Ettore Ferrari
Corro eufórico para pegar meus sapatos e colocá-los.
Irei visitar a filha dos Petrov. Faz alguns meses que quero conhecê-la, preciso estar bem apresentável. Mamma dá os últimos ajustes em minha gravata, deixando-me elegante e bonito, como sempre cochicha ao meu ouvido. Todos entramos dentro do carro com os “soldados” logo atrás, escoltando-nos em carros separados. Eles sempre estão em alerta, prontos para proteger a família de qualquer perigo iminente.
Olho pela a janela e vejo a neve caindo, dando o início ao inverno rigoroso da cidade. Gosto dessa estação do ano, imaginando que em breve poderia brincar nela, como uma criança normal faria, esquecendo assim o fardo que carrego com meu sobrenome “Ferrari”.
Depois de alguns minutos finalmente o carro estaciona, e enfim, todos descemos. O sr. Petrov está na porta principal nos esperando, cumprimentando educadamente papà e mamma, com beijo no rosto e abraço apertado. Nossas famílias são muito unidas, e o carinho é enorme entre ambas.
— Como vai, pequeno Ettore? — O homem pergunta para mim, com um sorriso amigável nos lábios. Todos são tão maiores que eu que ele até se inclina um pouco para me ouvir melhor.
— Vou bem, sr. Petrov, e o senhor? — Retorno a pergunta.
— Melhor não tem como ficar, filho. — Ele diz, logo depois se volta para meus pais e comenta: — Vamos entrar, Ivana está no quarto esperando a todos.
Caminho ao lado do meu fratello Pietro, enquanto papà ficou logo atrás com seu velho amigo. Mammà vai à frente com minha sorellina Bianca em seus braços calorosos, batendo na porta assim que chegamos ao quarto. A empregada da casa abre e entramos.
Fico observando as duas mulheres conversarem coisas que eu não entendia, depois meus olhos avistam de longe o pacotinho dentro do berço. Volto a minha visão para mamma e a sra. Petrova.
— Posso chegar mais perto? — pergunto, enquanto apontava para o berço.
— Claro que pode.
Em passos largos, me aproximo ansioso para vê-la. Vejo-a brincar com as suas próprias perninhas, enquanto o sorriso banguela aparece para mim. Seus olhos são azuis... Um azul tão intenso e vivo, que fico hipnotizado por alguns instantes. São diferentes dos meus, escuros.
Ela para de brincar e nesse momento sem me preocupar com a possível bronca, pego-a nos braços, segurando-a com todo o cuidado do mundo. É leve e fofinha como um pão quente e cheiroso. Como uma coisa tão pequena pode estar viva e sorrindo daquele jeito para tudo? Acalento-a em meus braços, jurando para mim mesmo que a protegerei do mundo, e todos que ousarem fazê-la sofrer. Seremos melhores amigos para sempre e eu estaria lá para guardá-la com suas bochechas rosadas e sorriso inocente.
A sua pequenina mão vai de encontro ao meu rosto, tão delicada, mas já demonstra a força que possui. Sorrio, pego cheirando-a e sentindo o perfume doce, em seguida vou até o seu berço e apanho o seu ursinho de pelúcia, para brincar um pouco com ela antes de voltá-la para o seu lugar de antes.
O tempo foi passando, e o minha ligação com a menina com olhos da cor do mar foi crescendo, porém não sei em qual momento tudo desandou.
Aurora foi sequestrada e nunca mais ouvimos falar sobre ela, nossa família entrou em guerra, pois os Petrov tinham convicção que os verdadeiros culpados fomos nós. Com tudo isso e a guerra que chegava à nossa porta, recebemos a terrível notícia que a sra. Ivana Petrova morrera de desgosto, depressiva amofinada dentro de um quarto pela perda de sua filhinha. Nunca me senti tão impotente mesmo sendo tão jovem, jurei proteger o bebê de olhos gentis e ela havia sido levada debaixo de nossos narizes! Eu nunca me perdoaria.
Dezoito anos se passaram, de vez enquanto me pego regressando àqueles dias. Claro que tudo foi uma grande armação para separar nossas famílias, éramos fortes demais quando aliados. Hoje, nosso maior e pior inimigo é o homem que já foi um grande amigo de minha família. Um Ferrari nunca faria mal a um Petrov, eu nunca faria mal a Aurora.
Com o decorrer do tempo, muitas coisas mudaram, dentre elas minha personalidade e temperamento. Como o novo chefe da famiglia, teria que tomar frente da nome sem questionamentos. Aurora, se estivesse aqui hoje, seria minha protegida com toda certeza. Ela foi e sempre será a única promessa que não consegui cumprir e que me corroía desde então.
Ouço batidas na porta tirando-me dos meus pensamentos. É Carlota, minha secretária.
