Ettore Ferrari
Cascittuni de merda…
Com desprezo olho para o corpo sem vida diante de meus pés, queria informações e quando as consegui, não tive muito trabalho para degolá-lo, roubando o restante de sua medíocre vida. O desgraçado era um dos poucos soldati que sobraram do massacre de poucas horas atrás. Ultimamente estou tendo bastante prejuízo com os chineses, mas esses elos podres da Cosa Nostra sempre rendiam bons informantes, aqueles cães sicilianos não tinham respeito. Dessa vez roubaram um contêiner abastecido com um arsenal avaliado em dois milhões de euros numa emboscada. Agora que sei onde estão, não perderei mais tempo em recuperar o que é meu.
— Junte os soldati. Quero aquele contêiner no porto em poucas horas — digo para meu irmão Pietro, que também é meu braço direito dentro da organização.
Dirijo-me até a sala onde se encontram os armamentos, pego minha Glock posicionando-a na minha cintura. Depois seguro la mia bellezza preferita — um rifle com ferrolho de alvo anti-material, capaz de destruir estruturas, veículos blindados, helicópteros. Irei fazer um grande estrago, só isso me trará a noite de sono tranquila que desejo.
— Os soldati já estão em seus postos, esperando o seu comando. — Pietro diz.
— Buona fortuna, viva ‘Ndrangheta! Vamos acabar com aqueles desgraçados.
Entro no meu carro juntamente com meu irmão. Saímos pelo túnel subterrâneo. Quando chegamos ao galpão, fico no meu posto observando de longe com meu fuzil. Pietro e o restante dos soldados, invadiram o local. Daqui dou assistência, qualquer um que tente chegar perto de Pietro, elimino, fazendo seus miolos voarem pelos ares. Não demorou muito para que ele ficasse em perigo, era sempre tão impulsivo quanto um novato. Pela mira aproximada percebi que não se tratava nem mesmo de um capo, era um verme de menor posição, um sicário.
— Hora de começar a diversão, irmão — digo pelo comunicador.
Acerto um tiro na cabeça do chefe da gangue provocando um caos de balas e gritos. Pietro é um excelente atirador e exímio líder tático, foi como uma brincadeira para ele apagar todos. Ordenei que colocassem bombas espalhadas, assim que meu contêiner estiver seguro, esse lugar será apenas destroços. Ninguém rouba o que é meu e quando isso acontece, me certifico de fazê-lo pagar caro.
Vejo alguns dos meus soldados no chão, eles sabem do risco que correm todos os dias. Eles vivem para a família e que Deus os tenha.
Quando meu contêiner está na carreta, dou ordem para Pietro ligar o cronômetro. Todos se preparam para sair de dentro do galpão. Saio do lugar que estava indo para o carro que me aguardava. De longe ouço a explosão decretando minha noite bem-sucedida.
Assim que chegamos à sede, ordeno aos soldados para conferir minha mercadoria. Pietro ficará no comando, pois ainda preciso resolver algumas pendências na empresa. Hoje se tiver sorte, sairei com uma noiva daquele lugar. Tomo um banho rápido na sede, partindo logo em seguida.
Deixo meu carro no estacionamento privado na empresa. Alinho meu terno e entro no elevador, refletindo sobre cada passo que será dado. Domenico disse-me que preciso casar, assegurar que o clã continue quando eu me for. Faz mais de uma semana que estou à procura de uma esposa que esteja no meu perfil desejado. Poderia me casar com uma das mulheres da organização e assegurar uma aliança mais que vantajosa para o clã Ferrari, mas eu não precisava disso. Eu não queria isso.
Encaro a vista através da janela de minha sala, enquanto os minutos se passam. Tenho em minhas mãos o dossiê da mulher que em breve vai estar na minha frente. Em poucas linhas percebi que muitas informações eram incertas ou não faziam sentido, isso me deixou um pouco suspeito. Para todos os efeitos, ela estará fazendo uma simples entrevista para ocupar a vaga de secretária, se ela fosse uma informante da Camorra, da Cosa Nostra ou até mesmo dos Petrov, eu descobriria em apenas alguns minutos de conversa. Saio dos meus pensamentos ouvindo batidas na porta.
