Meu coração se aperta no peito.Dio! Por Lucas?—Entendo. E ele estava bem? Feliz?—Sim, não se preocupe. Renata é uma ótima tia.Eu limpei uma lágrima do meu rosto. —Obrigada senhora Smith. Não consigo deixar de me sentir triste. Que Cazzo! Eu sou uma mãe dedicada e ele pergunta por Lucas? Não consigo deixar de rever a expressão feliz no rostinho dele com a promessa que fiz que hoje nós sairíamos juntos. E agora eu quebro essa promessa com meu sumiço?Desligo o telefone e subo as escadas devagar. Tento não pensar nisso. Felipe é muito noivo para ficar encucado ou magoado e eu não tenho culpa.Vou até o banheiro. Escovo os dentes. Penteio meus cabelos. Meus lábios ainda estão vermelhos com o beijo. Passo um batom clarinho e depois vou até a janela. Olho para o lado de fora. O céu está azul, mas como entramos no outono está frio. As montanhas ao longe e o sol atrás delas é um lindo espetáculo. Olho para baixo e vejo Lucas mais ao longe. Ele está de costas para mim. Está apoiado a u
De repente, ele me afasta. Segura meu queixo com firmeza e força meu rosto a encará-lo. Seu aperto é duro, mas não machuca. Seus olhos, como tempestades prestes a desabar, mergulham nos meus.— Que tipo de resposta é essa?Não desvio o olhar. Quero que ele veja a verdade crua nos meus olhos, sem hesitação.— Eu te amo. E resolvi que... devemos recomeçar do zero.Lucas solta meu queixo devagar. Respira fundo e inclina-se para frente, colando sua testa na minha. Ficamos assim, respirando juntos, como se nossos corpos estivessem tentando se encontrar novamente no silêncio.Ele se afasta apenas o suficiente para me encarar com seriedade.— Isso significa que confiará em mim daqui por diante? Cegamente?A palavra pesa. "Cegamente" é um salto no escuro, um risco. Mas naquele momento, entre o passado que me atormenta e o presente que pulsa diante de mim, percebo que nunca estarei pronta se não tentar. Meu coração bate acelerado e eu digo:— Sim. Cegamente.E antes que a dúvida tivesse tempo
EpílogoUm mês depois...Pedi para Ruan estacionar em frente ao cassino. Meus dedos tremiam de ansiedade enquanto eu segurava o envelope com o exame em mãos. Meu coração martelava no peito, apertado, elétrico. Eu mal podia esperar para contar a novidade a Lucas. Aquela notícia mudaria nossas vidas — outra vez.A secretária, uma senhora gentil de meia idade que sempre me recebia com um sorriso caloroso, me olhou surpresa, mas com ternura.—Preciso falar com Lucas — pedi. —Mas não quero ser anunciada.Ela assentiu com delicadeza, como se já adivinhasse que se tratava de algo importante.Abri a porta devagar. Lucas estava no escritório, atrás da mesa de madeira escura recém-comprada. Vestia roupas casuais, mas havia algo em sua postura — a segurança, a beleza crua, o brilho nos olhos castanhos — que o fazia parecer saído de uma campanha de moda. Um bad boy elegante, meu homem. O pai dos meus filhos. Meu tudo.Ele ergueu o olhar, e um sorriso iluminou seu rosto quando me viu.—Giovanna? —
GiovannaEu sabia que meu casamento com Lucas seria diferente.E põe diferente nisso!Assumir a esposa do próprio irmão falecido, com dois filhos, não era uma situação comum. Mas o que mais doía era enxergar a superficialidade nos olhos de Lucas quando ele me olhava. E o pior? Eu me apaixonei por ele.Não apenas por sua beleza – embora ele fosse irresistivelmente lindo, com aqueles braços tatuados, a covinha charmosa no rosto e os lábios carnudos. Dio! Mas eu enxerguei além. Ou ao menos achei que enxergava. Me apaixonei por qualidades que, hoje, percebo que ele nunca teve.Eu sorria com nossas conversas, mesmo quando eram vazias. Me sentia especial, vivendo um conto de fadas. Mas Lucas não era o príncipe da minha história – era o sapo que me iludiu com seu sorriso sedutor, apenas para depois despedaçar tudo com sua falta de amor.Nosso casamento ruiu diante de suas viagens, sempre cercadas de piranhas. E, enquanto ele se afundava em sua vida de solteiro, cercado pelas piores companhia
