Clara Tommaso
Itália, 20 de abril de 2023.
Dias atuais.
Com certeza você não me conhece, ou quem saiba já tenha ouvido o meu nome, embora nunca tenha se aprofundado realmente na minha história. Sinta-se honrado, pois irei te contar todos os detalhes, dos mais leves ao mais obscuro do motivo que me tornei Lady Red, a assassina mais implacável de toda a Itália. Antes de tudo, eu adoro vermelho, isso me lembra o sangue dos meus inimigos manchados em minhas roupas sempre que tomo a frente de um crime.
Ganhei um poder inigualável durante três anos, hoje posso dizer que esse poder duplicou, mas estou infeliz em frente ao túmulo da pessoa mais importante na minha vida, o meu pai. Dias de luto as pessoas costumam desejar paz ao familiar e usar preto pela dor, porém, comigo difere, estou de vermelho, essa cor me traz a lembrança de que em breve matarei quem o matou. Não sou vingadora, entretanto, quando se trata de quem amo, torno-me uma.
Com os olhos repletos de lágrimas eu os fecho para que nenhuma caia, estou cercada de homens e não posso demonstrar fraqueza. Infelizmente na máfia ser líder ou ter destaque feminino chega a ser uma afronta aos machos alfas, e no que lhe concerne tem um penetrando meus pensamentos, o homem que é meu próximo alvo: Marco Cesare.
Meu pai estava com câncer terminal e deveria ter morrido disso, mas os seus aparelhos respiratórios foram desligados por culpa de alguém. O engraçado dessa história foi o Marco Cesare viver em reuniões com meu pai em seu leito de morte, tornando-o assim o maior suspeito. Abro os olhos e observo os homens ao meu redor e mais uma mulher se destacando, Valentina, amante do meu pai. Tornou-se uma assassina poderosa, embora não chegue aos meus pés; Valentina luta muito melhor, porém sou mais estrategista e uso o poder da mente para sair de zonas proibidas. Ela é alta, parda e seu cabelo ondulado vive preso em um rabo de cavalo, uma mulher que exala beleza. Com o passar dos anos, virou a minha melhor amiga. Com ela posso contar e confiar toda a minha vida.
— Clara, precisamos ir — Rocco sussurra em meu ouvido e viro-me em sua direção com os olhos semicerrados por ele ter me chamado pelo nome.
— Eu te dei autorização para me chamar de Clara? — indago com a voz firme, não posso permitir que eles se aproveitem da situação para montar em cima da minha honra.
— Não, perdão — responde, cabisbaixo.
— Perdão? — Solto uma risada amarga. — Você me pede perdão? Levante a porra da cabeça e me encare! — Vocifero.
— Sim, senhora, eu estou lhe pedindo perdão — envergonhado, afirma.
— Não sussurre comigo, e nem sequer ouse me chamar de Clara, estamos entendidos?
— Sim, senhora.
— Senhora está no céu, me chame de Lady Red, e que isso sirva de exemplo para todos! — Aponto na direção dos outros homens. — Assumo a liderança dos Tommaso hoje e não aceito desrespeito. Sou a nova rainha de nosso território e Valentina será meu braço direito. Sendo assim, todos devem respeito a ela também.
— Obrigada, Lady Red, prometo fazer o meu melhor para chegar à sua altura. — Ela se aproxima e olha para Rocco.
— E se eu ouvir qualquer murmurinho, irei matá-los e dizimar todas as suas gerações futuras. — Examino a multidão ao meu lado em silêncio. — Meu pai foi um líder exemplar e eu prometo ser como ele, passei os últimos anos da minha vida lutando por essa conquista, fui treinada, ganhei respeito. Como vocês sabem, sou ótima no que faço.
— Sim, Lady Red é temida por todo o Continente Europeu — Valentina me interrompe para engrandecer o meu ego.
— Não queiram me enganar, sou muito gentil com os mentirosos, arranco suas línguas e dou para os cachorros saborearem. Meu corpinho perfeito é uma arma letal, não confunda minha aparência para criar um estereótipo de princesa loirinha, pois isso é algo que não sou e já provei para todos que se meteram em meu caminho.
— Não é à toa que grandes mafiosos da Itália querem a Lady Red próxima ou morta. — Valentina exibe mais uma vez minha grandeza.
— Lady Red não significa rainha, mas de hoje em diante a dona dos Tommaso sou eu! E se vocês estão comigo, se preparem para uma guerra, pois vingaremos a perda do nosso líder.
