Violleta
Quando termino de acertar tudo naquela tarde, saio para um passeio na empresa para conhecer melhor o ambiente onde trabalharei. Optei por não ler o contrato, pois não estava em condições de reclamar ou exigir alguma coisa, estou precisando do dinheiro o quanto antes, caso contrário serei despejada ou pior.
Estou muito cansada, Carlota não deu trégua me fazendo andar por horas, mostrando cada canto dessa empresa. Por último, o sr. Ferrari me convidou para almoçar para falar sobre os termos que continham no contrato, me senti envergonhada por ter mostrado meu total desespero para a vaga de emprego, desse modo ele pensaria que estou desesperada, mas, é exatamente esse o caso, eu estou mesmo.
Na manhã seguinte, antes mesmo do despertador tocar, quando o sol ainda não mostrava os seus primeiros raios, me levantei ansiosa com a bendita entrevista. Queria impressionar o meu possível chefe, mas isso seria imprevisível por ser minha primeira vez, então nem sei ao certo o que fazer ou dizer. Porém, tenho uma certeza em mente, quero dar o meu melhor, impressionando-o com minha eficiência, qual pretendo me destacar profissionalmente e ao menos assegurar minha próxima semana de sobrevivência.
Antecipadamente vou ao banheiro iniciando meu banho, em seguida faço minha higiene da melhor maneira que posso. Antes de me vestir vou até a cozinha, e preparo um café bem rapidinho para beber antes de sair. Enquanto a água ferve, volto para o quarto apanhando o vestido branco que escolhi na noite anterior. Ele é bastante justo ao meu corpo; gostei dele pois apesar de marcar demais, ele não tem decote, deixando um ar de elegância e nada vulgar. Não quero causar as impressões erradas.
Termino de me vestir, depois volto para a cozinha para finalizar o café. Assim que me delicio de alguns goles da bebida energética, guardo tudo no seu devido lugar, para então partir. Quando percebi já estava mais que na hora de sair de casa, para completar os ônibus estavam demorando para chegar.
Maldito azar.
O coletivo chegou alguns minutos a mais do suposto e com esse trânsito lento nunca chegaria a tempo na entrevista. Como já estava perto das Empresas Ferrari resolvi descer, pronta para caminhar um quarteirão com saltos de quinze centímetros, e foi exatamente isso que fiz, e exatamente às sete e cinquenta e cinco entro — às pressas — no hall enorme e luxuoso que havia visitado ontem. Depois que me identifico na entrada, Carlota me conduz apressada para dentro do elevador, pois eu já estava atrasada para a entrevista, e ela deixou bem claro que o chefe não tolera atrasos.
Péssima primeira impressão, eu já estava ficando preocupada.
Depois que sou anunciada, Carlota me dá passagem para entrar na sala. Devido o nervosismo me obrigo a caminhar, tento fazer o mínimo de barulho quando fecho a porta atrás de mim. Levanto o meu olhar, ao fundo vejo o homem que poderá me contratar como sua secretária, de costas olhando a paisagem pela a janela de sua sala.
Estando tão desesperada em aceitar o emprego mal tinha reparado no homem. Agora que tinha aqueles segundos para apreciá-lo percebi que deveria ter feito isso antes. O terno marca a extensão de seus ombros fortes e largos, suas pernas são bem torneadas evidenciadas pelo tecido sob medida. Sua postura é bonita, altiva, e ele fica muito bem contra os tons acinzentados com o verde das árvores do parque à distância. Era como se ele fosse feito especialmente para ocupar aquela sala, para ocupar o topo do mundo.
Era de uma beleza um tanto intimidadora.
— Bom dia, sr. Ferrari.
— Bom dia, srta. Santi — cumprimenta, virando-se. Seu olhar percorre meu corpo como no dia anterior, e por um segundo me arrependo de ter escolhido aquele vestido ao invés do mesmo de ontem que marcava bem menos. — Você parece bem esta manhã.
— Eu estou. É bom acordar sabendo que não vou morrer de fome na semana seguinte — digo e imediatamente me arrependo de novo. Não é adequado falar aquele tipo de coisa para um chefe! E mesmo assim, o sr. Ferrari me oferece um sorrisinho de canto muito divertido.
— É bastante curioso ouvi-la dizer isso. — Sem saber se devo questionar, decido por ficar em silêncio, então ele novamente fala. — Eu quero ter certeza de que você está consciente de como as coisas funcionam por aqui, não será um trabalho simples, pode exigir… grande parte do seu tempo.
— Senhor Ferrari, não precisa tentar me assustar — digo com um sorriso gentil. — Eu tenho uma boa ideia de como é e não me importaria nem um pouco de ter o que fazer durante um dia tão longo.
