Marco CesareUm ano depois… Chego em casa, cansado, depois de alguns dias longe da minha mulher e dos meu filhos por motivos de trabalho, não vejo a hora de vê-los. Afrouxo a gravata assim que entro na sala, a babá está sentada com Riccardo no colo, enquanto Stella engatinha, ela vem até minha direção, pego-a nos braços e beijo a sua testa. — Arabela, cadê minha esposa? — Senhor, ela pediu que eu lhe entregasse isso ao chegar. — Dá para mim um cartão, beijo a cabeça de Riccardo e coloco Stella no quadrado no meio da sala para ler o papel.“Chefão, nós merecemos um momento só nosso, não é verdade?Esses meses foram intensos com duas crianças, mas,ainda assim, conseguimos viver boas memórias.Hoje é um dia para eternizar mais uma dessasmemórias. Me encontre onde tudo começou.Onde a maioria de nossos encontros foram lá.No lugar que purifica nossas almas, na beirade uma nascente de água artificial.”— Clara Tommaso. Não acredito que ela preparou algo para a nossa noite, mas faço
EpílogoQuatro anos depois…Clara Tommaso Sento perto de Marco na toalha quadrangular que trouxemos para um piquenique no quintal, é o programa que as crianças mais gostam. Deito a minha cabeça no ombro do meu marido e ele sussurra: — Amo meus filhos, mas preferia estar no quarto agora, com você embaixo de mim! — Não cansa de ser safado! — Dou um tapa no braço dele que logo sorri. — Mamãe, pode ler para mim? — Stella se aproxima segurando um livro nas mãos, o sorriso tímido e os olhos brilhantes fazem qualquer um de nós ler para ela. Sempre muito meiga, adora o verde, combina com seus olhos verde-esmeralda. — Claro que sim, senta aqui, qual é esse livro? — Ela senta ao meu lado com um sorriso de agradecimento, acaricio seu cabelo negro curto, Stella é decidida, ela escolhe o próprio corte de cabelo, Channel com franja, tem um ótimo gosto, esse estilo de cabelo realça sua beleza, cada dia que passa, mais se parece conosco. — É o livro Mamma Mia, de Ricardo Dreguer, é sobre um
Clara TommasoLondres, 20 de janeiro de 2020 Agora sei o que significa o ditado “lobo em pele de cordeiro”. Para ser honesta, descobri da pior forma possível. O amor da minha vida, um crápula nojento, por ganância matou o próprio filho no meu ventre. Sou princesa em uma máfia italiana, e minha primeira missão é matar um agente da MI6, conhecido como Jack Brow, mas como qualquer jovem imatura, apaixonei-me e entreguei-me inteiramente para o maldito policial. Temos regras claras de não ter envolvimento emocional com nenhum verme fardado. Presa e entregue a escuridão em uma cela nos esgotos de Londres é a minha condição atual, embora, com essa lição, eu tenha aprendido a nunca confiar em alguém. E se eu sair daqui viva, pode ter certeza que serei o pesadelo de quem cruzar o meu caminho. Solitária, desnutrida e sem esperança, seria uma forma até tranquila de me descrever, entretanto, estou aqui há três meses, com comida regrada: um pão seco e, algumas vezes, arroz puro. Por semana, rec
Clara TommasoItália, 20 de abril de 2023.Dias atuais.Com certeza você não me conhece, ou quem saiba já tenha ouvido o meu nome, embora nunca tenha se aprofundado realmente na minha história. Sinta-se honrado, pois irei te contar todos os detalhes, dos mais leves ao mais obscuro do motivo que me tornei Lady Red, a assassina mais implacável de toda a Itália. Antes de tudo, eu adoro vermelho, isso me lembra o sangue dos meus inimigos manchados em minhas roupas sempre que tomo a frente de um crime. Ganhei um poder inigualável durante três anos, hoje posso dizer que esse poder duplicou, mas estou infeliz em frente ao túmulo da pessoa mais importante na minha vida, o meu pai. Dias de luto as pessoas costumam desejar paz ao familiar e usar preto pela dor, porém, comigo difere, estou de vermelho, essa cor me traz a lembrança de que em breve matarei quem o matou. Não sou vingadora, entretanto, quando se trata de quem amo, torno-me uma. Com os olhos repletos de lágrimas eu os fecho para qu
