Kael avançava pelas ruas silenciosas da cidade com passos firmes, os músculos tensos e o rosto impassível. A raiva era como um fogo que queimava em suas veias, alimentado tanto por sua preocupação com Ivy quanto pela ousadia de Victor. Orion estava inquieto dentro dele, rosnando a cada pensamento sobre o ataque no beco."Ele a tocou," Orion rugiu, sua voz ecoando na mente de Kael. "E você deixou isso acontecer."Kael não respondeu. Ele sabia que o lobo tinha razão, mas agora não era hora para arrependimentos. Ele precisava de respostas, e Victor era a chave para entender por que Ivy estava sendo perseguida.Victor era conhecido por seu gosto por grandiosidade e perigo. Seu “território” era uma mansão decadente nos arredores da cidade, cercada por um portão de ferro enferrujado e guardada por seguranças humanos que não faziam ideia do tipo de criatura que realmente serviam.Kael atravessou os portões com facilidade, derrubando os guardas como se fossem folhas ao vento. Ele não tinha pa
POV IVYIvy andava de um lado para o outro em seu pequeno apartamento, sentindo o peso da noite anterior ainda sobre seus ombros. Seus pensamentos giravam em círculos, inquietos, incapazes de encontrar descanso. Desde o momento em que Kael invadiu sua vida, sua visão de mundo foi completamente abalada. Lobisomens. Vínculos. Perigo. A lógica gritava que tudo era absurdo, mas no fundo, em algum lugar oculto dentro dela, uma parte sua sabia que ele falava a verdade.Ela se sentou no velho sofá de couro, puxando um cobertor sobre os ombros enquanto fitava o visor brilhante do laptop sobre a mesa de centro. Sua mente não a deixava em paz. As memórias de sua infância voltaram com uma força avassaladora. Desde pequena, sempre sentiu que não pertencia a lugar algum. Criada em lares adotivos, nunca obteve respostas sobre quem eram seus pais biológicos ou como haviam morrido.Fora adotada com seis anos, mas a felicidade durou pouco. Seus pais adotivos faleceram tragicamente em um acidente de ca
Kael a levou para fora do armazém com passos rápidos, os olhos constantemente escaneando os arredores em busca de inimigos. Sua postura era rígida, seus músculos tensionados, como se esperasse um ataque a qualquer momento. Ele não disse nada até estarem a uma distância segura, onde finalmente a soltou e virou-se abruptamente para encará-la."Você é louca?" ele explodiu, a fúria em sua voz ecoando pelo silêncio da noite. "Entrar em um lugar como aquele sozinha? Está pedindo para morrer?"Ivy, ainda tentando recuperar o fôlego, estreitou os olhos para ele. "Eu precisava de respostas!" sua voz saiu trêmula, um misto de raiva e medo. "Você não entende! Minha vida inteira tem sido uma sequência de perguntas sem respostas. Eu não sei quem sou, não sei por que estão atrás de mim, e você espera que eu apenas... espere?"Kael passou uma mão pelo cabelo, claramente frustrado. "Você não tem ideia do que está enfrentando. Victor é perigoso. Ele tem aliados, criaturas que fariam você implorar por
POV IVYIvy mal conseguia esconder a surpresa enquanto caminhava atrás de Kael pela imensa propriedade. A casa ficava em uma parte isolada da vila da alcateia, cercada por densas árvores que criavam um ar de reclusão e mistério. Era grandiosa, como uma fortaleza disfarçada de lar.As paredes de pedra escura misturavam-se com madeira de carvalho, e grandes janelas permitiam que a luz da lua entrasse à noite. O interior combinava funcionalidade com uma elegância austera: móveis rústicos, mas impecavelmente feitos à mão, contrastavam com tapetes luxuosos e peças de decoração que pareciam ser relíquias de séculos passados."Você realmente precisa de tanto espaço?" Ivy perguntou, tentando aliviar o peso do silêncio que ficou entre eles enquanto subia os degraus que levavam a um segundo andar.Kael não olhou para trás enquanto respondia, a voz calma, mas carregada de autoridade. "Esta casa pertence ao líder da alcateia das Sombras, mas também é o centro de comando de todas as alcateias do c
