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Luna: A Feiticeira do Alpha
Luna: A Feiticeira do Alpha
Por: LIDIANE
Capítulo 1 — O nascimento de Luna

Léia

Sou grata aos deuses por me concederem a honra de ver a imagem deles, em forma humana e perfeita. O vestido de seda branco tocava o chão, deixando-o sujo de terra. Andava com minha filha nos braços e quando estava indo até o salão, onde estava Ulisses Crowler, meu esposo.

— Com licença senhora Crowler, está na hora do banho de Sol da Srta. Crowler. — A governa falava de forma gentil, ela era uma das poucas pessoas boas que existia nesta família.

Andei mais um pouco e encontrei meu esposo no jardim, ele tocava Charamela e era encantador. Havia uma mesa posta ao seu lado, com muitas coisas e eu senti que as coisas não estavam indo tão bem quando eu pensei.

— És como a visão dos deuses para mim. Sente-se comigo, fiz tudo isso especialmente para a minha bela esposa. — Ele era gentil, posso afirmar até que o mais gentil dos seus irmãos.

— Quando teve tempo para isso? Achei que iria tocar algumas das belas músicas que sabes para mim. — Sentei em seu colo, passei meus braços em volta do seu pescoço e o beijei.

— Léia, não acha estranho o fato da nossa filha nascer fêmea? No que será que eu errei para que isso fosse acontecer? Por que os deuses não me deram o prazer de ter um herdeiro homem?

— Não há explicações quando o assunto é a vontade dos deuses. Se eles quiseram assim, assim é e assim será! — Levantei de seu colo pegando uma uva e caminhando até às macieiras.

Não poderia haver presente melhor que uma criança, uma menina em minha vida. Minha Luna, minha pequena feiticeira. Há alguns anos eu não conjuro feitiço algum, meus pais me obrigaram a casar-se com Ulisses, pois a família dele a mais temida dentre alguns reinos, casar-se com um dos irmãos da família Crowler, era um privilégio, para algumas pessoas!

— Perdoe-me se disse alguma coisa que lhe ofendeu, jamais foi essa a minha intenção.

— Está tudo bem. — O olhei e sorri, deixando transparecer que estava tudo bem. — Mas saiba que Luna desde seu nascimento é a coisa mais importante em minha vida. Deveria ser da tua também. — Não, eu não estava brava, apenas queria acabar com esta desconfiança.

Amamentava Luna enquanto ouvia os murmurinhos vindo do corredor, me aproximei da porta o suficiente para poder ouvir o que estavam conversando, mas Luna estava resmungando sem parar, como quem estivesse sentindo alguma coisa, ela revirou os olhos deixando o brilho dourado surgir. Os fios de seus cabelos negros estavam ficando brancos aos poucos, até que alguns bateu na porta e rapidamente Luna voltou a ser a minha garotinha "normal".

— Pode entrar. — Deveria se tratar de alguém próximo, pois havia poucos dias que Luna havia nascido. Eu ainda estava de repouso, saindo apenas acompanhada de Ulisses. — Pelos deuses, você veio. — Era Danúbia, minha irmã.

— Léia, minha querida irmã. — Seu abraço me confortou, ela tinha esse dom. — Senti em meu coração que não estava bem. O que está havendo? Onde está minha sobrinha? — Danúbia sorria caminhando até o berço, onde estava Luna.

— Os sentimentos nunca erram. A chamei em pensamentos. Eu preciso confessar algo , promete guardar esse segredo consigo até o fim? — Danúbia estava embasbacada com a visão que tinha de Luna. Seus olhos rapidamente se encontraram e aquilo foi algo surreal que eu jamais havia visto antes. Elas estavam se conectando através de olhares, era possível ver Danúbia chorar sem que percebesse.

— Ulisse… ela não é… — Sua voz estava falha e seus olhos cheios d'água.

Ulisses e todos os membros de sua família eram ruivos. Luna tinha pele clara, olhos azuis e assim como sua pele, seus cabelos negros assim como sua pele e era perfeito. Mas, o que eu não saberia explicar é o branco que eles ficam quando entraram em contato com algum tipo de magia que a mesma já produz, mesmo sendo tão pequena.

— Irmã… — Toquei em seu ombro, deixando uma lágrima cair molhando meu rosto. — Precisa acreditar em mim.

— Eu acredito, sempre acreditei em você. Mas, conte-me o que eu já suponho saber… essa criança é uma feiticeira?

Minha voz embargou, engoli em seco e respondi que sim.

— Tens que tomar muito cuidado. O que ele disse quando a viu?

— Ele a admira e diz que seus olhos vêem a criança mais linda do mundo. Mas, os outros não a vêm desta forma.

— A criança não poderá ficar aqui, já pensou se ele descobre que isso aconteceu? Pelos deuses, é muita loucura. — Danúbia sempre foi a irmã mais sensível, a mais acolhedora e a que sempre estava ao meu lado independente das circunstâncias.

