Conflito Interno

POV KAEL

Kael andava de um lado para o outro no pequeno escritório improvisado em sua casa, cada passo ecoando a raiva contida que parecia prestes a explodir. Seus punhos estavam cerrados, os músculos tensionados, e sua mente era um campo de batalha. O cheiro dela ainda pairava no ar, doce e inebriante, como uma lembrança cruel que Orion se recusava a deixar ir. A sensação do doce do seu beijo, a força primitiva desesperada para reivindica-la, descendo direto para minha ereção apenas de lembrar.

"Você é fraco," ele rosnou para si mesmo, chutando uma cadeira no caminho. A madeira se arrastou pelo chão com um rangido, mas ele mal percebeu. O ódio fervia em suas veias – ódio por si mesmo, por Orion, por aquela mulher.

Mas era mentira. Ele não a odiava. Não conseguia.

"Orion!" Kael gritou para dentro de si, tentando forçar o lobo a responder. "Você cedeu a ela! Me fez ceder!"

A risada baixa e gutural do lobo reverberou em sua mente, carregada de um tom provocador.

"Eu não te fiz nada," respondeu Orion, calmo, mas com um toque selvagem. "Você sentiu. Você a quis. Isso não é culpa minha."

Kael cerrou os dentes, os olhos verdes acinzentados brilhando com uma intensidade ameaçadora. "Ela vai destruir tudo! Minha alcateia, minha missão, minha paz. Não posso aceitá-la!"

"Você já a aceitou," Orion retrucou, a voz assumindo uma nota mais sombria. "A dor que você sente agora é a prova disso. Negar não vai mudar o que está destinado."

O alfa parou de andar e segurou a borda da mesa com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Orion estava certo, e isso só o deixava ainda mais furioso. Desde o momento em que seus olhos se cruzaram com os dela, Kael sentiu o vínculo crescer. Era um laço invisível, algo que queimava em seu peito toda vez que ele tentava ignorar. E quando a beijou naquela noite, foi como se tivesse perdido completamente o controle – como se não houvesse mais "Kael" e "Orion", apenas um instinto primitivo que clamava por ela.

Ele passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo, mas o ar parecia preso em seus pulmões. A imagem dela invadiu sua mente: os olhos grandes e curiosos, o jeito como ela recuou ao seu toque, e, principalmente, o gosto dos lábios dela. Foi doce e feroz ao mesmo tempo, um choque de eletricidade que ele não conseguia apagar.

"Foi um erro," ele murmurou para si mesmo, mas a convicção soava fraca até para ele.

Kael sabia o que precisava fazer. A única solução era rejeitá-la formalmente. Era doloroso, sim, mas necessário. Em casos raros, o vínculo podia ser quebrado, mas sempre havia um preço. Para lobisomens, era uma dor avassaladora, como se a própria alma fosse despedaçada. Para humanos, os efeitos podiam ser ainda piores: a dor emocional podia ser tão intensa que levava à loucura... ou até à morte.

Mas ele precisava tentar.

Ao fechar os olhos, Kael se concentrou no vínculo que sentia pulsando em sua alma. Era uma corrente de luz e calor que o conectava a Ivy. Ele tentou arrancá-la de si, e se preparava para dizer sua rejeição à Deusa da Lua, mas Orion rugiu, invadindo sua mente com fúria.

"NÃO!" O lobo avançou, sua voz ecoando como um trovão. "Eu não vou permitir isso. Ela é nossa!"

A dor que atravessou Kael foi instantânea e brutal. Ele caiu de joelhos, as mãos agarrando o peito como se pudesse rasgar a sensação de ardor dentro dele. "Ela não pertence ao nosso mundo! Eu não posso protegê-la! Ela é humana, Orion!"

"E daí?" o lobo retrucou, sua voz agora cheia de desafio. "Ela é forte. Você sabe disso. A força dela não está nos músculos, mas no espírito. E é isso que te assusta, não é? Você tem medo de que ela veja além da sua máscara. De que ela veja você."

Kael gritou de frustração, socando o chão com tanta força que rachaduras se formaram na madeira. Ele sabia que Orion estava certo. Não era apenas o perigo para Ivy que o preocupava. Era o fato de que, perto dela, ele se sentia exposto, vulnerável de uma forma que não experimentava desde... desde a morte de sua irmã.

Kael voltou a se levantar, os movimentos lentos e doloridos. Ele sabia que precisava manter distância, mesmo que isso o matasse por dentro. Mas ao mesmo tempo, o pensamento de algo – ou alguém – machucando Ivy era insuportável.

"Eu não posso deixá-la sozinha," ele murmurou, sentindo o peso da realidade cair sobre seus ombros. Ele era um alfa, um líder, um protetor. E, mesmo que nunca pudesse tê-la, ele sabia que sua prioridade era garantir sua segurança.

Mas como ele poderia protegê-la sem se perder ainda mais no desejo que sentia? Como poderia manter distância quando tudo em seu ser clamava por ela?

Kael olhou pela janela para o céu noturno, a lua cheia brilhando intensamente.

"Deusa, isso nunca deveria ter acontecido," ele sussurrou, sua voz carregada de dor.

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