POV KAELKael estava sentado em uma das poltronas de couro de sua sala de estar, o fogo da lareira projetando sombras que dançavam nas paredes de pedra. A madeira crepitava suavemente, preenchendo o ambiente com um calor confortável, mas nada disso ajudava a acalmar sua mente inquieta. Ele esfregou as têmporas com os dedos, sentindo o peso das decisões que precisaria tomar nos próximos dias.A presença de Ivy em sua casa era como um peso constante, uma lembrança de suas falhas e da conexão que ele nunca pediu. Não era apenas o fato de que ela estava ali, tão perto, mas o que sua presença significava. O vínculo que os ligava, mesmo que ele tentasse negar, pulsava como uma corrente elétrica em seu sangue. Ele podia sentir sua essência, seu cheiro misturado com o aroma amadeirado da casa, e isso o deixava inquieto. Kael fechou os olhos por um momento, tentando conter a raiva e a frustração que se acumulavam dentro dele.O som de passos firmes ecoou no corredor, e ele soube imediatamente
Kael chamou um de seus empregados de confiança, um homem chamado Thorne, que já havia lidado com situações delicadas antes. O homem entrou na sala, sua postura rígida demonstrando lealdade e prontidão."Quero que vá até a casa dela," Kael ordenou, sua voz firme, mas carregada de uma preocupação velada. "Recolha tudo o que for essencial – roupas, documentos, qualquer coisa que possa precisar. Mas seja discreto. Se os homens de Victor estiverem por perto, saia imediatamente."Thorne assentiu, os olhos escuros avaliando Kael. "Entendido, senhor. E quanto à casa? Devo deixá-la como está ou..."Kael hesitou por um instante antes de responder. "Deixe-a intocada. Não quero que Victor perceba que estivemos lá. Qualquer movimentação suspeita pode alertá-lo, e isso colocaria Ivy em risco."
POV IVYO calor do sol filtrava-se pelas cortinas pesadas do quarto de Ivy, iluminando o espaço com um brilho dourado. Ela acordou lentamente, os últimos vestígios de seus sonhos ainda pairando em sua mente. Imagens desconexas passavam por seus pensamentos: um lobo douradoem uma floresta escura, o som de vozes indistintas que ecoavam como memórias esquecidas, e uma sensação de pertencimento que ela nunca tinha experimentado antes.Ela franziu a testa, passando a mão pelos cabelos bagunçados. Desde que chegara à casa de Kael, seus sonhos tinham se tornado mais vívidos e estranhos. Embora fossem desconcertantes, havia algo reconfortante neles, como se estivesse sendo conduzida a algo que sempre esteve além de seu alcance.Ao se levantar, notou algo que a fez parar: suas malas estavam encostadas em um canto do quarto. Espantada, ela caminhou até elas e abriu uma das bolsas. Lá dentro estavam suas roupas, livros e até uma pequena foto dela quando criança, que costum
POV IVYIvy Delacroix passou a vida aprendendo a lutar. Não com os punhos, mas com a resistência de quem enfrenta o mundo sozinha desde sempre. Órfã desde os seis anos, cresceu saltando de um lar temporário para outro, acumulando memórias amargas de rejeição e negligência. A cada mudança, ela construía paredes mais altas ao seu redor, aprendendo que depender de alguém só trazia dor.Agora, aos 25 anos, Ivy tinha poucas coisas que chamava de suas. Seu pequeno apartamento com paredes finas e móveis usados. Um emprego como garçonete em um restaurante simples durante a semana e, ocasionalmente, extras em festas luxuosas para pagar o aluguel atrasado. E, claro, os pesadelos que a acompanhavam desde a infância, lembranças fragmentadas de uma noite que roubou seus pais e a deixou sozinha no mundo.Fisicamente, Ivy era uma combinação de suavidade e força. Cabelos castanho-escuros ondulados que chegavam à altura dos ombros, quase sempre presos em um coque bagunçado, olhos cinzentos que carrega