Clara Tommaso
Após estar melhor, volto para o meu acampamento e converso com alguns dos meus homens, todos estão gravemente feridos, sem condições de combate. Minha outra alternativa é conversar com Valentina. Fui preparada para começar um interrogatório simples. Não sou boa com conversas, mas o que eu sei precisarei usar agora.
— Você vai me soltar?
— Não, principalmente agora que todos podem ser suspeitos de traição ao meu patrimônio.
— Está convencida de que sou eu?
— Podem ser todos, não se esqueça de que foi acusada de matar o Coronel.
— Clara, não tenho relação alguma com essa morte, você me conhece, acha mesmo que eu sou essa pessoa? Alfonso era meu homem, mataria a única pessoa que conseguiria me dizer o nome do assassino dele? Amei seu pai por anos, quero vingança tanto quanto você.
— Palavras não são suficientes.
— Clara? — Ouço a voz de Marco me chamando, e nem preciso me virar para ter certeza de que é ele, aquela voz grave já domina os meus neurônios.
— O que deseja?
— Precisamos conversar.
— Não temos nada para conversar, Marco. — Viro para ele, estressada.
— Sabe que temos, deixe de orgulho e vamos conversar imediatamente — Ele dá dois passos em minha direção, entretanto não conta com todos os meus homens se levantando com dificuldade e apontando armas para o mesmo. Deixo um sorriso convencido escapar. — Abaixem essas merdas agora!
— Parece que quem está em desvantagens agora é você, Marco.
— Eu ordenei que abaixassem as armas, serei seu senhor em poucos dias e não vão querer os seus nomes no meu livro de mortes. — Meus homens abaixam as armas. No fim, estão cansados de combater por hora. Marco se aproxima de mim e segura meu braço, puxando-me para longe de todos.
— Me solta! — Puxo o meu braço da mão dele, mas é em vão, ele me pega pelo ombro, carregando-me para o mesmo bosque que eu estava anteriormente. Bato nas costas de Marco, que parece nem sentir. — Eu mandei me soltar, Marco! Me ponha no chão agora!
— Está feito! — Coloca-me no chão assim que chegamos na mesma nascente de água que eu estava minutos atrás.
— Qual é o seu problema?
— Quero conversar algo importante. Primeiramente, por que a Valentina está presa?
— Isso não te diz respeito.
— Tudo sobre você me diz respeito, então, para que nossa aliança funcione, me responda!
— Não tenho obrigações de te contar nada… embora ela esteja presa por ser a suspeita de matar o Coronel.
— O Coronel está morto? — com a boca entreaberta, interroga.
— Sim, descobrimos hoje.
— Que dia de merda você teve. Como se sente em relação à perda do seu pai?
— O que é isso? Vai ficar se mantendo como o bom herói? Não preciso ser salva, Marco.
— Será que não consegue resolver as coisas como uma adulta de verdade? Tudo contigo é gritando, respondendo como uma criança mimada e chata. As coisas não giram ao seu redor.
— Não estou disponível para falar com um homem que acoberta uma mulher que tentou me matar, ou que vive ameaçando me matar. — Passo por ele irritada com essa conversa sem nexo. Marco quer algo mais, e eu não darei nada a esse homem. — Boa noite.
— Não te autorizei sair. — Ele segura meu pulso com força.
— Preciso lembrá-lo que não preciso de sua autorização?
— Deixa de ser teimosa, mulher! — Mais uma vez ele está estressado e aperta meu braço, sem paciência. Empurro Marco e saio de onde estamos juntos, e não demora para que ele segure meu pulso. Agindo por impulso, levo a minha palma da mão na sua face, no lado esquerdo. Foi tão forte, que minha mão está ardendo. — Você me deu um tapa?
— Se quiser, dou outro para refrescar sua memória. — Sem esperar, ele me derruba no chão e monta em cima do meu corpo, prendendo meus pulsos acima da minha cabeça.
— Não deixarei barato, Clara, ninguém nunca ousou fazer isso.
— Para tudo existe uma primeira vez, Marco. Agora, me solte, ou irá se arrepender quando eu der uma joelhada em seus testículos.
— Como ousa me desafiar?
Eu amo o jogo de manipulação e provocação, Marco já caiu antes em minhas investidas, quem sabe se eu fizer novamente, ele não volte a cair? Desço meu olhar para focar em sua boca. Ele desce mais um pouco o corpo e aproxima nossos lábios, que ficam a poucos centímetros de distância. Um choque envolve todo o meu corpo, um colar dourado sai da camisa dele e b**e em meus lábios, sinto o pequeno pingente gelado, chupo, e ele observa em silêncio. Marco está excitado, é a minha chance de comandar a situação, então retiro o pingente da minha boca e provoco:
— Seja homem e me foda aqui e agora.
