Kael chamou um de seus empregados de confiança, um homem chamado Thorne, que já havia lidado com situações delicadas antes. O homem entrou na sala, sua postura rígida demonstrando lealdade e prontidão.
"Quero que vá até a casa dela," Kael ordenou, sua voz firme, mas carregada de uma preocupação velada. "Recolha tudo o que for essencial – roupas, documentos, qualquer coisa que possa precisar. Mas seja discreto. Se os homens de Victor estiverem por perto, saia imediatamente."
Thorne assentiu, os olhos escuros avaliando Kael. "Entendido, senhor. E quanto à casa? Devo deixá-la como está ou..."
Kael hesitou por um instante antes de responder. "Deixe-a intocada. Não quero que Victor perceba que estivemos lá. Qualquer movimentação suspeita pode alertá-lo, e isso colocaria Ivy em risco."
POV IVYO calor do sol filtrava-se pelas cortinas pesadas do quarto de Ivy, iluminando o espaço com um brilho dourado. Ela acordou lentamente, os últimos vestígios de seus sonhos ainda pairando em sua mente. Imagens desconexas passavam por seus pensamentos: um lobo douradoem uma floresta escura, o som de vozes indistintas que ecoavam como memórias esquecidas, e uma sensação de pertencimento que ela nunca tinha experimentado antes.Ela franziu a testa, passando a mão pelos cabelos bagunçados. Desde que chegara à casa de Kael, seus sonhos tinham se tornado mais vívidos e estranhos. Embora fossem desconcertantes, havia algo reconfortante neles, como se estivesse sendo conduzida a algo que sempre esteve além de seu alcance.Ao se levantar, notou algo que a fez parar: suas malas estavam encostadas em um canto do quarto. Espantada, ela caminhou até elas e abriu uma das bolsas. Lá dentro estavam suas roupas, livros e até uma pequena foto dela quando criança, que costum
POV IVYIvy Delacroix passou a vida aprendendo a lutar. Não com os punhos, mas com a resistência de quem enfrenta o mundo sozinha desde sempre. Órfã desde os seis anos, cresceu saltando de um lar temporário para outro, acumulando memórias amargas de rejeição e negligência. A cada mudança, ela construía paredes mais altas ao seu redor, aprendendo que depender de alguém só trazia dor.Agora, aos 25 anos, Ivy tinha poucas coisas que chamava de suas. Seu pequeno apartamento com paredes finas e móveis usados. Um emprego como garçonete em um restaurante simples durante a semana e, ocasionalmente, extras em festas luxuosas para pagar o aluguel atrasado. E, claro, os pesadelos que a acompanhavam desde a infância, lembranças fragmentadas de uma noite que roubou seus pais e a deixou sozinha no mundo.Fisicamente, Ivy era uma combinação de suavidade e força. Cabelos castanho-escuros ondulados que chegavam à altura dos ombros, quase sempre presos em um coque bagunçado, olhos cinzentos que carrega
A noite parecia se arrastar para Ivy. O salão, cheio de risadas artificiais e olhares julgadores, era sufocante. Cada passo que dava carregando a bandeja parecia um teste de equilíbrio e nervos. E então aconteceu.Um tropeço. Um deslize mínimo, mas suficiente para que a bandeja escorregasse de suas mãos, derrubando as taças de cristal em um estrondo alto e devastador.O som ecoou pelo salão como um alarme, cortando o burburinho das conversas. Todos os olhares se voltaram para ela. Ivy sentiu o rosto queimar, como se mil refletores estivessem focados em sua humilhação. Ela engoliu em seco, paralisada por um instante, antes de se agachar para recolher os cacos.Mas antes que seus dedos alcançassem o primeiro pedaço de vidro, ele estava lá.O homem que ela havia visto perto da lareira mais cedo. O mesmo que parecia ter cravado seu olhar nela, deixando-a em um misto de fascinação e medo. Ele estava ajoelhado ao seu lado, suas mãos grandes e firmes movendo-se com uma precisão desconcertant
POV IVYIvy se movia pelas bordas do salão, carregando uma bandeja de bebidas com cuidado para não derrubar nada. Sua estratégia era clara: manter-se invisível. Os vestidos brilhantes, as conversas cheias de risadas artificiais e o cheiro opulento de perfumes caros faziam-na sentir como se estivesse em um mundo ao qual não pertencia.O som abafado da música e das conversas parecia envolver o salão em uma bolha. Ivy respirou fundo, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro dela. Tudo o que precisava fazer era terminar o turno, pegar seu pagamento e voltar para a sua vida simples e previsível.Mas então, ela o viu.Ele estava de pé próximo à lareira, segurando um copo de uísque com uma mão enquanto observava a sala com uma intensidade que parecia palpável. O homem exalava uma aura perigosa, como se pertencesse a outro mundo. Seu terno preto impecável moldava seu corpo poderoso, destacando ombros largos e uma postura que demandava respeito sem esforço.Ivy parou no meio do caminh