“ — Viva, Lady Red! Viva a rainha da Sicília! Viva!” — a multidão de homens grita ao meu redor com uma euforia digna de confiança.
Olho para Valentina e sorrio sem expressar alegria, e ela sorri de volta concordando com a cabeça. Olho mais uma vez para a lápide do meu pai e faço uma promessa mentalmente: Prometo que irei destruir Marco Cesare! Fecho o meu punho com tanta força, que chega a doer, e não sei como não quebro uma unha. Volto a minha atenção aos meus homens e firmo minhas palavras:
— A Sicília será nossa! Agora, vamos para casa.
“ — Viva!” — gritam mais uma vez e finalmente voltamos para os carros.
Quando entramos nos veículos, sento perto da janela e observo o céu nublado, seguido do retrovisor, que reflete o meu rosto. Pela primeira vez noto o quanto estou destruída, cheia de maquiagem para esconder as lágrimas que mancharam a minha face. A vermelhidão da esclera se mistura com a minha íris azul, deixando o meu olhar frio e morto, com a pupila dilatada. Desço o olhar até meus lábios notando o batom vermelho que desperta confiança e poder, enviando uma mensagem mental de que posso tudo, inclusive ser a maior líder feminina na Itália.
Eu nem percebo o tempo passar na viagem até o meu território, só me dou conta quando abro a porta para que eu desça, nem imaginando o quanto será difícil entrar naquela casa e não recordar do meu pai. Respiro fundo e entro fingindo superioridade à dor. Luto é para os fracos e isso é algo que não sou.
— Valentina, venha comigo até o escritório do meu pai. E quanto aos demais, assumam suas posições e fiquem com os olhos bem abertos. — Subo as escadas, enquanto ela me segue em silêncio.
Quando entramos no escritório do meu pai, a calmaria quase me deixa surda, soa tão barulhenta que me incomoda, porque dentro de mim os gritos que meu espírito dá ecoam por toda a sala. É como se eu estivesse o vendo sentado, trabalhando em planilhas dos negócios da nossa família. Eu vejo uma menininha loirinha correndo e pulando nele, que sorri ao ver sua filha. O homem de cabelos grisalhos beija a sua testa, as bochechas dela ruborizam quando ele faz isso. Essa lembrança foi suficiente para me fazer desabar, porém, mais uma vez engulo as lágrimas e a dor chega a me cortar por dentro.
— Você quer ficar sozinha? — Desperto do meu pesadelo interno no segundo que Valentina fala. Olho para ela e sorrio fraco, no entanto, eu sei que preciso esquecer essa perda no momento.
— Não, proponho falarmos de negócios. — Nego com a cabeça, afastando qualquer pensamento negativo. Caminho até a mesa e sento na cadeira de couro velha do meu pai e Valentina se encosta em uma estante de livros.
— Alfonso teria orgulho do seu pulso firme, posso afirmar que serás uma rainha à altura do grande Tommaso, talvez até melhor que ele — Valentina fala com um sorriso leve nos lábios.
— Obrigada, Valentina, eu não queria que fosse assim, mas infelizmente meu pai não poderá ver minha conquista como líder dos Tommaso.
— Não esqueça que do céu ele acompanhará seus passos, Alfonso matou muitas pessoas, mas ele ajudou milhares e acredito na redenção, Lady Red.
— Você é a única pessoa em quem confio de verdade, pode me chamar de Clara.
— Clara, já tem algum suspeito sobre o desligamento dos aparelhos respiratórios de Alfonso?
— Minha amiga, eu estou convicta que Marco Cesare tem algo a ver, ele teve várias reuniões com meu pai há cerca de meses e algo pode ter saído errado, você sabe que os Tommaso e os Cesare se odeiam desde a época do meu avô. Meu único suspeito é esse homem.
— Pensei o mesmo, descobriremos se Marco tem algo a ver com isso e abateremos ele.
— Mexer com Marco requer tempo e aproximação, ele é impenetrável. — Suspiro ao pegar o livro de contabilidade da máfia do meu pai.
— Desculpe a invasão, Lady Red, mas a senhora tem visitas. — Rocco abre brevemente a porta com o rosto pálido.
— Fala logo, Rocco, parece que viu um fantasma — agoniada, ordeno grosseiramente.
