Acompanhamos de perto a trajetória da Líder enquanto carregava seu filho consigo, ela estava um pouco ferida devido à luta que teve dentro da caverna, mesmo com dores, ela continuava alimentando e cuidado do seu filhote, mas quando ele pegava no sono, ela chorava.
Vi de perto ela brincar com seu filho durante o dia, o ensinava a colher alimentos, a louvar o deus deles, ela passava os costumes e tradições para ele, mesmo com a mancha negra da tragédia do seu povo, eles pareciam estar cada vez mais superando o luto e conseguindo seguir suas vidas juntos, como mãe e filho unidos sempre, porém quando a noite chegava, eles se escondiam e usavam ervas ou lama para camuflar seus cheiros dos predados que saíam para caçar na escuridão: Os lobos.
Como num passe de mágica, o tempo foi passando, mãe e filho seguindo suas rotinas juntos, sem se esquecerem das precauções que tomavam à noite, e durante o dia, eles sentiam-se seguros. O filho cresceu, mas ele continuava jovem, esses seres viviam mais tempo que as outras raças, portanto era normal. Ele começou a fazer alguns serviços sozinho, sem a ajuda da sua mãe, colhia os alimentos enquanto ela limpava o ambiente em que iam passar a noite, eles não ficavam no mesmo lugar por muito tempo, sempre movimentavam-se, o que era algo triste porque eles sabiam que nunca mais teriam um lar.
E eu, como mãe, sei o quão é ruim ficar à mercê na floresta com uma criança, sempre fugindo, mas lá no fundo, desejando encontrar um lar para botar minha filha e dar a ela tudo que merece. O mundo é cruel, não somente para mim, mas para qualquer um que queira lutar contra o destino apenas para fazer feliz quem amamos.
A mãe estava forrando o chão com palhas para eles dormirem, de repente ela parou e olhou na direção que seu filho tinha ido colher frutas, seu semblante neutro mudou completamente para medo, ela começou a correr desesperadamente enquanto cantarolava, esse canto era o meio de comunicação deles, do mesmo modo que fazemos quando assoviamos para chamar nossa tribo.
Olhei apreensiva para a Deusa que permanecia calada ao meu lado, mas ela estava com as sobrancelhas franzidas. Fomos à direção em que eles tinham ido, meu coração começou a palpitar, eu fiquei inquieta, a Deusa engoliu seco e com o movimento de mãos, chegamos ao local em que estava o filho, a mãe não havia chegado. Ele permanecia colhendo os frutos alegremente, até que um barulho foi escutado e quando olhou para trás viu um grupo de machos com lanças feitas de madeira, mas não eram os lobos, eram os humanos. Eles haviam evoluído, não andavam mais em quatro patas, estavam vestidos e eram mais inteligentes, eles queriam abdicar o direito de domínio e essa raça na frente deles, mesmo sendo somente um animal jovem e inofensivo, era uma ameaça.
A mãe não previu que outra raça iria evoluir e, diferente dos lobos, eles seriam diurnos, ambos não estavam preparados para o futuro. O filho correu, deixando cair seus frutos no chão, mas em vão. Uma lança foi arremessada e pegou na sua perna, o imobilizando, ele gritou de dor, medo e agonia, seu sangue escorria pela perna manchando o chão. Os humanos desferiram golpes em todo o corpo do jovem, mesmo ele já preso e caído.
– Aberração! – Gritavam.
– Monstro!
– Comida! – Todos se alegraram quando disseram essa palavra e pegaram o jovenzinho pelos braços, ele estava com hematomas pelo corpo todo, sangue saía pela sua boca cortada, mas ele ainda permanecia um pouco acordado, o que era pior ainda, pois consciente, ele sentia toda a dor no corpo.
Eu implorava em pensamento para que ele desmaiasse, seria menos doloroso.
Os humanos o carregaram como se fosse uma caça, minutos depois a mãe chegou ao local, mas só encontrou os frutos caídos e pisados no chão e, para seu horror, sangue por todo o lado. Em desespero, ela seguiu a trilha de sangue do seu próprio filho, porém eles já estavam longe dali. A fêmea não desistiu e quando anoiteceu, ela finalmente encontrou o local onde seu filho estava.
Os humanos haviam partido e o que deixaram para trás foi uma fogueira pouco acesa e ao redor da fogueira, estava algumas partes do corpo do jovem mutilado e sua cabeça bem no meio enfiado em uma estaca como um troféu, o restante do corpo serviu como alimento seus assassinos.
A mãe quando viu seu único filho morto e mutilado, gritou e caiu no chão em agonia, chorava em lamentos, agora ela estava sozinha.
A fêmea gritava de joelhos olhando para a cabeça do seu filho, baixei meus olhos para o chão e engoli o nó que se formou na minha garganta. Era triste. Devastador. Não podia fazer nada, muito menos modificar o passado. Só pude ficar ao seu lado, mesmo ela não me vendo, eu tentei consolá-la, mas era inútil.
****
A fogueira quase não tinha mais brasa, não sei quanto tempo se passou, os soluços da líder foram diminuindo, mesmo assim ela permanecia no chão, até que se levantou.
