Chego em casa escorrendo suor devido ao calor escaldante, passo reto pela minha mãe apenas gritando um “eu cheguei!”, e subo direto para o meu quarto. Ao entrar, jogo minha bolsa na cama e vou para o banheiro.
Ligo a água para ela ir mornando enquanto me dispo em frente ao espelho, ao estar completamente nua olho-me em frente ao espelho e fico desgostosa com o que vejo. Magra demais, pálida demais, estranha demais. Acho que é por isso que eu nunca consegui um namorado. Na verdade, já consegui um, Brandon Mayers, porém ele não conta, tudo foi uma completa mentira, era apenas uma aposta. Como que o capitão do tipo de futebol iria querer ficar comigo? E no final de tudo ele conseguiu a grande quantia de dinheiro, porque fui burra o suficiente para acreditar que um garoto lindo e popular como ele ficaria comigo. Me lembro de chorar por uma semana, não por ele e sim por ser burra o suficiente por ter acreditado, fui motivo de risos por semanas, mas não me importo mais, isso aconteceu no primeiro ano do ensino médio e não gosto de ficar lembrando. Ao entrar embaixo da água morna sinto meu corpo relaxar instantaneamente, meus pensamentos vão para Joshua, seu nome combina com ele, forte e imponente. Ainda não acredito que tenho seu número no meu celular, acho que nunca seria capaz de ligar para ele, no entanto, apenas saber que tenho o número de um homem lindo e gostoso no meu celular me deixa exaltada. Eve! Pare de pensar nele. Você nunca mais vai vê-lo! E com isso tiro-o de meus pensamentos e acabo de tomar banho. [...] — Posso ver o que você desenhou hoje, Eve? — Minha mãe pergunta tirando minha atenção da comida e olho assustada para ela com o rumo dos meus pensamentos. — Não desenhei nada hoje, mãe. Não encontrei nada interessante — na verdade encontrei a coisa mais interessante da minha vida, eu poderia mostrar para minha mãe, afinal, ele é só um homem qualquer que apareceu no parque. Não consigo encontrar o motivo, mas não consigo mostrar o desenho para minha mãe. — Talvez da próxima vez você encontre filha — assento e minha mãe se levanta da mesa terminando sua janta — Eu preciso ir, Eve. Se cuide, ok? O dinheiro está em cima do balcão — Me levanto e dou um abraço dela, um abraço apertado, pois sei que não vou vê-la por alguns dias. Ela beija minha testa, pega sua mochila e segue para o trabalho. Sua profissão é aeromoça, ela não gosta tanto do seu trabalho por ficar muito longe de casa e consequentemente longe de mim, ela sempre passa dias fora de casa, contudo, é o único trabalho que ela conseguiu que paga muito bem, o único trabalho que ela diz que vai ser capaz de pagar minha faculdade. Minha mãe vai sair hoje na segunda-feira e provavelmente irá voltar na quarta ou na quinta, fica em casa por um período dois ou três dias antes de ter que voltar. Me lembro de ter 15 anos e encontrá-la muito feliz dizendo que encontrou um trabalho onde o salário era ótimo, então suas rotas começaram e eu fiquei sozinha, lembro-me de ter sentido sua falta, mas com o tempo isso se tornou rotineiro e normal. Acabo de comer, tiro os pratos da mesa e vou lavar a pequena louça, e ao terminar sigo para o meu quarto pronta para dormir e enfrentar mais um dia torturante de aula. Ao deitar coloco meu celular para despertar e lentamente adormeço, derivando para a inconsciência. [...] Joshua Chego em casa e chuto as caixas para o lado que estão atrapalhando minha passagem e vou para o banheiro, tomo um banho rapidamente e vou até a cozinha tomar o café da manhã. Ao me deitar, na cama meus pensamentos vão para a jovem que me desenhou hoje, um sorriso malicioso surge em meus lábios, eu mais que adoraria posar nu para ela. Everly é seu nome, ela é tímida, tão tímida que cora a todo momento e não sei por que isso me excita, ela tem as proporções perfeitas para as minhas mãos que adorariam passear pelo seu corpo. Eu nunca fiquei com uma menina mais jovem, apenas mais velhas, porém eu adoraria ter uma experiência com ela. Posso ter dado meu número, mas sei que ela não irá ligar, ela é muito tímida, mas quem sabe um milagre acontece? Coloco meu relógio para despertar, não quero me atrasar para o meu primeiro dia de trabalho, isso seria completamente antiético. Em