O sorriso dele se abre um pouco mais, como se eu tivesse contado alguma piada ou ironia interna que só ele conhecia, isso me deixou um pouco apreensiva, porém se eu quisesse alguns trocados para sobreviver teria que dançar conforme a música.
— Nosso almoço ainda está de pé? — pergunta colocando as mãos nos bolsos. Ele fica menos assustador com a postura mais relaxada.
— Claro, sr. Ferrari.
— Muito bem, então. Carlota irá te instruir agora pela manhã com o básico, e durante o almoço eu irei te instruir com o “intensivo”, se é que posso chamar assim.
Por que parece que não estamos falando da mesma coisa?
— Estou aqui para aprender, senhor — respondo o mais polida e agradavelmente possível.
ViolletaEntro no seu luxuoso carro, e ele dá a volta para o lado do motorista, saindo do prédio, fico olhando a paisagem para não ficar mais nervosa do que estou, tudo fica em total silêncio, não me contendo com tamanha curiosidade. Carlota havia sido muito paciente comigo, me ensinou várias coisas sobre a organização da secretaria de Ferrari e até então não foi nada tão complicado que me fizesse ficar nervosa como estava agora ao lado de meu chefe. Encaro pelo canto dos olhos o seu maxilar travado enquanto olha para a estrada. Nunca em minha vida conheci alguém tão agradável aos olhos. Sou madura o suficiente para não confundir as coisas, tenho certeza absoluta que um homem como ele jamais teria olhos para uma garota como eu. Enquanto ele dirigia carros esportivos, eu era espremida no transporte público. Enquanto ele deveria dormir com várias mulheres, eu estava descobrindo agora como era realmente estar perto de alguém do sexo masculino. Era enervante, mas instigante.Olho disfarç
ViolletaEttore sobe pessoalmente comigo ao apartamento e somos escoltados por dois homens de preto até a porta descascada do meu dormitório. Percebo o olhar enfadado dele pela mobília simples e até mesmo sobre as coisas que comprei com tanto apreço para fazer daquele pequeno quarto um lar.— Você vai esquecer desse buraco de ratos tão rápido quanto pisou aqui — comenta esparramado sobre uma cadeira frágil que quase sumia por seu tamanho. Apenas devolvi o dito com um olhar fuzilante ao passo que enfiava meus poucos pertences na mesma mala que trouxe.Olho rapidamente pela janela e penso se seria bem-sucedida se pulasse dela e corresse o mais rápido que pudesse para qualquer lugar. Talvez de volta para o orfanato, ou para baixo de qualquer ponte da cidade onde pudesse me misturar aos mendigos até que Ettore Ferrari esquecesse de minha existência.— Eu não sou uma espiã — digo em voz alta, mais para mim.— Claro que não é — responde ele, mas vejo o lapso de descrença em seu olhar.Quand
Ettore FerrariQuando optei em escolher uma mulher fora dos costumes da máfia, já tinha em mente o trabalho que teria, mas, gosto de inovar. Devo confessar que fiquei impressionado com a sua teimosia, e coragem em me enfrentar daquele jeito. Violleta… A garota sem sobrenome, dona de uma beleza perigosa, mas isso não muda em nada. Mesmo se ela não for útil para mim, ainda vai continuar sendo uma boa boceta para enterrar um filho. Não obstante, ela continua sendo praticamente uma selvagem, o que torna mais divertido ainda amansar a fera, nem que para isso ela saia ferida. Isso eu sei fazer bem.Desço as escadas, todos ainda continuam na sala me esperando.— Quero um jantar de noivado amanhã mesmo, vou apresentar Violleta para os demais, por ora, quero que avise somente quem precisa saber, o restante só é necessário no dia do casamento, daqui uma semana! — Digo para Pietro, enquanto vou até o bar, me servir do meu whisky. — Figlio mio, você não acha que está indo rápido demais? Digo, Vi
Ettore Ferrari Quando chego em casa apenas os soldados estão perambulando, fazendo a guarda. Entro no quarto e percebo que Violleta continua na mesma posição de antes, mas que mulherzinha fraca, não fiz nada demais para permanecer feito uma múmia nessa cama. Fico na dúvida se devo acordá-la para comer algo, não deveria.Aproximo-me da cama fitando seu rosto, a sua respiração está leve, até parece um anjo dormindo. Passeio meu olhar entre as suas curvas, claramente é uma garota ao qual roubarei a sua pureza, e inocência. Vou corrompê-la, e sujar a sua alma, uma vez que tocá-la não terá mais volta, será sempre minha.Meu olhar focar na brecha do seu vestido, ela está deitada de lado assim consigo vê a cor da sua calcinha, branca... Pergunto-me se ela ainda é virgem e apenas pensar que sim faz meu pau babar dentro da cueca. Rapidamente uma ereção se forma. Droga! Não vou acordá-la, está decidido!Entro no banheiro para tomar outro banho com mais calma, depois volto para o quarto, entro
