Kael a levou para fora do armazém com passos rápidos, os olhos constantemente escaneando os arredores em busca de inimigos. Sua postura era rígida, seus músculos tensionados, como se esperasse um ataque a qualquer momento. Ele não disse nada até estarem a uma distância segura, onde finalmente a soltou e virou-se abruptamente para encará-la."Você é louca?" ele explodiu, a fúria em sua voz ecoando pelo silêncio da noite. "Entrar em um lugar como aquele sozinha? Está pedindo para morrer?"Ivy, ainda tentando recuperar o fôlego, estreitou os olhos para ele. "Eu precisava de respostas!" sua voz saiu trêmula, um misto de raiva e medo. "Você não entende! Minha vida inteira tem sido uma sequência de perguntas sem respostas. Eu não sei quem sou, não sei por que estão atrás de mim, e você espera que eu apenas... espere?"Kael passou uma mão pelo cabelo, claramente frustrado. "Você não tem ideia do que está enfrentando. Victor é perigoso. Ele tem aliados, criaturas que fariam você implorar por
POV IVYIvy mal conseguia esconder a surpresa enquanto caminhava atrás de Kael pela imensa propriedade. A casa ficava em uma parte isolada da vila da alcateia, cercada por densas árvores que criavam um ar de reclusão e mistério. Era grandiosa, como uma fortaleza disfarçada de lar.As paredes de pedra escura misturavam-se com madeira de carvalho, e grandes janelas permitiam que a luz da lua entrasse à noite. O interior combinava funcionalidade com uma elegância austera: móveis rústicos, mas impecavelmente feitos à mão, contrastavam com tapetes luxuosos e peças de decoração que pareciam ser relíquias de séculos passados."Você realmente precisa de tanto espaço?" Ivy perguntou, tentando aliviar o peso do silêncio que ficou entre eles enquanto subia os degraus que levavam a um segundo andar.Kael não olhou para trás enquanto respondia, a voz calma, mas carregada de autoridade. "Esta casa pertence ao líder da alcateia das Sombras, mas também é o centro de comando de todas as alcateias do c
POV KAELKael estava sentado em uma das poltronas de couro de sua sala de estar, o fogo da lareira projetando sombras que dançavam nas paredes de pedra. A madeira crepitava suavemente, preenchendo o ambiente com um calor confortável, mas nada disso ajudava a acalmar sua mente inquieta. Ele esfregou as têmporas com os dedos, sentindo o peso das decisões que precisaria tomar nos próximos dias.A presença de Ivy em sua casa era como um peso constante, uma lembrança de suas falhas e da conexão que ele nunca pediu. Não era apenas o fato de que ela estava ali, tão perto, mas o que sua presença significava. O vínculo que os ligava, mesmo que ele tentasse negar, pulsava como uma corrente elétrica em seu sangue. Ele podia sentir sua essência, seu cheiro misturado com o aroma amadeirado da casa, e isso o deixava inquieto. Kael fechou os olhos por um momento, tentando conter a raiva e a frustração que se acumulavam dentro dele.O som de passos firmes ecoou no corredor, e ele soube imediatamente
Kael chamou um de seus empregados de confiança, um homem chamado Thorne, que já havia lidado com situações delicadas antes. O homem entrou na sala, sua postura rígida demonstrando lealdade e prontidão."Quero que vá até a casa dela," Kael ordenou, sua voz firme, mas carregada de uma preocupação velada. "Recolha tudo o que for essencial – roupas, documentos, qualquer coisa que possa precisar. Mas seja discreto. Se os homens de Victor estiverem por perto, saia imediatamente."Thorne assentiu, os olhos escuros avaliando Kael. "Entendido, senhor. E quanto à casa? Devo deixá-la como está ou..."Kael hesitou por um instante antes de responder. "Deixe-a intocada. Não quero que Victor perceba que estivemos lá. Qualquer movimentação suspeita pode alertá-lo, e isso colocaria Ivy em risco."