breve, se meus planos derem certo, esse será meu último ano como professor. [...] Everly Acordo e faço minha habitual higiene matinal e coloco a roupa que normalmente vou para a escola. Uma calça jeans, uma blusa branca simples, minha jaqueta de frio de moletom e tênis. A primeira coisa que percebo ao chegar na escola é vários carros enfileirados lado a lado, várias meninas que parecem ter saído de uma revista de moda que normalmente ficam em grupos, e se não estão em grupos, com toda a certeza estarão atrás de meninos. Vou até meu armário e pego meu material do dia, o sinal b**e sinalizando para todos os alunos irem para a sala, sigo para a minha primeira aula de literatura inglesa e me sinto aliviada de estar compreendendo tudo que a professora Margô explica. [...] Me dirijo para a última aula e me sento no fundo, na última carteira onde me sinto à vontade e longe dos olhares dos meninos e meninas da frente, que gostam de brincar de me irritar, principalmente durante essa aula. Se passam dez minutos e o professor Roberts não entra, provavelmente faltou e meu interior se anima com isso. Antes que eu possa completar esse pensamento, a diretora da escola entra na sala e todos ficam em silêncio. — Pessoal, vim trazer a notícia de que o professor Roberts não dará mais aula de cálculo para vocês, ele teve um problema familiar e não voltará pelo resto do ano letivo, agora irei apresentar a vocês o novo professor, ele dará aula para vocês pelo resto do ano, quero que todos demonstrem respeito a ele, é um ótimo professor e vocês irão adorar a didática dele — Acho melhor mesmo outro professor, eu nunca entendi nada do que Roberts falava, talvez outro professor seja o melhor. A diretora saí da sala dando passagem ao novo professor, abaixo minha cabeça e abro meu caderno na parte de cálculo, que costumo de chamar de caderno dos piores pesadelos. — Olá, pessoal. Como a diretora disse, sou o novo professor de cálculo, meu nome é Joshua Carter. Opa Espera ai! Eu conheço essa voz e definitivamente conheço esse nome! Olho para cima e engulo em seco várias vezes, é ele! Oh meus Deus! Olho para sala, as meninas estão como estátuas admirando-o e não é para menos, ele está com uma blusa branca e calça jeans mostrando todos os seus maravilhosos tributos! Não acredito que Joshua será meu professor! Ele se vira para lousa e começa a escrever algo, além de ser lindo, Joshua ainda tem a letra perfeita, esse homem é definitivamente um poço de perfeição. Então ele se vira para sala, mas não está de fato olhando para um ponto específico. — Agora vou explicar meu modo de ensino: eu aplico um trabalho e uma prova, ambas valendo cinco pontos e já adianto que não há prova de recuperação. Ele diz de forma rígida, diferente do homem que conheci. E então percebo que estou ferrada, cálculo sempre foi uma matéria de difícil entendimento para mim. — Não dou prova surpresa, sempre aviso antecipadamente, então vou explicar a matéria, passar exercícios e tirar dúvidas, será assim que nós vamos funcionar pelo resto do ano. Ele escreve trigonometria na lousa, essa é uma das piores matérias que existem e por ter dislexia, não consigo entender muito bem, os números se embolam na minha mente e os sinais me deixam completamente confusa. Eu consigo ler e escrevem normalmente, o tratamento me ajudou muito durante a fase do ensino fundamental, mas os números ainda me confundem mesmo após a alta do médico, ele disse que isso sempre seria uma batalha e que precisava de pessoas para me ajudar ao longo do caminho. Ele pega o giz e começa a escrever, começo a copiar rapidamente, olho o número e anoto antes de começar a me confundir, entretanto, começo uma bagunça em minha mente quando vejo que ele escreve mais e mais números em sequência. Joshua começa a explicar a matéria, todos estão compenetrados e eu tento compreender a explicação, mas torna cada vez mais difícil quando ele tenta demonstrar uma conta. Depois de explicar, as meninas começam a chamá-lo para tirar dúvidas, elas tentam jogar charme, entretanto, ele se mantém totalmente polido. Vejo-o andar em direção a Julia que se senta ao meu lado, ela estava levantando a mão igual a uma louca e abaixo minha cabeça fingindo está concentrada