Capítulo 02

Clara Tommaso

Após um dos meus homens chegar, anunciando que Valentina é a culpada pela morte do Coronel, ex braço direito do meu pai, minha reação foi de choque total. Eu não conseguia acreditar que uma pessoa que confio tanto é a culpada de matar aliados da própria família. Quando entramos para uma organização criminosa, passamos a ser parentes, já que guardamos segredos extremos de todos. Incrédula, pergunto para ela:

 — Valentina? 

— Clara, você não pode acreditar nisso, eu não fiz isso com o Coronel. 

— Valentina, você é a única pessoa com aquele tipo de balística, foi feita sob encomenda, não me diga que devo confiar em você — chateada, assevero.

— Silas, qual foi o dia da morte dele? — ela pergunta para o soldado.

— A perícia não sabe ainda — o homem responde. 

— Descubra isso o quanto antes, e vocês saberão se tenho um álibi ou não. — Valentina tenta se justificar. 

— Lady Red, de acordo? — Rocco interrompe e fala pela primeira vez desde que Marco saiu.

— Sim, serei justa como meu pai, e antes que prove o oposto, Valentina, você será presa. 

— Clara, eu sou sua melhor amiga — debate.

— Minha posição não me permite me dar ao luxo de confiar em todos, Valentina, espero que entenda — argumento com frieza.

Viro-me para sair, sei que ela foi com Rocco. Valentina é a única em quem confio, mas tudo a incrimina. Agora posso entender um pouco o tratado de meu pai com Marco Cesare, foi por medo das traições. Subo para o escritório, afinal, preciso ver como a contabilidade está. Entro e passo toda a tarde lendo o livro de contabilidade, sinto meu corpo exausto, até que um envelope cai do livro, chamando a minha atenção. 

— O que é isso? Tem o meu nome. — Imediatamente começo a ler, comprovando ser do meu pai. 

“Querida Clara, espero que não esteja magoada com o tratado dos Cesare, sei que você achará essa carta logo. Você viverá nesse escritório e aposto que no primeiro dia pegará o livro de contabilidade. Então, deixarei minha defesa aqui, querida, não confie em ninguém, só no Marco Cesare, ele se mostrou digno.” 

— Ah, papai, eles mataram o senhor, os Cesare não prestam, como pode ter feito isso? — Sons de tiros ecoam pela casa, impedindo-me totalmente de continuar lendo.

Rocco entra no escritório assustado como se tivesse visto um fantasma. Ferido, diz:

— Lady Red, precisamos sair daqui, fomos traídos e metade dos homens estão mortos! Infelizmente, não estamos preparados.

— Não sairemos sem lutar! Quem está invadindo? — Levanto e retiro a arma do meu coldre preparada para viver ou viver, não existe outra sugestão. Não acredito, como meu pai previu, os rivais tentaram me derrubar, precisamos ir para os Cesare agora.

— Lady Red, estamos em minoria para sair, lutaremos muito, a casa foi cercada.

— Cadê Valentina? — Olho para ele completamente sem reação. Eu estou sendo traída por alguém próximo. 

— Um dos nossos homens a pegou e levou para os fundos onde os feridos estão.

— Quantos homens restaram? 

— Lady Red, eu não sei, mas eles devem ter mais de cinquenta homens, fora os nossos que se juntaram a eles. 

Não acredito que isso está acontecendo logo hoje.

— Mesmo que fujamos, não teremos outro abrigo além da mansão Tommaso.

— Temos o seu futuro aliado, Marco Cesare.

— Tem razão, eu odeio dizer isso, mas ele é a nossa chance. 

Os tiros ficam mais próximos. Rocco, mancando, me olha aflito e fala:

— Se prepare, senão, irão matá-la.

Sustentei minha arma de fogo nas mãos e caminhamos. Se eu dissesse que estou tranquila seria mentira, eu estou assustada e, pela primeira vez, me sentindo humilhada. No decorrer do caminho, alguns homens apareceram e atiraram em nossa direção, eu me escondi de um lado no corredor e Rocco no outro. 

Olhamos um para o outro, ele fez um sinal típico em nossa máfia. Um código de dois estalos nos dedos. Quando conto até três na mão esquerda, Rocco e eu andamos em zigue-zague, ele por cima e eu por baixo, enquanto atiramos juntos na direção dos homens, conseguindo matá-los. 

Sem nos importar com uma possível morte, lutamos contra alguns infelizes no caminho. Minhas roupas estão manchadas de sangue e Rocco já está fraco com dois tiros que levou, um na perna e outro nas costas, de raspão. Conseguimos sair depois de um tempo, pelos fundos da mansão, mas agora precisamos enfrentar a floresta e chegar no território de Marco.

— Lady Red, tem dezessete feridos, fomos pegos de surpresa, o resto dos homens morreram ou se aliaram aos invasores.

Ele tem razão, com certeza alguém passou informações sobre nossa segurança. Nossa última chance é ir até Marco.

— Então vamos, Rocco. Vamos, homens! Lutem até o fim, iremos até o território Cesare, eles nos darão abrigo. — Rocco concorda com a cabeça. 