Imediatamente um homem termina de empurrar a porta e entra desviando de Rocco. Ele tem um sorriso presunçoso. Seus olhos verdes têm um brilho predatório, o cabelo castanho define bem seu rosto, é bem alinhado, um corte perfeito para destacar sua beleza, o rosto contornado por uma leve barba de três dias. Posso dizer que tem um metro e oitenta. A camisa social preta é fina e transparece seu peitoral definido. Além de toda a beleza, exala mistério. Os olhos com um brilho de indecência e os lábios em uma leve expressão de sorriso. Eu o reconheceria a quilômetros de distância.
— Marco Cesare — sussurro seu nome, e no mesmo momento, Valentina aponta sua arma em direção a ele —, está pisando em território inimigo, meu caro — debocho de sua audácia, e ele apenas sorri para mim.
Levanto-me da cadeira de meu pai e ando em sua direção para desafiá-lo. O homem me olha de cima a baixo.
— Cesare, meus olhos então aqui. — Chamo a sua atenção em tom de flerte.
— Estão mesmo, Clara. — Destaca meu nome lentamente.
— Ah, você fala, e ainda não tem medo da morte. — Mais uma vez o provoco.
— Por que ter medo da morte se sou o próprio fim? Pelo menos ninguém sobreviveu a um encontro comigo. — Ele dá mais um passo em minha direção, sinto sua respiração lamber meu rosto.
— Bem, pelo visto você só entrou aqui por um bom motivo, caso contrário, meus homens já o teriam matado. — Inclino minha cabeça para cima, tentando intimidá-lo, quando, na verdade, o motivo real é poder encarar Marco nos olhos.
— Com certeza, minhas condolências pela morte de seu pai. Agora, mande sua amiga abaixar a droga desse revólver e leia esse documento.
— Fale diretamente com ela — respondo sorrindo.
— Vejo que não me conhece, filho da puta, permita me apresentar! — Valentina grita do outro lado do escritório ainda com a arma em punho.
— Valentina, acalme os ânimos, vejamos o que o escrito tem — falo enquanto pego o papel das mãos de Marco, nossos dedos roçam e eu sinto um choque de excitação, mas rapidamente finjo controle.
— Ah, você é a Valentina, mulher de Tommaso, ouvi muito sobre você, agora abaixa a arma. — Ele olha diretamente para ela, que não cede.
Analiso o impresso em minhas mãos, reconhecendo de imediato que se trata de um papel timbrado de uso exclusivo dos Tommaso.
— Reconhece o papel, Clara? — Marco pergunta com a voz baixa.
O mesmo documento tem no final a assinatura de meu pai e o símbolo dos Tommaso, isso já desperta minha curiosidade acerca do conteúdo. Leio em voz alta e observo imediatamente Valentina ter um choque e abaixar a arma.
“Eu, Alfonso Tommaso, chefe supremo dos Tommaso, declaro, por meio deste tratado de paz com o Don da Itália uma união, um casamento entre Marco Cesare e Clara Tommaso, minha filha e herdeira de todo Meu trono.”
Sinto meu coração bater em minha garganta, apoio-me da borda da grande mesa de madeira e olho para o documento em minhas mãos.
— É, Clara, vamos nos casar em algumas semanas. Leve isso na boa, como uma herança. — Marco sorri provocativamente enquanto fala.
— Só se for uma herança indesejada. Não conte com esse casamento — respondo com ignorância.
Meu corpo entra em choque, e meu único pensamento é em como meu pai pôde fazer isso comigo. Jogo o papel na direção de Marco, que, sorrindo prepotente, volta a ler o resto do tratado.
— Se minha filha Clara se negar ao casamento, os Tommaso pertencerão ao Marco e Clara será rebaixada a apenas soldado. — Ele me fita com vitória, e a minha cabeça trabalha nessa possibilidade surpreendentemente idiota.
Como meu pai foi capaz?
Por que ele fez isso?
Eu estava preparada para esse momento, mas não entendo o motivo disso.
— O que você diz, Clara? Se casará comigo ou será soldado da máfia da qual é herdeira? — ele pergunta de forma travessa. — Seu pai só queria o melhor, ele temia que você não desse conta depois de sua partida e te ofereceu como aliança.
Olho para ele atordoada, meu corpo pulsa e treme em ódio por dentro, encarando-o com sangue quente, ainda desacreditada desse momento.
— Sabe, eu posso ser um bom partido, sou um homem dominante e muito atraente, você não pode negar. — Ele abaixa a cabeça e olha por entre os cílios para mim, enquanto caminha até a cadeira do meu pai, onde se senta.
