livre de seu vestido, usando apenas uma lingerie proporcional para o corpo magro, uma máscara escura e saltos agulha. Do outro lado do quarto, desatando o nó da gravata borboleta, um homem se aproximava da loira.Blair entendeu o que estava pestes a acontecer e se apressou para fechar a porta e abandonar o andar.Ela torceu para que não tivessem notado sua presença, mas decidiu não permanecer para tirar a prova real. Blair correu para o elevador tão rápido quanto seus saltos permitiam e teclou o painel de maneira nervosa, dando-se por vencida. Aquele não seria o momento ideal para fazer um intervalo antes de encarar a perfeita vida de Jean Collins.Blair retirou a máscara de seu rosto ao terminar de teclar o painel. Era sua maneira simplista de demonstrar para si mesma que não precisava fingir, não naquele instante.Contudo, por uma obra
A mulher ergueu os olhos para o homem alto ao seu lado, percebendo que seu olhar era ainda mais perigoso do que seu perfume. Ela sentia como se ele a atravessa-se, invadisse e explorasse sem permissão alguma. Blair aqueceu sob o azul daqueles olhos malignos, capazes de arrastar ao inferno ou voar até o céu.Ela não pensou uma segunda vez antes de avançar sobre ele. O homem ao seu lado significava perigo e, ao mesmo tempo, era um ímã impossível de romper. Ele chamara com um olhar, e ela aceitou.Ela se aproximou e grudou o vestido vermelho ao smoking. O homem não ficou surpreso, e não recuaria. Os lábios rosados dela, cobertos por uma camada brilhante de gloss, também o cativaram no primeiro segundo.Ele agarrou sua cintura fina e aproximou aquele corpo macio ao seu, pronto para fazer jus à cidade do pecado. As mãos dele causaram um formigamento na pele dela, mesmo sob o vestido. Ele sabia o que estava fazendo, como estava fazendo, toda a excitação que fazia crescer apenas com um toque