Capítulo 05

Ainda no meio da floresta e longe de todos, eu permanecia sentada, chorando e soluçando. Eu queria muito não sentir isso, esses sentimentos confusos me deixavam sufocada e o único modo de desabafar era entre lágrimas.

Como o Lúcius pôde fazer isso comigo? Na minha cabeça é que ele tem algum motivo por trás da rejeição, mas o quê? E eu estou disposta a enfrentar qualquer coisa por ele, já passei esses meses tentando me manter forte enquanto o Lúcius permanecia em coma, tentei esquecer tudo que passei enquanto era sua escrava, todo o rancor e ódio que tinha.

Chorei mais forte de cabeça baixa.

Funguei e lembrei daquela coisa que possuiu o Lúcius. Foi por causa daquilo que ele não me quis? E o que foi aquilo?

Limpando minhas lágrimas, fiquei de frente à Lua, juntei minhas mãos e comecei a falar umas palavras antigas que meu tio ensinou quando eu era criança.

“O Sol é teu brilho,

a floresta tua escuridão,

o sangue estampado na tua Lua

é o mesmo do teu coração.

Eu vim da terra,

mas fui forjado do fogo

e na água cresceu meu corpo.

Para sempre serei teu servo,

e a Lua no coração eu carrego.

Aqui eu te peço,

Escute meu chamado,

Minha Deusa Daiana

Por ti, eu clamo e estardalhaço.”

Fiquei esperando.

Há anos que não dizia essas palavras, que não clamava pela Deusa da Lua.

De repente, mesmo de olhos fechados, vi um clarão dourado na minha frente. Ela me escutou, ela veio e está aqui, eu podia sentir sua presença.

– Há anos que não escutava seu chamado, Karolina. – Sua voz era serena, mas havia um toque suave de deboche.

Abri os olhos e a vi com roupas douradas, mas a pele era negra, cabelos cacheados e longos estavam soltos e as pontas eram douradas. Sua meia lua vermelha que ficava entre os olhos azuis parecia brilhar um pouco.

Tudo parecia ser surreal! Como que eu poderia estar conversando com a Deusa da Lua?

– Então você escutava sempre minhas preces, mas nunca aparecia para mim.

– Você está enganada, eu aparecia e te chamava, mas você começou a perder a lucidez devido ao luto pela morte do seu tio.

– Verdade, era o que o Lúcius falava. – Baixei um pouco a cabeça quando me lembrei dele, mas eu precisava continuar essa conversa e citá-lo.

Engoli seco, a encarei e continuei falando.

– Hoje eu vi algo.

– Ela está agindo, Karolina. – Ela começou a falar sem que eu dissesse o que vi. – Está com raiva, muita raiva, tudo o que fez para destruir os humanos e lobisomens foi em vão, mas agora ela irá agir diferente, usará todo seu poder para destruí-los, você não tem mais tempo, sua ascensão foi muito tarde. Terá de lutar com o que possui, não vai ser fácil, prepare-se para o pior.

– Quem? Quem é ela? E como conseguiu possuir o Lúcius? – Perguntei um pouco agitada.

– Não posso mostrar quem ela é, mas posso revelar para você quem um dia ela já foi.

A Deusa esticou seu braço e eu peguei na sua mão.

A escuridão da noite sumiu e era de dia, a floresta onde me encontrava estava diferente, parecia ter mais vida. O ar cheirava a rosas, terra e grama e havia alguns pássaros coloridos cantarolando nas árvores, outros voavam. Tudo era mais bonito.

– Onde estamos? – Perguntei para a Deusa da Lua que permanecia ao meu lado, aquela floresta não era a mesma em que estávamos há pouco tempo.

– Na mesma floresta que você tanto ama, mas em uma época diferente.

– Isso é o passado ou futuro?

– Passado. – Me respondeu num tom calmo. – Vamos dar uma volta, Karolina. – Ela começou a caminhar e eu a segui.

Havia animais de raças diferentes que nunca vi na vida, logo eu percebi que eram de raças que foram extintas e algumas flores e árvores estranhas, era tudo mágico.

Umas flores gigantes de um metro de altura me chamaram a atenção e quando estiquei meu dedo para tocá-las, elas de repente abriram algo que parecia ser olhos. No susto, dei um pulo para trás e esbarrei em algo, me fazendo tropeçar em outro galho que parecia ter vida que se rastejava no chão como uma cobra. Assim que caí de bunda no chão, alguns seres pequenos parecidos com morcegos, que tinham orelhas pontudas, cabeças carecas e que eram morenos com olhos grandes, riram alto e outros até colocaram a mão nas suas barriguinhas pequenas de tanto rir. Eles tinham apenas alguns centímetros de altura, eram tão pequeninos que cabiam na palma da minha mão.

– Quem são eles? – Perguntei para a Deusa da Lua enquanto me levantava e limpava as mãos e o bumbum.

– Esses são os morcerix, uma raça parecida com os morcegos.

– Eles foram extintos?

– Sim.

– Como? – Perguntei, ela me encarou e permaneceu calada.

Continuamos o percurso.

Após caminhar por algum tempo apreciando a beleza da floresta e dos animais esquisitos, me deparei com um animal enorme na minha frente a alguns metros de distância, ele estava de lado, pude observar seu corpo e a lateral do rosto.

Ele era mais alto que eu, tinha longos braços humanoides que batiam quase no chão, suas costas eram encurvadas, ele caminhava entre duas patas, mas às vezes precisava da ajuda das mãos da frente para se apoiar. Seu corpo humanoide era sem pelos, sua cabeça era lisa, sem cabelos e ele era magro.

De repente, aquele animal virou-se bruscamente para trás e mesmo sem conseguir olhar para o rosto dele, vi algo peculiar. A cabeça daquele animal batia quase nas costas e ele conseguia virar seu pescoço em um ângulo de 200 graus quase a de uma coruja.

Aquilo me assustou um pouco, porém era fácil de acostumar com aquela imagem, já que eram raças diferentes, então há habilidades diferentes, assim como os humanos e lobisomens.

Algo assustou aquele bicho e então ele correu na direção em que caminhava, olhei para o lado oposto na tentativa de descobrir o que era fiquei surpresa quando vi uma matilha de lobos.

Augusta Andrade

Me ajudem na divulgação da continuação de A Suprema Alfa, por favor S2, ainda têm poucas pessoas que sabem sobre esse livro.

| 18
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo