Violleta Ferrari Levanto da cama, e pelo jeito Ettore já saiu de casa para trabalhar, pois não o vejo em lugar nenhum. Tomo meu banho, coloco um vestido bem bonito e faço uma maquiagem básica, somente para disfarçar a cara de sono e as olheiras. Hoje vou até a empresa de Ettore, fazer uma surpresa e ver como estão as coisas por lá, não sou uma mulher ciumenta, mas é sempre bom deixar claro que a dona do coração dele, sou eu. Desde que nos casamos não estive mais lá e agora, estou curiosa, para saber como anda tudo. Tomo somente um café, já que acordei tarde hoje; dou um beijo em Dante e o levo, de volta para o quarto. — Boa tarde, senhora! — A babá me cumprimenta, sorridente. — Bom dia, e boa tarde, já está quase na hora do almoço mesmo! — As duas sorrimos.— Tudo bem? A senhora está com uma aparência muito boa! — Ela diz.— Sim, está tudo ótimo. Hoje, nem eu, nem meu marido, poderemos levar Dante até o jardim, mas quero que você o leve para tomar sol e respirar ar fresco. Sempre q
Violleta Ferrari Desperto com uma dor de cabeça terrível, causando-me náuseas fazendo meu estômago se revirar. Tento me mexer, mas estou amarrada em uma cadeira. Meu coração palpita e o medo se faz presente. Faço uma prece rapidamente na esperança de que Ettore me ache a tempo.— O destino não podia ser mais filho da puta, não é mesmo minha cara? — Minha atenção é chamada para um outro homem diferente do que me sequestrou. Ele é mais velho, forte, mas que já carrega as marcas da velhice consigo. Seu sorriso zombeteiro se mantém aberto no seu rosto mostrando os dentes amarelados. Mediante as suas palavras fico confusa, pois nunca o vir. Mas, ele parece confiante do que diz. — Perdão, deixe-me se apresentar... — Ele ajeita a sua gravata e diz: — Viktor Petrov, sou seu tio, menina. — O que você quer comigo? Não vá me dizer que esse é o seu jeito carinhoso de tratar os seus familiares? — digo, com deboche sentindo as cordas machucarem meus pulsos enquanto tento me mover. — Não seja d
Ettore Ferrari Estou terminando minhas coisas aqui na empresa quando o meu celular toca. Atendo, é o hacker que contratei para descobrir o paradeiro do irmão de Ivan.— Alguma novidade? — Senhor, as notícias não são boas, sua esposa acionou o colar de emergência para localização, estamos monitorando-a por aqui, e quando pararem saberemos para onde a levaram e o gravador nos mostrará o que acontecerá com ela.— Fique de olho para identificar o local para onde a estão levando, e quem está por trás disso. Quero ser informado, descubram a sua localização, em alguns minutos estarei aí! Saio às pressas da empresa, e no caminho ligo para Ivan e Pietro e os deixo a par do que está acontecendo. Peço a minha secretaria que mande todos os funcionários saírem do prédio, aos poucos, sem dar maiores explicações, e saio também. Meus seguranças já estavam me esperando do lado de fora, com a porta do carro aberta, eu entro e, em minutos estou a caminho da sede, quando chego, já está uma correria
ViolletaTRÊS ANOS DEPOISParece que foi ontem que tudo começou, a primeira vez que vi Ettore naquela sala todo senhor de si e confiante de que iria me levar para sua casa e me obrigaria a casar com ele. Hoje está acontecendo a mesma coisa, com a diferença de que vou me casar por amor, pela a paixão que sinto por ele e por tudo que ele me deu, mesmo sem saber. Através dele, reencontrei meu pai e hoje posso dizer que tenho uma família, e o mais importante, tenho meu filho, o maior presente que eu poderia ganhar. Hoje, mais do que nunca, estou feliz por finalmente me sentir realizada, Ettore mudou bastante, é bem verdade que ele continua bruto e um escroto com a maioria das pessoas ao seu redor, mas comigo ele se mostra cada vez mais apaixonado, é um homem completamente diferente do que era no passado. Muitos vão me dizer que sou louca por permanecer ao lado de um homem que me fez sofrer tanto, mas não mandamos no coração. Até tentei lutar contra tudo isso, mas foi em vão, valeu a pena