– Temos que ir agora, Karolina. Segure minha mão! – A Deusa parou ao meu lado com a mão esticada, mas eu me esquivei.
– Por quê? O que vai acontecer? – Perguntei.
– Quando voltarmos ao presente, eu te direi, mas temos que sair daqui agora! – O timbre da voz dela aumentou. Franzi as sobrancelhas e voltei a observar a Líder que estava tirando a cabeça do seu filho da estaca e colocando no chão, e com o sangue do seu próprio filho, ela começou a fazer um pentagrama invertido ao mesmo tempo em que falava algum tipo de oração.
– O que ela está fazendo?
– Ela está chamando o deus deles e dando como oferenda o sangue puro e inocente do seu filho.
Fiquei estupefata com aquilo.
A Deusa tentou pegar na minha mão novamente, mas não deixei.
– Karolina! – Ela falou zangada.
– Não! Preciso entender o que está acontecendo, preciso de respostas! – Eu disse determinada.
– Não podemos mais ficar aqui! É perigoso! Ele está vindo e é mais forte que eu!
– Ele quem? – Perguntei frustrada.
– Ele, Karolina, o Deus Satânico deles. – O semblante da Deusa era de medo.
– O quê? Eles são adorados do... – Minha voz morreu enquanto víamos o fim do ritual.
– Sim... – A Deusa murmurou. – Lúcifer...
Está gostando da história? Se sim, deixa nos comentários e me segue nas redes @ Autora Augusta Andrade para mais capítulos. Beijos.
No momento em que a Daiana parou de falar, ouvi um estrondo vindo debaixo do chão bem ao centro daquele pentagrama invertido feito de sangue. A terra começou a se mover e um buraco se abriu, de lá saiu garras pretas, deformadas e horríveis. Vi chifres saindo de dentro do buraco, em seguida de uma cabeça de bode, corpo de homem e patas também de bode, tudo negro, e um fedor de enxofre exalava nele. Gritos de tormento eram escutados vindos daquela coisa, e em segundos, ele ficou em pé com suas patas horrendas, olhando fixamente para a fêmea ajoelhada. A áurea daquele ser era a mais perversa que já senti na vida, ele era a maldade personificada e eu só conseguia sentir muito, muito medo. Até a Deusa ao meu lado, que a vejo como alguém divino e poderoso, estava paralisada com a presença dele. – Não... se... mova... – Ela sussurrou com a voz trêmula. Meu corpo tremia todo, o coração faltava sair pela boca e eu prendi a respiração. Não sei o que ele pode fazer se descobrir nossa presença,
– KAROLINA! – Daiana gritou e esticou o braço para pegar minha mão, eu a segurei. Uma luz forte cor dourada surgiu atrás de nós duas enquanto fugíamos, mas a fumaça preta atravessou por essa luz como se a estivesse cortando, nossas mãos foram separadas e eu fui atingida por algo invisível extremamente poderoso, então caí de costas para o chão, fiquei em posição fetal agarrada aos meus joelhos de tanta dor. Forcei meus olhos a abrirem e quando consegui, a dois metros de distância estava Daiana caída de bruços com os cabelos esparramados no chão, ela estava inconsciente. Ele a atacou diretamente, eu só peguei um pouco do seu golpe por estar bem perto da Deusa, ela que recebeu quase tudo. Tentei me levantar, mas meu corpo não correspondia, comecei a tossir fortemente, senti um gosto metálico sair pela minha boca e cuspi o sangue no chão. Comecei a me rastejar para perto da Deusa, eu tinha que acordá-la, ela era nossa única chance de sair daqui. Antes que eu a alcançasse, uma fumaça ne
Ainda de joelhos na floresta, eu permanecia perdida em meus pensamentos, tenho que saber por onde começar, não posso mais ignorar os assuntos dos humanos, tenho que ir o quanto antes e principalmente, preciso preparar meu povo e ajudá-los a deter o futuro catastrófico de todos. Olhei para minhas mãos brancas e unhas vermelhas. – Se eu tenho esse poder divino, o que posso fazer com ele? Também consigo ter visões do passado e futuro como quando eu apareci para o Lúcius em sonho, mas como fiz aquilo? E o Lúcius... Não consigo acreditar que ele me rejeitou porque não me ama, ele ama, eu sei que sim, mas preciso descobrir o motivo por trás de sua rejeição. Suspirei. Como eu precisava sentir seu abraço agora, passei tanto tempo acreditando que nunca mais o veria acordado, e agora com a ausência da Daiana me sinto mais sozinha ainda. Não posso contar para ninguém as coisas que presenciei, as pessoas iriam achar que sou louca, mas preciso treiná-las e alertá-las contra um inimigo que só
