Lucas- Homens da máfia
Lucas- Homens da máfia
Por: Sandra Rummer
Prólogo

Giovanna

Eu sabia que meu casamento com Lucas seria diferente.

E põe diferente nisso!

Assumir a esposa do próprio irmão falecido, com dois filhos, não era uma situação comum. Mas o que mais doía era enxergar a superficialidade nos olhos de Lucas quando ele me olhava. E o pior? Eu me apaixonei por ele.

Não apenas por sua beleza – embora ele fosse irresistivelmente lindo, com aqueles braços tatuados, a covinha charmosa no rosto e os lábios carnudos. Dio! Mas eu enxerguei além. Ou ao menos achei que enxergava. Me apaixonei por qualidades que, hoje, percebo que ele nunca teve.

Eu sorria com nossas conversas, mesmo quando eram vazias. Me sentia especial, vivendo um conto de fadas. Mas Lucas não era o príncipe da minha história – era o sapo que me iludiu com seu sorriso sedutor, apenas para depois despedaçar tudo com sua falta de amor.

Nosso casamento ruiu diante de suas viagens, sempre cercadas de piranhas. E, enquanto ele se afundava em sua vida de solteiro, cercado pelas piores companhias, eu passei a me enxergar de outra forma. Eu era muito mais mulher para aquele menino que nunca se tornou homem.

Ele continuava vivendo superficialmente, sorrindo superficialmente, amando superficialmente. Mas eu não queria mais essa vida para mim.

Por isso, o mantive longe da minha cama. Ele nunca me tocou. Só que, com o tempo, esse Lucas começou a mudar. Até me prometeu fidelidade. Mas eu já tinha passado por tempestades que me ensinaram a ser mais forte. Então, não caí no seu jogo. Apenas fingi que acreditei.

Porque eu já conheço a dor da decepção. E dói. Dói muito. Mesmo quando sabemos que a pessoa não vale o prato que come.

Foi assim no meu casamento com Vitor. Ninguém enxergava minha dor, porque eu a escondi tão bem que ninguém nunca percebeu o brilho apagado nos meus olhos. Ao lado de um homem que sorria para o mundo e fingia ser cuidadoso, eu suportei o pior. Mas aquela dor me moldou, me tornou uma mulher desconfiada.

Agora, meus olhos meigos escondem um brilho diferente. Determinado. Frio.

Armei um plano para testar Lucas.

Será que ele resistirá às tentações? Será que sua promessa de fidelidade era verdadeira?

Se não for... paciência.

Desta vez, eu escolho ser feliz. Como eu mereço.

1991, Miami Beach

Lucas

Tenho vinte e cinco anos, mais de 1,80m de altura e uma cabeleira negra, densa, como manda o padrão da família. Minha constituição é forte, herança genética que veio de geração em geração. Modéstia à parte, sou bonito – assim como todos os homens da minha linhagem.

Venho de uma família nada convencional. Meu avô foi um gangster na época da Lei Seca, e isso passou de pai para filho. Sou filho da máfia e me orgulho disso.

Hoje é o dia do meu casamento.

Mas não se enganem, não há romance aqui. Esse é um casamento de conveniência.

Para os de fora, assumir a esposa do meu falecido irmão, junto com seus dois filhos, pode parecer absurdo. Mas na nossa família, as coisas funcionam de outro jeito. Nunca pensamos em nós mesmos, e sim no futuro do nosso clã.

Giovanna, viúva de Vitor, não poderia se unir a qualquer homem. Ela é jovem demais para ficar sozinha, e temos um círculo fechado ao nosso redor. Quem entra, não sai. E ninguém de fora entra sem nossa permissão. Assumir Giovanna foi uma necessidade, um movimento estratégico.

E, no final das contas, ela devia agradecer. Que outro homem aceitaria se casar com uma mulher com dois filhos pequenos? Quem teria coragem de entrar para a minha família e sobreviver a isso? Eu sorrio, deixando meu humor negro transparecer.

Claro, ela tem seus predicados. Vai ser uma esposa doce, meiga… blá, blá, blá.

Meu pai a escolheu a dedo. Vem de uma família tradicional italiana, órfã de pais, criada por tios na Sicília, que viajaram especialmente para o casamento. Tudo perfeitamente planejado.

Com um copo de uísque na mão, observo meu pai conversando com os tios de Giovanna. Ela está mais adiante, falando com Vincent e Renata.

Penso em Vitor. A lealdade é um dos pilares da nossa família. Cultivamos o afeto, a honra, os valores que mantêm a organização funcionando. Mas Vitor… ele escolheu o caminho da traição. E agora, aqui estou eu, assumindo a responsabilidade que ele deixou para trás.

Não estou feliz, mas também não estou em pânico. Estou aceitando o que precisa ser feito – e com isso, algumas regras bem claras se formam na minha mente:

Primeiro: Minha rotina não muda.

Segundo: Não pretendo abrir mão da minha vida de farras.

Terceiro: Me prender a apenas uma mulher? Nem pensar. Por mais doce e meiga que Giovanna seja, ela representa monotonia. Não consigo me imaginar sem minhas escapadas noturnas. Casamento não significa fidelidade. E, de qualquer forma, eu sempre faço sexo seguro.

Conclusão: Não pretendo ser um santo.

Respiro fundo, sentindo o cheiro de churrasco no ar. Dou um gole no meu uísque e deixo meu olhar percorrer o corpo dela.

Giovanna trocou o vestido pesado de noiva por um curto e leve, verde-escuro. Suas curvas se destacam de uma maneira que eu nunca tinha parado para reparar antes. Os seios arredondados, o bumbum arrebitado... Sim, ela é gostosa.

Isso, pelo menos, eu não posso negar.

É estranho vê-la assim. Sempre foi "minha cunhada", e agora é minha esposa. Essa sensação esquisita ainda não passou. Não sei como vai ser daqui pra frente. Talvez, quando estivermos a sós, tudo mude.

Dizem que o amor acontece quando você menos espera.

Eu, no entanto, não acredito nisso.

Essa ideia de amor arrebatador?

Besteira de filme de Hollywood.

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