POV IVYIvy chegou em casa bem depois da meia-noite, exausta fisicamente, mas com a mente em um turbilhão. Ela jogou a bolsa em um canto do pequeno apartamento e foi direto para a cozinha, onde abriu a geladeira em busca de qualquer coisa que pudesse distraí-la. Tudo o que encontrou foi uma garrafa de água e algumas sobras de comida da noite anterior.Ela suspirou, fechando a geladeira com mais força do que o necessário. "Quem ele pensa que é?" A frase ecoava em sua mente como um disco arranhado. Aquele homem misterioso, com sua postura imponente e olhar ardente, parecia estar gravado em sua memória contra a sua vontade.De repente, o som de uma notificação no celular a tirou de seus devaneios. Era uma mensagem de Nina, sua melhor amiga.Nina: "Tá acordada? Quero saber tudo sobre esse trabalho extra que te fez cancelar nossa noite de pizza e filmes!"Ivy sorriu pela primeira vez em horas. Nina sempre conseguia arrancar uma reação positiva dela, mesmo nos piores dias.Flashback: Como I
Ivy andou pela sala do pequeno apartamento, os braços cruzados, como se tentasse se segurar. Seu coração ainda estava acelerado, e a sensação dos lábios dele nos seus continuava a assombrá-la. Era como se o beijo tivesse deixado uma marca invisível que queimava cada vez que ela pensava nisso – o que era constante."Isso é loucura," murmurou para si mesma, jogando-se no sofá. Tentou se concentrar em qualquer outra coisa: no som distante de buzinas na rua, na televisão desligada, até mesmo no estalo leve do cano do aquecedor. Mas nada abafava as lembranças daquela noite.Raiva e atração se misturavam de maneira desconfortável dentro dela. Ele a havia beijado sem permissão, a puxado para aquele momento de pura intensidade... e ela havia correspondido. "Por quê?" pensou, a irritação consigo mesma crescendo. Ela não era o tipo de pessoa que se deixava levar por impulsos, muito menos por estranhos que a perseguiam pelas ruas. Até mesmo seus antigos namorados ela não se permitia assim.Seu t
POV KAELKael andava de um lado para o outro no pequeno escritório improvisado em sua casa, cada passo ecoando a raiva contida que parecia prestes a explodir. Seus punhos estavam cerrados, os músculos tensionados, e sua mente era um campo de batalha. O cheiro dela ainda pairava no ar, doce e inebriante, como uma lembrança cruel que Orion se recusava a deixar ir. A sensação do doce do seu beijo, a força primitiva desesperada para reivindica-la, descendo direto para minha ereção apenas de lembrar."Você é fraco," ele rosnou para si mesmo, chutando uma cadeira no caminho. A madeira se arrastou pelo chão com um rangido, mas ele mal percebeu. O ódio fervia em suas veias – ódio por si mesmo, por Orion, por aquela mulher.Mas era mentira. Ele não a odiava. Não conseguia."Orion!" Kael gritou para dentro de si, tentando forçar o lobo a responder. "Você cedeu a ela! Me fez ceder!"A risada baixa e gutural do lobo reverberou em sua mente, carregada de um tom provocador."Eu não te fiz nada," re
POV IVY Ivy sentia como se sua vida tivesse sido subitamente virada de cabeça para baixo. Depois daquela noite – depois daquele beijo –, nada parecia normal. Ela tinha dificuldade em se concentrar, e até mesmo as coisas mais simples, como passar as páginas de um livro ou caminhar até o trabalho, pareciam tarefas impossíveis.Deitada na cama, encarando o teto, ela não conseguia evitar. O rosto daquele homem misterioso estava gravado em sua mente: os olhos verdes acinzentados, a força quase assustadora com que ele a segurou, e o toque avassalador que enviou ondas de calor e confusão por todo o seu corpo.E o mais frustrante? Ela nem sequer sabia o nome dele.Na manhã seguinte, Nina encontrou Ivy sentada no sofá, o laptop aberto e uma pilha de papéis e livros ao lado dela."Bom dia, Sherlock Holmes," Nina provocou, jogando-se ao lado da amiga e pegando uma xícara de café da mesa. "Me diga, quem é a nova obsessão?"Ivy revirou os olhos, mas o tom brincalhão de Nina conseguiu arrancar um