VIOLLETAAcordo com os raios de sol entrando no quarto, a claridade faz com que eu desperte ficando sentada sobre a cama, que só agora percebi o quanto é confortável. Olho para os lados, e fico aliviada por não ver nem sinal do tal mafioso, ainda não caiu totalmente minha ficha de que fui sequestrada, e enganada. Como fui burra, Dio mio, ele se aproveitou de minha ingenuidade, eu deveria ter lido a droga do contrato agora me ferrei. Como será de minha vida agora, com esse maluco ao meu lado?Meu corpo está dolorido, minha cabeça está latejando, resultado das agressões de ontem e minha barriga ronca de fome. Nunca tive contado com um homem antes, e o primeiro que tive foi terrível, diabólico. Nunca fui agredida em minha vida, e só de lembrar o que passei na noite de ontem nas mãos daquele ser maligno, meu corpo estremece. Com cuidado me levanto, sinto algumas partes de meu corpo estalarem. Vou até a sacada onde posso ver o sol nascendo no horizonte, e além das margens do lago, uma lin
VIOLLETAOlho no espelho a obra-prima que Bianca fez em mim, mas não consigo sorrir, minha vida está desmoronando a cada instante que passo nessa casa. Nem o vestido deslumbrante, ou as joias que brilham no meu pescoço, fazem-me esquecer da nebulosa realidade que estou vivendo.— Sei que é difícil, Violleta, mas pelo menos tente sorrir um pouco quando estiver lá em baixo, para não passar uma má impressão, Ettore pode querer castigá-la por isso. — Ela diz, me alertando, e por saber que Bianca tem razão, decido que vou tentar parecer um pouco melhor, pois não vou aguentar mais uma agressão tal como a do outro dia.— Encontrei roupas no quarto, roupas femininas — começo. — A quem elas pertencem?— Ora, a você, é claro! Ettore comprou todas antes da sua chegada para que ficasse bem abastecida.— Pelo modo como me tratou, não duvidei que pertencessem a alguma esposa anterior que não “sorriu do jeito que ele quer” — digo amarga e Bianca baixa o olhar, quase penso que ela se solidariza com m
Ettore FerrariQuandoo pude contemplá-la descendo as escadas, eu percebi que realmente havia feito uma excelente escolha. Violleta seria totalmente minha, sem restrições, viveria nesse mundo obscuro que a máfia carrega, e principalmente na escuridão que habita em mim e logo me daria um herdeiro forte com olhos tão ferozes quanto os dela.Mas, claro que não deixaria de falar alguma gracinha e não menti quando disse que antes de qualquer coisa, não pensaria duas vezes em vê-la diluída em um barril de ácido. Todavia percebi essa noite que jamais permitiria que Violleta saísse do meu poder. Ela pensava que eu já havia sido casado, criou uma história obscura na própria mente em que sou um assassino de esposas, pensei que era um bom jeito de começar a assustá-la e a própria já me dava boas ideias de como fazer isso. Eu quis rir quando ela disse aquilo. Nenhuma mulher estava à altura de ser minha esposa, muito mais ter o sepultamento digno de um barril de ácido. Era menos pior que o que fazí
Ettore FerrariAssim que chego na sede, Pietro já está com sua típica cara de bunda. — Você não pensou mesmo que ela não fosse tentar fugir, pensou? Dê uma chance para a menina! — Você sabe que não tem essa de "chance", não se preocupe, não vou matá-la, pelo menos ainda não! Ainda tenho que socar um filho nela antes que não tenha utilidade.— Per Dio, Ettore, a garota não fez nada além do esperado! — justificou meu irmão.— Não seja mulherzinha, porra! Comporte-se como homem, Pietro! Quando tiver uma mulher vai deixar ela pisar nas suas bolas assim, caralho? Entro na sala de “cirurgia”, de cara já vejo Violleta em pânico quando me vê passando pela a porta. Ela está sentada em uma cadeira com suas mãos e pés amarrados, seus olhos azuis, agora escurecidos pelo medo, estão grudados em mim. Confesso que o medo que evapora de seus poros me dá tesão e adrenalina para o que vem acontecer logo em seguida. Pego uma cadeira e me sento em sua frente. — Você acabou com minha diversão, sa
