TerniAssim que entro no bordel, o cheiro de perfume barato começa a tomar conta do meu nariz. Tento disfarçar o máximo que consigo. Estou vestindo uma camisa polo preta e calça jeans também preta. Meu bom porte e corpo chamam a atenção de imediato. Apenas abaixo um pouco a cabeça, virando-a de lado. Sei exatamente onde estão as câmeras deste salão, mas, por enquanto, não quero chamar a atenção de ninguém. Vou em direção ao bar e, pelo canto do olho, vejo mais dois dos meus homens entrarem, de terno escuro, para ficar de igual para igual com os caras do O Monopólio. Acendo um cigarro e fico ali jogando fumaça fora. Não costumo fumar; esse treco faz um mal danado para a saúde, mas aqui preciso manter a aparência.Durante a vida inteira, treinei para cada situação. Já no bar, uma bela moça que nunca vi aqui me atende de um jeito tímido. Peço uma garrafa de Royal Salute e a moça me olha de forma exageradamente estranha, o que, por um instante, me faz refletir, pois, apesar de nunca a ter
A notícia se espalhou como fogo, e assim que chegamos à nossa casa, encontrei o meu avô extasiado diante das notícias que viu na TV, dizendo que três bares bastante frequentados haviam sofrido atentados simultaneamente. Ele ia falando e rindo; não nego que me diverti um pouco com a alegria dele. Ele tem todo o direito de se divertir com o início da desgraça daquele que se intitula O Chefe. Mas assim que o meu avô olhou atrás de mim, seu sorriso se desfez imediatamente e ele voltou o seu olhar sério diante da moça que se escondia atrás de mim...— Tyler, quem é essa e por que está aqui? — a irritação clara em sua voz. — Calma, Don, ela veio aqui para trabalhar. Estou levando-a ao escritório para conversar e ver em que ela pode começar a trabalhar. Enquanto isso, tem uma coisa boa lá no galpão, eu não perderia tempo; é um presentinho especial, tenho certeza de que o Don vai adorar o que verá… — olho para ele e dou um pequeno sorriso.Ele me olha, olha a garota claramente amedrontada e
Entro no quarto e vou direto para o banheiro. Tiro a roupa e deixo a água fria cair sobre meus ombros, sentindo um alívio momentâneo enquanto tento relaxar os músculos tensos. A tensão acumulada ao longo do dia me lembra o quanto preciso de descanso, algo que parece cada vez mais difícil de alcançar. A água escorre pelo meu corpo, levando embora parte da exaustão, mas não os pensamentos que insistem em me acompanhar. Após o banho, seco-me rapidamente, visto uma boxer e me jogo na cama, esperando que o sono me acolha com misericórdia. Não demora muito até que eu adormeça, mergulhando em sonhos que me puxam para um passado distante e incômodo."Estou em um parque com meus pais, cercado por risadas e o som das folhas ao vento. De repente, o clima muda. Ouço barulhos estranhos, como estouros abafados. Vejo minha mãe correndo desesperada em minha direção, jogando-se sobre mim para me proteger. Meu pai, com algo nas mãos, olha ao redor com expressão tensa, os olhos alertas buscando um perig
Entro no meu quarto e vou direto tomar uma ducha. Tiro a minha roupa e deixo a água fria cair sobre os meus ombros. Sinto o quanto estou com meus músculos tensos e tento relaxar o máximo que posso ali. Talvez assim, e só assim, eu consiga ter algumas horas de sono. Estou realmente precisando. Após o banho, apenas me seco e visto uma box, jogando-me na cama em seguida. Não demora muito e consigo adormecer.“Estou em um parque com meus pais e escuto barulhos estranhos. Vejo minha mãe vir rápido, correndo em minha direção e se jogando em cima de mim, enquanto meu pai, com uma coisa na mão, olha para todos os lados. Os barulhos demoram um pouco, mas logo param. Minha mãe se levanta comigo nos braços e meu pai nos abraça, levando-nos de volta para o nosso carro. Voltamos pra casa…”Abro os olhos e respiro fundo. Passo a mão no rosto, olho o relógio e vejo que consegui dormir um pouco. Deito novamente, mas agora já era. Sempre que tenho esse sonho, essas lembranças tão raras, perco o sono.