— Sr. Ferrari, posso mandá-la entrar? — Carlota pergunta, aceno positivamente.
Volto a ficar de costas, não demora muito para ouvir novamente a porta sendo aberta. Quando ouço passos ecoando no piso de mármore, me viro.
De todas as mulheres que já contemplei, essa é surpreendentemente uma obra de arte. Mesmo sem querer, meu olhos deslizam pelo seu belo corpo, apreciando suas curvas suaves que parecem ter sido moldadas à mão. O vestido que ela está usando me deixa atordoado, fazendo-me imaginar o que poderia encontrar por debaixo dele. É leve, nada como os tecidos pesados que manda o figurino social do prédio. Olho para o seu rosto e fixo o meu olhar na sua boca. Seus lábios carnudos me fazem querer prová-los, e assim descobrir o sabor que eles possuem. Ela parece constrangida ao perceber minha avaliação, tenho que me concentrar para não estragar nenhuma de minhas pretensões. Porém, devo concordar que a sua beleza é única e não seria nada mal fazer mais um Ferrari com alguém assim.
Saio do meu estado de torpor e digo:
— Sente-se, por favor. — Indico a poltrona, ela faz como digo balançando seus quadris em perfeita harmonia enquanto caminha, sentando-se em seguida.
Vou até minha cadeira fazendo o mesmo, com a documentação em mãos encaro-a pensando em como será a sua reação ao descobrir onde estará se metendo.
— Senhorita Santi, por qual razão você se acha merecedora de ganhar este cargo? — Seus olhos desviam dos meus, para encarar suas mãos, parece nervosa.
— Bom... Na sua empresa terei a oportunidade de crescer e evoluir profissionalmente. Irei me empenhar todos os dias para dar o meu melhor. Vou me dedicar cem por cento a esta empresa, garanto que senhor não vai se arrepender.
A todo momento encaro seus lábios, imaginando-os acariciando a cabeça do meu pau enquanto fodo sua boquinha. A sua resposta não me foi convincente, deixa claro a sua total inexperiência, mas mesmo assim se empenhou para responder, mostrando que de fato seria competente. Porém, a quero para outros fins. Se essa tal Violleta for uma informante ou qualquer coisa do gênero para qualquer outra organização inimiga, ela seria um bom trunfo para espiar o outro lado. Caso não for, há tantos outros modos de me beneficiar…
Resoluto, pulo para o ponto final. Entrego a documentação para ela assinar.
— Leia. — Ela abre um sorriso.
— Isso significa que a vaga é minha?
— Sim, agora leia o contrato.
— Não será preciso. — Diz, assinando todas as linhas sob meu olhar arregalado e surpreso. Ela não sabe o quanto isso pode custar caro, até mesmo sua vida! Ela parecia feliz demais fazendo isso, quase como se estivesse salvando sua pele. — Pronto!
— Ótimo, agora Carlota vai mostrá-la o que deve fazer. Na hora do almoço estarei esperando-a aqui, para almoçarmos juntos. Como você não quis ler o contrato, vamos discutir sobre alguns assuntos importantes a respeito da… contratação.
— Tudo bem.
Carlota vai distraí-la enquanto resolvo o restante das papeladas.
Disco o número de Pietro, quero avisá-lo de que duas boas vantagens acabaram de cair sobre meu colo. Sendo ou não espiã do outro lado, a jovem Violleta está a poucas assinaturas de carregar o sobrenome mais temido de toda Itália.
O meu.