— Senhor, chegou mais um currículo. — A mulher me entrega o envelope saindo logo em seguida.
Olho todos os requisitos da pretendente, mas o que me chama a atenção é a sua beleza inigualável, ela acabará de completar seus dezoito anos. Uma beleza genuína e inocente com um rosto esperto e olhos sagazes. Graduação simples, mas com notas altíssimas. Teria que dar para o gasto, pois não estava aguentando aquela porcaria de telefone tocando o tempo todo. Carlota já estava perdendo a cabeça, precisava de ajuda e eu de silêncio.
Faço uma ligação, encaminhando as informações ao meu “investigador”. Exijo um resumo a fundo sobre essa mulher. Quero saber tudo sobre ela, até o tipo de sua calcinha se for necessário, mas a quero aqui amanhã nessa sala e espero que não tenha nenhuma ligação com os malditos Petrov ou qualquer outro puto que queira ferrar meus negócios.
Depois de resolver alguns assuntos pendentes, volto para a “sede”. Minha casa, meu palácio repleto de guardas dispostos a dar suas vidas por mim e tirar outras. Por mais que quisesse beber e fumar na companhia de alguns deles e com meu irmão, eu precisava urgentemente de silêncio, porque até mesmo embaixo do chuveiro eu conseguia ouvir o maldito telefone tocando!
Ettore FerrariCascittuni de merda… Com desprezo olho para o corpo sem vida diante de meus pés, queria informações e quando as consegui, não tive muito trabalho para degolá-lo, roubando o restante de sua medíocre vida. O desgraçado era um dos poucos soldati que sobraram do massacre de poucas horas atrás. Ultimamente estou tendo bastante prejuízo com os chineses, mas esses elos podres da Cosa Nostra sempre rendiam bons informantes, aqueles cães sicilianos não tinham respeito. Dessa vez roubaram um contêiner abastecido com um arsenal avaliado em dois milhões de euros numa emboscada. Agora que sei onde estão, não perderei mais tempo em recuperar o que é meu.— Junte os soldati. Quero aquele contêiner no porto em poucas horas — digo para meu irmão Pietro, que também é meu braço direito dentro da organização.Dirijo-me até a sala onde se encontram os armamentos, pego minha Glock posicionando-a na minha cintura. Depois seguro la mia bellezza preferita — um rifle com ferrolho de alvo anti-m
ViolletaQuando termino de acertar tudo naquela tarde, saio para um passeio na empresa para conhecer melhor o ambiente onde trabalharei. Optei por não ler o contrato, pois não estava em condições de reclamar ou exigir alguma coisa, estou precisando do dinheiro o quanto antes, caso contrário serei despejada ou pior.Estou muito cansada, Carlota não deu trégua me fazendo andar por horas, mostrando cada canto dessa empresa. Por último, o sr. Ferrari me convidou para almoçar para falar sobre os termos que continham no contrato, me senti envergonhada por ter mostrado meu total desespero para a vaga de emprego, desse modo ele pensaria que estou desesperada, mas, é exatamente esse o caso, eu estou mesmo.Na manhã seguinte, antes mesmo do despertador tocar, quando o sol ainda não mostrava os seus primeiros raios, me levantei ansiosa com a bendita entrevista. Queria impressionar o meu possível chefe, mas isso seria imprevisível por ser minha primeira vez, então nem sei ao certo o que fazer ou
ViolletaEntro no seu luxuoso carro, e ele dá a volta para o lado do motorista, saindo do prédio, fico olhando a paisagem para não ficar mais nervosa do que estou, tudo fica em total silêncio, não me contendo com tamanha curiosidade. Carlota havia sido muito paciente comigo, me ensinou várias coisas sobre a organização da secretaria de Ferrari e até então não foi nada tão complicado que me fizesse ficar nervosa como estava agora ao lado de meu chefe. Encaro pelo canto dos olhos o seu maxilar travado enquanto olha para a estrada. Nunca em minha vida conheci alguém tão agradável aos olhos. Sou madura o suficiente para não confundir as coisas, tenho certeza absoluta que um homem como ele jamais teria olhos para uma garota como eu. Enquanto ele dirigia carros esportivos, eu era espremida no transporte público. Enquanto ele deveria dormir com várias mulheres, eu estava descobrindo agora como era realmente estar perto de alguém do sexo masculino. Era enervante, mas instigante.Olho disfarç
