Capítulo 8 — Não a deixarei ir

Luna

Ouvi os gritos de Lancelot, mas me limitei a tentar levantar. Minha cabeça estava doendo muito. Meei ficou ao meu lado durante todo o meu processo de "restauração". As dores estão quase insuportáveis. Atingi o meu limite para salvar quem já salvou a minha vida. Mas agora, eu estava querendo fugir para bem longe e poder fazer isso do meu jeito, nunca me curei deitada e em repouso, era no mínimo estranho.

— Queria poder expressar minha gratidão por isso. Espero um dia lhe recompensar por cuidar de mim.

— Você salvou a vida dele, acha mesmo que ele seria capaz de machucá-la? — Meei era inocente demais, embora se camuflasse tão bem entre eles, isso não iria durar para sempre.

— Sim. Não o subestime, ele nem mesmo sabe se controlar ainda. Quando foi que ele se tornou um Alpha?

— Há poucos dias. Danira era quem guiava a alcateia e ela veio a falecer, desde então Lancelot teve que tomar a frente. Mas, você o salvou, ele deveria ao menos ter agradecimento a você.

— Ele não me deve nada! — Respondi um tanto grossa e me desculpei em seguida. — Olhe, por que as pessoas estão todas se reunindo?

— Fique aqui dentro, eu voltarei e lhe digo.

Meei saiu deixando a porta fechada. O casebre em que eu estava, era o único lugar onde tinha portas de madeiras nada leve. Era onde os feridos ficavam, o lugar mais protegido para que ninguém morresse.

Fiquei de pé e me aproximei da porta para tentar ver o que estava acontecendo, mas sua voz me fez sentar novamente, me dando um leve susto.

— Está melhor? — Lancelot senta à minha frente com as pernas abertas e me olha fixamente.

— Estou! Obrigada por me ajudar.

— Como conseguiu me encontrar sem se ferir? Não teria tempo de chegar lá se você não fosse uma…

— Uma pessoa insistente que enquanto não te agradecesse pelo que fez por mim não iria ficar quieta. Sair atrás de você quando o vi sair, então o vi matando todos aqueles homens e quando vi que a área estava limpa eu saí. Seu manusear o arco e flecha muito bem, isso me ajudou a não ser atacada e a atacar o alvo antes que fosse vista. Mais alguma pergunta? — Ele me olhava sério, sem expressão de nada e eu não o sentia mais.

— Não está com fome? Você é uma fêmea destemida, depois de tudo como pôde ter se recuperado tão rápido?

— Eu não me ferir Lancelot. Apenas me cansei e já estou bem. Estou restaurada novamente. Tenho que lhe agradecer por tudo que tem feito por mim, mas agora eu tenho que ir. Não posso ficar aqui para sempre, preciso voltar para minha cidade e resolver minha vida, Lancelot.

Alguma coisa dentro de mim estava errada. Por um momento pensei em voltar atrás e dizer que eu o amo, mas eu nunca acreditei no amor e vi minha mãe ser morta porque confiou sua vida a um homem que a matou, o mesmo que sempre lhe fazia juras de amor e eu era testemunha disso.

— Agora não é momento para discutir isso, Luna. Você está sob minha ordens e se eu disser que você só sai daqui quando eu quiser, é porque só sairá daqui quando eu lhe der permissão, me entende? — Ele rosna para mim tentando parecer assustador, mas era no mínimo um homem que estava bagunçado a minha mente de uma forma inexplicável.

— Posso comer ao menos? — Afasto meu copo do seu em um pulo e caminho até a porta que permaneceu fechada.

— Há minutos atrás disso o contrário. Está apenas tentando me evitar? Eu lhe causei algum mal?

— De forma alguma, Lancelot. Apenas suponho que a distância entre nós seja essencial, não quero criar um clima ruim com uma pessoa que tanto me ajudou. Poderíamos fazer um acordo de paz. — Ele sorria como se estivesse zombando de minhas palavras, isso me deixa um tanto irritada. — Tudo bem, se não quer a paz entre nós não vejo porquê ter que permanecer sob suas ordens.

— Digamos que, porque você é diferente. Seu cheiro, seus gestos, o jeito de se expressar e a tremenda habilidade de se intrometer na vida alheia é surreal.

— Por favor me deixe a sós. Se veio até aqui para me insultar, esperarei você se redimir e me pedir desculpas, pois em momento algum eu lhe ofendi.

— Sua mãe não a ensinou a ser forte? Criou uma mulher frágil e sentimental que… — Eu não suportava quem falasse da minha mãe, mas naquele momento eu me senti frágil, sozinha e sem saída. A sensação era de que eu estava sem proteção alguma e aquilo estava me corroendo por dentro. Fechei os olhos e permiti que as lágrimas rolassem, continuando sempre de costas, mas a minha respiração estava ofegante e logo senti suas mãos me tocarem novamente.

— Por favor, não faça menção a coisas que não sabe. — Respondi engolindo o choro e me soltando de suas mãos. — Minha mãe morreu para salvar a minha vida e não tem ideia do quão forte eu sou.

— Eu tenho sim, por isso que a pedir que fique ao meu lado e seja minha Luna. Prometo que vingarei a morte de sua mãe, assim como honrarei você por toda minha vida.

— Está louco? Não nos conhecemos para sermos sinceros. Eu preciso que me deixe ir, será melhor para todos nós. — Pedi por uma última vez, enxugando a lágrima que ainda insistia em cair.

— Não te deixarei ir a lugar algum. Não agora. — Seus braços entrelaçaram em meu corpo, puxando meu corpo para cada vez mais próximo do seu. — Eu preciso de você, quero que fique ao meu lado e mostre a mim quem realmente é você. — Suas últimas palavras me fizeram engolir em seco e continuar calada.

O silêncio foi quebrado com um dos amigos lhe chamando por uma porta que tinha aos pés da cama onde eu estava deitada. Havia um homem e ao seu lado a morte, até então eu achava que era impossível e proibido este tipo de aproximação, mas…

— Quem são eles? — Pergunto antonina sem conseguir olhar para outro lugar sem ser os olhos do homem que segurava um cajado.

— Merlin, um feiticeiro que tem todo meu ódio para si.

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