Ivy andou pela sala do pequeno apartamento, os braços cruzados, como se tentasse se segurar. Seu coração ainda estava acelerado, e a sensação dos lábios dele nos seus continuava a assombrá-la. Era como se o beijo tivesse deixado uma marca invisível que queimava cada vez que ela pensava nisso – o que era constante.
"Isso é loucura," murmurou para si mesma, jogando-se no sofá. Tentou se concentrar em qualquer outra coisa: no som distante de buzinas na rua, na televisão desligada, até mesmo no estalo leve do cano do aquecedor. Mas nada abafava as lembranças daquela noite.
Raiva e atração se misturavam de maneira desconfortável dentro dela. Ele a havia beijado sem permissão, a puxado para aquele momento de pura intensidade... e ela havia correspondido. "Por quê?" pensou, a irritação consigo mesma crescendo. Ela não era o tipo de pessoa que se deixava levar por impulsos, muito menos por estranhos que a perseguiam pelas ruas. Até mesmo seus antigos namorados ela não se permitia assim.
Seu telefone vibrou, interrompendo seus pensamentos. Era Nina.
"E aí, garota? Tá viva?" A voz animada de Nina soou pelo telefone, trazendo um alívio momentâneo.
"Mais ou menos," respondeu Ivy, suspirando.
"O que houve? Tá com uma voz... sei lá, estranha. Como foi o trabalho hoje? Algum cliente esquisito?"
Ivy hesitou. Não tinha certeza de como explicar o que havia acontecido. Como dizer à melhor amiga que aquele homem misterioso d a festa a salvou, a beijou e depois desapareceu, tudo isso em menos de uma hora?
"Você não faz ideia," começou Ivy, tentando escolher as palavras. "Depois do turno, aconteceu uma coisa... diferente."
"Diferente como? Não me diga que você caiu de novo! Foi na frente de alguém gato, pelo menos?" Nina brincou, rindo.
"Não é isso, Nina! É... complicado," Ivy disse, apertando a ponte do nariz.
A pausa no outro lado da linha foi carregada de curiosidade.
"Agora você tem que contar. Quem é ele?"
Ivy se levantou, começando a andar de um lado para o outro novamente.
"Eu não sei quem ele é! Ele apareceu do nada... me seguiu, me salvou de uns caras nojentos e depois... ele me beijou."
O silêncio que se seguiu foi rapidamente preenchido pela risada alta de Nina.
"Você tá falando sério? Isso parece coisa de filme! Quem faz isso?"
"Exatamente! Quem faz isso?!" Ivy explodiu, jogando as mãos para o alto. "E o pior é que... eu não consigo tirar ele da cabeça. Foi o beijo mais... sei lá. Eu nunca senti nada parecido."
Nina parou de rir, sua voz suavizando.
"Espera. Você tá falando sério? Tipo, sério mesmo? Foi tão bom assim?"
"Não foi só isso," admitiu Ivy, se jogando no sofá novamente. “ "Foi intenso. Assustador, até. Eu me senti completamente... vulnerável. Mas ao mesmo tempo... conectada. É como se eu conhecesse ele, mas isso não faz sentido!"
"Uau," Nina respondeu, sem seu tom habitual de brincadeira. “ "Isso é muito diferente de todos os seus ex, então."
Ivy soltou uma risada amarga.
"Diferente? Nina, nenhum dos meus ex sequer chega perto disso. Com o Mark, por exemplo, eu mal sentia borboletas. Com o Ryan, parecia mais uma amizade. Mas com esse cara... foi como se tudo dentro de mim pegasse fogo."
Nina fez um som de aprovação.
"Ok, mas vamos voltar pra parte importante: quem é ele? Você pegou o nome dele? Alguma coisa?"
Ivy balançou a cabeça, mesmo sabendo que Nina não podia vê-la.
"Nada. Ele disse que eu não devia estar lá e depois desapareceu. Literalmente sumiu no meio da rua. A única coisa que sei é que ele deve ser poderoso, para estar naquela noite na festa"
"Que mistério," Nina disse, pensativa. “ "Tá, mas e agora? Você vai tentar descobrir quem ele é?"
Ivy hesitou. A ideia de procurá-lo era tentadora, mas também perigosa. Algo naquele homem a deixava alerta, como se houvesse uma escuridão nele que ela não estava preparada para enfrentar.
"Eu não sei," “ respondeu finalmente. “ "Talvez seja melhor deixar isso pra lá."
"Ah, por favor, você nunca vai conseguir esquecer isso. Olha, se fosse eu, já estaria investigando tudo, começando pela festa de ontem. Alguma coisa naquela festa não parecia certa, né?"
