20 anos depois…
LunaMeu pai me olhava pela janela enquanto eu passeava no jardim, eu queria fugir dos seus olhares e adentrar a floresta, mas minha mãe havia me proibido, assim como meu avô, o temido Sr. Crowler.Sendo a única filha mulher da família Crowler, eu não podia desfrutar de muitas coisas, meus pretendentes eram muitos, mas eu afastava todos eles e meu avô já estava desconfiando que eu possuía magia em minha mãos.— Luna… — A voz que eu sempre ouvia estava novamente me chamando, mas desta vez ela tinha forma. A forma de um ser sem rosto, com uma capa dourada e cabelos ruivos, estava dentro da floresta, mas meu pai ainda estava me olhando.— Não, eu não posso. — Repetia inúmera vezes para mim mesmo enquanto a voz incessantemente me chamava. — Pare de me perseguir, eu não tenho nada a lhes oferecer. — Falei dando as costas, mas ao olhar para janela já não vi mais o meu pai e sim o ser que há poucos segundos estava na minha frente.O sol estava se pondo e eu adoraria ficar para vê-lo se pôr, mas minha mãe me chamava aos gritos.— Eu estava apenas passeando, mãe.— Já ficou mais que claro que está proibida de sair após o pôr do Sol. — Meu pai gritava antes mesmo que minha mãe dissesse algo.— E por que não? Qual perigo está lá fora? Por que não posso ser uma pessoa normal como o restante das garotas deste vilarejo? Só porque sou filha do Sr. e da Sra. Crowler? — Eu estava em um ponto onde já estava esgotada de tudo que todos falavam sobre mim, eu não podia nem mesmo respirar sem ser supervisionada e isso era horrível, eu não tinha liberdade para absolutamente nada.— Porque eu a proibi e isso é o suficiente para que me obedeça sem retrucar, eu sou seu pai, Luna. — Ele continuava a falar, enquanto minha mãe não falava nada.— Mas isso não é justo, eu não faço nada além de ter aulas sobre etiquetas, que inclusive, eu odeio. Não posso nem mesmo falar com os meus primos, o que eu sou afinal, uma prisioneira?— Você é nossa filha e tememos por você. — Minha mãe diz me olhando.Eu estava farta de tudo nesta casa. Não podia usar minha magia, desde pequena tive que às esconder do mundo, e somente minha mãe sabe sobre.— O que a senhora teme que aconteça comigo? Acha que eu não sei defender se for possível? Minha vida inteira foi resumida em viver dentro desta casa, rodeada de pessoas me vigiando e sem nenhuma liberdade. Estão me criando para quê? — Deixei uma lágrima cair e minha correu para perto quando a viu descer em meu rosto, meu pai estava de costas e isso o impossibilitou de ver o brilho delas.— Está tendo mais um daqueles descontroles que somente mulheres têm. Dê um jeito na sua filha antes que seja tarde, Léia. Não suporto mais vê-la sendo tão desobediente. Vocês são extremamente iguais em tudo e estou farto disso.— Quem o senhor acha que é pra assim da minha mãe? Nunca esteve presente em nada da minha vida, minha mãe sempre esteve presente em tudo e sabe de uma coisa? Eu estou cansada de todos desta casa. — Desabafei segurando o choro, eu passei a minha vida inteira fazendo isso. Nunca pude expressar meus sentimentos ou chorar quando era criança para que ninguém visse minhas lágrimas caírem.Vi meu pai dar meia volta, apontar o dedo para meus rosto e me olhar com desprezo, como se eu fosse um ser maligno.— Eu sou o ser que lhe deu a vida, sua pequena estranha inútil. — Suspirei tentando manter o controle.— Com licença, vou para o meu quarto. — Ao dar as costas eu senti as lágrimas arderem no meu rosto e ao entrar em meu quarto, tudo estava vazio, como se alguém tivesse tirado tudo dos seus devidos lugares. — Eu não consigo entender o que está acontecendo comigo. — Disse olhando ao redor e deixando meu corpo desligar na porta de madeira até o chão de mármore.Merlin— Merlin, o mago. — Um dos homens de Danira falava enquanto eu adentrava seu aposento.— Me chamou, irmã?— Não sabia que também fazíamos telepatia, mas já que está aqui, poupará mais tempo de sua velha irmã.