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Capítulo 2 — Segredos

20 anos depois…

Luna

Meu pai me olhava pela janela enquanto eu passeava no jardim, eu queria fugir dos seus olhares e adentrar a floresta, mas minha mãe havia me proibido, assim como meu avô, o temido Sr. Crowler.

Sendo a única filha mulher da família Crowler, eu não podia desfrutar de muitas coisas, meus pretendentes eram muitos, mas eu afastava todos eles e meu avô já estava desconfiando que eu possuía magia em minha mãos.

— Luna… — A voz que eu sempre ouvia estava novamente me chamando, mas desta vez ela tinha forma. A forma de um ser sem rosto, com uma capa dourada e cabelos ruivos, estava dentro da floresta, mas meu pai ainda estava me olhando.

— Não, eu não posso. — Repetia inúmera vezes para mim mesmo enquanto a voz incessantemente me chamava. — Pare de me perseguir, eu não tenho nada a lhes oferecer. — Falei dando as costas, mas ao olhar para janela já não vi mais o meu pai e sim o ser que há poucos segundos estava na minha frente.

O sol estava se pondo e eu adoraria ficar para vê-lo se pôr, mas minha mãe me chamava aos gritos.

— Eu estava apenas passeando, mãe.

— Já ficou mais que claro que está proibida de sair após o pôr do Sol. — Meu pai gritava antes mesmo que minha mãe dissesse algo.

— E por que não? Qual perigo está lá fora? Por que não posso ser uma pessoa normal como o restante das garotas deste vilarejo? Só porque sou filha do Sr. e da Sra. Crowler? — Eu estava em um ponto onde já estava esgotada de tudo que todos falavam sobre mim, eu não podia nem mesmo respirar sem ser supervisionada e isso era horrível, eu não tinha liberdade para absolutamente nada.

— Porque eu a proibi e isso é o suficiente para que me obedeça sem retrucar, eu sou seu pai, Luna. — Ele continuava a falar, enquanto minha mãe não falava nada.

— Mas isso não é justo, eu não faço nada além de ter aulas sobre etiquetas, que inclusive, eu odeio. Não posso nem mesmo falar com os meus primos, o que eu sou afinal, uma prisioneira?

— Você é nossa filha e tememos por você. — Minha mãe diz me olhando.

Eu estava farta de tudo nesta casa. Não podia usar minha magia, desde pequena tive que às esconder do mundo, e somente minha mãe sabe sobre.

— O que a senhora teme que aconteça comigo? Acha que eu não sei defender se for possível? Minha vida inteira foi resumida em viver dentro desta casa, rodeada de pessoas me vigiando e sem nenhuma liberdade. Estão me criando para quê? — Deixei uma lágrima cair e minha correu para perto quando a viu descer em meu rosto, meu pai estava de costas e isso o impossibilitou de ver o brilho delas.

— Está tendo mais um daqueles descontroles que somente mulheres têm. Dê um jeito na sua filha antes que seja tarde, Léia. Não suporto mais vê-la sendo tão desobediente. Vocês são extremamente iguais em tudo e estou farto disso.

— Quem o senhor acha que é pra assim da minha mãe? Nunca esteve presente em nada da minha vida, minha mãe sempre esteve presente em tudo e sabe de uma coisa? Eu estou cansada de todos desta casa. — Desabafei segurando o choro, eu passei a minha vida inteira fazendo isso. Nunca pude expressar meus sentimentos ou chorar quando era criança para que ninguém visse minhas lágrimas caírem.

Vi meu pai dar meia volta, apontar o dedo para meus rosto e me olhar com desprezo, como se eu fosse um ser maligno.

— Eu sou o ser que lhe deu a vida, sua pequena estranha inútil. — Suspirei tentando manter o controle.

— Com licença, vou para o meu quarto. — Ao dar as costas eu senti as lágrimas arderem no meu rosto e ao entrar em meu quarto, tudo estava vazio, como se alguém tivesse tirado tudo dos seus devidos lugares. — Eu não consigo entender o que está acontecendo comigo. — Disse olhando ao redor e deixando meu corpo desligar na porta de madeira até o chão de mármore.

Merlin

— Merlin, o mago. — Um dos homens de Danira falava enquanto eu adentrava seu aposento.

— Me chamou, irmã?

— Não sabia que também fazíamos telepatia, mas já que está aqui, poupará mais tempo de sua velha irmã.

— Isso não é hora para lamentações, Danira. Pelo que posso ver e sentir, está muito bem, bem até demais pra dia idade. Mas, o que me fez vir até aqui?