em meu caderno com pouquíssima matéria copiada. Ele tira a dúvida Julia e a seguir meu coração quase para em minha garganta quando se posiciona ao meu lado. — Está conseguindo fazer? — Joshua pergunta e eu levanto a cabeça para olhá-lo. Vejo-o arregalar os olhos e eu coro, merda! — Everly — ele diz baixinho. Volto minha atenção para o caderno e ele segue meu olhar. — Vejo que você não conseguiu fazer, mal copiou a lição — ele não diz zangado e o agradeço internamente. Então o sinal soa e eu pego meus materiais da carteira parecido com o próprio Flash. — Me desculpe, vou pegar com alguém — E saio da sala o mais rápido possível.Fujo correndo da sala de aula e acabo esbarrando em várias pessoas no caminho, eles olham para mim como se estivessem assistindo o demônio fugindo da cruz, os alunos dessa escola já não tinham uma boa impressão sobre mim devido a maldita aposta e neste momento com toda a certeza piorou. Ainda não consigo acreditar que o homem que conheci em uma praça é o meu professor, quando o vi pensei que ele poderia ser dono de seu próprio negócio ou algo do gênero, mas ele leciona, e para completar minha frustração, tenho uma dificuldade imensa em sua matéria. Agora tenho o número do homem que eu conheci na praça que acaba por ser meu professor. Ao chegar no meu armário a escola está quase deserta, abro-o e coloco meus materiais usados no dia de hoje, fecho-o e alguém esbarra em mim levando-me ao chão. Esse só pode ser meu dia! Olho para ver quem me derrubou e vejo o maldito Brandon! O babaca nem ao menos parou seu caminho para me ajudar. — Desculpe Eve — Eu pensava que ele não
Desperto na mesma posição em que fiquei ontem, mas agora estou completamente coberta pelo lençol e Dylan nem ao menos me chamou para ir para a cama. Me sento, entretanto, meus músculos do pescoço protestam, tento virar minha cabeça para o lado, o que só acaba por piorar a dor. Me levanto e vou para a cozinha onde pego a caixa de remédios, tomo um Advil e subo para o quarto, meus olhos se arregalam ao constatar a hora pelo relógio na cabeceira. Já são quase nove horas! Não há mais chances de ir para a escola. Vou para o banheiro e tiro o lençol jogando-o no canto do chão e ligo a água. Ao entrar, meus músculos do pescoço relaxam na água quente e acabando com a tensão. Saio do banheiro e coloco minha casual calça jeans e uma blusa branca, penteio meus cabelos e deixo-os secar naturalmente. Desço para a cozinha e encontro Dylan olhando pensativamente para a geladeira e por um momento fico confusa. Onde ele dormiu? — Bom dia, Eve — Ele diz quase cantando e sorri — Como você
Quando o intervalo chega já me sinto melhor devido ao analgésico. Não voltei mais para a sala de aula, fiquei em “observação”, o que foi completamente desnecessário, e assim que o sinal soou, a enfermeira insistiu para que eu comesse algo e me deu um discurso sobre bebidas alcoólicas, completamente desnecessário também, pois eu NUNCA MAIS ficarei bêbada novamente na minha vida! Fui em direção ao refeitório, peguei uma bandeja e coloquei o hambúrguer mais “saudável” que a escola insiste em dar, peguei um mini bolinho e uma caixinha de suco. Busco por Dylan no refeitório e encontro-o sentado no fundo acenando para mim igual uma bicha louca, tento não começar a rir e ando até a mesa. — Eve! Você definitivamente parece melhor! — Agora estou melhor já que vomitei todas as minhas tripas para fora — digo sarcástica. — Você vomitou na sala? — Dylan faz uma expressão de “Oh meus Deus!” como se fosse uma grande coisa. — Na verdade, eu saí correndo e meu “professor” veio atr
Muitas vezes dizem que o destino brinca com você, sempre achei isso uma puta idiotice, quem acredita em destino? Sinceramente? Eu não. Mas fico me perguntando repetidamente qual foi a intervenção maldita que colocou um homem correndo no parque, o homem que eu desenhei, o homem que é a droga do meu professor! Ok, não é para tanto assim, eu acho. O pior é que desde então eu não paro de pensar nele, o que é totalmente errado. Errado também é eu ter escondido em meu quarto um retrato nu, acho que a minha mãe teria um enfarto assim que olhasse, ainda mais por saber que foi um homem, mesmo que ‘gay’, me retratou. — Everly, onde você está? Preciso da sua atenção aqui — A conselheira começa a estalar os dedos na minha frente e saio dos meus pensamentos. — Me desculpe — murmuro — Sobre o que a senhora estava falando? A conselheira é uma mulher já em seus sessenta anos, cabelos pretos pintados na altura do pescoço e acima do peso, ela suspira profundamente como se não qu
