Stella— Você está bem? — Pergunto, tocando suavemente na sua boca, que sangrava. Pego uma camiseta em minha bolsa e pressiono sobre o machucado.— Está doendo. — Ele reclama, estremecendo quando aperto. Seus olhos estão sombrios, refletindo a frustração e a dor.— Tem que doer mesmo, — Retruco, tentando esconder minha preocupação por trás de uma expressão severa. — O que deu na sua cabeça de brigar assim? Quantos anos você tem? Dezesseis, dezessete?Michael sai rindo, balançando a cabeça enquanto nos deixa sozinhos. Eduardo me encara com raiva, seu rosto se contorcendo de indignação.— É tudo culpa sua, — Ele diz, a voz carregada de emoção. — Você apareceu como uma ninfa levada dos contos de fadas, me levando à loucura, virando meu mundo de cabeça para baixo. — Eduardo fala exaltado, cada palavra carregada de intensidade. — Você me enlouquece, não sai da minha cabeça.— Eduardo, — Tento falar, mas ele levanta a mão, pedindo silêncio.— Deixe-me falar. — Ele me empurra gentilmente con
StellaEu nunca tinha me sentido tão humilhada. Meu pai passou de todos os limites possíveis e impossíveis hoje. Se não fosse pelo Eduardo, ele teria me batido pela primeira vez, e bem no meio do hospital, com todos assistindo de camarote. Devido ao meu transplante, eu conhecia os funcionários fixos, o que tornaria tudo ainda mais vergonhoso. Os olhos dos enfermeiros que me conheciam bem se arregalaram, incrédulos, enquanto o som da voz irada do meu pai ecoava pelos corredores brancos e estéreis.Eduardo interveio no momento exato, sua presença firme e protetora foi a única coisa que impediu o pior de acontecer. Ele se colocou entre mim e meu pai, segurando-o pelo braço e, com uma calma que parecia inabalável. Como não se apaixonar por ele?A vergonha queimava meu rosto, uma mistura de raiva e humilhação. As lágrimas rolavam por meu rosto, e no meu olhar dizia o quanto estava decepcionado com meu pai. Os funcionários, os pacientes, todos pareciam congelados, presos a um cenário típico
EduardoÉ tão difícil vê-la tão vulnerável assim. Ela sempre foi tão topetuda, nunca levando desaforo para casa, enfrentando qualquer desafio com coragem. Ver aquela força se desmoronar diante do pai, ou até mesmo agora, em silêncio, quietinha com a cabeça em meu ombro, é doloroso. Sinto seu corpo tremendo levemente, como se a cada respiração ela tentasse segurar as peças de si mesma que ainda não se despedaçaram.Eu nunca a vi assim antes. Sua bravura sempre foi sua armadura, uma proteção que ela usava contra mim e o mundo. Mas agora, essa armadura estava rachada, expondo uma fragilidade que ela raramente deixava transparecer. Tento ser uma presença firme, um porto seguro em meio ao caos, mas a verdade é que minha própria dor ecoa por cada parte do meu ser. Estar no hospital me faz lembrar do acidente, da Savanna. A dor da saudade ainda é grande. Cada corredor, cada cheiro de desinfectante, traz de volta memórias vívidas daquele dia. É como se o tempo tivesse parado, deixando-me pres
Eduardo Chegamos a um bairro mais humilde, mas bem organizado, limpo e não muito longe do hospital.— Minha casa é aquela, ao lado da oficina. — Ela diz apontando para uma casa sobrado na cor laranja.— Muito linda a casa dos seus pais. — Ela revira os olhos, eu digo: — O quê? Achei bonita mesmo. — Sua amiga ri do banco de trás.— Gente fico por aqui também, amiga está com a sua chave? — Estou, sim, obrigada! Daqui a pouco eu vou. — Ela pisca e sai do veículo luxuoso do Eduardo.— Fica comigo no hotel. — Digo saindo do veículo atrás dela.— Aqui é cidade pequena, logo estarão todos falando.— Foda-se todos, quero estar com você. — Ao dizer isso, ele me puxa para um beijo. Correspondo por um tempo, depois afasto rindo.— Seu louco, o que vão dizer? — Ele me abraça por trás e diz em meu ouvido — Que seu namorado é gato e gostoso. — Ela solta uma gargalhada e diz:— E convencido também. — Ela abre a porta ainda sorrindo e diz: — Fica à vontade, eu só vou ao meu quarto rapidinho.Stella