— Se eu jogar seu jogo irá perder, pare de me provocar, não vai funcionar — sussurra sobre meus lábios, o hálito dele é de uísque, porém, boamente, um sinal claro que ele bebeu antes de me ver.
— Fraco!
— Cansei, irei te beijar de forma que me pedirá para te comer aqui mesmo. — Com a mão dele que está livre, acaricia um dos meus seios, seus olhos estão com um brilho sensual, e como prometido, ele une nossos lábios para um beijo.
Clara TommasoMantenho minha boca selada, como se estivesse colada com super-bond, ele se afasta e prende nossos olhos. Pela primeira vez, eu o desejo intensamente e temo não suportar essa tensão que cada momento como esse surge ao nosso redor. Sussurro:— Marco…— Diga.— Se tentar algo comigo, será forçado.— Não sou esse tipo de homem. — Levanta de cima de mim, atordoado. — Me desculpe, isso… eu… desculpe, Clara.— Desculpa? — Vendo seu estado de confusão, aproveito a oportunidade para tentar obter respostas. — Está com a consciência pesada por algo que fez?— Você quer insinuar algo com isso? — Para com a testa levemente enrugada, enquanto me analisa.— Não devia ser o tipo de homem que pede perdão. Sua consciência pesa por algo que fez?— Você está enganada, eu não pedi perdão, pelo contrário, pedi desculpas por agir como um crápula. Pedir perdão é assumir culpa, pedir desculpas significa sem culpa, ou seja, não preciso ser perdoado.— Ok, você está certo.— Queria que eu estives
Clara Tommaso — Ele é tudo que tem? — com a voz grave, me interroga, um sinal de que está chateado. — Isso te chateia, Marco? — Pare de responder minhas perguntas com mais perguntas.— Então faça suas perguntas direito… — Levanto brutalmente e jogo o seu pé para longe, Marco geme e se levanta para me encarar olho a olho.— Responda o que perguntei.— Sim, ele é tudo que tenho. Não vai tocá-lo, entendeu?— Me perguntou se isso me chateia, e a resposta é: profundamente. Quem abriu as portas para você e sua escória fui eu. — Escória? Se sou tão inferior a você, por que ainda me mantém aqui com a minha escória?— Você é nobre, Clara, me expliquei errado. — Eu tenho o sangue dos meus homens, Marco, ofendê-los também me ofende. — Você está certa, temo de precisar ir embora, antes que essa conversa evolua para uma nova briga inútil. Só se lembre de algo: não sou seu inimigo. Sabe onde me encontrar.— Devia se arrepender por falar isso. Eu te considero meu maior inimigo.— Não posso mud
Marco Cesare O dia anterior foi um tanto dramático, então pedi aos deuses para que esse fosse tranquilo. Preciso ver como a fera está, além de que preciso pegar roupas para tomar banho, não sei se ela está na minha cama, ou se já está no acampamento cercada de homens. Ela não cede rápido, mas essa noite eu vi um lado diferente. Digamos que ela sempre seja 100% carrasca, entretanto, ontem diminuiu um pouco, ficou 98% apenas. Ela odiou quando a chamei de Lady Red. Pego-me rindo da reação dela. Testa enrugada, olhar magoado. Bem, vou ver se a respondona acordou. Fui em direção ao meu quarto, e assim que seguro a fechadura para abrir a porta, Magno me para com sua voz irônica: — Estou enganado, ou dormiu em outro quarto? — Clara dormiu no meu, acabei ficando com outro quarto. — Não esperava que ela aceitasse ficar na mansão, ainda mais na sua cama. — Ela vai dividir essa cama comigo por anos, Magno, qual é a surpresa disso? — Quando olho para ela, apenas vejo o ódio que sente por v
Clara Tommaso— Hoje pode ficar com sua cama, irei dormir no acampamento, já descansei o suficiente aqui. — Tome café da manhã comigo. — Irei comer com meus homens. — Pego um roupão que está em uma poltrona e me enrolo nele, cobrindo meu corpo. Olho em volta do quarto para ver se nada esqueci, embora esteja tudo certo. — Te vejo por aí…— Continua teimosa e duvidando de mim? — Perdão? — Está com a consciência pesada? — Como é que é? — Ontem me disse que eu estava com peso na consciência por te pedir desculpas, mas expliquei que apenas pedir perdão significa que tem algo além… recorda? — Não estou com peso na consciência, só pedi perdão por não compreender o que quis dizer.— Está com a consciência pesada, o que fez? Suspiro, irritada, ele continuará insistindo, então me encorajo a dizer:— Ouvi água caindo, segui o barulho até o banheiro e espiei você tomar banho. Satisfeito? — Você o quê? — Gargalha e joga a cabeça para trás enquanto debocha de mim. — Se estava querendo me v
