Capítulo 03

Marco Cesare

Segurando os pulsos com uma mão, e seu cabelo com a outra mão, além do meu corpo imprensado ao seu para imobilizá-la no vidro do boxe. Essa é a posição que me encontro com a mulher mais indomável que já conheci na minha vida. Clara Tommaso, ou melhor, Lady Red. Minha futura noiva. Filha da puta, ficar despido ao lado dela me deixa louco de tesão. Controlei a porra do meu pênis dolorido, buscando forças para não a jogar nesse vidro de perna aberta e introduzir fundo. Clara é tentadora com o seu corpo violino. Não sou músico, mas faria uma canção com suas cordas sensíveis. 

 — Marco, me solta! — exclama enquanto me empurra para longe.

 — Sou mais forte que você, Clara. 

 — Serás um homem morto quando me soltar! 

 — Acha mesmo que pode me ameaçar? — Viro-a de frente, prendendo seus pulsos com uma de minhas mãos acima da sua cabeça. — Não me desafie!

 — O que fará? É um canalha agressor de mulher? 

 — Nunca bati em mulher, mas não me tente a fazê-lo uma primeira vez. — Aperto seu maxilar com minha outra mão e aproximo nossos lábios.

 — Se ousar me beijar, irei morder seus lábios com tanta força, que arrancarei um pedaço — ameaça.

— Não me subestime, Clara.

— Te dei autorização para me chamar de Clara? 

— Arrisca-se a me impor regras? Esqueceu que sou o Don da Itália? Me deve respeito! — termino com uma risada amarga.

— Não recebo ordens de Don… — hesita e volta a falar: — crio minhas próprias regras.

— Deixarei que vá, mas não me provoque, me arrependo fácil. — Solto-a, para que eu pegue uma toalha. — Terei uma conversa com você quando estiver de mente calma. 

Enrolo uma toalha em minha cintura e noto seus olhos descerem por meu abdômen. Observo o vestido molhado de Clara, e paro o meu olhar em seus seios com os mamilos pontudos, sinal óbvio de excitação. Dessa vez algo me desperta o interesse e analiso seu corpo da cabeça aos pés. Pelo seu tamanho, concluo que ela tem um metro e cinquenta e cinco.

— Perdeu algo? — Volto a minha atenção ao seu rosto perfeito. Clara tem olhos azuis, que me lembram a imensidão do céu azul no verão. — Ficará me olhando assim? 

 — Me espere no escritório — sem responder suas perguntas, apenas ordeno. 

 — Já disse que não recebo ordens, tem amnésia? — vocifera, explosiva.

 — Então, ficará me olhando despido? 

 — Você se acha tanto, Marco. — Sorri e passa por mim, parando para dizer: — Devolva meu revólver.

 — Você não pode me tratar como seus soldados, estou acima de todos nesta casa. — Com um sorriso amarelo sarcástico, a diaba loira pisa no meu pé com a parte fina do salto. Contorço de dor. — Filha da puta! — Seguro-a e jogo de costas para mim na pia de mármore. — Você me paga. 

Ignoro a dor do meu pé e puxo seus cabelos com agressividade, retificando a m*****a com uma mão sobre seus pulsos novamente. Clara me fita pelo espelho em puro ódio, seus lábios vermelhos levemente abertos sussurram:

— Você está me machucando.

— Que bom, estamos quites.

Clara rebola sobre o contato do meu pau na sua bunda, animando-me na cabeça de baixo. Está me seduzindo! Quando penso com a segunda cabeça as coisas desmoronam. Ela é o Lúcifer! Esqueceram de me avisar que o diabo é mulher.

— Isso não funcionará. — Levo os lábios ao seu ouvido e sussurro: — Sedução é algo que domino muito bem. 

— É? Te desafio a me foder agora — ela geme essas palavras com a voz baixa e manhosa, ainda rebolando sobre nosso atrito. Eu já estou de pau duro. — Me fode, Marco. 

