GIOVANNALas Vegas Lucas e eu continuamos na mesma. Já faz um mês que estamos "juntos", mas não estamos. Ele tem viajado muito, e eu me sinto cada vez mais sozinha dentro desse casamento.Na última conversa que tivemos, Lucas me disse que essa era sua última viagem e que, depois, colocaríamos nossas vidas nos eixos. A ideia de tê-lo de volta, retomando de onde paramos, e eu tendo que controlar minhas reações à mera presença dele, me deixa inquieta. Meu corpo ainda reage a ele de formas que me irritam. Minha mente se divide entre o desejo e o medo. Tanto que, quando Antony me ligou, acabei cedendo ao convite para esse encontro.A primeira vez que ele me ligou perguntando como eu estava foi uma semana depois da minha estranha lua de mel. Omiti detalhes e disse que estava tudo bem. Mas ontem, quando ele me ligou novamente, eu já havia bebido um pouco. Passava das oito da noite, as crianças dormiam, e a solidão pesava mais do que eu conseguia suportar. Acabei desabafando ao telefone e cho
Será que teríamos mais mortes na família? Sim, pois a vontade que eu tinha era de matar esse desgraçado que saía com minha mulher enquanto eu me matava de trabalhar! Fecho a torneira do chuveiro e me enrolo numa toalha, enxugando-me automaticamente. Visto uma calça preta e uma camiseta branca. Vou até o quarto de Giovanna e acendo as luzes. O cheiro do seu perfume domina o ambiente. Passo os olhos por tudo, reparando no seu bom gosto. No chão um tapete branco fofo e macio, a colcha e cortinas eram delicadas e tinham nuances de rosa. Seu quarto é tão feminino que chega a ser uma agressão. Como se ela não tivesse intenção nenhuma de se mudar desse quarto para que finalmente dividíssemos a cama. Reparei num robe branco jogado numa poltrona perto da janela.Aperto os lábios com raiva e fecho imediatamente a porta.Desci a escada com a cabeça quente. A ira novamente me domina.Giovanna está passando dos limites!Com quem ela pensa que está lidando?Dio Santo!Entro na sala de jantar. A
—Não preciso de sua caridade Lucas. —Olhei tudo ao redor. —Tenho tudo que preciso e estou bem assim. Não é porque não transamos que irei procurar outro homem.—Nunca imaginei que fosse assim, quando me casei com você, Giovanna.—Então, estamos empatados. Eu também me decepcionei com você.—Mas que diabo está querendo dizer?Eu meneio a cabeça e dou um sorriso sem humor.—Eu preciso ainda explicar?—Por favor, eu quero ouvir. Dizem que os casamentos não dão certo por falta de diálogo.Eu respiro fundo. Eu não quero falar sobre isso. Tocar nesse assunto é como se me despojasse de minha armadura.—Você se enxerga como meu salvador e me vê como uma coitadinha. E eu não quero suas migalhas Lucas. Lembre-se que disso eu entendo. Vitor era exatamente como você. Se achava o máximo. Me dava migalhas e achava que me dava muito.Lucas continua me olhando como se tivesse perdido em um dilema pessoal. Meus olhos se enchem de lágrimas.Droga!Eu me odeio por chorar na frente dele. Não entendo porqu
Dio! Esse é meu último pensamento antes de ser puxada e seus lábios tomarem os meus. Eu nunca tinha sido beijada assim antes. Sinto-me devorada. Acabo me desequilibrando e caio sobre ele.Se eu estivesse iludida, ele seria irresistível. Mas não estou... mesmo sentindo seu cheiro absurdamente bom, mesmo louca para me render diante da maravilhosa sensação de seus lábios úmidos sobre os meus. Macios, maravilhosos; do seu corpo quente, me esforço para afastá-lo. E não digo força motora pois ele não me segura forte, não força a situação, ele simplesmente me beija. Digo força interior pois meu corpo traidor o quer e muito. Eu me levanto. Umedeço os lábios. O bad boy sexy me olha resignado, então o olhar dele desce para a minha boca, seus olhos escuros observando-me enquanto eu mordo o lábio inferior.Preciso ser forte!—Não quero que isso se repita. Não, sem a minha aceitação. —Eu digo com a voz incrivelmente forte. —Você realmente não sabe com quem está mexendo. Eu não sou como essas gar