VIOLLETAAcordo com os raios de sol entrando no quarto, a claridade faz com que eu desperte ficando sentada sobre a cama, que só agora percebi o quanto é confortável. Olho para os lados, e fico aliviada por não ver nem sinal do tal mafioso, ainda não caiu totalmente minha ficha de que fui sequestrada, e enganada. Como fui burra, Dio mio, ele se aproveitou de minha ingenuidade, eu deveria ter lido a droga do contrato agora me ferrei. Como será de minha vida agora, com esse maluco ao meu lado?Meu corpo está dolorido, minha cabeça está latejando, resultado das agressões de ontem e minha barriga ronca de fome. Nunca tive contado com um homem antes, e o primeiro que tive foi terrível, diabólico. Nunca fui agredida em minha vida, e só de lembrar o que passei na noite de ontem nas mãos daquele ser maligno, meu corpo estremece. Com cuidado me levanto, sinto algumas partes de meu corpo estalarem. Vou até a sacada onde posso ver o sol nascendo no horizonte, e além das margens do lago, uma lin
VIOLLETAOlho no espelho a obra-prima que Bianca fez em mim, mas não consigo sorrir, minha vida está desmoronando a cada instante que passo nessa casa. Nem o vestido deslumbrante, ou as joias que brilham no meu pescoço, fazem-me esquecer da nebulosa realidade que estou vivendo.— Sei que é difícil, Violleta, mas pelo menos tente sorrir um pouco quando estiver lá em baixo, para não passar uma má impressão, Ettore pode querer castigá-la por isso. — Ela diz, me alertando, e por saber que Bianca tem razão, decido que vou tentar parecer um pouco melhor, pois não vou aguentar mais uma agressão tal como a do outro dia.— Encontrei roupas no quarto, roupas femininas — começo. — A quem elas pertencem?— Ora, a você, é claro! Ettore comprou todas antes da sua chegada para que ficasse bem abastecida.— Pelo modo como me tratou, não duvidei que pertencessem a alguma esposa anterior que não “sorriu do jeito que ele quer” — digo amarga e Bianca baixa o olhar, quase penso que ela se solidariza com m
Ettore FerrariQuandoo pude contemplá-la descendo as escadas, eu percebi que realmente havia feito uma excelente escolha. Violleta seria totalmente minha, sem restrições, viveria nesse mundo obscuro que a máfia carrega, e principalmente na escuridão que habita em mim e logo me daria um herdeiro forte com olhos tão ferozes quanto os dela.Mas, claro que não deixaria de falar alguma gracinha e não menti quando disse que antes de qualquer coisa, não pensaria duas vezes em vê-la diluída em um barril de ácido. Todavia percebi essa noite que jamais permitiria que Violleta saísse do meu poder. Ela pensava que eu já havia sido casado, criou uma história obscura na própria mente em que sou um assassino de esposas, pensei que era um bom jeito de começar a assustá-la e a própria já me dava boas ideias de como fazer isso. Eu quis rir quando ela disse aquilo. Nenhuma mulher estava à altura de ser minha esposa, muito mais ter o sepultamento digno de um barril de ácido. Era menos pior que o que fazí
Ettore FerrariAssim que chego na sede, Pietro já está com sua típica cara de bunda. — Você não pensou mesmo que ela não fosse tentar fugir, pensou? Dê uma chance para a menina! — Você sabe que não tem essa de "chance", não se preocupe, não vou matá-la, pelo menos ainda não! Ainda tenho que socar um filho nela antes que não tenha utilidade.— Per Dio, Ettore, a garota não fez nada além do esperado! — justificou meu irmão.— Não seja mulherzinha, porra! Comporte-se como homem, Pietro! Quando tiver uma mulher vai deixar ela pisar nas suas bolas assim, caralho? Entro na sala de “cirurgia”, de cara já vejo Violleta em pânico quando me vê passando pela a porta. Ela está sentada em uma cadeira com suas mãos e pés amarrados, seus olhos azuis, agora escurecidos pelo medo, estão grudados em mim. Confesso que o medo que evapora de seus poros me dá tesão e adrenalina para o que vem acontecer logo em seguida. Pego uma cadeira e me sento em sua frente. — Você acabou com minha diversão, sa