Ivy sabia que Nina estava certa. Havia algo estranho na noite anterior, algo que ela não conseguia explicar. Talvez começar pela festa fosse realmente a melhor ideia.
Depois de desligar a ligação, Ivy ficou olhando para o teto, perdida em pensamentos. Cada ex-namorado que passou por sua vida parecia insignificante em comparação com aquele homem misterioso. Era como se o beijo tivesse apagado todas as memórias que ela tinha de relacionamentos anteriores.
"Isso é loucura," pensou novamente, mas o fogo dentro dela continuava a queimar. Ela queria respostas – precisava delas.
POV KAELKael andava de um lado para o outro no pequeno escritório improvisado em sua casa, cada passo ecoando a raiva contida que parecia prestes a explodir. Seus punhos estavam cerrados, os músculos tensionados, e sua mente era um campo de batalha. O cheiro dela ainda pairava no ar, doce e inebriante, como uma lembrança cruel que Orion se recusava a deixar ir. A sensação do doce do seu beijo, a força primitiva desesperada para reivindica-la, descendo direto para minha ereção apenas de lembrar."Você é fraco," ele rosnou para si mesmo, chutando uma cadeira no caminho. A madeira se arrastou pelo chão com um rangido, mas ele mal percebeu. O ódio fervia em suas veias – ódio por si mesmo, por Orion, por aquela mulher.Mas era mentira. Ele não a odiava. Não conseguia."Orion!" Kael gritou para dentro de si, tentando forçar o lobo a responder. "Você cedeu a ela! Me fez ceder!"A risada baixa e gutural do lobo reverberou em sua mente, carregada de um tom provocador."Eu não te fiz nada," re
POV IVY Ivy sentia como se sua vida tivesse sido subitamente virada de cabeça para baixo. Depois daquela noite – depois daquele beijo –, nada parecia normal. Ela tinha dificuldade em se concentrar, e até mesmo as coisas mais simples, como passar as páginas de um livro ou caminhar até o trabalho, pareciam tarefas impossíveis.Deitada na cama, encarando o teto, ela não conseguia evitar. O rosto daquele homem misterioso estava gravado em sua mente: os olhos verdes acinzentados, a força quase assustadora com que ele a segurou, e o toque avassalador que enviou ondas de calor e confusão por todo o seu corpo.E o mais frustrante? Ela nem sequer sabia o nome dele.Na manhã seguinte, Nina encontrou Ivy sentada no sofá, o laptop aberto e uma pilha de papéis e livros ao lado dela."Bom dia, Sherlock Holmes," Nina provocou, jogando-se ao lado da amiga e pegando uma xícara de café da mesa. "Me diga, quem é a nova obsessão?"Ivy revirou os olhos, mas o tom brincalhão de Nina conseguiu arrancar um
POV IVYIvy estava no sofá de seu apartamento, cercada por papéis espalhados. Tinha passado a última noite pesquisando a família Ryan. As informações que encontrou eram confusas, mas estranhamente intrigantes: artigos que mencionavam o nome em contextos históricos, lendas sobre linhagens poderosas e até rumores sobre sociedades secretas.Nina entrou no apartamento, carregando sacolas de compras, e parou ao ver a cena."Tá parecendo uma detetive obcecada," Nina comentou, levantando uma sobrancelha. "Isso é tudo por causa daquele cara?""Eu só quero entender," Ivy respondeu, sem tirar os olhos do computador. "Olha isso. A família dele tem registros em histórias que datam de séculos atrás. É como se eles sempre estivessem à margem de tudo, mas influenciando de alguma forma."Nina colocou as sacolas na mesa e se aproximou. "E o que exatamente você está procurando? Uma explicação mágica para o fato de ele ser um cretino que aparece e desaparece?"Ivy suspirou, exasperada. "Não é isso, Nina
Ivy cruzou os braços, tentando esconder o nervosismo. "Então, fale. Explique essa loucura. Lobisomens? Companheiros escolhidos? Você espera que eu simplesmente acredite nisso?"Kael passou a mão pelos cabelos, claramente irritado. "Eu não me importo se você acredita ou não. Isso não muda os fatos. Eu sou um lobisomem, e você foi escolhida pela Deusa da Lua para ser minha companheira. É assim que funciona na minha espécie. E, por mais que eu tenha tentado... eu não consigo romper esse vínculo sem o perigo de você morrer, não que eu me importe, mas Orion meu lobo interior se importa e não deixa eu concluir o ritual."Ivy balançou a cabeça, incrédula. "Isso é loucura. Eu não sou parte disso, Kael. Eu sou só... uma garota normal!"Kael deu um passo à frente, a proximidade dele fazendo o ar ao redor parecer mais denso. "Você acha que isso é normal? Acha que o que você sente quando estamos juntos é normal?"Ivy abriu a boca para responder, mas as palavras morreram em sua garganta. Porque el