— Isso não é hora para lamentações, Danira. Pelo que posso ver e sentir, está muito bem, bem até demais pra dia idade. Mas, o que me fez vir até aqui?O vilarejo não era mais o mesmo, estava tudo cinza com um céu sem cor alguma. As crianças não brincavam, pois o jardim havia perdido a cor verde como antes era, e nos olhos de Danira havia dor.— Não seja idiota, Merlin, jamais o chamaria se não fosse para algo de extrema importância. _ Abaixei e segurei sua mão que estava trêmula e gélida, assim como uma pedra de gelo.— O que está havendo com você? — A energia vital dela estava fraca, Danira sempre foi dedicada demais a família e abriu mais dos seus poderes quando gerou em seu ventre, Lancelot, que hoje era o Alpha de sua alcateia.— Estou morrendo. Há alguns dias atrás, Malvim veio até aqui e falou algumas palavras estranhas, não sei ao certo se ele me amaldiçoou ou apenas estou fraca mesmo.— A maior idiotice que você já fez em sua vida, foi abrir mãos da sua magia por um humano que…— Merlin, por favor. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas e como se fosse um feitiço bem feito, seu corpo estava se definhando mais rápido do que eu poderia imaginar.— Przez moce okultyzmu błagam waszą boginię płodności o jeszcze jedną szansę. Błagam o wybaczenie i ofiaruję ci najświętszą rzecz, jaką kiedykolwiek trzymałem, błagam o wybaczenie i niech sprawiedliwość spadnie na winowajcę, który jest temu winien. — Um raio caiu sob uma árvore que estava ao lado de Lancelot e mostrou-se a sua face.— Merlin, o mago! — A voz estridente fez todos pararem o que estavam fazendo para lhes darem atenção, mas apenas eu e Danira o via, Abnerzy, a morte. — Há quantos séculos não me convocava? Pensei que já estivesse esquecido que eu existo. — Abnerzy deixou sua capa ir ao chão, revelando pela primeira vez seu rosto para Danira. — Diga-me, o que me trouxe até aqui neste dia tão belo? A coisa mais valiosa que você tem é uma proposta um tanto tentadora, Merlin!Com um estalar de dedos Abnerzy fez aparecer o rosto de uma garota, ela corria pelo campo enquanto estava chorando e suas lágrimas… suas lágrimas eram iguais as minhas.— Você conhece Léia, a feiticeira? — Danira perguntava entre um suspiro e outro. — O que você tem haver com a filha dela, Merlin?— É simples, você me dá o que tem de mais importante para mim e eu salvo a sua irmã. — Abnerzy carregava um sorriso na carcaça do seu rosto, um maldito sorriso maligno e como eu não havia pensando nisso antes?— Não, eu não aceito a troca. — Danira falou tão rápido quando o vento. — Você sabia disso e nunca me contou nada, como pôde?— Ele não sabia, mas saiba que ela é exatamente igual a você. Uma tremenda feiticeira. — Abnerzy era uma mulher que acabou entrando na pele da morta após destruí-la, não sei como ela conseguiu, mas o fez e isso já faz mais de 2.000 décadas.LancelotA conversa estava demorando, minha mãe estava cada vez se definhando cada vez mais. Eu andava de um lado para o outro, querendo distrair a mente com alguma coisa, até que recebi a notícia que a Alcateia de Malvim estava invadindo meu território com sua tropa.— Temos que defender nossa família com dentes e garras. Tudo pela Alcateia. — Gritei eu alto e bom tom. Mas no fundo eu estava com medo de acontecer algo mais grave com a minha Matriz.— Meu filhote, eu o amo mais que tudo nesta minha vida. — Ouvi sua voz sussurrando em meu ouvido e de repente meu corpo começou a suar e então as veias do meu corpo ficaram mais grossas, com o céu anoitecendo como eu jamais o vi. Era uma cena estranha demais, então eu confiei e uivei alto e todos os outros lobos fizeram o mesmo.— Vamos à caça! — Gritei e a transformação começou. A lua cheia pairou sobre mim, fazendo com que a dor tomasse meu corpo naquele momento. Minhas costelas estavam quebrando todas as minhas costelas de uma só vez. As minhas garras estavam saindo desta vez mais doloridas, como se estivesse maiores e então eu uivei de dores e de repente eu já não tinha tanto tempo assim.