VIOLLETA.Abro meus olhos lentamente, me levanto e fico sentada na cama, minha cabeça lateja com o movimento precipitado, sinto uma forte ardência na minha nuca. Meus seios doem e quando abro a blusa vejo que estão enfaixados. As lágrimas descem com as lembranças que vêm de uma vez só do que tinha acontecido horas atrás, aquele monstro me marcou como um animal, sem se importar com minha dor ou mesmo minha fragilidade. Na minha cabeça tudo iria sair na mais perfeita condição, todos estavam em seus devidos quartos, só precisava conseguir pular aquele muro, mas sou baixa demais. Não sei onde estava com a cabeça, nunca conseguiria fazer aquilo, aquele muro é para manter quem está fora longe, e quem está dentro seguro, mas eu precisava tentar alguma coisa para sair desse pesadelo. Errei drasticamente e agora sentia as consequências disso. Daria tudo para não ter saído daquele orfanato, tudo!Esqueço minhas lamentações quando vejo Sandra sair do banheiro.— Eu sinto muito, querida. — Ela s
VIOLLETA.Acordo com batidas na porta, fico esperando, mas não ouço mais nada então acho que a pessoa pode ter ido embora. Devagar, estico minhas pernas, e meus braços para me espreguiçar e me levanto indo para o banheiro, tomo meu banho com cuidado, para não molhar minha nuca. Quando saio levo um susto ao ver Sandra sentada na cama.— Mi scusi se a assustei, eu vim refazer o curativo!— Eu que estava distraída. Depois que Sandra refaz meu curativo descemos juntas para tomar o café da manhã, quando chego na cozinha todos estão sentados nos seus devidos lugares, assim que me sento Ettore se levanta. — Quando terminar vá ao meu escritório! — Diz, me olhando, depois se vira para o irmão e diz: — Mostre a ela onde fica, Pietro!Ele apenas assente, não parece nada feliz e não é o único.Fico apreensiva, porém, tentando não demonstrar isso, continuo a tomar meu café em silêncio, sem me importar com os olhares que o pai de Ettore me lança. Ele até agora não me dirigiu uma única palavra,
ViolletaAbro meus olhos, mas continuo deitada na cama, para minha infelicidade o restante da semana passou extremamente devagar. Hoje é o dia em que toda minha desgraça se tornará permanente, tentei me preparar para esse momento e tudo que viria depois dele, mas não é preparação o que preciso, e sim de muita força para passar por isso sem deixar que Ettore me mate. Preciso ser forte, porque eu sei que vou ter minha vingança, custe o que custar.Levanto e vou até a varanda, vejo cerca de cinco pessoas cuidando do altar no imenso jardim enquanto outras estão fazendo a decoração, toda a cerimônia será feita ao ar livre, mas a festa vai ser em algum outro local, onde costumam fazer as festas da organização, não me interessei muito quando Sandra me disse, não me importo com nada, estou sendo forçada a tudo, nada disso me faz feliz, ou me deixa minimamente contente. Ouço uma batida na porta, me viro e vejo minha futura sogra com Bianca ao seu lado.— Ragazza, você ainda está assim? — Sand
ViolletaJá era tarde quando finalmente consegui me levantar da cadeira e massageio meu bumbum, que está dolorido de tanto ficar sentada. — Está muito bonita, querida. — Sandra fala sorrindo, mas quando me vê, sem expressão, desfaz seu sorriso. — Seja forte, tudo bem? Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas somos mulheres e é nosso dever te apoiar.— Eu sinto como se fosse meu último dia de vida na Terra… — Venha cá! — Me puxa, me abraçando, enquanto me acompanha pelo quarto.Olhei-me no espelho tentando conter as lágrimas para não arruinar a maquiagem, mas tive que admitir que nunca me vi tão bonita. Sandra fez uma ótima escolha de vestido. Um tomara que caia, bem volumoso, rendado, com linhas prateadas, e com cristais por todo o corpo, até onde apertava minha cintura, e de joia, um lindo colar de esmeraldas para realçar minha pele branca. Olhando para o espelho não me reconheço, tudo estava um verdadeiro deslumbre em contraste com minha alma partida. Sandra já tinha descido, m