Seguimos escondidos pela mata, odeio fugir, mas não tivemos tempo para estruturar a defesa. Seguro com força minha arma, pronta para qualquer combate, mesmo sentindo meu peito pular, como um terremoto. 

……………

Assim que chegamos perto, eu decido ir sozinha, na frente, para não arriscar mais vidas, chamo pelo interfone ao lado do portão, e não demora até que o mesmo abrisse. Marco corre em minha direção, espantado, e pergunta:

— O que aconteceu? Quem fez isso com você? — Os punhos dele se fecham com força e os olhos ficam vermelhos conforme me olha de cima a baixo, buscando qualquer ferimento.

— Isso tem importância para você?

— Se casará comigo, então tudo que for relacionado a você é importante para mim.

— Emboscada — ainda chocada com suas palavras, respondo com a voz baixa.

— Emboscada? Quem fez? — Contrai a mandíbula.

— Marco, invadiram o meu território e dizimaram metade dos meus homens, só restou dezessete e estão feridos. 

— Chame seus homens, você tem minha proteção e garanto que descobriremos quem invadiu sua casa. 

— Quero a cabeça dessa pessoa e faço questão de arrancá-la desse indivíduo — exijo.

Guardo a arma no coldre, acompanhada de Marco, chamo os meus homens que entram na mansão cabisbaixos, humilhados. Meu primeiro dia como líder dos Tommaso e já sou derrotada, agora precisando de favores do maior inimigo da nossa máfia. 

— Separem quartos e chamem médicos para todos — Marco ordena para um dos seus homens.

— Lady Red, não queremos ficar nessa casa, preferimos o jardim — Rocco afirma e os outros homens confirmam com as cabeças. 

— Estão feridos, preferem uma infecção? Já não se humilharam vindo até aqui? Serei seu senhor em breve — Marco discute.

— Marco, ainda conversaremos, por enquanto, queremos um médico e ficaremos no seu jardim — interrompo-o.

— Sendo assim, Iago, chame médicos. Andrey, leve os homens da Clara para o lado das árvores. — Após terminar de falar, Marco me puxa para longe de todos.

— Quem pensa que é? — Puxo meu braço de sua mão.

— Por que me procurou? — Marco me observa atentamente.

— Nem eu mesma sei, acredito que essa carta do meu pai seja o motivo. — Entrego a carta para ele, que agora está suja de sangue pelo meu combate, além de amassada. 

Marco abre e lê, pelo que percebo em seu silêncio, o começo da carta, fecha e suspira ao me olhar, perguntando:

— Vamos para dentro para conversarmos. Você já leu?

— Não, estava lendo quando invadiram minha casa. Confesso que precisarei ler com mais calma. 

Ele faz sinal para que eu passe na frente, caminhamos juntos em silêncio até a mansão dele, que tem preto como principal cor e leves tons de branco. Para confirmar minha observação, entramos na sala branca com grandes janelas de vidro e os móveis todos em tons cinza. Na escuridão do ambiente, só uma poltrona está iluminada. Embora seja uma luz amarela fraca, observo um homem sentado pela sua estatura máscula, quando a voz grave ecoa no ambiente: 

— Ora, ora, se não é a famosa Lady Red. — J**a o livro na mesa, levanta-se mostrando sua forma verdadeira na luz quando acende todo o ambiente. O homem está com a camisa social branca aberta exibindo seu peitoral definido. Conforme meus olhos sobem seu corpo, o seu sorriso no canto da boca me trava inteira. Os olhos brilhantes são o motivo para que me sinta hipnotizada, eu já ouvi sobre ele, mas nunca o vira.

— Magno Cesare, o famoso leão negro. Não nos conhecemos, mas como sabe quem eu sou? 

Sinto o Marco enrijecer ao meu lado. Olho, disfarçando, de soslaio para ver sua reação e noto sua presença de macho alfa irritada. 

— Isso mesmo, ao seu dispor, Bella. — Com passos firmes, Magno se aproxima de mim e pega minha mão, beijando os nós dos meus dedos, enquanto seus olhos fitam os meus. — Eu sei de tudo que me soa interessante, e ao analisá-la notei a presença de vermelho por todo o seu corpo, uma parte pelo vestido e outra pelas manchas de sangue de algum desafortunado que cruzou o seu caminho.

— Você voltou. — A voz de Marco brada por todo o ambiente.

— Parece que não se sente bem com minha presença, Fratello. 

— Se afaste dela agora. — Essa é a resposta que Marco dá a Magno.

— Senão fará o quê? — Magno se endireita e fita o irmão com sarcasmo.

— Irei quebrar seu braço em três partes e fazê-lo engoli-las. — Com uma risada irônica, Marco o provoca. 

— Fratello, não irei roubá-la de você — Magno hesita e me passa um rabo de olho, voltando a falar: —, só se a mesma quiser.

— Certamente, não — Marco responde por mim.

— Não torne isso um desafio, sabe que o jogo fica mais excitante. — Magno arqueia uma sobrancelha para Marco em incitação.

— Que porra deu em você? Sabe que não é páreo para mim! — Marco exclama e endireita a coluna, indo para cima de Magno. 