O som da porta se fechando ecoou pelo apartamento vazio, mas o tumulto dentro de Ivy era ensurdecedor. Ela ficou parada no meio da sala, tentando processar o que havia acabado de acontecer, mas a realidade parecia distorcida, como se não pertencesse à sua própria vida.O corpo dela ainda tremia, não apenas pelo desejo incontrolável que Kael havia despertado, mas também pela confusão esmagadora que o acompanhava. Ela levou uma mão ao peito, sentindo o coração martelar contra as costelas. Era como se ele tivesse deixado uma marca invisível, algo que ela não sabia como apagar – ou se queria apagar."O que está acontecendo comigo?" ela sussurrou para si mesma, os dedos apertando a borda do sofá como se aquilo pudesse ancorá-la.O toque dele, a intensidade de seus olhos, a maneira como ele a tomara.... Tudo parecia errado, mas ao mesmo tempo certo de uma forma que ela não sabia explicar. Nenhum homem jamais a fizera sentir aquilo antes, nem mesmo os ex-namorados que, em retrospecto, pareci
O grande salão era imponente, com paredes de pedra escura e brasões que representavam as linhagens antigas dos lobisomens. Alguns membros já estavam lá, incluindo Damian, seu braço direito e confidente mais próximo."Você está péssimo," Damian comentou, cruzando os braços enquanto observava Kael entrar. "Deixe-me adivinhar. É sobre ela."Kael lançou um olhar mortal para o amigo, mas não respondeu de imediato. Em vez disso, caminhou até a mesa central e jogou o casaco sobre uma cadeira. Ele havia contato para seu Beta e melhor amigo sobre a possível ligação com Ivy, mas que ele não aceitava e acreditava ser possível."Não é só sobre ela," Kael finalmente disse, a voz carregada de exaustão. "É sobre o que eu fiz. Ou quase fiz."Damian arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada, esperando que Kael continuasse."Orion tomou o controle," Kael admitiu, finalmente se permitindo dizer as palavras em voz alta. "Por pouco, eu não a marquei naquela noite."O silêncio que seguiu foi pesado, mas
POV KAELKael seguiu Ivy à distância durante todo o dia. Ele a viu ir ao trabalho, interagir com colegas e até esboçar um sorriso quando alguém fez uma piada idiota. Havia algo reconfortante na maneira como ela se misturava com o mundo humano, tão alheia ao caos que sua existência criava no dele.Mas quando o dia chegou ao fim e Ivy deixou o trabalho, algo mudou. Kael notou um movimento estranho no lado oposto da rua: dois homens, ambos grandes e com rostos familiares.Victor.Kael rosnou baixo, o som quase inaudível. Ele reconheceu imediatamente os capangas de Victor, um de seus rivais mais implacáveis. O ar ao redor deles estava carregado com a ameaça de violência, e Kael sabia exatamente por que estavam ali."Ele a encontrou," Orion sussurrou. "Você sabia que isso aconteceria."Kael ignorou o lobo, seus olhos fixos nos homens enquanto eles seguiam Ivy pela rua deserta. O coração dele acelerou quando percebeu que ela estava entrando em um beco para cortar caminho até sua casa.Kael
Kael avançava pelas ruas silenciosas da cidade com passos firmes, os músculos tensos e o rosto impassível. A raiva era como um fogo que queimava em suas veias, alimentado tanto por sua preocupação com Ivy quanto pela ousadia de Victor. Orion estava inquieto dentro dele, rosnando a cada pensamento sobre o ataque no beco."Ele a tocou," Orion rugiu, sua voz ecoando na mente de Kael. "E você deixou isso acontecer."Kael não respondeu. Ele sabia que o lobo tinha razão, mas agora não era hora para arrependimentos. Ele precisava de respostas, e Victor era a chave para entender por que Ivy estava sendo perseguida.Victor era conhecido por seu gosto por grandiosidade e perigo. Seu “território” era uma mansão decadente nos arredores da cidade, cercada por um portão de ferro enferrujado e guardada por seguranças humanos que não faziam ideia do tipo de criatura que realmente serviam.Kael atravessou os portões com facilidade, derrubando os guardas como se fossem folhas ao vento. Ele não tinha pa