– Você não pode voltar para lá, não pode permanecer no Palácio Imperial. – Falei na esperança de convencê-lo. Ele me olhou com indiferença. – Eu sei sobre os riscos, mas o Império é meu lar, devo defendê-lo até o final, não posso permitir que aquele monstro domine minha casa. – Mas o Império está em declínio, o que pretende fazer lá? Seu lugar é aqui ao nosso lado, ao lado da Elena. – Você não entende, Karolina. – Ele disse enquanto se sentava na cadeira e apoiava seus braços na mesa. – Se eu for embora, quantas pessoas irão morrer... Sei que fiz um juramento de lealdade para você, mas como Imperador devo isso ao meu povo, depois de séculos que eles ficaram ao meu lado sendo fiéis a mim, mesmo depois de todas as atrocidades que cometi. – E quanto a Elena, ela te ama sabia? – Sentei na cadeira a sua frente. Ele ficou encarando a mulher deitada na cama. – Eu sei que ela me ama, apesar de tudo... E é por ela que eu devo permanecer no Império e defender meu povo, por ela que eu vou p
– Moleque imprestável! Culpa da vagabunda da sua mãe você ser assim... Fraco! Desprezível! Uma vergonha para os Alfas Calmon. Paaah! O impacto do tapa no meu rosto me fez cair no chão, senti minha bochecha latejando de dor e uma fina camada de sangue sair do lábio cortado. Meus olhos ficaram lacrimejados. Não posso chorar! Não posso chorar! Não posso chorar!... Meu couro cabeludo começou a arder e no impulso segurei a mão dele que estava na minha cabeça puxando meus cabelos, me obrigando a ficar em pé, porém minhas pernas não correspondem, não consigo permanecer em pé, caio de novo, ele se enfurece mais ainda e chuta minha barriga quebrando uma das minhas costelas. Como eu sou fraco! Não consigo me regenerar, não tenho idade o suficiente, tenho apenas dez anos, não tenho forças contra ele, contra meu pai. A lágrima caiu dos meus olhos. Não consegui me controlar... Não, não, não, não... Não pode ser! – Você está chorando? – Seu tom de voz era de descrença e irritação. Seus olho
Eu matei meu próprio tio... minha mãe está morta... meu pai é um psicopata... eu estou sozinho agora...– Lúcius? – Uma voz bonita ecoou pelo quarto no escuro, não tenho visão ampliada de lobo, não consigo enxergar.Olhei na direção da voz e vi um par de olhos vermelhos flamejantes fixos em mim. Poderia ser um demônio para me levar ao inferno depois de ter matado essas pessoas?Apertei meus joelhos contra o peito e prendi a respiração.É um demônio e ele vai me levar e me torturar.A silhueta do demônio foi aparecendo gradualmente e era uma mulher de camisola branca com cabelos longos na cor vermelho-escarlate, fiquei embasbacado. Ela era linda! Tão linda quanto uma deusa, tão radiante quanto o pôr do sol, ela era... um anjo... meu anjo... O cheiro de sangue que ecoava pela sala se dissipou, eu só conseguia sentir o perfume de rosas vermelhas que vinha dela. A dor do luto e a solidão foram embora, através do seu semblante eu via paz, a paz que minha mãe um dia me prometeu, que eu tant
Eu ainda estava duro, precisava de mais. Segurei a Karolina pela nunca e beijei seu pescoço e clavícula, passei meu braço pela sua cintura estimulando-a para continuar rebolando em cima de mim, ela começou a rebolar devagar, mas parecia estar sem forças. – Você está cansada? – Sussurrei no seu ouvido. Ela confirmou com a cabeça enterrada no meu pescoço. – Quer dormir? – N-Não... quero mais. – Disse baixinho, meio grogue. Depositei-a na cama e fiquei por cima, penetrei novamente meu pau na sua bucetinha molhada e ela gemeu baixinho, quase pegando no sono. – Fique acordada... Serei gentil. – Murmurei. Ela abriu seus olhos e fixou em mim. Comecei a beijá-la novamente devagar enquanto a penetrava lentamente. Aproveitei cada momento para sentir seu gosto, seu cheiro, deleitar essa mulher. Acariciei seu rosto, corpo e cabelo, beijei e lambi cada centímetro dela, minhas estocadas eram profundas e lentas enquanto brincava com seus clitóris até ela chamar meu nome no seu segundo orgasmo, la
KAROLINAAcordei tarde da noite nua nos braços do Lúcius, ele também nu. Fiquei o encarando dormir profundamente com seu semblante calmo e a respiração pesada, seu rosto estava grudado na minha cabeça e seus braços em volta do meu corpo abraçando-me ao ponto de eu acreditar que ele tinha medo que eu fugisse. Subitamente um sorriso bobo apareceu nos meus lábios só em imaginar que ele não queria que eu fosse embora, mas o dever me chama e a realidade bate na porta.A contragosto, levantei lentamente retirando seus braços ao meu redor, fui ao banheiro e fiz minha higiene lá mesmo, peguei umas peças de roupas minha que sempre deixava no meu quarto, o vestidinho folgado com bordado vermelho e mangas compridas que ele me deu quando ficamos aqui, olhei para o Lúcius uma última vez antes de ir embora.Cheguei na entrada do castelo com os pensamentos nas nuvens, mas imediatamente alguns lobos-soldados apareceram para fazerem a guarda em volta de mim, eles fizeram um círculo de proteção. Franzi