O vilarejo não era mais o mesmo, estava tudo cinza com um céu sem cor alguma. As crianças não brincavam, pois o jardim havia perdido a cor verde como antes era, e nos olhos de Danira havia dor.

— Não seja idiota, Merlin, jamais o chamaria se não fosse para algo de extrema importância. _ Abaixei e segurei sua mão que estava trêmula e gélida, assim como uma pedra de gelo.

— O que está havendo com você? — A energia vital dela estava fraca, Danira sempre foi dedicada demais a família e abriu mais dos seus poderes quando gerou em seu ventre, Lancelot, que hoje era o Alpha de sua alcateia.

— Estou morrendo. Há alguns dias atrás, Malvim veio até aqui e falou algumas palavras estranhas, não sei ao certo se ele me amaldiçoou ou apenas estou fraca mesmo.

— A maior idiotice que você já fez em sua vida, foi abrir mãos da sua magia por um humano que…

— Merlin, por favor. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas e como se fosse um feitiço bem feito, seu corpo estava se definhando mais rápido do que eu poderia imaginar.

— Przez moce okultyzmu błagam waszą boginię płodności o jeszcze jedną szansę. Błagam o wybaczenie i ofiaruję ci najświętszą rzecz, jaką kiedykolwiek trzymałem, błagam o wybaczenie i niech sprawiedliwość spadnie na winowajcę, który jest temu winien. — Um raio caiu sob uma árvore que estava ao lado de Lancelot e mostrou-se a sua face.

— Merlin, o mago! — A voz estridente fez todos pararem o que estavam fazendo para lhes darem atenção, mas apenas eu e Danira o via, Abnerzy, a morte. — Há quantos séculos não me convocava? Pensei que já estivesse esquecido que eu existo. — Abnerzy deixou sua capa ir ao chão, revelando pela primeira vez seu rosto para Danira. — Diga-me, o que me trouxe até aqui neste dia tão belo? A coisa mais valiosa que você tem é uma proposta um tanto tentadora, Merlin!

Com um estalar de dedos Abnerzy fez aparecer o rosto de uma garota, ela corria pelo campo enquanto estava chorando e suas lágrimas… suas lágrimas eram iguais as minhas.

— Você conhece Léia, a feiticeira? — Danira perguntava entre um suspiro e outro. — O que você tem haver com a filha dela, Merlin?

— É simples, você me dá o que tem de mais importante para mim e eu salvo a sua irmã. — Abnerzy carregava um sorriso na carcaça do seu rosto, um maldito sorriso maligno e como eu não havia pensando nisso antes?

— Não, eu não aceito a troca. — Danira falou tão rápido quando o vento. — Você sabia disso e nunca me contou nada, como pôde?

— Ele não sabia, mas saiba que ela é exatamente igual a você. Uma tremenda feiticeira. — Abnerzy era uma mulher que acabou entrando na pele da morta após destruí-la, não sei como ela conseguiu, mas o fez e isso já faz mais de 2.000 décadas.

Lancelot

A conversa estava demorando, minha mãe estava cada vez se definhando cada vez mais. Eu andava de um lado para o outro, querendo distrair a mente com alguma coisa, até que recebi a notícia que a Alcateia de Malvim estava invadindo meu território com sua tropa.

— Temos que defender nossa família com dentes e garras. Tudo pela Alcateia. — Gritei eu alto e bom tom. Mas no fundo eu estava com medo de acontecer algo mais grave com a minha Matriz.

— Meu filhote, eu o amo mais que tudo nesta minha vida. — Ouvi sua voz sussurrando em meu ouvido e de repente meu corpo começou a suar e então as veias do meu corpo ficaram mais grossas, com o céu anoitecendo como eu jamais o vi. Era uma cena estranha demais, então eu confiei e uivei alto e todos os outros lobos fizeram o mesmo.

— Vamos à caça! — Gritei e a transformação começou. A lua cheia pairou sobre mim, fazendo com que a dor tomasse meu corpo naquele momento. Minhas costelas estavam quebrando todas as minhas costelas de uma só vez. As minhas garras estavam saindo desta vez mais doloridas, como se estivesse maiores e então eu uivei de dores e de repente eu já não tinha tanto tempo assim.

— O processo é dolorido, mas no fim valerá a pena. Confie e tudo dará certo, você é o Alpha desta alcateia, então seja-o. — Merlin falava enquanto levitava e me estendeu seu cajado, direcionado em minha cabeça ele disse algumas palavras e eu senti meu corpo com mais energia, como se eu tivesse o dobro do tamanho e força. Eu já não era mais um humano gentil.

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