Marco me fixa, convencido, caminho até a mesa e coloco minha palma em cima, olhando-o profundamente, chego perto de seu rosto, posso sentir sua respiração, estou tão perto dele que sinto seu cheiro amadeirado, e falo em tom de flerte:
— Cesare, Cesare… eu não me contento com pouco. — Ele olha diretamente para minha boca enquanto falo, e termino a frase apontando para o meio das suas pernas.
— Não pode falar do que não sabe — retruca flertando e fica de pé do outro lado da mesa, observando-me com desdém.
— Cesare, eu sei, você é daqueles machos alfas que só latem, mas entre quatro paredes são um fracasso — debocho, viro, para sair rebolando, deixando-o com a visão da minha bunda sobre o tecido apertado do vestido. — Faça o favor de sair do meu território antes que eu o mate — antes de passar pela porta, retruco com sarcasmo.
Saio do escritório, mas uma mão puxa o meu pulso com força. Marco me empurra na parede e leva uma das minhas mãos ao seu pênis sobre a calça jeans. Sinto a sua ereção.
— Diga agora que não tenho atitude — autoritário, ele se aproxima como se fosse me beijar, meu corpo treme de desejo, não sei porque, mas estou excitada. — Diga o meu nome — exclama olhando em meus lábios, a poucos centímetros, com nossas respirações ofegantes se misturando. — Diga o meu nome! — repete, severo.
— Me solta, seu desgraçado, filho da puta — grito enquanto luto para sair de seus braços.
— Não sou um homem que repete, não sou conhecido por ser paciente, então deixarei algo claro: diga o meu nome. — Segura o nosso olhar de fogo enquanto junta nossos corpos um pouco mais. Sinto seu abdome trincado em meu braço.
— Por quê? — pergunto olhando diretamente em seus lábios.
— Porque esse é o nome pelo qual passará sua vida gritando entre quatro paredes. — Aproximo um pouco mais nossos rostos, minha alma parece ter saído de mim, não tenho mais controle sobre meu corpo, não consigo reagir a ele.
Cesare é um homem forte, sinto seus músculos definidos pelo contato do meu corpo, então percebo olhos nos observando, Valentina e Rocco em choque. Tenho uma breve ideia, aproximo-me de seus lábios e finjo que vou beijá-lo, no momento que nossas bocas se tocam quase desisto do meu plano, os lábios de Marco são convidativos. Resistindo à tentação, mordi seu lábio inferior com tanta força que posso sentir o gosto de seu sangue, e ele se afasta imediatamente.
— Não toque em mim nunca mais! — Aponto meu dedo indicador na direção dele, que sorri.
— Você acha que uma mordida vai me fazer desistir? Sou Marco Cesare, e essa casa também é minha! Deve respeito ao Don da Itália! Vou te provar que vai ser minha, queira você ou não! — Marco lambe os lábios e desce as escadas, deixando-me à flor da pele.
— O que acontecerá agora? Você casará com um Cesare? — Valentina pergunta com a boca entreaberta.
Desci a escada, mas ele já havia passado pela porta.
— Canalha — grito para aliviar o estresse.
— Calma, respira, se ele fez um tratado de paz com Alfonso, então não foram os Cesare que fizeram isso — ela fala timidamente.
— Valentina, se meu pai deu o trono de bandeja assim a eles, Marco pode ter o matado para que se consuma logo — respondo com firmeza.
— Puta merda, isso faz sentido, não raciocinei, pois estou em choque. — Ela olha para a porta, chocada.
— Valentina, meus homens não o mataram, com certeza Cesare mostrou o tratado, e eles já o respeitam. — Fecho minhas mãos em punho.
— Clara, você corre um grande perigo. Não terá apoio dos Tommaso, só a minha. — Ela me analisa enquanto fala.
— Amanhã verei Cesare, talvez eu possa reverter a situação a meu favor. — Olho para a escada, cansada.
— Irei com você, isso não é seguro. — Sorri para me tranquilizar.
— Então está feito, amanhã vamos ver Cesare, irei convencê-lo de que não pode mexer comigo. — Fecho os meus olhos e respiro fundo.
— Qual é o plano? — ela pergunta sem expressar sentimentos.
— Vamos para o meu quarto e te conto tudo detalhado do que pensei. — Abro os olhos e aponto para a escada. Subimos alguns degraus para o quarto, até que um dos soldados nos para.
— Lady Red, o Coronel foi encontrado morto! — ele exclama, ofegante.