— Você está bem, Everly? Congelo em minha risada, na verdade eu e Dylan congelamos, ele olha para trás de mim e arregala os olhos. Eu definitivamente conheço essa voz. Viro-me para trás e deparo-me com um Joshua, sua preocupação está estampada na sua face. — Você está bem, Everly? — pergunta novamente, olho-o de cima abaixo, ele está vestindo roupas casuais, uma calça jeans surrada que já viu dias melhores, uma blusa de linho branca e tênis. Joshua arqueia a sobrancelha esperando por uma resposta. — Nós estamos bem, senhor Joshua — Dylan intercepta vendo que eu estou no mundo da lua, ele se coloca ao meu lado praticamente se colando em mim, vejo Joshua tencionar, mas seus olhos não demonstram nada — Na verdade, eu e Eve vamos a sorveteria. — Vamos? Acordo e olho para Dylan. Nós vamos? Olho para a sorveteria. Bem pensado Dylan! — Você gostaria de tomar sorvete com a gente? — arregalo meus olhos para Dylan. Que porra de ideia é essa? Olho para Joshua esp
Everly 1 semana depois. A prova é colocada na minha mesa, espero o professor Joshua se virar e entregar as provas dos outros alunos e finalmente encaro o papel na minha frente. 2. Eu tirei 2. Meus ombros desmoronam para baixo como se o mundo tivesse caído sobre eles. Como vou para a faculdade? O que vou fazer para me formar? Esfrego as mãos em meu rosto tentando aliviar a frustração que sinto dentro de mim, está mais para um vulcão prestes a entrar em erupção. O sinal soa, parece que Deus ouviu meus pensamentos, porque o que eu mais quero é sair daqui, chegar em casa e enterrar meu rosto no travesseiro. — Everly, espere um minuto, por favor? — paro minha quase corrida para a saída, outras alunas que estão saindo olham para mim com óbvia inveja. Danem-se elas. Danem-se todos. Volto-me para Joshua, ele espera os outros alunos saírem para então ficarmos sozinhos. — Everly, sua nota não foi... — Não o deixo terminar e explodo. — Não foi boa! Eu sei! Eu
Ele quer que eu o desenhe agora? Eu dormi no apartamento do meu professor, faltei a aula, e ainda continuo no apartamento dele. O quão maluca eu sou? Ao invés de ir embora, estou aqui, vestindo uma roupa sua, e olhando-o sem saber o que dizer. — Eu quero que você me desenhe. Assinto, foi essa a proposta. — Você pode se sentar no sofá — encontro minha voz. Ele assente, vai até o sofá e eu vou até sua pequena mesa onde está minha bolsa. Tiro meu caderno de artes e um lápis próprio para desenhos. Pego uma cadeira da mesa e coloco bem distante de Joshua. Decido não apenas pintar seu rosto, somente pegar metade do seu tórax e ir subindo. Não sei quanto tempo exatamente fico desenhando, minutos, horas, eu não sei, apenas me dou por satisfeita quando fica pronto e fico feliz com o resultado. — Acabei! — digo vitoriosa. Joshua, no mesmo instante sai do sofá e entrego-o a folha, ele olha por um bom tempo e sorri de um modo que deixou todo o meu corpo arrepiado
Por Everly Abro a porta de casa, vejo minha mãe na cozinha e praticamente vou correndo ao seu encontro. — Nossa filha, calma — Ela ri da minha alegria, mas está mais para alivio, alivio que minha mãe voltou viva para casa, odeio que ela trabalhe de aeromoça, infelizmente não temos muitas opções. — Estava com saudades, mãe — abraço-a apertadamente. — E o trabalho? — conversei com minha mãe sobre o trabalho e ela não agiu muito bem a princípio, mas aceitou, já que não passa muito tempo comigo, contudo, disse que iríamos conversar mais sobre isso. — E a escola? — fico tensa, pois hoje mesmo eu faltei, coloco um sorriso no rosto tentando disfarçar a mentira. — A mesma coisa de sempre — E eu não estou mentindo, a única coisa que mudou foi o professor gostoso de cálculo — O que você está fazendo de comida? — pergunto tentando mudar de assunto. — Carne ao molho madeira, sei que você ama — Realmente amo. — Vou tomar um banho e já desço para ficar com você, te amo e que