POV IVY
Ivy se movia pelas bordas do salão, carregando uma bandeja de bebidas com cuidado para não derrubar nada. Sua estratégia era clara: manter-se invisível. Os vestidos brilhantes, as conversas cheias de risadas artificiais e o cheiro opulento de perfumes caros faziam-na sentir como se estivesse em um mundo ao qual não pertencia.
O som abafado da música e das conversas parecia envolver o salão em uma bolha. Ivy respirou fundo, tentando ignorar o desconforto que crescia dentro dela. Tudo o que precisava fazer era terminar o turno, pegar seu pagamento e voltar para a sua vida simples e previsível.
Mas então, ela o viu.
Ele estava de pé próximo à lareira, segurando um copo de uísque com uma mão enquanto observava a sala com uma intensidade que parecia palpável. O homem exalava uma aura perigosa, como se pertencesse a outro mundo. Seu terno preto impecável moldava seu corpo poderoso, destacando ombros largos e uma postura que demandava respeito sem esforço.
Ivy parou no meio do caminho, o ar saindo de seus pulmões como um soco invisível. Ela não conseguia desviar o olhar. Seus olhos o encontraram, e algo inexplicável aconteceu.
Ela sentiu como se o tempo tivesse parado.
O olhar dele era penetrante, de um verde acinzentado que parecia brilhar sob a luz da lareira. E, naquele instante, ela teve a nítida impressão de que ele podia enxergar mais do que apenas seu rosto. Era como se ele estivesse olhando direto para sua alma, despindo-a de qualquer máscara que pudesse estar usando.
Um arrepio percorreu sua espinha. Não era apenas o calor de um olhar intenso – era algo mais. Algo primitivo e visceral. Ivy sentiu seu corpo reagir de forma que não fazia sentido. Seu coração disparou, as mãos começaram a suar, e um calor estranho se espalhou por seu corpo, aquecendo-a de dentro para fora.
Ela tentou desviar os olhos, mas era impossível.
Uma parte dela estava hipnotizada, incapaz de se afastar daquela força magnética que ele parecia emanar. Mas havia algo mais. Algo que ela não entendia, mas que sua intuição gritava para ela ouvir.
Perigo.
Seu corpo parecia em conflito. Enquanto uma parte dela queria avançar, atravessar o salão e descobrir o que havia naquele homem que a atraía tão intensamente, outra parte – talvez mais sábia – implorava para que ela se afastasse, para que quebrasse aquele contato visual e desaparecesse antes que fosse tarde demais.
Ivy engoliu em seco, os dedos apertando com força a borda da bandeja que segurava. Quem era ele? E por que o simples fato de ele estar ali, olhando para ela, fazia sua pele formigar e seu coração bater tão forte que parecia ecoar nos ouvidos?
“Ele está me observando como se eu fosse…” Ela não conseguiu completar o pensamento. Não havia palavras para descrever a maneira como ele a encarava.
Sua respiração estava irregular, e ela mal percebeu quando deu um passo para trás, tentando quebrar o feitiço daquele olhar. Mas mesmo assim, ela ainda podia senti-lo. Aquele calor, aquela tensão, como se um fio invisível os conectasse de alguma forma.
Finalmente, ela desviou o olhar, focando na bandeja em suas mãos. Seu coração continuava acelerado, e a sensação de calor ainda dançava em sua pele. Ela precisava se afastar, precisava se concentrar em seu trabalho. Mas, mesmo enquanto caminhava para longe, ela sentia o peso daquele olhar em suas costas.
O homem permanecia gravado em sua mente. O magnetismo dele, a força daquele encontro visual… Tudo parecia surreal, como se ela tivesse acabado de cruzar a linha entre o real e algo muito maior, algo que ela não entendia.
E, por mais que tentasse se convencer de que tudo não passava de imaginação, uma pergunta persistia em sua mente:
“Por que sinto como se ele fosse perigoso… e, ao mesmo tempo, como se eu já o conhecesse?”