Meu pensamento é que hoje o dia será de desgraça. Coronel era o braço direito do meu pai, que ficou responsável por ele no hospital.
— Como ele morreu? — pergunto sentindo dor no peito.
— Ele foi morto a tiros, e a surpresa é que as balas têm seu selo, Senhorita Valentina. — Ele gesticula para Valentina.
— Valentina? — interrogo com os lábios entreabertos, tomada pelo choque.
Clara TommasoApós um dos meus homens chegar, anunciando que Valentina é a culpada pela morte do Coronel, ex braço direito do meu pai, minha reação foi de choque total. Eu não conseguia acreditar que uma pessoa que confio tanto é a culpada de matar aliados da própria família. Quando entramos para uma organização criminosa, passamos a ser parentes, já que guardamos segredos extremos de todos. Incrédula, pergunto para ela: — Valentina? — Clara, você não pode acreditar nisso, eu não fiz isso com o Coronel. — Valentina, você é a única pessoa com aquele tipo de balística, foi feita sob encomenda, não me diga que devo confiar em você — chateada, assevero.— Silas, qual foi o dia da morte dele? — ela pergunta para o soldado.— A perícia não sabe ainda — o homem responde. — Descubra isso o quanto antes, e vocês saberão se tenho um álibi ou não. — Valentina tenta se justificar. — Lady Red, de acordo? — Rocco interrompe e fala pela primeira vez desde que Marco saiu.— Sim, serei justa como
Marco CesareSegurando os pulsos com uma mão, e seu cabelo com a outra mão, além do meu corpo imprensado ao seu para imobilizá-la no vidro do boxe. Essa é a posição que me encontro com a mulher mais indomável que já conheci na minha vida. Clara Tommaso, ou melhor, Lady Red. Minha futura noiva. Filha da puta, ficar despido ao lado dela me deixa louco de tesão. Controlei a porra do meu pênis dolorido, buscando forças para não a jogar nesse vidro de perna aberta e introduzir fundo. Clara é tentadora com o seu corpo violino. Não sou músico, mas faria uma canção com suas cordas sensíveis. — Marco, me solta! — exclama enquanto me empurra para longe. — Sou mais forte que você, Clara. — Serás um homem morto quando me soltar! — Acha mesmo que pode me ameaçar? — Viro-a de frente, prendendo seus pulsos com uma de minhas mãos acima da sua cabeça. — Não me desafie! — O que fará? É um canalha agressor de mulher? — Nunca bati em mulher, mas não me tente a fazê-lo uma primeira vez. — Aperto
Clara Tommaso Não contava que Marco defenderia a puta diante dos meus olhos. Essa é a cena que observo. Com uma Magnum 357 apontada para a minha cabeça e os olhos dele que suplicam algo além de ódio, há um brilho estranho por trás de toda aquela melanina verde. Mesmo tentando decifrar aquele véu que se revela em seu olhar, eu me mantenho firme, apontando minha pistola na direção dele. — Baixe essa merda, Clara — ordena. — Sinto decepcioná-lo, mas não cederei, meu desejo é matar essa mulher e assim farei. — Eu não quero começar uma guerra com você, vamos resolver da forma certa, Bruna é minha propriedade, eu resolverei isso. — Que garantia tenho disso? — Tem minha palavra. — Sua palavra não basta, saia da minha frente. — Porra, em vez de você facilitar essa merda, só me revolta mais.— Clara, deixe-me conversar com você. — Magno se mete em nosso meio, ficando agora com as duas armas apontadas para ele. — Não se meta onde não é chamado, Magno. — Estou decidida e quero mostrar
Clara TommasoApós estar melhor, volto para o meu acampamento e converso com alguns dos meus homens, todos estão gravemente feridos, sem condições de combate. Minha outra alternativa é conversar com Valentina. Fui preparada para começar um interrogatório simples. Não sou boa com conversas, mas o que eu sei precisarei usar agora. — Você vai me soltar? — Não, principalmente agora que todos podem ser suspeitos de traição ao meu patrimônio. — Está convencida de que sou eu? — Podem ser todos, não se esqueça de que foi acusada de matar o Coronel. — Clara, não tenho relação alguma com essa morte, você me conhece, acha mesmo que eu sou essa pessoa? Alfonso era meu homem, mataria a única pessoa que conseguiria me dizer o nome do assassino dele? Amei seu pai por anos, quero vingança tanto quanto você. — Palavras não são suficientes. — Clara? — Ouço a voz de Marco me chamando, e nem preciso me virar para ter certeza de que é ele, aquela voz grave já domina os meus neurônios. — O qu