Depois de correr por cerca de cinco minutos, chego em frente à minha casa. O dia já está clareando, exatamente como imaginei. Entro e vou direto para o meu quarto. Assim que passo pela porta, tiro a roupa e percebo que preciso de um banho antes de qualquer coisa. Um café também cairia bem. Decido que vou deixar para dormir no avião, já que a viagem será longa. Entro debaixo do chuveiro e deixo a água quente escorrer pelo meu corpo. Respiro profundamente, fecho os olhos e sinto cada músculo começar a relaxar. Fico ali por cerca de quinze minutos, permitindo que o banho cumpra seu papel como um relaxante natural depois da minha corrida matinal.Quando me sinto revigorado, desligo o chuveiro e pego a toalha sobre a bancada. Enrolo-a na cintura e me encaro no espelho. O reflexo diante de mim mostra o que me tornei. Respiro fundo e sigo até o closet, onde visto uma box, um short e, ainda sem camisa, vou para a cozinha. Meu torso ainda tem respingos de água, e a exaustão está evidente. Tenh
Fico no quarto por longas horas, me martirizando com lembranças antigas: a culpa, a raiva, a tristeza, a solidão, e na companhia de fotos, roupas, perfumes, mechas de cabelo, joias, armas e algumas garrafas de whisky. Perco totalmente a noção do tempo e do lugar. Encostado na parede e de olhos fechados, sinto meu corpo entorpecido e, aos poucos, me desligo. Quando abro os olhos novamente, olho para o relógio e vejo que é noite. Olho em volta e me dou conta de que me perdi mais uma vez neste meu mundo particular que tanto me tortura e do qual não pretendo me desfazer. Sou masoquista mesmo.Suspiro com a minha falta de coragem de encarar as dores que carrego em meu peito, dores estas que eu mesmo criei, das escolhas que fiz e ainda faço. Sei que sou um lixo de homem, um ser infeliz que colocou a fama, o dinheiro e o poder acima de tudo e de todos, e que agora precisa lidar com as consequências das suas escolhas. Olho para o lado e vejo três garrafas vazias de whisky. Desde que a minha m
Ficamos na sala conversando por um longo tempo, quando escutamos uma voz no alto da escada se perguntando se deveria ou não descer. Olhamos para cima e lá estava ela, a minha irmã, com a dúvida claramente estampada no rosto. Mesmo um pouco envergonhada, eu a olhei e pedi que ela se juntasse a nós. Ela sorriu, desceu e veio em nossa direção.Notei que o olhar dela focou no seu Ary e me perguntei se eles já se viram alguma vez, mas acabei deixando isso pra lá. É óbvio que não, mas quando olho para ele, ele está paralisado, extasiado. Não sei definir bem as palavras e, aos poucos, um sorriso de felicidade surge em seu rosto. Lembro-me que foi o mesmo sorriso de quando o vi pela primeira vez, há dois anos, e escuto ele a cumprimentar...— Olá, minha menina, que bom que está aqui. A casa não é minha, mas seja bem-vinda...— Oi, obrigado, mas quem é o senhor? — pergunta de um jeito descontraído, o que me chama a atenção.— Meu nome é Ary e estou aqui por causa da bondade desses jovens que e
Assim que saímos de Los Angeles, desliguei o telefone. Hayden também fez o mesmo, alegando que era por segurança. Estávamos tão distantes do nosso mundo habitual que nos parecia necessário cortar qualquer conexão com o que estava para trás. Eu não sabia o que me aguardava, mas sentia que algo grande e definitivo estava prestes a acontecer. Assim que pousamos em Londres, nos livramos de vez dos aparelhos. Sabíamos que, sem os telefones, ninguém poderia nos rastrear. Estávamos num voo particular, que nos aguardava para nos levar ao Brasil. Quando embarcamos, percebi que Hayden estava exausto. Seus olhos estavam carregados de cansaço, mas mesmo assim ele ainda tentava me dar atenção. Tentava conversar, mas sempre me esquivava das minhas perguntas sobre o que encontraria no Brasil. Ele me dava respostas evasivas, sempre em um tom que deixava claro que não queria falar sobre o assunto. Fiquei furiosa com isso, mas o que poderia fazer? Brigar com ele naquele momento? Não era o caso. Então,