Depois de correr por cerca de cinco minutos, chego em frente à minha casa. O dia já está clareando, exatamente como imaginei. Entro e vou direto para o meu quarto. Assim que passo pela porta, tiro a roupa e percebo que preciso de um banho antes de qualquer coisa. Um café também cairia bem. Decido que vou deixar para dormir no avião, já que a viagem será longa. Entro debaixo do chuveiro e deixo a água quente escorrer pelo meu corpo. Respiro profundamente, fecho os olhos e sinto cada músculo começar a relaxar. Fico ali por cerca de quinze minutos, permitindo que o banho cumpra seu papel como um relaxante natural depois da minha corrida matinal.Quando me sinto revigorado, desligo o chuveiro e pego a toalha sobre a bancada. Enrolo-a na cintura e me encaro no espelho. O reflexo diante de mim mostra o que me tornei. Respiro fundo e sigo até o closet, onde visto uma box, um short e, ainda sem camisa, vou para a cozinha. Meu torso ainda tem respingos de água, e a exaustão está evidente. Tenh
Fico no quarto por longas horas, me martirizando com lembranças antigas: a culpa, a raiva, a tristeza, a solidão, e na companhia de fotos, roupas, perfumes, mechas de cabelo, joias, armas e algumas garrafas de whisky. Perco totalmente a noção do tempo e do lugar. Encostado na parede e de olhos fechados, sinto meu corpo entorpecido e, aos poucos, me desligo. Quando abro os olhos novamente, olho para o relógio e vejo que é noite. Olho em volta e me dou conta de que me perdi mais uma vez neste meu mundo particular que tanto me tortura e do qual não pretendo me desfazer. Sou masoquista mesmo.Suspiro com a minha falta de coragem de encarar as dores que carrego em meu peito, dores estas que eu mesmo criei, das escolhas que fiz e ainda faço. Sei que sou um lixo de homem, um ser infeliz que colocou a fama, o dinheiro e o poder acima de tudo e de todos, e que agora precisa lidar com as consequências das suas escolhas. Olho para o lado e vejo três garrafas vazias de whisky. Desde que a minha m
Ficamos na sala conversando por um longo tempo, quando escutamos uma voz no alto da escada se perguntando se deveria ou não descer. Olhamos para cima e lá estava ela, a minha irmã, com a dúvida claramente estampada no rosto. Mesmo um pouco envergonhada, eu a olhei e pedi que ela se juntasse a nós. Ela sorriu, desceu e veio em nossa direção.Notei que o olhar dela focou no seu Ary e me perguntei se eles já se viram alguma vez, mas acabei deixando isso pra lá. É óbvio que não, mas quando olho para ele, ele está paralisado, extasiado. Não sei definir bem as palavras e, aos poucos, um sorriso de felicidade surge em seu rosto. Lembro-me que foi o mesmo sorriso de quando o vi pela primeira vez, há dois anos, e escuto ele a cumprimentar...— Olá, minha menina, que bom que está aqui. A casa não é minha, mas seja bem-vinda...— Oi, obrigado, mas quem é o senhor? — pergunta de um jeito descontraído, o que me chama a atenção.— Meu nome é Ary e estou aqui por causa da bondade desses jovens que e
Assim que saímos de Los Angeles, desliguei o telefone. Hayden também fez o mesmo, alegando que era por segurança. Estávamos tão distantes do nosso mundo habitual que nos parecia necessário cortar qualquer conexão com o que estava para trás. Eu não sabia o que me aguardava, mas sentia que algo grande e definitivo estava prestes a acontecer. Assim que pousamos em Londres, nos livramos de vez dos aparelhos. Sabíamos que, sem os telefones, ninguém poderia nos rastrear. Estávamos num voo particular, que nos aguardava para nos levar ao Brasil. Quando embarcamos, percebi que Hayden estava exausto. Seus olhos estavam carregados de cansaço, mas mesmo assim ele ainda tentava me dar atenção. Tentava conversar, mas sempre me esquivava das minhas perguntas sobre o que encontraria no Brasil. Ele me dava respostas evasivas, sempre em um tom que deixava claro que não queria falar sobre o assunto. Fiquei furiosa com isso, mas o que poderia fazer? Brigar com ele naquele momento? Não era o caso. Então,