POV IVYO calor do sol filtrava-se pelas cortinas pesadas do quarto de Ivy, iluminando o espaço com um brilho dourado. Ela acordou lentamente, os últimos vestígios de seus sonhos ainda pairando em sua mente. Imagens desconexas passavam por seus pensamentos: um lobo douradoem uma floresta escura, o som de vozes indistintas que ecoavam como memórias esquecidas, e uma sensação de pertencimento que ela nunca tinha experimentado antes.Ela franziu a testa, passando a mão pelos cabelos bagunçados. Desde que chegara à casa de Kael, seus sonhos tinham se tornado mais vívidos e estranhos. Embora fossem desconcertantes, havia algo reconfortante neles, como se estivesse sendo conduzida a algo que sempre esteve além de seu alcance.Ao se levantar, notou algo que a fez parar: suas malas estavam encostadas em um canto do quarto. Espantada, ela caminhou até elas e abriu uma das bolsas. Lá dentro estavam suas roupas, livros e até uma pequena foto dela quando criança, que costum
POV IVYIvy Delacroix passou a vida aprendendo a lutar. Não com os punhos, mas com a resistência de quem enfrenta o mundo sozinha desde sempre. Órfã desde os seis anos, cresceu saltando de um lar temporário para outro, acumulando memórias amargas de rejeição e negligência. A cada mudança, ela construía paredes mais altas ao seu redor, aprendendo que depender de alguém só trazia dor.Agora, aos 25 anos, Ivy tinha poucas coisas que chamava de suas. Seu pequeno apartamento com paredes finas e móveis usados. Um emprego como garçonete em um restaurante simples durante a semana e, ocasionalmente, extras em festas luxuosas para pagar o aluguel atrasado. E, claro, os pesadelos que a acompanhavam desde a infância, lembranças fragmentadas de uma noite que roubou seus pais e a deixou sozinha no mundo.Fisicamente, Ivy era uma combinação de suavidade e força. Cabelos castanho-escuros ondulados que chegavam à altura dos ombros, quase sempre presos em um coque bagunçado, olhos cinzentos que carrega
A noite parecia se arrastar para Ivy. O salão, cheio de risadas artificiais e olhares julgadores, era sufocante. Cada passo que dava carregando a bandeja parecia um teste de equilíbrio e nervos. E então aconteceu.Um tropeço. Um deslize mínimo, mas suficiente para que a bandeja escorregasse de suas mãos, derrubando as taças de cristal em um estrondo alto e devastador.O som ecoou pelo salão como um alarme, cortando o burburinho das conversas. Todos os olhares se voltaram para ela. Ivy sentiu o rosto queimar, como se mil refletores estivessem focados em sua humilhação. Ela engoliu em seco, paralisada por um instante, antes de se agachar para recolher os cacos.Mas antes que seus dedos alcançassem o primeiro pedaço de vidro, ele estava lá.O homem que ela havia visto perto da lareira mais cedo. O mesmo que parecia ter cravado seu olhar nela, deixando-a em um misto de fascinação e medo. Ele estava ajoelhado ao seu lado, suas mãos grandes e firmes movendo-se com uma precisão desconcertant
POV IVYIvy se movia pelas bordas do salão, carregando uma bandeja de bebidas com cuidado para não derrubar nada. Sua estratégia era clara: manter-se invisível. Os vestidos brilhantes, as conversas cheias de risadas artificiais e o cheiro opulento de perfumes caros faziam-na sentir como se estivesse em um mundo ao qual não pertencia.O som abafado da música e das conversas parecia envolver o salão em uma bolha. Ivy respirou fundo, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro dela. Tudo o que precisava fazer era terminar o turno, pegar seu pagamento e voltar para a sua vida simples e previsível.Mas então, ela o viu.Ele estava de pé próximo à lareira, segurando um copo de uísque com uma mão enquanto observava a sala com uma intensidade que parecia palpável. O homem exalava uma aura perigosa, como se pertencesse a outro mundo. Seu terno preto impecável moldava seu corpo poderoso, destacando ombros largos e uma postura que demandava respeito sem esforço.Ivy parou no meio do caminh