StellaA compreensão de Eduardo foi muito importante para mim, mostrando que ele me respeita e se preocupa comigo de verdade. Confesso que foi difícil tomar banho com ele, ainda mais quando ele passou o sabonete pelo meu corpo. Foi uma tortura deliciosa. Ao mesmo tempo que eu queria me entregar a ele, minha mente estava em meu irmão. Quero que minha primeira vez seja perfeita.Ele foi incrivelmente cuidadoso. Depois do banho, ajudou-me a secar os cabelos e me fez deitar em seu peito, fazendo cafuné na minha cabeça até que eu adormecesse sem perceber.Acordo assustada com o celular tocando. Atendo sem ver, meio sonolenta:“Alô!”“Oi Stella, estou ligando para saber se está bem, ontem você não voltou”. — Diz Matteo.Vou me levantar para não atrapalhar o sono de Eduardo, mas ele segura meu braço e me puxa novamente para a cama. Sorrio e respondo:“Desculpa, oi Matteo, estava conversando com Edu, quando minha amiga ligou, dizendo que meu irmão estava no hospital. Fiquei muito preocupada e
Stella— Toc, toc, posso atrapalhar o casal? — brinco ao entrar no quarto do meu irmão.— Sabe que você nunca atrapalha, maninha! — Léo responde com carinho.— Cadê sua sombra? — Emma brinca, fazendo Léo franzir o cenho em uma expressão exagerada de irritação e ciúme.— Desembucha. — Digo, já prevendo o que ele quer perguntar, mas tentando manter o tom leve.— O que aconteceu com o babaca, escroto, idiota do seu chefe? — Solto uma gargalhada, acompanhada por Emma. Tentamos nos acalmar diante da expressão séria dele, que continua: — Ele é mais velho.Mordo a bochecha, um hábito que tenho quando estou nervosa, e sinto os olhos começarem a lacrimejar. Minha mente volta aos momentos que passei com Eduardo, os altos e baixos, os sorrisos escondidos e as palavras duras.— Talvez um pouco — admito, minha voz trêmula, revelando a vulnerabilidade que guardava. — Acho que me peguei apaixonada assim que pus os olhos nele, mesmo que naquele momento ele tenha sido um perfeito idiota. — um sorriso
StellaSaber que meu irmão está bem, que foi apenas um susto, trouxe um alívio ao meu coração. O peso da preocupação, o pensamento de medo do pior, drenando minhas energias, tanto minha mente quanto do meu corpo.A conversa que tive com ele, no entanto, foi dura. As palavras de meu irmão ecoaram em minha mente, obrigando-me a confrontar verdades que preferia evitar. As dúvidas se infiltraram em meus pensamentos, questionando se ele estava certo. Seria possível que meus sentimentos de Eduardo fossem tão frágeis quanto um castelo de areia?Não queria perguntar, temendo a resposta, mas a necessidade de ouvir da boca de Eduardo o que eu significava para ele tornou-se insuportável. Precisava da sua confirmação, de uma palavra que fosse, para validar minhas esperanças e medos.Quando finalmente o questionei, Eduardo foi vago, suas palavras foram como uma névoa indistinta. Ainda assim, percebi uma centelha de reciprocidade. Assim como eu, ele queria tentar. Talvez fosse a incerteza que nos u
StellaNo dia seguinte acordo com beijos em meu rosto e pescoço, sorrio apreciando o carinho.— Hum, que delícia acordar assim. — Abro os olhos e encontro um Eduardo sorridente.— Acorda dorminhoca, precisamos ver o seu irmão.Como se uma chave fosse virada, volto à realidade, onde nada é tão perfeito. Tomamos café da manhã e começo a preparar meu psicológico, não estou pronta para brigar outra vez com meu pai.Nosso café da manhã foi rápido, ele já havia pedido para nos servir no quarto, estava me sentindo uma rainha, nunca fui tão mimada.— Está tudo bem? — Eduardo pergunta quando paro de repente, no meio do corredor do hotel, Richard está parado na porta de entrada, me encarando com uma caixa de papelão nas mãos. Ele caminha até nós, Eduardo me abraça em um sinal claro de “marcar território” e proteção.— Bom dia, Richard! — Digo, ele não responde, apenas me entrega a caixa.— O que tem na caixa? — Eduardo pergunta, tirando-a das minhas mãos.Sei o que tem lá dentro, e de certa for