— Eu sei dos riscos, terei que enfrentá-los. Ninguém além de você sabe ou desconfia disso, Luna será uma criança abençoada pelos deuses. Ela terá sempre a mim.

— Sabe que pode contar comigo para o que for necessário. Sua família é um caos, Sr. Crowler está desconfiado que há algo errado, haja com naturalidade que tudo dará certo e sempre que possível, tire as memórias dele. Aquele velho rabugento, sempre está xeretando onde não deve.

— Eu serei cuidadosa. Eu prometo. — Nos despedimos e eu fui até o salão de dança, onde costumava ir antes de me tornar mãe.

O salão já não era o mesmo desde o nascimento de Luna, hoje teremos a celebração da lua, um ritual anual onde celebramos os nascimentos de todas as crianças, mas esse seria especial. Após 699 anos houve o nascimento de uma menina, minha pequena Luna.

— Meu pai quer que Merlin venha lhe dar a benção! Eu tentei recusar sua oferta, mas ele a presenteou com isso. — Ulisses falava andando de um lado para o outro.

— Eu aceito de bom grado, meu amor. — Ele observava Luna dormir, ela era um bebê calmo que dormia na maior parte do tempo e eu agradeci aos deuses por isso.

— Será uma bela noite. Eu sinto sua falta, Léia. Sei que ultimamente não tenho tido muito tempo para você, mas quero que saiba que estou fazendo isso para proporcionar o melhor para você, minha esposa e para nossa filha. Estava pensando em futuramente irmos morar em outro lugar, já não suporto mais olhar para o mesmo ambiente.

— Você é um marido perfeito, Ulisses, não tente fazer o que não estiver ao seu alcance, meu amor. O que for bom para você será para nós também.

Seu pai estava lhe chamando e ele foi. Eu estava nervosa e com medo ao mesmo tempo, medo de alguma coisa dar errado hoje a noite e isso prejudicar minha filha, minha Luna Crowler.

Danira

Lancelot corria por entre as árvores com seu lobo ao seu lado, com a perda de seu pai ele já era um Alpha, esperando apenas a maioridade para assumir suas responsabilidades, enquanto isso tudo ficava sob minha responsabilidade. O legado de Crowler era terrível, uma família gananciosa que tinha sede de poder e para nunca perdê-lo ela era capaz de qualquer coisa.

— Danira, o clã de Onedusa está cada vez mais perto. Já avistaram alguns homens próximo aos acampamentos da vila, o que devemos fazer?

— Avise a todos para que estejam cunete e reúna nossos homens. Temos que pensar em algo que acabe com eles, não suportaria mais uma daquelas lutas.

Desde a partida de Herbert que as coisas ficaram mais pesadas para mim, enquanto Lancelot faz de tudo para assumir logo seu posto.

— Você não precisa ir à luta. Tem muitos homens que podem fazer isso sem que você se machuque. Além disso, tem Merlin que pode ser muito útil e sabe disso, pois mesmo que negue até sua morte, sabe que ele é seu sangue e não tens como negar isso.

— Pode até ser, afinal, ele me deve um favor por ter salvo a sua vida. Talvez você tenha razão. — Elis também era minha irmã, mas sabíamos que Merlin era o escolhido dos deuses e mesmo que ele errasse bastante, seria sempre o nosso irmão.

Elis era minha irmã mais nova e era curandeira, muitos acreditavam que ela era bruxa e a santíssima trindade a tratava como tal e eram loucas por sua cabeça, mas eu jamais deixaria que isso acontecesse, nem mesmo Merlin. Mas, era apenas uma mulher que sabia os segredos das ervas, isso me ajudava bastante a cuidar do pessoal do vilarejo e da alcateia. O dia estava belo para um acerto de contas, mas eu estava indo até eles em missão de paz, caso não aceitem eu chamarei Merlin para me ajudar. Não iria ser uma coisa fácil, nas eu tentaria entrar em alguma acordo. Eles querem nossas plantações, mas não querem pagar por elas, além de querer caçar em nosso território, sabendo que isso é severamente proibido

Eu cavalgava na maior velocidade que eu conseguia ir e ao chegar nas terras dos Crowler, soube que havia nascido uma menina, já fazia 699 anos que não havia nascido nenhuma menina, é de se estranhar tal coisa.

— Senhora Danira, o senhor Malvim a espera. Por favor, siga-me. — Sentado bem no alto do seu palácio, Malvim me olhava com desdém.

— Eu venho propor um acordo. Quero que deixe os meus em paz e pare de cercar as minhas terras. Se quer comprar produtos bons, que pague por eles.

— Eu não vou pagar por nada. Sabe que seu falecido esposo morreu e deixou dívidas para você pegá-las. Apenas estou pegando o que é meu. Levem-a daqui!

Malvim não quis conversar sobre absolutamente nada e eu não estava disposta a perder mais nada. Meu esposo não morreu devendo nada e eu tenho quase certeza que foi a mandado de Malvim que ele morreu, mas isso terá muitas voltas ainda.

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