POV IVYIvy chegou em casa bem depois da meia-noite, exausta fisicamente, mas com a mente em um turbilhão. Ela jogou a bolsa em um canto do pequeno apartamento e foi direto para a cozinha, onde abriu a geladeira em busca de qualquer coisa que pudesse distraí-la. Tudo o que encontrou foi uma garrafa de água e algumas sobras de comida da noite anterior.Ela suspirou, fechando a geladeira com mais força do que o necessário. "Quem ele pensa que é?" A frase ecoava em sua mente como um disco arranhado. Aquele homem misterioso, com sua postura imponente e olhar ardente, parecia estar gravado em sua memória contra a sua vontade.De repente, o som de uma notificação no celular a tirou de seus devaneios. Era uma mensagem de Nina, sua melhor amiga.Nina: "Tá acordada? Quero saber tudo sobre esse trabalho extra que te fez cancelar nossa noite de pizza e filmes!"Ivy sorriu pela primeira vez em horas. Nina sempre conseguia arrancar uma reação positiva dela, mesmo nos piores dias.Flashback: Como I
Ivy andou pela sala do pequeno apartamento, os braços cruzados, como se tentasse se segurar. Seu coração ainda estava acelerado, e a sensação dos lábios dele nos seus continuava a assombrá-la. Era como se o beijo tivesse deixado uma marca invisível que queimava cada vez que ela pensava nisso – o que era constante."Isso é loucura," murmurou para si mesma, jogando-se no sofá. Tentou se concentrar em qualquer outra coisa: no som distante de buzinas na rua, na televisão desligada, até mesmo no estalo leve do cano do aquecedor. Mas nada abafava as lembranças daquela noite.Raiva e atração se misturavam de maneira desconfortável dentro dela. Ele a havia beijado sem permissão, a puxado para aquele momento de pura intensidade... e ela havia correspondido. "Por quê?" pensou, a irritação consigo mesma crescendo. Ela não era o tipo de pessoa que se deixava levar por impulsos, muito menos por estranhos que a perseguiam pelas ruas. Até mesmo seus antigos namorados ela não se permitia assim.Seu t
POV KAELKael andava de um lado para o outro no pequeno escritório improvisado em sua casa, cada passo ecoando a raiva contida que parecia prestes a explodir. Seus punhos estavam cerrados, os músculos tensionados, e sua mente era um campo de batalha. O cheiro dela ainda pairava no ar, doce e inebriante, como uma lembrança cruel que Orion se recusava a deixar ir. A sensação do doce do seu beijo, a força primitiva desesperada para reivindica-la, descendo direto para minha ereção apenas de lembrar."Você é fraco," ele rosnou para si mesmo, chutando uma cadeira no caminho. A madeira se arrastou pelo chão com um rangido, mas ele mal percebeu. O ódio fervia em suas veias – ódio por si mesmo, por Orion, por aquela mulher.Mas era mentira. Ele não a odiava. Não conseguia."Orion!" Kael gritou para dentro de si, tentando forçar o lobo a responder. "Você cedeu a ela! Me fez ceder!"A risada baixa e gutural do lobo reverberou em sua mente, carregada de um tom provocador."Eu não te fiz nada," re
POV IVY Ivy sentia como se sua vida tivesse sido subitamente virada de cabeça para baixo. Depois daquela noite – depois daquele beijo –, nada parecia normal. Ela tinha dificuldade em se concentrar, e até mesmo as coisas mais simples, como passar as páginas de um livro ou caminhar até o trabalho, pareciam tarefas impossíveis.Deitada na cama, encarando o teto, ela não conseguia evitar. O rosto daquele homem misterioso estava gravado em sua mente: os olhos verdes acinzentados, a força quase assustadora com que ele a segurou, e o toque avassalador que enviou ondas de calor e confusão por todo o seu corpo.E o mais frustrante? Ela nem sequer sabia o nome dele.Na manhã seguinte, Nina encontrou Ivy sentada no sofá, o laptop aberto e uma pilha de papéis e livros ao lado dela."Bom dia, Sherlock Holmes," Nina provocou, jogando-se ao lado da amiga e pegando uma xícara de café da mesa. "Me diga, quem é a nova obsessão?"Ivy revirou os olhos, mas o tom brincalhão de Nina conseguiu arrancar um
POV IVYIvy estava no sofá de seu apartamento, cercada por papéis espalhados. Tinha passado a última noite pesquisando a família Ryan. As informações que encontrou eram confusas, mas estranhamente intrigantes: artigos que mencionavam o nome em contextos históricos, lendas sobre linhagens poderosas e até rumores sobre sociedades secretas.Nina entrou no apartamento, carregando sacolas de compras, e parou ao ver a cena."Tá parecendo uma detetive obcecada," Nina comentou, levantando uma sobrancelha. "Isso é tudo por causa daquele cara?""Eu só quero entender," Ivy respondeu, sem tirar os olhos do computador. "Olha isso. A família dele tem registros em histórias que datam de séculos atrás. É como se eles sempre estivessem à margem de tudo, mas influenciando de alguma forma."Nina colocou as sacolas na mesa e se aproximou. "E o que exatamente você está procurando? Uma explicação mágica para o fato de ele ser um cretino que aparece e desaparece?"Ivy suspirou, exasperada. "Não é isso, Nina
Ivy cruzou os braços, tentando esconder o nervosismo. "Então, fale. Explique essa loucura. Lobisomens? Companheiros escolhidos? Você espera que eu simplesmente acredite nisso?"Kael passou a mão pelos cabelos, claramente irritado. "Eu não me importo se você acredita ou não. Isso não muda os fatos. Eu sou um lobisomem, e você foi escolhida pela Deusa da Lua para ser minha companheira. É assim que funciona na minha espécie. E, por mais que eu tenha tentado... eu não consigo romper esse vínculo sem o perigo de você morrer, não que eu me importe, mas Orion meu lobo interior se importa e não deixa eu concluir o ritual."Ivy balançou a cabeça, incrédula. "Isso é loucura. Eu não sou parte disso, Kael. Eu sou só... uma garota normal!"Kael deu um passo à frente, a proximidade dele fazendo o ar ao redor parecer mais denso. "Você acha que isso é normal? Acha que o que você sente quando estamos juntos é normal?"Ivy abriu a boca para responder, mas as palavras morreram em sua garganta. Porque el
O som da porta se fechando ecoou pelo apartamento vazio, mas o tumulto dentro de Ivy era ensurdecedor. Ela ficou parada no meio da sala, tentando processar o que havia acabado de acontecer, mas a realidade parecia distorcida, como se não pertencesse à sua própria vida.O corpo dela ainda tremia, não apenas pelo desejo incontrolável que Kael havia despertado, mas também pela confusão esmagadora que o acompanhava. Ela levou uma mão ao peito, sentindo o coração martelar contra as costelas. Era como se ele tivesse deixado uma marca invisível, algo que ela não sabia como apagar – ou se queria apagar."O que está acontecendo comigo?" ela sussurrou para si mesma, os dedos apertando a borda do sofá como se aquilo pudesse ancorá-la.O toque dele, a intensidade de seus olhos, a maneira como ele a tomara.... Tudo parecia errado, mas ao mesmo tempo certo de uma forma que ela não sabia explicar. Nenhum homem jamais a fizera sentir aquilo antes, nem mesmo os ex-namorados que, em retrospecto, pareci
O grande salão era imponente, com paredes de pedra escura e brasões que representavam as linhagens antigas dos lobisomens. Alguns membros já estavam lá, incluindo Damian, seu braço direito e confidente mais próximo."Você está péssimo," Damian comentou, cruzando os braços enquanto observava Kael entrar. "Deixe-me adivinhar. É sobre ela."Kael lançou um olhar mortal para o amigo, mas não respondeu de imediato. Em vez disso, caminhou até a mesa central e jogou o casaco sobre uma cadeira. Ele havia contato para seu Beta e melhor amigo sobre a possível ligação com Ivy, mas que ele não aceitava e acreditava ser possível."Não é só sobre ela," Kael finalmente disse, a voz carregada de exaustão. "É sobre o que eu fiz. Ou quase fiz."Damian arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada, esperando que Kael continuasse."Orion tomou o controle," Kael admitiu, finalmente se permitindo dizer as palavras em voz alta. "Por pouco, eu não a marquei naquela noite."O silêncio que seguiu foi pesado, mas