Meu aperto no seu pulso diminui levemente, o que leva Clara a reagir, pegando a pistola que estava na pia, por descuido meu, e se livra da minha imobilização apontando o cano na minha direção. Convencida, profere:

— Pelo visto, domino a sedução muito mais que você. — Dá um passo para frente. — Mulheres conseguem controlar desejos carnais, homens são fracos.

— Abaixa essa porra! — esbravejo.

— Como se sente ao ser derrotado por uma mulher? Esperei esse momento por anos. Estourar seus miolos é um bônus. 

Caminho até parar com o cano encostado no meu peito, e murmuro: 

— Atira. — Clara para de sorrir, intercalando seu olhar entre os meus olhos e o cano da pistola em meu peito. — Mandei atirar, caralho! — Imóveis, um observando o outro calado, levo minha mão esquerda até sua arma e a abaixo: — Claro que não atirará, e sabe por quê? 

— Não pode ter confiança disso, Marco.

— Tenho, pois sou a única pessoa que pode te manter viva, e se me matar, meus homens vão matar você dolorosamente. — Tento abaixar sua pistola, mas ela tem pulso firme, então preciso agir como predador e pôr medo em seu olhar: — Faço questão de pegar o corpo morto do seu pai e fazer horrores com ele.

— Não mexa com o meu pai! — Seus olhos não expressam medo e sim dor em meio às lágrimas. — Isso ainda não acabou, Marco Cesare!

Ela passa por mim e vai embora. Eu sei que o motivo real é ressentir a perda do seu pai e não demonstrar, identifiquei-me quando perdi meu pai em uma emboscada no México, mas vinguei sua morte, e me tornei o maior mafioso da Itália há cerca de seis anos. 

Peguei muito pesado ao falar do pai dela, Clara deve estar sofrendo tanto por dentro. Hoje foram muitas emoções para ela enfrentar. Marco, seu merda!

Saio do banheiro, entrando no closet, pego uma camisa preta e uma calça jeans cinza, visto rapidamente, e organizo os últimos detalhes. Vou em direção ao corredor, desço a escada, e ao chegar na sala me deparo com Clara gritando e ameaçando Bruna, a prostituta do meu irmão. 

— Não ouse brincar comigo, sua imbecil! — Clara grita.

— Já lhe avisei para não se meter com meus convidados. Bruna é protegida por mim! — Interrompo. 

— Que se foda! — Clara tenta passar por mim, mas eu seguro o seu braço.

— Não teste minha paciência, Clara. 

— O que fará? Estou te desafiando, Marco! — Ela arqueia a sobrancelha, o olhar dessa diaba está em puro fogo. 

— Tem sorte que tenho uma promessa ao seu pai, caso contrário, estaria morta e jogada para os leões. 

— Faça! Não se cobre para cumprir uma promessa sem sentido a um defunto. 

— Seu mal é se achar a fodona, mas não é assim. — Solto seu braço e olho para Magno, que faz uma espécie de torniquete em Bruna, caminho até meu armário de bebidas e pego um uísque. — Se ousar tocar em mais alguém, não respondo por mim. — Abro a bebida e levo aos lábios em um longo gole. 

— Sou a dona da porra toda e posso provar. — Clara pega a arma e aponta para Bruna, mas chamo a sua atenção ao jogar a garrafa de uísque a centímetros perto dela. 

— Saia da minha casa antes que um derramamento de sangue ocorra aqui!

— Exijo respeito! — Ela me desafia mais uma vez.

— Respeito? Pelo quê? Não sei o que ainda faz aqui na minha frente. 

— De acordo com nosso tratado, irei me casar contigo, e a regra da Itália é manter uma única mulher.

— Não me ensine as regras que meu pai criou. 

 — Pelo visto sofre de amnésia, por isso irei lembrá-lo.

Respiro fundo, tentando manter a calma, e mentalmente conto vários números para suportar essa mulher. Ela sabe onde me tocar para me deixar na merda.

— Vai para onde seus homens estão, Clara. — Magno interrompe nossa briga.

— Se me casar contigo, nunca deixarei que me toque, pois sinto asco de você. 