ViolletaQuando termino de acertar tudo naquela tarde, saio para um passeio na empresa para conhecer melhor o ambiente onde trabalharei. Optei por não ler o contrato, pois não estava em condições de reclamar ou exigir alguma coisa, estou precisando do dinheiro o quanto antes, caso contrário serei despejada ou pior.Estou muito cansada, Carlota não deu trégua me fazendo andar por horas, mostrando cada canto dessa empresa. Por último, o sr. Ferrari me convidou para almoçar para falar sobre os termos que continham no contrato, me senti envergonhada por ter mostrado meu total desespero para a vaga de emprego, desse modo ele pensaria que estou desesperada, mas, é exatamente esse o caso, eu estou mesmo.Na manhã seguinte, antes mesmo do despertador tocar, quando o sol ainda não mostrava os seus primeiros raios, me levantei ansiosa com a bendita entrevista. Queria impressionar o meu possível chefe, mas isso seria imprevisível por ser minha primeira vez, então nem sei ao certo o que fazer ou
ViolletaEntro no seu luxuoso carro, e ele dá a volta para o lado do motorista, saindo do prédio, fico olhando a paisagem para não ficar mais nervosa do que estou, tudo fica em total silêncio, não me contendo com tamanha curiosidade. Carlota havia sido muito paciente comigo, me ensinou várias coisas sobre a organização da secretaria de Ferrari e até então não foi nada tão complicado que me fizesse ficar nervosa como estava agora ao lado de meu chefe. Encaro pelo canto dos olhos o seu maxilar travado enquanto olha para a estrada. Nunca em minha vida conheci alguém tão agradável aos olhos. Sou madura o suficiente para não confundir as coisas, tenho certeza absoluta que um homem como ele jamais teria olhos para uma garota como eu. Enquanto ele dirigia carros esportivos, eu era espremida no transporte público. Enquanto ele deveria dormir com várias mulheres, eu estava descobrindo agora como era realmente estar perto de alguém do sexo masculino. Era enervante, mas instigante.Olho disfarç
ViolletaEttore sobe pessoalmente comigo ao apartamento e somos escoltados por dois homens de preto até a porta descascada do meu dormitório. Percebo o olhar enfadado dele pela mobília simples e até mesmo sobre as coisas que comprei com tanto apreço para fazer daquele pequeno quarto um lar.— Você vai esquecer desse buraco de ratos tão rápido quanto pisou aqui — comenta esparramado sobre uma cadeira frágil que quase sumia por seu tamanho. Apenas devolvi o dito com um olhar fuzilante ao passo que enfiava meus poucos pertences na mesma mala que trouxe.Olho rapidamente pela janela e penso se seria bem-sucedida se pulasse dela e corresse o mais rápido que pudesse para qualquer lugar. Talvez de volta para o orfanato, ou para baixo de qualquer ponte da cidade onde pudesse me misturar aos mendigos até que Ettore Ferrari esquecesse de minha existência.— Eu não sou uma espiã — digo em voz alta, mais para mim.— Claro que não é — responde ele, mas vejo o lapso de descrença em seu olhar.Quand
Ettore FerrariQuando optei em escolher uma mulher fora dos costumes da máfia, já tinha em mente o trabalho que teria, mas, gosto de inovar. Devo confessar que fiquei impressionado com a sua teimosia, e coragem em me enfrentar daquele jeito. Violleta… A garota sem sobrenome, dona de uma beleza perigosa, mas isso não muda em nada. Mesmo se ela não for útil para mim, ainda vai continuar sendo uma boa boceta para enterrar um filho. Não obstante, ela continua sendo praticamente uma selvagem, o que torna mais divertido ainda amansar a fera, nem que para isso ela saia ferida. Isso eu sei fazer bem.Desço as escadas, todos ainda continuam na sala me esperando.— Quero um jantar de noivado amanhã mesmo, vou apresentar Violleta para os demais, por ora, quero que avise somente quem precisa saber, o restante só é necessário no dia do casamento, daqui uma semana! — Digo para Pietro, enquanto vou até o bar, me servir do meu whisky. — Figlio mio, você não acha que está indo rápido demais? Digo, Vi