Clara TommasoMantenho minha boca selada, como se estivesse colada com super-bond, ele se afasta e prende nossos olhos. Pela primeira vez, eu o desejo intensamente e temo não suportar essa tensão que cada momento como esse surge ao nosso redor. Sussurro:— Marco…— Diga.— Se tentar algo comigo, será forçado.— Não sou esse tipo de homem. — Levanta de cima de mim, atordoado. — Me desculpe, isso… eu… desculpe, Clara.— Desculpa? — Vendo seu estado de confusão, aproveito a oportunidade para tentar obter respostas. — Está com a consciência pesada por algo que fez?— Você quer insinuar algo com isso? — Para com a testa levemente enrugada, enquanto me analisa.— Não devia ser o tipo de homem que pede perdão. Sua consciência pesa por algo que fez?— Você está enganada, eu não pedi perdão, pelo contrário, pedi desculpas por agir como um crápula. Pedir perdão é assumir culpa, pedir desculpas significa sem culpa, ou seja, não preciso ser perdoado.— Ok, você está certo.— Queria que eu estives
Clara Tommaso — Ele é tudo que tem? — com a voz grave, me interroga, um sinal de que está chateado. — Isso te chateia, Marco? — Pare de responder minhas perguntas com mais perguntas.— Então faça suas perguntas direito… — Levanto brutalmente e jogo o seu pé para longe, Marco geme e se levanta para me encarar olho a olho.— Responda o que perguntei.— Sim, ele é tudo que tenho. Não vai tocá-lo, entendeu?— Me perguntou se isso me chateia, e a resposta é: profundamente. Quem abriu as portas para você e sua escória fui eu. — Escória? Se sou tão inferior a você, por que ainda me mantém aqui com a minha escória?— Você é nobre, Clara, me expliquei errado. — Eu tenho o sangue dos meus homens, Marco, ofendê-los também me ofende. — Você está certa, temo de precisar ir embora, antes que essa conversa evolua para uma nova briga inútil. Só se lembre de algo: não sou seu inimigo. Sabe onde me encontrar.— Devia se arrepender por falar isso. Eu te considero meu maior inimigo.— Não posso mud
Marco Cesare O dia anterior foi um tanto dramático, então pedi aos deuses para que esse fosse tranquilo. Preciso ver como a fera está, além de que preciso pegar roupas para tomar banho, não sei se ela está na minha cama, ou se já está no acampamento cercada de homens. Ela não cede rápido, mas essa noite eu vi um lado diferente. Digamos que ela sempre seja 100% carrasca, entretanto, ontem diminuiu um pouco, ficou 98% apenas. Ela odiou quando a chamei de Lady Red. Pego-me rindo da reação dela. Testa enrugada, olhar magoado. Bem, vou ver se a respondona acordou. Fui em direção ao meu quarto, e assim que seguro a fechadura para abrir a porta, Magno me para com sua voz irônica: — Estou enganado, ou dormiu em outro quarto? — Clara dormiu no meu, acabei ficando com outro quarto. — Não esperava que ela aceitasse ficar na mansão, ainda mais na sua cama. — Ela vai dividir essa cama comigo por anos, Magno, qual é a surpresa disso? — Quando olho para ela, apenas vejo o ódio que sente por v
Clara Tommaso— Hoje pode ficar com sua cama, irei dormir no acampamento, já descansei o suficiente aqui. — Tome café da manhã comigo. — Irei comer com meus homens. — Pego um roupão que está em uma poltrona e me enrolo nele, cobrindo meu corpo. Olho em volta do quarto para ver se nada esqueci, embora esteja tudo certo. — Te vejo por aí…— Continua teimosa e duvidando de mim? — Perdão? — Está com a consciência pesada? — Como é que é? — Ontem me disse que eu estava com peso na consciência por te pedir desculpas, mas expliquei que apenas pedir perdão significa que tem algo além… recorda? — Não estou com peso na consciência, só pedi perdão por não compreender o que quis dizer.— Está com a consciência pesada, o que fez? Suspiro, irritada, ele continuará insistindo, então me encorajo a dizer:— Ouvi água caindo, segui o barulho até o banheiro e espiei você tomar banho. Satisfeito? — Você o quê? — Gargalha e joga a cabeça para trás enquanto debocha de mim. — Se estava querendo me v