Capítulo 06

– Esses lobos são diferentes, eles não são tão grandes e fortes como o de costume. – Falei para a Deusa Daiana enquanto os observava.

– Estamos em uma época antes do Victor Stevens, o Supremo Alfa que trouxe sabedoria e força para seu povo, que unificou as raças ao invés de lutar, que os aprimorou transformando esses meros lobos em lobisomens, transformando todos vocês em metade lobo e metade homem. Essa matilha que você vê na sua frente, não passa de seres ferozes e um tanto irracionais. – Ela me guiava na direção deles enquanto falava.

– E que animal é esse que eles estão perseguindo? – Perguntei.

– Eles são os que comandavam o mundo antes de vocês e de qualquer humano.

– Eles que estavam acima da cadeia alimentar antes de nós?

– Sim.

Continuamos seguindo-os e paramos a alguns metros de distância quando os lobos alcançaram aquele ser. O animal, com seus braços longos, era ágil, veloz e forte, no entanto, os lobos estavam em bando e rapidamente o mobilizaram. Comecei a escutar os gritos de agonia daquele bicho enquanto era cruelmente ferido pelos lobos e, até que enfim, após vários gritos e lutas constantes, ele finalmente morreu de forma dolorosa e cruel, mesmo sem ter feito nada, além de se defender.

Meu estômago revirou e eu tive um sentimento misto de culpa e tristeza. Apesar da sua aparência peculiar, ele era inofensivo.

Os lobos não pararam por aí, eles começaram a sentir o cheiro do animal mutilado e poucos segundos começaram a correr na mesma direção em que estavam indo.

Com um movimento de mãos, a Deusa nos levou ao que parecia uma aldeia. Ao invés de casas, eram caverninhas pequenas, bem trabalhadas e bonitas. As rosas gigantes preenchiam o local com sua beleza, os morcerix voavam, corriam e brincavam ao redor. Havia vários daqueles seres espalhados por todo o local, eles pareciam estar fazendo suas rotinas diárias. Os machos eram carecas e as fêmeas possuíam cabelos compridos e carregavam consigo seus filhotes, mas todos andavam encurvados e pareciam ser tão inocentes, puros, sem nenhuma maldade no coração.

Pude notar que eles tinham certa inteligência e não eram irracionais, havia uma hierarquia entre eles e o líder era uma fêmea. A líder tinha mais força, altura e não era tão corcunda quanto os demais, seus cabelos longos eram esverdeados como a grama por onde pisava, sua pele era cinza azulada, corpo magro, e quando ela ficou de frente para mim, mesmo à distância, eu vi seus olhos pretos.

Ela parecia estar dando ordens ao resto do bando, enquanto eles faziam o que era mandado. As ordens eram somente dar comida aos animais ao redor, plantar árvores, cuidar das que já estavam plantadas, orar em grupo a alguma entidade deles, dançar ao redor de uma fogueira, brincar com os morcerix. Os alimentos que consumiam eram frutas, verduras e hortaliças, eles faziam uma reverência em agradecimento às plantas quando acolhiam sua comida.

A líder parou de dar ordens e se aproximou em uma das cavernas e de lá saiu um filhotinho carregando um morcerix no colo, eles estavam animados e brincando, o filhote se aproximou da mãe e eles enroscaram a cabeça uma da outra, como uma espécie de carinho.

A Deusa, que estava ao meu lado, parou de observá-los e olhou para uma colina ao longe, segui seu olhar e vi um bando de lobos observando aquela aldeia.

– Não vamos poder ficar muito tempo aqui, vou aguentar até onde posso para que você veja e entenda tudo. – Ela disse. No seu tom de voz, eu percebi um pouco de receio.

Os lobos apareceram em milhares enquanto avançavam ferozmente para aqueles seres puros e inocentes, era como se aqueles lobos estivessem carregando consigo a morte, a dor e destruição.

A líder gritou para o bando que se posicionaram em defesa dos demais, ela pegou seu filhote e o levou a uma caverna com outros filhotinhos, aquela aldeia harmoniosa, em segundos, tornou-se um caos com a chegada de milhares de lobos selvagens. Foi em pouco tempo, mas parecia se passar em câmera lenta. Os lobos, mesmo irracionais, atacavam aqueles seres com muita ferocidade, e em contrapartida, aquela raça, mesmo forte, não parecia estar preparada para uma batalha, era como se eles nunca tivessem lutado na vida. Os lobos destruíram a beleza do local, as plantas, as cavernas, matavam os morcerix e os outros animais inofensivos, matavam os seres, a única que estava mantendo-se em pé era a líder, talvez por instinto materno na tentativa de proteger seu filho.

– Se eles são mais fortes e poderosos que os lobos e estão acima da cadeia alimentar, como que os lobos conseguem matá-los com tanta facilidade? – Questionei.

– Porque esses seres não são destrutivos, eles dão vida e cultivam, mas nunca tiram, é contra os costumes desse povo, suas inocências e purezas os tornavam únicos.

– Tornavam?

– Sim, tornavam, agora não mais.

– Então quer dizer que ainda existem? Que não entraram em extinção?

A Deusa ficou calada e voltou a observar o massacre, com poucos daqueles animais vivos, os lobos invadiram a caverna onde o filhote da líder estava, e na tentativa de proteger a vida do seu filho, ela matou os lobos que tentavam mordê-lo. Eu pude ver em seu semblante a dor que sentiu quando teve que abandonar o restante do seu povo e fugiu para dentro da floresta carregando somente seu filho e o morcerix.

Todos os outros, até quem estavam dentro da caverna, morreram mutilados aos gritos e prantos.

Augusta Andrade

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