Caminho até parar em sua frente, empurro-a na parede e aperto seu pescoço, falando em seguida com a voz grave: 

— Você vai me respeitar, será minha mulher, e te foderei na cama, pois é sua obrigação! Serás minha e garanto que partirá de ti. — Aproximo-me dos seus lábios e carimbo com um selinho.

— Te odeio, Cesare! — Ela cospe no meu rosto, e eu aperto mais sua garganta. 

— Não me desafie, porra. Censuro quem b**e em mulheres, mas se continuar, efetuarei uma exceção. — Limpo o rosto com o braço. Posso sentir meu sangue ferver dentro de mim.

— Irei me vingar lentamente de você, Cesare. — Com dificuldade, ela continua: — Nosso casamento será o portal do seu inferno pessoal. 

— Parem com isso. — Magno toca em meu ombro. — O que está feito, está! Marco, deixe Clara ir.

Solto-a, que imediatamente leva a mão ao pescoço, tossindo, com os olhos marejados pelo esforço para retomar o ar que tirei dela. Magno tenta prestar suporte, mas Clara nega com a cabeça. Fria, calculista, assassina, indomável, estrategista, ambiciosa, determinada e terrorista. É assim que Clara é conhecida na Itália e por isso a escolhi, primeiro por ser obcecado por ela, e segundo por precisar de uma mulher forte para ser esposa do Don da Itália.

— Clara, volte para onde seus homens estão e dentro de minutos chegarei lá. — Magno é meu consigliere e sabe o que faz. 

Confesso que estou em puro ódio agora, preciso manter distância, caso contrário, posso matá-la e me arrepender amargamente. Matar Clara é um desperdício. Ela me ignora e sai da sala ainda com dificuldade para respirar. Não queria ter sido rude, mas foi necessário. Olho para Bruna chorando no sofá e depois para Magno. Falo apontando para a mulher no sofá:

— Providencie uma solução para isso. — E volto a subir a escada. 

…………….

Em meu quarto, olho pela janela para onde os homens de Clara fazem uma fogueira. Idiotas, podiam ficar no conforto da mansão. Pego meu celular e digito o número de um dos meus melhores soldados. Não demora e ele atende a minha ligação. 

“ — Senhor?”

— Isaías, descubra quem invadiu a mansão Tommaso.

“ — A casa dos Tommaso foi invadida?”

— Não, apenas pensei alto. 

“ — Quer invadir a mansão Tommaso, senhor?”

— Você é um bom assassino, mas demora a captar as coisas, acho bom resolver isso antes que eu arranque seu cérebro. Se eu disse que preciso descobrir quem invadiu, obviamente significa que aconteceu. 

“ — Desculpe, senhor. Amanhã trarei respostas.”

Desligo a chamada, respiro fundo, fecho os olhos, e permito que o vento da noite me penetre. Cortando minha concentração de paz, ouço som de tiros vindos do jardim. Filhos da puta! Estão invadindo minha casa? Saco da minha cintura o meu 357 Magnum e vou para os jardins, preparado para combate. 

…………………

Quando chego na porta, a cena na minha frente faz meu coração pular em desespero. Rocco serve de escudo para Clara, enquanto Bruna descarrega uma 38 na direção deles. Assim que os disparos se cessam, Clara aponta a arma dela em direção a Bruna. Se eu deixá-la fazer o que quiser na minha casa, vou parecer fraco. Essa notícia irá se espalhar e boatos sobre mim surgirão por toda a Sicília. Tomo a frente de Bruna e tento parar Clara.

— Sai da frente, Marco, eu irei matar essa desgraçada.

— Não posso permitir isso em meu território, Bruna é minha propriedade, eu resolvo isso.

— Eu mandei você sair da minha frente!

— Não sairei, Clara.

— Então vai morrer com ela. — Mira a arma para a minha cabeça. 

— Foda-se! — Aponto o meu revólver para ela na mesma intensidade. Se eu deixar Clara no comando, serei um alvo fácil para os inimigos dela.

Porra, Clara, devia ceder e parar de arrumar guerra comigo.

— Fez sua escolha, Marco, olho por olho!

— Dente por dente! — Mantenho-me firme diante de sua afronta.

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