Clara Tommaso— Estou cansada, preciso ir dormir. — Se isso te encorajar a dizer que me quer tanto quanto eu a quero, então, que seja, estou apaixonado por você, e se esse beijo que deu nele foi pensando em mim, admiro demais sua força. Para um homem é difícil aceitar uma mulher independente, embora eu esteja disposto a ser seu submisso. — De onde tirou que eu beijei Marco pensando em você? — O beijou com tanta fervura, e no final chamou meu nome. — Merda! Estava tão desorientada, que nem lembrava desse detalhe. — Não tenho estômago para isso agora. Boa noite. — Homem demais para minha cabeça raciocinar. Jack foi o único homem na minha vida, depois dele eu não quis mais nenhum. Privei minha vida e me dediquei a mim. Isso com Marco é só carência, sexo é bom, me satisfazer sozinha é bom, mas ter outra pessoa é melhor ainda. Arranque esse sujeito fora do seu coração, Clara. Vou para a minha tenda, sento na minha cama de palha improvisada e depois deito e fecho os olhos, tocando meu
Marco Cesare Clara sai do meu escritório sem nem me olhar, essa foi a pior noite da minha vida, beijar uma mulher e depois ouvi-la dizer o nome de outro homem, é o cúmulo da merda. Agora entendo o beijo ter sido tão intenso, ela me beijou enquanto pensava no idiota, devem ter transado a noite inteira. Levanto e pego um copo, encho de uísque e levo aos lábios, enquanto Magno dá o chilique dele, ignoro qualquer palavra que ele diz, minha cabeça está muito longe para me estressar. — Está me ouvindo? Vai dar nossas terras para uma mulher, que está apaixonada por outro. — Essa frase eu ouço muito bem, deixo o copo de uísque na mesa de madeira e o fito. — Sabe o porquê de ela estar tão chateada em sua presença? Clara não deseja você, o soldado chamado Rocco se declarou para ela, por essa razão está tão aérea. — Meus punhos se fecham com tanta força, posso quebrar qualquer dedo se apertar um pouco mais. — Como sabe disso? — Ela me contou, Marco — com um sorriso arrogante, ele afirma.
Clara Tommaso Durante o dia eu li todas as páginas daquele contrato de casamento, e essas foram as exigências de Marco: 365 dias ao lado dele, todas as terras seriam minhas, precisaria dar um herdeiro para a nossa linhagem, e respeitá-lo, além de casar sobre todas as tradições italianas. Também acrescentou que se houvesse traição de qualquer um de nós dois, seria exilado da nossa organização. Confesso que é um contrato tentador, mas a parte de me deitar com ele para gerar um herdeiro me deixa apreensiva. Não vou me entregar para Marco nem se estiver louca. Tudo que sei sobre sexo aprendi com Jack, e mesmo assim recebi uma decepção em troca de me entregar. Um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. O dia passou como um tsunami, não vi o Chefão em canto nenhum desde o nosso beijo ardente no bosque. Para ser honesta, sinto falta de provocar o escorpião, e o beijo de ontem junto ao de hoje ainda está na minha mente, martelando, como se algo me fizesse ir até ele. Não o procurei, se eu
Clara Tommaso Marco está com uma mão no vidro do boxe e a outra em movimentos bruscos em seu pau. Fecho os olhos completamente embriagada durante toda aquela cena, os gemidos dele me fazem cruzar as pernas e apertá-las para controlar meus impulsos sexuais. Ele levanta a cabeça e olha para o teto, completamente focado em seu prazer matinal, fico feliz que ele está se satisfazendo sozinho, sem uma mulher. Dessa vez eu mato quem se aproximar do meu chefão. — Caralho! — xinga, ofegante. — Essa com certeza foi a melhor que já fiz, não sabia que só dormir ao lado dela me deixaria tão ouriçado, porra, no dia que eu poder foder Clara, nesse dia me sentirei um rei. Seguro um pedaço de tecido da minha camisa e aperto, é impossível negar o desejo que eu tenho por ele, mas não há condições de me entregar a Marco. Pelo menos nem tão cedo, não me sinto preparada para um passo tão grande, ele precisa acender o caminho, pois no escuro sou insegura. Ele volta para o banho e eu, nervosa e ansiosa p