Muitas vezes dizem que o destino brinca com você, sempre achei isso uma puta idiotice, quem acredita em destino? Sinceramente? Eu não. Mas fico me perguntando repetidamente qual foi a intervenção maldita que colocou um homem correndo no parque, o homem que eu desenhei, o homem que é a droga do meu professor! Ok, não é para tanto assim, eu acho. O pior é que desde então eu não paro de pensar nele, o que é totalmente errado. Errado também é eu ter escondido em meu quarto um retrato nu, acho que a minha mãe teria um enfarto assim que olhasse, ainda mais por saber que foi um homem, mesmo que ‘gay’, me retratou. — Everly, onde você está? Preciso da sua atenção aqui — A conselheira começa a estalar os dedos na minha frente e saio dos meus pensamentos. — Me desculpe — murmuro — Sobre o que a senhora estava falando? A conselheira é uma mulher já em seus sessenta anos, cabelos pretos pintados na altura do pescoço e acima do peso, ela suspira profundamente como se não qu
— Você está bem, Everly? Congelo em minha risada, na verdade eu e Dylan congelamos, ele olha para trás de mim e arregala os olhos. Eu definitivamente conheço essa voz. Viro-me para trás e deparo-me com um Joshua, sua preocupação está estampada na sua face. — Você está bem, Everly? — pergunta novamente, olho-o de cima abaixo, ele está vestindo roupas casuais, uma calça jeans surrada que já viu dias melhores, uma blusa de linho branca e tênis. Joshua arqueia a sobrancelha esperando por uma resposta. — Nós estamos bem, senhor Joshua — Dylan intercepta vendo que eu estou no mundo da lua, ele se coloca ao meu lado praticamente se colando em mim, vejo Joshua tencionar, mas seus olhos não demonstram nada — Na verdade, eu e Eve vamos a sorveteria. — Vamos? Acordo e olho para Dylan. Nós vamos? Olho para a sorveteria. Bem pensado Dylan! — Você gostaria de tomar sorvete com a gente? — arregalo meus olhos para Dylan. Que porra de ideia é essa? Olho para Joshua esp
Everly 1 semana depois. A prova é colocada na minha mesa, espero o professor Joshua se virar e entregar as provas dos outros alunos e finalmente encaro o papel na minha frente. 2. Eu tirei 2. Meus ombros desmoronam para baixo como se o mundo tivesse caído sobre eles. Como vou para a faculdade? O que vou fazer para me formar? Esfrego as mãos em meu rosto tentando aliviar a frustração que sinto dentro de mim, está mais para um vulcão prestes a entrar em erupção. O sinal soa, parece que Deus ouviu meus pensamentos, porque o que eu mais quero é sair daqui, chegar em casa e enterrar meu rosto no travesseiro. — Everly, espere um minuto, por favor? — paro minha quase corrida para a saída, outras alunas que estão saindo olham para mim com óbvia inveja. Danem-se elas. Danem-se todos. Volto-me para Joshua, ele espera os outros alunos saírem para então ficarmos sozinhos. — Everly, sua nota não foi... — Não o deixo terminar e explodo. — Não foi boa! Eu sei! Eu
Ele quer que eu o desenhe agora? Eu dormi no apartamento do meu professor, faltei a aula, e ainda continuo no apartamento dele. O quão maluca eu sou? Ao invés de ir embora, estou aqui, vestindo uma roupa sua, e olhando-o sem saber o que dizer. — Eu quero que você me desenhe. Assinto, foi essa a proposta. — Você pode se sentar no sofá — encontro minha voz. Ele assente, vai até o sofá e eu vou até sua pequena mesa onde está minha bolsa. Tiro meu caderno de artes e um lápis próprio para desenhos. Pego uma cadeira da mesa e coloco bem distante de Joshua. Decido não apenas pintar seu rosto, somente pegar metade do seu tórax e ir subindo. Não sei quanto tempo exatamente fico desenhando, minutos, horas, eu não sei, apenas me dou por satisfeita quando fica pronto e fico feliz com o resultado. — Acabei! — digo vitoriosa. Joshua, no mesmo instante sai do sofá e entrego-o a folha, ele olha por um bom tempo e sorri de um modo que deixou todo o meu corpo arrepiado