— O processo é dolorido, mas no fim valerá a pena. Confie e tudo dará certo, você é o Alpha desta alcateia, então seja-o. — Merlin falava enquanto levitava e me estendeu seu cajado, direcionado em minha cabeça ele disse algumas palavras e eu senti meu corpo com mais energia, como se eu tivesse o dobro do tamanho e força. Eu já não era mais um humano gentil.Luna Ao entrar em meu quarto, o ser sem face estava lá e desta vez sorrindo sorrindo para mim. Olhei pela janela e vi minha mãe sendo arrastada de dentro de uma carruagem pelo meu avô, então não pensei duas vezes e pulei da janela, caí em cima dos arbustos e um pouco longe de onde podiam me ver. Não consegui ficar onde eu estava e não fazer nada. Meu sangue ferveu quando vi meu pai olhando a cena com desdém e ao redor da minha mãe, estavam vários lobos, apenas esperando as ordens de para atacar. Andei devagar e sem fazer barulho por entre as rebites até que os nossos olhares se encontraram, mas nossos lábios continuaram parados. Tínhamos o dom da telepatia e nesse momento eu senti sua dor, suas preces e uma mãe desesperada pedindo para que eu fugisse dali o mais rápido possível, mas eu não seria tão covarde para fazer isso. Lá no fundo do meu ser eu tinha medo e sentia que iria perdê-la, por mais que eu fosse forte, jamais conseguiria deter tantos deles de uma só vez, mas não pensei
Luna Acordei sendo carregada pelos braços de Lancelot, bom, eu pelo menos sabia o nome dele e que ele estava me ajudando e tão triste quanto eu. A única coisa que eu sei é que ele odeia feiticeiros, faria qualquer coisa para soltar ao menos uma faísca dos meus dedos, só pra ver qual seria sua reação, ele me mataria?— Pode me pôr no chão, por favor? — Pedi sem fazer muito movimento. — Há quanto tempo está acordada? — Sua voz estava cansada. — Tenha certeza que não muito. — Após me colocar no chão, eu firmei meus pés na terra e então eu vi que já era noite e estava tudo escuro. — Eu só preciso de alguns minutos e vou ficar bem, conseguirei andar sozinha. — Mesmo que ande sozinha, iríamos demorar mais que o esperado, está fraca e se continuar assim por muito tempo não vai sobreviver. — Não estou morrendo, apenas cansada. — Respondi em meio a um longo suspiro, quase caí ao encostar minha mão em uma árvore que eu poderia jurar que estava ao meu lado, mas estava muito longe e eu estav
Merlin Foram dias difíceis, mas eu estava pronto para enfrentar tudo que estivesse por vir. Abnerzy estava sempre ao meu lado, digamos que sua companhia na maioria das vezes não era tão ruim assim. — Onde pensa que irás chegar bebendo feito louco? A bebida lhe fará vergonha, não lhe dará super poderes, Merlin. — Sua voz rouca e estridente, também era horrível e quando ela estava brava, conseguia ser ainda mais horrenda. — Você calada é uma ótima companhia, já quando abre a boca… — Sorri deixando o cálice que estava em minha mão, derramar o líquido no chão que absorveu cada gota derramada. — Olha só o que você fez. — Você é um ser humano desprezível! — Abnerzy me dava as costas enquanto olhava para o horizonte, parecia estar pensativa em alguma coisa..— Errou, eu não sou completamente um humano. Eles são inúteis e não servem para nada. — Fala isso porque passou dois séculos sem saber da existência da sua filha? Para um Mago, você anda bem desinformado ultimamente. Seria mais útil
Merlin — Nós queremos chuva, Merlin. Ou vai me dizer que os boatos são verdadeiros? O Rei Pedragon estava me mantendo preso, até que eu conseguisse fazer chover, mas os deuses não estavam ao meu lado e eu só tinha uma saída; os amigos das sombras. — Não tenho culpa se o tempo não está não favorecendo, estou fazendo o melhor possível, mas o tempo está nos desfavorecendo. Talvez seja verdade os boatos, talvez eu não esteja podendo conjurar magia no momento, não sei o que houve com elas ou o porquê de terem sumido de repente. Na verdade, já fazem dois séculos e Abnerzy pode estar certa, preciso sair daqui urgente. — Preciso de mais dois dias. Dois dias e eu faço chover, ou melhor, os deuses farão chover. — Disse indo até o meu quarto que ficava no alto da torre. Andava pelo quarto procurando uma solução, até que Abnerzy surgiu sorrindo e ultrapassando a janela, levitando enquanto olhava para um penhasco. — Merlin, até quando vai esconder sua verdade? Vai passar a sua vida inteira