ViolletaEstou dando uma última olhada pela janela do meu quarto. Posso avistar algumas adolescentes a conversar no banco do pátio. Diversas vezes me sentei no mesmo, somente para ter meu momento de silêncio com um bom livro nas mãos. Por ter um jeito mais reservado, sempre encontrei dificuldade em me socializar com as pessoas. Tinha medo de dizer ou fazer algo que pudesse me levar às broncas, brigas ou castigos aqui dentro do orfanato.Sim. Vivi meus dezoito anos nesse local com paredes escuras, guardada a sete chaves. Nunca pude ir para o lado de fora desses muros e tampouco houve alguma oportunidade para tal ato, como uma curiosidade ou até escapatória. A vigilância sempre foi meticulosa pelas funcionárias e superiores, todas do sexo feminino. De modo algum estive perto de uma presença masculina, sequer imagino a textura da pele ou a fragrância de um perfume diferenciado. Mas idealizo, como todas nós no orfanato, encontrar uma pessoa especial, um amor verdadeiro para a vida inteira
ViolletaSua expressão fica sombria e fechada. Minha vontade foi de vomitar, confesso. Não deu para negar o nojo que senti com suas segundas intenções comigo. Começo a tremer, recordando de minha infância abandonada. Como queria alguém para me proteger e cuidar. Todavia recordo de que estou sozinha, que não tenho ninguém além de mim mesma. Se quero ser ouvida e respeitada, terei que lutar por meus direitos, demonstrando ser forte, mesmo que no fundo esteja repleta de pavor.Com minha mão livre, retiro seus dedos sujos de cima de mim e advirto:— Escute bem. Não sou qualquer mulher para você propor essa depravação. Comprei seu jornal como propôs em troca de uma simples indicação de moradia barata, mas se você não pode me ajudar, vou buscar alguém que possa. Ah, e quem sabe não veja um policial na rua para contar o quão “bem” o senhor trata as mulheres que passam por sua banca. — Na hora seus olhos se arregalam, percebendo que não estou brincando com minha ameaça de denunciá-lo.— Calma
Ettore FerrariCorro eufórico para pegar meus sapatos e colocá-los. Irei visitar a filha dos Petrov. Faz alguns meses que quero conhecê-la, preciso estar bem apresentável. Mamma dá os últimos ajustes em minha gravata, deixando-me elegante e bonito, como sempre cochicha ao meu ouvido. Todos entramos dentro do carro com os “soldados” logo atrás, escoltando-nos em carros separados. Eles sempre estão em alerta, prontos para proteger a família de qualquer perigo iminente.Olho pela a janela e vejo a neve caindo, dando o início ao inverno rigoroso da cidade. Gosto dessa estação do ano, imaginando que em breve poderia brincar nela, como uma criança normal faria, esquecendo assim o fardo que carrego com meu sobrenome “Ferrari”. Depois de alguns minutos finalmente o carro estaciona, e enfim, todos descemos. O sr. Petrov está na porta principal nos esperando, cumprimentando educadamente papà e mamma, com beijo no rosto e abraço apertado. Nossas famílias são muito unidas, e o carinho é enorme
Ettore FerrariCascittuni de merda… Com desprezo olho para o corpo sem vida diante de meus pés, queria informações e quando as consegui, não tive muito trabalho para degolá-lo, roubando o restante de sua medíocre vida. O desgraçado era um dos poucos soldati que sobraram do massacre de poucas horas atrás. Ultimamente estou tendo bastante prejuízo com os chineses, mas esses elos podres da Cosa Nostra sempre rendiam bons informantes, aqueles cães sicilianos não tinham respeito. Dessa vez roubaram um contêiner abastecido com um arsenal avaliado em dois milhões de euros numa emboscada. Agora que sei onde estão, não perderei mais tempo em recuperar o que é meu.— Junte os soldati. Quero aquele contêiner no porto em poucas horas — digo para meu irmão Pietro, que também é meu braço direito dentro da organização.Dirijo-me até a sala onde se encontram os armamentos, pego minha Glock posicionando-a na minha cintura. Depois seguro la mia bellezza preferita — um rifle com ferrolho de alvo anti-m