Por Everly Abro a porta de casa, vejo minha mãe na cozinha e praticamente vou correndo ao seu encontro. — Nossa filha, calma — Ela ri da minha alegria, mas está mais para alivio, alivio que minha mãe voltou viva para casa, odeio que ela trabalhe de aeromoça, infelizmente não temos muitas opções. — Estava com saudades, mãe — abraço-a apertadamente. — E o trabalho? — conversei com minha mãe sobre o trabalho e ela não agiu muito bem a princípio, mas aceitou, já que não passa muito tempo comigo, contudo, disse que iríamos conversar mais sobre isso. — E a escola? — fico tensa, pois hoje mesmo eu faltei, coloco um sorriso no rosto tentando disfarçar a mentira. — A mesma coisa de sempre — E eu não estou mentindo, a única coisa que mudou foi o professor gostoso de cálculo — O que você está fazendo de comida? — pergunto tentando mudar de assunto. — Carne ao molho madeira, sei que você ama — Realmente amo. — Vou tomar um banho e já desço para ficar com você, te amo e que
Por Joshua. — Então maninho, me diga o que tem de bom nesse fim de mundo? — arqueio a sobrancelha pelo modo de falar de Joss. Para mim esse fim de mundo está sendo até bom, pelo menos ninguém me conhece aqui, apenas sou o professor Joshua — Aqui é tranquilo Joss, não é como loucura da cidade grande — Joss sempre gostou de loucura, deve ser por isso que ela é meia doidinha. — Isso é chato! Mas me diga como vai o emprego? Melhor do que eu podia esperar... — Como se não soubesse, Joss. Dei aula até para você — reviro os olhos — Dou aula para uma classe cheia de adolescentes que não sabem o que querem da vida e que não tem a decência de ao menos tirar uma nota razoável — Não é como se eu fosse um modelo de aluno quando era adolescente, mas consegui passar na prova de seleção da faculdade, uma das provas mais difíceis que já fiz na vida e consegui a bolsa de estudos. Meus pais poderiam pagar pela faculdade, porém quis provar para mim mesmo que depois do tempo difícil que tive, que
— Eve, abra a porta! Quero saber se você irá comigo na casa da senhora Evelin! A voz da minha mãe parece vir de longe, não sei quanto tempo exatamente eu estava deitada na minha cama encarando o teto que não tem nada para me oferecer. — Já entendi que você não vai, guardei o jantar que você não comeu! Com isso ouço passos se afastando e a porta batendo, não consigo parar de pensar no que aconteceu assim que sai do apartamento do meu professor. Era tão errado, mas ao mesmo tempo pareceu certo. Como vou encara-lo amanhã? Era para estar fazendo companhia a minha mãe que vai voltar ao trabalho, passar o máximo de tempo com ela, mas estou muito longe, estou viajando nas sensações sentidas a pouco tempo, a sensação que ele me fez sentir... É viciante, e eu quero mais. Não sei ao certo quando durmo, apenas acordo com o barulho do meu despertador no meu ouvido anunciando um novo dia, tenho que me despedir da minha mãe e também tenho medo do colégio informar sobre as minhas falt
Everly — Eu não acredito nisso, Eve! — Dylan diz e suspiro aliviada por finalmente contar tudo o que passei com Joshua, claro que não contei tudo em detalhes até por que não conseguiria, apenas disse que fizemos algumas coisas e acho que ele entendeu, Dylan ficou pasmo diante do que falei — Eve, isso é realmente tão confuso, quando disse para você que o professor está a fim de você, eu acertei — diz com um sorriso vitorioso e reviro os olhos, não consigo achar graça nessa situação. — Você não entende, Dylan. Quando estou com ele me esqueço quem sou e faço tudo o que ele me pede, e já fiz cada coisa... — balanço a cabeça para afastar as imagens de tudo que ocorreu agora a pouco. — Ele obviamente domina seu corpo e sua mente, se você quiser fazer algo doido antes de se formar e ir para a faculdade, eu diria para você ir fundo nisso, mas se não quer, então se mantenha afastada. — E eu vou me manter afastada Dylan, porém, o que eu vou fazer quando ele se aproximar? — Eu não