Clara TommasoApós um dos meus homens chegar, anunciando que Valentina é a culpada pela morte do Coronel, ex braço direito do meu pai, minha reação foi de choque total. Eu não conseguia acreditar que uma pessoa que confio tanto é a culpada de matar aliados da própria família. Quando entramos para uma organização criminosa, passamos a ser parentes, já que guardamos segredos extremos de todos. Incrédula, pergunto para ela: — Valentina? — Clara, você não pode acreditar nisso, eu não fiz isso com o Coronel. — Valentina, você é a única pessoa com aquele tipo de balística, foi feita sob encomenda, não me diga que devo confiar em você — chateada, assevero.— Silas, qual foi o dia da morte dele? — ela pergunta para o soldado.— A perícia não sabe ainda — o homem responde. — Descubra isso o quanto antes, e vocês saberão se tenho um álibi ou não. — Valentina tenta se justificar. — Lady Red, de acordo? — Rocco interrompe e fala pela primeira vez desde que Marco saiu.— Sim, serei justa como
Marco CesareSegurando os pulsos com uma mão, e seu cabelo com a outra mão, além do meu corpo imprensado ao seu para imobilizá-la no vidro do boxe. Essa é a posição que me encontro com a mulher mais indomável que já conheci na minha vida. Clara Tommaso, ou melhor, Lady Red. Minha futura noiva. Filha da puta, ficar despido ao lado dela me deixa louco de tesão. Controlei a porra do meu pênis dolorido, buscando forças para não a jogar nesse vidro de perna aberta e introduzir fundo. Clara é tentadora com o seu corpo violino. Não sou músico, mas faria uma canção com suas cordas sensíveis. — Marco, me solta! — exclama enquanto me empurra para longe. — Sou mais forte que você, Clara. — Serás um homem morto quando me soltar! — Acha mesmo que pode me ameaçar? — Viro-a de frente, prendendo seus pulsos com uma de minhas mãos acima da sua cabeça. — Não me desafie! — O que fará? É um canalha agressor de mulher? — Nunca bati em mulher, mas não me tente a fazê-lo uma primeira vez. — Aperto
Clara Tommaso Não contava que Marco defenderia a puta diante dos meus olhos. Essa é a cena que observo. Com uma Magnum 357 apontada para a minha cabeça e os olhos dele que suplicam algo além de ódio, há um brilho estranho por trás de toda aquela melanina verde. Mesmo tentando decifrar aquele véu que se revela em seu olhar, eu me mantenho firme, apontando minha pistola na direção dele. — Baixe essa merda, Clara — ordena. — Sinto decepcioná-lo, mas não cederei, meu desejo é matar essa mulher e assim farei. — Eu não quero começar uma guerra com você, vamos resolver da forma certa, Bruna é minha propriedade, eu resolverei isso. — Que garantia tenho disso? — Tem minha palavra. — Sua palavra não basta, saia da minha frente. — Porra, em vez de você facilitar essa merda, só me revolta mais.— Clara, deixe-me conversar com você. — Magno se mete em nosso meio, ficando agora com as duas armas apontadas para ele. — Não se meta onde não é chamado, Magno. — Estou decidida e quero mostrar
Clara TommasoApós estar melhor, volto para o meu acampamento e converso com alguns dos meus homens, todos estão gravemente feridos, sem condições de combate. Minha outra alternativa é conversar com Valentina. Fui preparada para começar um interrogatório simples. Não sou boa com conversas, mas o que eu sei precisarei usar agora. — Você vai me soltar? — Não, principalmente agora que todos podem ser suspeitos de traição ao meu patrimônio. — Está convencida de que sou eu? — Podem ser todos, não se esqueça de que foi acusada de matar o Coronel. — Clara, não tenho relação alguma com essa morte, você me conhece, acha mesmo que eu sou essa pessoa? Alfonso era meu homem, mataria a única pessoa que conseguiria me dizer o nome do assassino dele? Amei seu pai por anos, quero vingança tanto quanto você. — Palavras não são suficientes. — Clara? — Ouço a voz de Marco me chamando, e nem preciso me virar para ter certeza de que é ele, aquela voz grave já domina os meus neurônios. — O qu