Primeira Conexão

A noite parecia se arrastar para Ivy. O salão, cheio de risadas artificiais e olhares julgadores, era sufocante. Cada passo que dava carregando a bandeja parecia um teste de equilíbrio e nervos. E então aconteceu.

Um tropeço. Um deslize mínimo, mas suficiente para que a bandeja escorregasse de suas mãos, derrubando as taças de cristal em um estrondo alto e devastador.

O som ecoou pelo salão como um alarme, cortando o burburinho das conversas. Todos os olhares se voltaram para ela. Ivy sentiu o rosto queimar, como se mil refletores estivessem focados em sua humilhação. Ela engoliu em seco, paralisada por um instante, antes de se agachar para recolher os cacos.

Mas antes que seus dedos alcançassem o primeiro pedaço de vidro, ele estava lá.

O homem que ela havia visto perto da lareira mais cedo. O mesmo que parecia ter cravado seu olhar nela, deixando-a em um misto de fascinação e medo. Ele estava ajoelhado ao seu lado, suas mãos grandes e firmes movendo-se com uma precisão desconcertante enquanto recolhia os cacos espalhados pelo chão.

A proximidade dele fez o ar ao redor parecer mais denso. Ivy sentiu seu coração disparar novamente, mas dessa vez era diferente. Não era apenas o embaraço – era algo mais profundo, uma tensão que fazia sua pele formigar.

"Eu cuido disso. Não precisa..."  Sua voz saiu trêmula, quase um sussurro. Ela tentou recuperar o controle, mas ele era como uma força da natureza ao seu lado, impossível de ignorar.

Ele ergueu os olhos para ela, e por um momento o mundo pareceu se silenciar novamente. Aqueles olhos verdes acinzentados brilhavam com algo que ela não conseguia decifrar – uma mistura de raiva, proteção e algo primal que a deixou desconcertada.

"Não se preocupe,"  ele disse, sua voz grave e carregada de uma autoridade natural.  "Ninguém vai te machucar por isso."

A escolha de palavras dele a fez franzir a testa, mas ela não teve tempo para questionar. O calor da mão dele roçou a dela enquanto ele entregava um dos pedaços maiores de vidro. Ivy recuou instintivamente, como se tivesse sido queimada.

Um arrepio percorreu seu corpo. Não era apenas o toque – era o que vinha com ele. Um calor estranho e intenso que parecia viajar pelo seu braço e se alojar em seu peito, acelerando seu coração ainda mais, e um calor que automaticamente surgia em seu eixo íntimo sem explicação.

Ela piscou, confusa, enquanto ele mantinha o olhar fixo nela, mas agora havia algo diferente. Sua expressão estava tensa, como se ele estivesse lutando contra alguma coisa dentro de si.

Ele se levantou de repente, entregando-lhe os pedaços de vidro com uma precisão quase mecânica. Sua voz, baixa e rouca, foi apenas para ela:

 "Você não deveria estar aqui."

As palavras eram simples, mas a forma como ele as disse fez o chão parecer tremer sob seus pés. Havia algo quase ameaçador no tom dele, mas ao mesmo tempo parecia uma advertência – como se ele estivesse tentando protegê-la de algo que ela não podia ver.

Antes que Ivy pudesse responder, ele desapareceu na multidão, movendo-se com uma graça inquietante para alguém tão grande e imponente.

Ela ficou parada ali, com os pedaços de vidro na mão, tentando processar o que havia acabado de acontecer. Seu coração ainda martelava no peito, e a sensação do toque dele parecia gravada em sua pele.

"Quem ele pensa que é?" A pergunta ecoava em sua mente, mas ela sabia que não era a verdadeira questão. O que realmente a atormentava era por que, mesmo depois de ele ter ido embora, ela ainda sentia aquela presença intensa como se ele ainda estivesse ali, observando-a das sombras.

Ela balançou a cabeça, tentando se livrar do calor que subia em sua pele e da estranha tensão que parecia apertar seu peito. Algo estava errado – não apenas com ele, mas com a forma como ela reagia à presença dele.

Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP