EduardoAssim que Stella sai da garagem dou um soco na porta, está garota me enlouquece. Deixo as atividades da Bella na escola, depois ela na casa de Annabelle, enquanto a governanta a levava para se trocar, eu chamei Anabelle para uma conversa.— Não quero que fique colocando coisas na cabeça da minha filha. Nunca nos demos bem, eu a trago em memória e amor que tinha por Savanna, mas juro que se ela desrespeitar mais um funcionário, o dizer uma coisinha sequer diferente da educação que dou para ela, eu juro que nunca mais vai vê-la.— Você nem para em casa, e vem me dizer de boca cheia que a Educa?— O que faço da minha vida, não te diz respeito. Nem como educo a “minha filha” — Digo irritado dando ênfase a minha filha, para que ela entenda de uma vez por todas.— Já está querendo colocar outra mulher no lugar da minha filha e quer que eu deixe minha neta participar disso?— Não quero colocar minguem no lugar da Savanna, até porque ela é insubstituível. Eu sempre amarei a sua filha
EduardoQuando chego ao barzinho, cumprimento Michael e seus amigos, procurando Stella com os olhos. A encontro sentada em uma mesa elevada, conversando com o Chef. Conforme vou me aproximando, percebo um clima, meu sangue ferve na mesma hora, apresso meus passos e chego a tempo de impedir o beijo. Digo, com a cara mais lavada do mundo: Stella— Estou atrapalhando? — Meu corpo se arrepiou todo ao ouvir sua voz, uma mistura de surpresa e nervosismo tomam conta de mim.— Não, claro que não. — Digo sem jeito, tentando recuperar a compostura. Eduardo sorri de lado e olha ao redor, ignorando Matteo, que estava sentado à minha frente.— Michael me encheu o saco para vir, mas gostei do ambiente. — Comenta, enquanto Matteo o encara com uma expressão irritada.— Aqui é bem legal mesmo, eu gostei também. — Respondo, tomando um gole do meu chopp, sentindo o sabor encorpado do malte acalmar meus nervos. Eduardo aponta para o meu copo, uma sobrancelha arqueada em curiosidade.— Cerveja? — Ele per
Stella— Você está bem? — Pergunto, tocando suavemente na sua boca, que sangrava. Pego uma camiseta em minha bolsa e pressiono sobre o machucado.— Está doendo. — Ele reclama, estremecendo quando aperto. Seus olhos estão sombrios, refletindo a frustração e a dor.— Tem que doer mesmo, — Retruco, tentando esconder minha preocupação por trás de uma expressão severa. — O que deu na sua cabeça de brigar assim? Quantos anos você tem? Dezesseis, dezessete?Michael sai rindo, balançando a cabeça enquanto nos deixa sozinhos. Eduardo me encara com raiva, seu rosto se contorcendo de indignação.— É tudo culpa sua, — Ele diz, a voz carregada de emoção. — Você apareceu como uma ninfa levada dos contos de fadas, me levando à loucura, virando meu mundo de cabeça para baixo. — Eduardo fala exaltado, cada palavra carregada de intensidade. — Você me enlouquece, não sai da minha cabeça.— Eduardo, — Tento falar, mas ele levanta a mão, pedindo silêncio.— Deixe-me falar. — Ele me empurra gentilmente con
StellaEu nunca tinha me sentido tão humilhada. Meu pai passou de todos os limites possíveis e impossíveis hoje. Se não fosse pelo Eduardo, ele teria me batido pela primeira vez, e bem no meio do hospital, com todos assistindo de camarote. Devido ao meu transplante, eu conhecia os funcionários fixos, o que tornaria tudo ainda mais vergonhoso. Os olhos dos enfermeiros que me conheciam bem se arregalaram, incrédulos, enquanto o som da voz irada do meu pai ecoava pelos corredores brancos e estéreis.Eduardo interveio no momento exato, sua presença firme e protetora foi a única coisa que impediu o pior de acontecer. Ele se colocou entre mim e meu pai, segurando-o pelo braço e, com uma calma que parecia inabalável. Como não se apaixonar por ele?A vergonha queimava meu rosto, uma mistura de raiva e humilhação. As lágrimas rolavam por meu rosto, e no meu olhar dizia o quanto estava decepcionado com meu pai. Os funcionários, os pacientes, todos pareciam congelados, presos a um cenário típico
EduardoÉ tão difícil vê-la tão vulnerável assim. Ela sempre foi tão topetuda, nunca levando desaforo para casa, enfrentando qualquer desafio com coragem. Ver aquela força se desmoronar diante do pai, ou até mesmo agora, em silêncio, quietinha com a cabeça em meu ombro, é doloroso. Sinto seu corpo tremendo levemente, como se a cada respiração ela tentasse segurar as peças de si mesma que ainda não se despedaçaram.Eu nunca a vi assim antes. Sua bravura sempre foi sua armadura, uma proteção que ela usava contra mim e o mundo. Mas agora, essa armadura estava rachada, expondo uma fragilidade que ela raramente deixava transparecer. Tento ser uma presença firme, um porto seguro em meio ao caos, mas a verdade é que minha própria dor ecoa por cada parte do meu ser. Estar no hospital me faz lembrar do acidente, da Savanna. A dor da saudade ainda é grande. Cada corredor, cada cheiro de desinfectante, traz de volta memórias vívidas daquele dia. É como se o tempo tivesse parado, deixando-me pres
Eduardo Chegamos a um bairro mais humilde, mas bem organizado, limpo e não muito longe do hospital.— Minha casa é aquela, ao lado da oficina. — Ela diz apontando para uma casa sobrado na cor laranja.— Muito linda a casa dos seus pais. — Ela revira os olhos, eu digo: — O quê? Achei bonita mesmo. — Sua amiga ri do banco de trás.— Gente fico por aqui também, amiga está com a sua chave? — Estou, sim, obrigada! Daqui a pouco eu vou. — Ela pisca e sai do veículo luxuoso do Eduardo.— Fica comigo no hotel. — Digo saindo do veículo atrás dela.— Aqui é cidade pequena, logo estarão todos falando.— Foda-se todos, quero estar com você. — Ao dizer isso, ele me puxa para um beijo. Correspondo por um tempo, depois afasto rindo.— Seu louco, o que vão dizer? — Ele me abraça por trás e diz em meu ouvido — Que seu namorado é gato e gostoso. — Ela solta uma gargalhada e diz:— E convencido também. — Ela abre a porta ainda sorrindo e diz: — Fica à vontade, eu só vou ao meu quarto rapidinho.Stella
StellaA compreensão de Eduardo foi muito importante para mim, mostrando que ele me respeita e se preocupa comigo de verdade. Confesso que foi difícil tomar banho com ele, ainda mais quando ele passou o sabonete pelo meu corpo. Foi uma tortura deliciosa. Ao mesmo tempo que eu queria me entregar a ele, minha mente estava em meu irmão. Quero que minha primeira vez seja perfeita.Ele foi incrivelmente cuidadoso. Depois do banho, ajudou-me a secar os cabelos e me fez deitar em seu peito, fazendo cafuné na minha cabeça até que eu adormecesse sem perceber.Acordo assustada com o celular tocando. Atendo sem ver, meio sonolenta:“Alô!”“Oi Stella, estou ligando para saber se está bem, ontem você não voltou”. — Diz Matteo.Vou me levantar para não atrapalhar o sono de Eduardo, mas ele segura meu braço e me puxa novamente para a cama. Sorrio e respondo:“Desculpa, oi Matteo, estava conversando com Edu, quando minha amiga ligou, dizendo que meu irmão estava no hospital. Fiquei muito preocupada e
Stella— Toc, toc, posso atrapalhar o casal? — brinco ao entrar no quarto do meu irmão.— Sabe que você nunca atrapalha, maninha! — Léo responde com carinho.— Cadê sua sombra? — Emma brinca, fazendo Léo franzir o cenho em uma expressão exagerada de irritação e ciúme.— Desembucha. — Digo, já prevendo o que ele quer perguntar, mas tentando manter o tom leve.— O que aconteceu com o babaca, escroto, idiota do seu chefe? — Solto uma gargalhada, acompanhada por Emma. Tentamos nos acalmar diante da expressão séria dele, que continua: — Ele é mais velho.Mordo a bochecha, um hábito que tenho quando estou nervosa, e sinto os olhos começarem a lacrimejar. Minha mente volta aos momentos que passei com Eduardo, os altos e baixos, os sorrisos escondidos e as palavras duras.— Talvez um pouco — admito, minha voz trêmula, revelando a vulnerabilidade que guardava. — Acho que me peguei apaixonada assim que pus os olhos nele, mesmo que naquele momento ele tenha sido um perfeito idiota. — um sorriso