Luna Minha expansão de domínio estava baixa, preciso treinar mais minhas habilidades ou iria acabar perdendo o domínio dos meus feitiços. Avistei de longe a bandeira do reino de Padragon, sabia que Lancelot estava lá. Quando um feiticeiro é salvo por outro alguém que não é feiticeiro também, o corpo sofre um choque de realidade, permitindo que as energias entre eles se interligarem e mesmo que, Lancelot não saiba disso, eu estou sentindo seu corpo implorando por socorro. A floresta estava mais escura que o normal, faíscas cinzas estavam sendo soltas dentre as árvores, tem alguém usando a expansão de domínio nesse exato momento! — Que os ocultos me protejam! Não posso deixá-lo morrer, devo minha gratidão a ele. — Apoiei o calcanhar em um tronco que tinha a minha frente, fechei os olhos e senti meus poderes vindo a minha mente de forma invasiva, como se algum demônio estivesse por perto querendo que Lancelot morresse. Havia uma forte presença de demônios ocultos e era com eles que
Luna Ouvi os gritos de Lancelot, mas me limitei a tentar levantar. Minha cabeça estava doendo muito. Meei ficou ao meu lado durante todo o meu processo de "restauração". As dores estão quase insuportáveis. Atingi o meu limite para salvar quem já salvou a minha vida. Mas agora, eu estava querendo fugir para bem longe e poder fazer isso do meu jeito, nunca me curei deitada e em repouso, era no mínimo estranho. — Queria poder expressar minha gratidão por isso. Espero um dia lhe recompensar por cuidar de mim. — Você salvou a vida dele, acha mesmo que ele seria capaz de machucá-la? — Meei era inocente demais, embora se camuflasse tão bem entre eles, isso não iria durar para sempre. — Sim. Não o subestime, ele nem mesmo sabe se controlar ainda. Quando foi que ele se tornou um Alpha? — Há poucos dias. Danira era quem guiava a alcateia e ela veio a falecer, desde então Lancelot teve que tomar a frente. Mas, você o salvou, ele deveria ao menos ter agradecimento a você. — Ele não me deve
Lancelot— Onde está o vinho? Não vai receber seu tio como deveria ser? — Luna olhava para Merlin como se o conhecesse. Mas, ele não fazia correspondência aos seus olhares, era como se ela não estivesse ali. — A quem veio matar desta vez? — Falo em alto e bom tom, cercando Merlin e o que ele tenha como seu guia. — Apenas dar as boas vindas a sua amiga, soube que… soube que as tropas de Pedragon estavam os perseguindo e vim lhes oferecer a minha ajuda. Sem segundas intenções. — Como você ousa vir aqui e querer me insultar quando me oferece suas magias fajutas, que há muito tempo já não existem mais. Ou vai nos dizer que os rumores são mentiras? — Algumas pessoas gargalhavam enquanto Merlin se servia de um vinho que pertencia a mim. — Eu não sei o que as pessoas andam dizendo, mas se prestasse mais atenção nelas, iria descobrir coisas mais interessantes ainda. Então, quem é a garota? Alguma integrante de Onedusa ou de Kodo? — Não, sou apenas uma camponesa que foi salva por Lancelot
Luna Sem muita opção eu caminhei até a árvore onde estava Merlin, com o capuz cobrindo seu rosto e a garrafa de vinho ao seu lado. Se eu dissesse que estava tudo bem estaria mentindo, mais cedo Lancelot estava se insinuando para mim e eu feito uma tonta acreditando, por um fio não me entreguei. Sentei ao lado de Merlin e peguei a garrafa ao seu lado, sorvendo alguns goles do líquido sem pensar duas vezes. Essa era a segunda vez em que eu estava bebendo, a primeira vez ainda foi na presença de minha mãe e foi em comemoração de alguma coisa que aquele velho idiota fez.— Não deveria estar aqui. Está frio e meu sobrinho não quer perto de mim. — Você finge muito bem, poderia jurar que estava dormindo. — Suspirei e mirei o nada, sentindo o frio tomar conta do meu corpo e a raiva tomar conta da minha mente. — Lancelot não se importa comigo. A verdade é que eu acho que minha hora aqui já chegou. Eu preciso resolver algumas pendências que deixei para trás e não vejo porque ficar aqui. — Co