Ettore Ferrari Quando chego em casa apenas os soldados estão perambulando, fazendo a guarda. Entro no quarto e percebo que Violleta continua na mesma posição de antes, mas que mulherzinha fraca, não fiz nada demais para permanecer feito uma múmia nessa cama. Fico na dúvida se devo acordá-la para comer algo, não deveria.Aproximo-me da cama fitando seu rosto, a sua respiração está leve, até parece um anjo dormindo. Passeio meu olhar entre as suas curvas, claramente é uma garota ao qual roubarei a sua pureza, e inocência. Vou corrompê-la, e sujar a sua alma, uma vez que tocá-la não terá mais volta, será sempre minha.Meu olhar focar na brecha do seu vestido, ela está deitada de lado assim consigo vê a cor da sua calcinha, branca... Pergunto-me se ela ainda é virgem e apenas pensar que sim faz meu pau babar dentro da cueca. Rapidamente uma ereção se forma. Droga! Não vou acordá-la, está decidido!Entro no banheiro para tomar outro banho com mais calma, depois volto para o quarto, entro
VIOLLETAAcordo com os raios de sol entrando no quarto, a claridade faz com que eu desperte ficando sentada sobre a cama, que só agora percebi o quanto é confortável. Olho para os lados, e fico aliviada por não ver nem sinal do tal mafioso, ainda não caiu totalmente minha ficha de que fui sequestrada, e enganada. Como fui burra, Dio mio, ele se aproveitou de minha ingenuidade, eu deveria ter lido a droga do contrato agora me ferrei. Como será de minha vida agora, com esse maluco ao meu lado?Meu corpo está dolorido, minha cabeça está latejando, resultado das agressões de ontem e minha barriga ronca de fome. Nunca tive contado com um homem antes, e o primeiro que tive foi terrível, diabólico. Nunca fui agredida em minha vida, e só de lembrar o que passei na noite de ontem nas mãos daquele ser maligno, meu corpo estremece. Com cuidado me levanto, sinto algumas partes de meu corpo estalarem. Vou até a sacada onde posso ver o sol nascendo no horizonte, e além das margens do lago, uma lin
VIOLLETAOlho no espelho a obra-prima que Bianca fez em mim, mas não consigo sorrir, minha vida está desmoronando a cada instante que passo nessa casa. Nem o vestido deslumbrante, ou as joias que brilham no meu pescoço, fazem-me esquecer da nebulosa realidade que estou vivendo.— Sei que é difícil, Violleta, mas pelo menos tente sorrir um pouco quando estiver lá em baixo, para não passar uma má impressão, Ettore pode querer castigá-la por isso. — Ela diz, me alertando, e por saber que Bianca tem razão, decido que vou tentar parecer um pouco melhor, pois não vou aguentar mais uma agressão tal como a do outro dia.— Encontrei roupas no quarto, roupas femininas — começo. — A quem elas pertencem?— Ora, a você, é claro! Ettore comprou todas antes da sua chegada para que ficasse bem abastecida.— Pelo modo como me tratou, não duvidei que pertencessem a alguma esposa anterior que não “sorriu do jeito que ele quer” — digo amarga e Bianca baixa o olhar, quase penso que ela se solidariza com m
Ettore FerrariQuandoo pude contemplá-la descendo as escadas, eu percebi que realmente havia feito uma excelente escolha. Violleta seria totalmente minha, sem restrições, viveria nesse mundo obscuro que a máfia carrega, e principalmente na escuridão que habita em mim e logo me daria um herdeiro forte com olhos tão ferozes quanto os dela.Mas, claro que não deixaria de falar alguma gracinha e não menti quando disse que antes de qualquer coisa, não pensaria duas vezes em vê-la diluída em um barril de ácido. Todavia percebi essa noite que jamais permitiria que Violleta saísse do meu poder. Ela pensava que eu já havia sido casado, criou uma história obscura na própria mente em que sou um assassino de esposas, pensei que era um bom jeito de começar a assustá-la e a própria já me dava boas ideias de como fazer isso. Eu quis rir quando ela disse aquilo. Nenhuma mulher estava à altura de ser minha esposa, muito mais ter o sepultamento digno de um barril de ácido. Era menos pior que o que fazí