Giovanna Tentando me reerguer depois de um terremoto que me derrubou. Tentando sair dos escombros que desabaram sobre mim e seguir em frente com minha vida.Meu destino inevitável me trouxe até aqui: casada com Lucas.Ele, um homem que ainda guarda resquícios de menino, com suas covinhas e lábios carnudos. Ninguém sabe, mas sempre o admirei de longe. Nunca admiti isso em voz alta – nem para mim mesma. Na época, eu era esposa de Vitor, e minha condição não me permitia tais pensamentos.Agora, tudo mudou.Mas, ao mesmo tempo, nada mudou. Lucas continua me olhando da mesma forma. Respeitoso, atencioso. Um homem incrivelmente doce, mas sem nunca atravessar a linha do que é permitido.Seis meses se passaram desde a morte de Vitor. Lucas esteve presente. No início, sua presença me deixou tonta, depois, resignada. Mas, conforme os dias se arrastaram, percebi que comecei a esperar por suas visitas. Elas passaram a me fazer bem.Na verdade, eu estou vivendo um pequeno caos dentro de mim.Nem
— Tudo bem?Levanto o rosto e encontro os olhos preocupados de Antony. Forço um sorriso.— Acho que sim.— Raquel falou algo para você? O que ela queria?Lhe dou um sorriso, tentando não demonstrar o incômodo que suas palavras me causaram.— Pare de se preocupar, eu estou bem. Lembre-se de que seus conselhos se limitam aos negócios da família. Você não é o nosso terapeuta familiar.Ele sorri com humor.— Tudo bem, mas uma coisa eu tenho a lhe dizer: seja lá o que ela tenha dito, esqueça. Aposte no seu casamento. No começo, vocês passarão por um processo de adaptação, de conhecimento mútuo. Isso fortalecerá o laço entre vocês. Tenho certeza de que dará certo. Você é uma mulher maravilhosa e, cedo ou tarde, ele enxergará isso.As palavras de Antony me confortam mais do que eu gostaria de admitir. Meus olhos se enchem de lágrimas.— Obrigada, Antony.O abraço que lhe dou é espontâneo, uma forma silenciosa de gratidão. Ele me envolve com seus braços firmes, e, por um breve instante, sinto
O carro para suavemente em frente à casa térrea, uma construção branca impecável cercada por imponentes coqueiros que balançam sob a brisa noturna. O céu está límpido, e a lua ilumina a fachada da casa de veraneio com um brilho prateado, projetando sombras elegantes pelo jardim bem cuidado.Os homens de Lucas descem primeiro, assumindo suas posições como sombras treinadas para proteger. Um deles abre minha porta, mas antes que eu possa sair, ouço um ruído desagradável.Viro o rosto e vejo Lucas inclinar o corpo para fora do carro e vomitar.Uma careta involuntária se forma em meu rosto.A cena me causa um desconforto profundo. Não era isso que eu imaginava para a primeira noite do meu casamento. Não era isso que eu queria.A visão dele, vulnerável e descontrolado, traz consigo um pensamento indesejado e cruel: ele precisou beber para encarar nosso casamento. Para me encarar.Meu coração pesa com essa constatação.Lucas ainda está apoiado no carro, a respiração irregular, procurando al
LUCASEu sei que ela está chateada.E, para ser sincero, eu também estou. Não só com ela, mas comigo mesmo.Entro no quarto principal e me jogo na cama, lutando contra o peso do cansaço e do álcool. Meu corpo está exausto, minha mente um turbilhão. Tento me manter acordado, esperando que Giovanna entre a qualquer momento.Mas meu estômago revira.Droga.Corro para o banheiro e me inclino sobre a privada. Mais vômito. Meu corpo parece querer expulsar cada gota de álcool que ingeri. Seguro-me na pia por um instante, sentindo as mãos trêmulas.Será que ainda existe alguma merda para sair?Fecho os olhos com força. A ânsia finalmente cede. Dou descarga e lavo o rosto, passando um pouco de água na nuca, tentando me sentir mais humano.Mas o enjoo não é só físico.É uma ressaca moral.Dio Santo... Eu nunca aprendo.Respiro fundo e olho meu reflexo no espelho.Os olhos inchados, a expressão abatida. Meu corpo carrega o peso do cansaço, não apenas pela bebida, mas pelos últimos dias que me su