— É um prazer conhecê-lo — Entro na frente de Marco, que b**e seu peitoral em minhas costas e leva suas mãos a minha cintura, fazendo o meu corpo arrepiar da ponta dos pés até os meus fios de cabelo.

— Você tem uma voz doce, Piccolina. — A voz de Magno me faz voltar para a terra.

— Não sou pequena, nem doce. Você está me confundindo? 

— Aposto que tem muitos bônus extras — Magno desce seus olhos sobre o meu corpo e sinto Marco atrás de mim entrar em combustão —, amo mulheres pequenas.

— Temo desapontá-lo, Fratello, mas Clara casará comigo.

— Você já aceitou se casar com Marco, Clara? — Magno me interroga.

— Eu não disse sim, mas é provável que diga. Infelizmente, estou sem escolhas. 

— Sempre tem uma segunda opção — com um sorriso travesso, Magno afirma.

— Qual é, Magno? Sabe do meu acordo com Tommaso. — Marco aponta para o irmão. — Clara foi prometida a mim.

— Enquanto não houver casamento, Clara não é sua. 

— Vocês estão competindo de quem sou? Olhem aqui, eu não sou propriedade de nenhum de vocês, sou Lady Red, não esqueçam disso. 

— Quer saber de uma coisa? Quando terminar, suba a escada e me procure na última porta do hall. — Com essas palavras, Marco sobe desacompanhado, deixando-me sozinha com Magno.

— Se me der licença, foi um prazer Magno. — Passo por ele, que puxa o meu pulso, parando-me.

— Se eu fosse você, não iria agora. 

— Por quê?

— Marco tem uma surpresa, a encomenda dos Estados Unidos chegou e ele vai se distrair.

— Uma encomenda? — Com os olhos semicerrados, pergunto. 

 — Tenho uma chance com você, Clara? 

— Bambino, não sou inocente. — Dou um leve tapinha em seu peitoral exposto e acabo sendo levada pela tentação de olhar. Magno é gostoso, o que me deixa excitada e me incentiva a provocar.

— Gosta do que vê, Piccolina?

— É interessante, embora já tenha visto melhores. 

— Você me magoou, Piccolina. — Leva a mão ao coração e j**a a cabeça para trás, deixando fugir uma risada gostosa.

— Isso é uma missão impossível, você é Magno Cesare, e não se abala com pouco. 

— Tem razão, caso contrário, estaria morto. 

— Um Bambino muito inteligente.

— Uma Piccolina muito interessante.

— Agora preciso ir ver seu irmão, com licença.

— Já que insiste, é por sua conta e risco.

Ignoro Magno e sigo as instruções de Marco, subo a escada enorme até sair em um grande hall e só por olhar a porta, reconheço a que ele mencionou — uma porta preta e grande, puro exagero —, caminho até e adentro o lugar. O quarto tem uma cama King Size, seguido da roupa de cama em tons brancos com preto, há um espelho ao lado da mesma e uma janela enorme com vista para um labirinto no jardim. 

O som de chuveiro me chama a atenção, mas tem outro murmurinho que me faz seguir as vozes. Levo a minha cabeça até uma das portas, onde acho ter ouvido ruídos e comprovo minha teoria. Era a voz de Marco e de uma mulher.

— Meu senhor, deixe-me aliviar seu estresse.

— Bruna… — Marco chama por seu nome.

Não acredito, eu te mato, Marco Cesare!

Movida pela raiva, tiro minha pistola do coldre e tento abrir a fechadura, que está trancada. Embora nada me pare agora, eu miro na fechadura, atirando certeiro, ela grita pelo susto, e eu entro com tudo apontando minha arma na direção dos dois, ele nu e ela retirando a roupa. 

— Que pouca-vergonha é essa? — irritada, grito.

— Você quer se juntar? — Marco pergunta. 

Com um sorriso nojento, o idiota segura seu membro majestoso, enquanto se ensaboa. Nego mentalmente o foco no seu pênis e olho para ambos. 

— Se eu fosse você, já teria ido embora — ordeno para a puta, que ignora, e continua retirando a camisa, olhando-me com desdém e sorrindo. — Vadia corajosa ou estúpida? — Aproximo-me deles e abro o boxe mirando na puta. — Descobriremos agora o que pessoas filhas da puta merecem. — Atiro de raspão no braço dela, fazendo-a gritar. — Você tem sorte por não ter sido na sua cabeça. Que isso sirva de lição, pois não falo duas vezes, agora desapareça, seu sangue podre suja o solado do meu Christian Louboutin. 

Ela passa por mim chorando e segurando o braço que escorria sangue. Marco me imobiliza sobre o vidro do boxe em uma posição que me faz sentir seu membro nas minhas costas. Como ele estava se preparando para fazer sexo com a puta, seu pênis está ereto. Isso é um gatilho ao meu corpo, que e

nvia um raio até o meio das minhas pernas, deixando úmido. Marco puxa meu cabelo e brada com arrogância no meu ouvido: 

— Você não pode chegar aqui e arrombar meu quarto, nem ferir meus hóspedes, eu sou responsável por todos. Não ouse me desafiar, Clara! 

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