ViolletaEttore sobe pessoalmente comigo ao apartamento e somos escoltados por dois homens de preto até a porta descascada do meu dormitório. Percebo o olhar enfadado dele pela mobília simples e até mesmo sobre as coisas que comprei com tanto apreço para fazer daquele pequeno quarto um lar.— Você vai esquecer desse buraco de ratos tão rápido quanto pisou aqui — comenta esparramado sobre uma cadeira frágil que quase sumia por seu tamanho. Apenas devolvi o dito com um olhar fuzilante ao passo que enfiava meus poucos pertences na mesma mala que trouxe.Olho rapidamente pela janela e penso se seria bem-sucedida se pulasse dela e corresse o mais rápido que pudesse para qualquer lugar. Talvez de volta para o orfanato, ou para baixo de qualquer ponte da cidade onde pudesse me misturar aos mendigos até que Ettore Ferrari esquecesse de minha existência.— Eu não sou uma espiã — digo em voz alta, mais para mim.— Claro que não é — responde ele, mas vejo o lapso de descrença em seu olhar.Quand
Ettore FerrariQuando optei em escolher uma mulher fora dos costumes da máfia, já tinha em mente o trabalho que teria, mas, gosto de inovar. Devo confessar que fiquei impressionado com a sua teimosia, e coragem em me enfrentar daquele jeito. Violleta… A garota sem sobrenome, dona de uma beleza perigosa, mas isso não muda em nada. Mesmo se ela não for útil para mim, ainda vai continuar sendo uma boa boceta para enterrar um filho. Não obstante, ela continua sendo praticamente uma selvagem, o que torna mais divertido ainda amansar a fera, nem que para isso ela saia ferida. Isso eu sei fazer bem.Desço as escadas, todos ainda continuam na sala me esperando.— Quero um jantar de noivado amanhã mesmo, vou apresentar Violleta para os demais, por ora, quero que avise somente quem precisa saber, o restante só é necessário no dia do casamento, daqui uma semana! — Digo para Pietro, enquanto vou até o bar, me servir do meu whisky. — Figlio mio, você não acha que está indo rápido demais? Digo, Vi
Ettore Ferrari Quando chego em casa apenas os soldados estão perambulando, fazendo a guarda. Entro no quarto e percebo que Violleta continua na mesma posição de antes, mas que mulherzinha fraca, não fiz nada demais para permanecer feito uma múmia nessa cama. Fico na dúvida se devo acordá-la para comer algo, não deveria.Aproximo-me da cama fitando seu rosto, a sua respiração está leve, até parece um anjo dormindo. Passeio meu olhar entre as suas curvas, claramente é uma garota ao qual roubarei a sua pureza, e inocência. Vou corrompê-la, e sujar a sua alma, uma vez que tocá-la não terá mais volta, será sempre minha.Meu olhar focar na brecha do seu vestido, ela está deitada de lado assim consigo vê a cor da sua calcinha, branca... Pergunto-me se ela ainda é virgem e apenas pensar que sim faz meu pau babar dentro da cueca. Rapidamente uma ereção se forma. Droga! Não vou acordá-la, está decidido!Entro no banheiro para tomar outro banho com mais calma, depois volto para o quarto, entro
VIOLLETAAcordo com os raios de sol entrando no quarto, a claridade faz com que eu desperte ficando sentada sobre a cama, que só agora percebi o quanto é confortável. Olho para os lados, e fico aliviada por não ver nem sinal do tal mafioso, ainda não caiu totalmente minha ficha de que fui sequestrada, e enganada. Como fui burra, Dio mio, ele se aproveitou de minha ingenuidade, eu deveria ter lido a droga do contrato agora me ferrei. Como será de minha vida agora, com esse maluco ao meu lado?Meu corpo está dolorido, minha cabeça está latejando, resultado das agressões de ontem e minha barriga ronca de fome. Nunca tive contado com um homem antes, e o primeiro que tive foi terrível, diabólico. Nunca fui agredida em minha vida, e só de lembrar o que passei na noite de ontem nas mãos daquele ser maligno, meu corpo estremece. Com cuidado me levanto, sinto algumas partes de meu corpo estalarem. Vou até a sacada onde posso ver o sol nascendo no horizonte, e além das margens do lago, uma lin
VIOLLETAOlho no espelho a obra-prima que Bianca fez em mim, mas não consigo sorrir, minha vida está desmoronando a cada instante que passo nessa casa. Nem o vestido deslumbrante, ou as joias que brilham no meu pescoço, fazem-me esquecer da nebulosa realidade que estou vivendo.— Sei que é difícil, Violleta, mas pelo menos tente sorrir um pouco quando estiver lá em baixo, para não passar uma má impressão, Ettore pode querer castigá-la por isso. — Ela diz, me alertando, e por saber que Bianca tem razão, decido que vou tentar parecer um pouco melhor, pois não vou aguentar mais uma agressão tal como a do outro dia.— Encontrei roupas no quarto, roupas femininas — começo. — A quem elas pertencem?— Ora, a você, é claro! Ettore comprou todas antes da sua chegada para que ficasse bem abastecida.— Pelo modo como me tratou, não duvidei que pertencessem a alguma esposa anterior que não “sorriu do jeito que ele quer” — digo amarga e Bianca baixa o olhar, quase penso que ela se solidariza com m