Antony se virou para mim.—Foi bom ver você. As crianças cresceram desde a última vez que eu as vi.Eu sorri para meu amigo.—Sim, crianças crescem muito rápido. E falando em crianças, o dever me chama. —Dei um beijo no rosto de Antony. Procuro os olhos de Lucas que parece tenso e procuro desanuviar o clima deixando claro que somos apenas amigos. — Vem almoçar qualquer Sábado em casa. Traga sua namorada. Julia, não é mesmo?Antony me encara antes de terminar de tomar sua bebida e coloca o copo sobre a mesa de centro.—Não estamos mais juntos. Terminamos.Eu me sinto sinceramente triste com isso. Eles pareciam tão bem.—Puxa, que pena.A forma como encolhe os ombros e gesticula deixa claro que ele não quer falar sobre isso.—Giovanna. —Sinto o cheiro de Lucas com sua proximidade e depois seu toque no meu braço. Um estremecimento de prazer percorre minha espinha. Eu o encaro. — Agora vá, eu e Antony precisamos conversar.A respiração fica presa dentro de meus pulmões quando observo seu
Final de semana é da família. É algo sagrado e que aguardamos ansiosamente. Sem compromissos, sem chamadas telefônicas, não há almoços de negócios, sem reuniões. Meu pai passou essa tradição para nós. Embora as lutas que tivemos no passado, fizeram com que muitas vezes nesses dias nos reuníssemos no quartel General.Bem, mas isso era passado, desde que Vincent assumiu vivíamos num mar de tranquilidade. E mais, desde que assumi o Cassino deixei de participar dessas reuniões, por isso me surpreendeu ter que participar de um no dia do baile à fantasia.Uma hora depois, eu, vestido com outra camisa e um boné virado para trás da minha cabeça estou no parque. Giovanna caminha com o carrinho à nossa frente e se senta em um banco à sombra diante de um lago. Marcello dorme tranquilamente. Eu seguro a mão de Felipe e o levo a borda. Ensino a ele a jogar rasteiramente uma pedra de forma que ela quique nas águas e só depois afunde.Felipe mostra-se frustrado por não conseguir, bate os pés no chã
A casa dos Bertizollo está cheia. Parece dia de festa. Todas as famílias associadas e os parentes estão aqui para ver Salvatore, que já está em casa. Por recomendação médica, ele ainda precisa passar mais um dia acamado.Assim que entramos, somos recebidos por uma Felícia sorridente — e esse sorriso é um verdadeiro atestado de que Salvatore está bem. Logo somos levados até o quarto. Felipe está no colo de Lucas, e Marcello, no meu.Salvatore, ao nos ver, abre um sorriso de orelha a orelha. Lucas coloca Felipe no chão, e eu deito Marcello, que ainda dorme, ao lado do avô, aninhando-se docemente em seus braços.— Figlio mio, Giovanna e meus netos. Vocês fazem uma bonita família.— Sim, pai. Somos uma linda família. — Lucas sorri para o pai e logo depois me puxa para os seus braços. Estremeço com o contato, com o calor dele e o seu cheiro maravilhoso, agora ainda mais acentuado. Ergo os olhos para ele, tentando decifrar suas feições. Ele me olha de volta, enigmático. Lucas é tão difícil
GIOVANNASentada à mesa da cozinha, observo Renata dar a mamadeira para o meu bebê. Marcello suga com aquela concentração típica de recém-nascido, e ela sorri, encantada com cada pequeno movimento dele. O ar tem um cheiro suave de leite morno e alfazema — a combinação perfeita de aconchego e rotina.— Dio! Que cafajeste! Fico triste por você, amiga. Lucas merece uma lição mesmo. — Ela se esforça para conter uma risadinha debochada. — Então? Nada ainda?— Nada. — Respondo, simples.O sorriso dela começa a escapar. Imagino que, para ela, isso pareça uma espécie de punição sutil — mas não é. Não se trata de vingança. Não é sobre ele. É sobre mim. Estou me redescobrindo, me valorizando, me reconhecendo. Pela primeira vez em muito tempo, estou olhando para mim mesma sem me anular.Respiro fundo. Essa conversa, para mim, não tem graça alguma.— E ele está aceitando tudo isso numa boa? — Renata pergunta com os olhos curiosos, atentos a cada nuance da minha expressão.— Sempre que pode, toca