Minha curiosidade sobre os últimos acontecimentos em Los Angeles atinge um nível máximo após as palavras do senhor tão atencioso. Ele afirma conhecer Richard e deixa claro que ele não presta. Mas por que não fala sobre a moça da foto? Por que deixar perguntas sem respostas?Saímos do quarto, deixando-o ali descansando. Notei que, apesar de tudo estar bastante claro, ele tem manchas na pele que parecem machucados, como se tivesse sido espancado. Fico pensando em tudo isso e, sem perceber, chegamos à sala, onde todos nos olham com sorrisos bobos. Hayden vem até mim e me abraça. Tentei retribuir, mas percebo que ele se esquiva um pouco. Estranha essa reação, mas decido conversar com ele mais tarde; não quero ter uma DR na frente de todos.Passamos um tempo ali, batendo papo e jantando, quando minha irmã me chama para conversar. Ela diz que quer me conhecer melhor, e isso me parece ótimo. A conexão que sinto com ela é intensa, como se a conhecesse há muito tempo. Faz apenas algumas horas
HaydenDesde que coloquei os meus pés aqui no Brasil, especialmente ao ver Danilo nos esperando no aeroporto, sinto que o meu tempo com Emily está chegando ao fim. Não deveria, mas me apaixonei de verdade pela minha protegida. Minha missão era simples: encontrá-la e me aproximar, aos poucos fazendo-a enxergar quem realmente é o homem que ela chama de tio. Para isso, me disfarcei como um garoto de família rica que acaba de se mudar para Los Angeles e estuda na mesma escola, na mesma sala de aula. Ao meu lado, está um irmão que se passa por meu tio, sempre pronto para me proteger. Afinal, estou me metendo em um ninho de cobras e a segurança dos “filhos” é algo que o Don leva muito a sério.Conheço minhas obrigações e responsabilidades, mas não consegui resistir àqueles belos olhos azuis e acabei me deixando envolver, mesmo sabendo que não deveria. Agora, olho nos olhos de Danilo, que observa Emily, e não posso me dar ao luxo de dizer nada. Eu conheço as regras e as quebrei. Resta saber
**Danilo**À medida que as motos se aproximam, meu coração acelera, pulsando em um ritmo frenético que ecoa em meus ouvidos, como se estivesse prestes a explodir. A tensão no ar é palpável, e eu luto com todas as minhas forças para me desvencilhar delas, enquanto sigo em direção ao Campo de Marte — ou qualquer lugar próximo onde possamos finalmente nos livrar desses desgraçados que nos perseguem. A adrenalina corre nas minhas veias, uma corrente elétrica que me diz que não posso vacilar e que cada segundo conta.Os sons dos motores rugindo e os gritos de guerra dos motoqueiros se tornam ensurdecedores, uma sinfonia caótica que anuncia a aproximação do perigo. Logo, eles começam a disparar, tentando nos forçar a parar. Mas eu sou obstinado. A cada metro que me aproximo do meu destino, um barulho maravilhoso ressoa aos meus ouvidos: é Tyler, engatilhando as armas, preparado para entrar em ação. A visão dele, com a determinação estampada no rosto, me enche de coragem e esperança, como um
Sou Tyler Campbell, melhor dizendo, Dominic Grecco Montanaro. Quando eu tinha 4 anos, fui enviado por meus pais para um colégio interno com um nome falso, segundo eles, para a minha segurança. Eu só poderia sair de lá com a autorização deles ou de alguém da minha família. Desde então, eu nunca mais os vi. Aos 12 anos, entrou um professor de luta, especificamente para me treinar, e desde então aprendi Muay Thai, Krav Maga, Kung Fu e Karatê, além de aprender a lutar com armas brancas. Nunca entendi o porquê de toda essa preparação até completar 20 anos e ser retirado daquele colégio.Sei que tenho duas irmãs. Quando fui enviado para o colégio, minha mãe, Kara, estava grávida. Tenho essa lembrança: a minha linda mãe com a barriga enorme. Pouco depois de ter sido enviado ao internato, recebi a visita dos meus pais e, com eles, dois bebês lindos. Elas tinham acabado de nascer, e eu as vi e as peguei pela primeira e última vez em meu colo. Fiquei encantado com tanta beleza, tão pequenas e t