Perdido em minhas lembranças, adentro a sala e, ao voltar à realidade, encontro dois lindos pares de olhos azuis me observando, um pouco surpresos. O ar parece pesado, carregado de um turbilhão de perguntas não ditas. Olho para o nosso nono, que tem os olhos lacrimejantes. Ele se aproxima devagar, envolvendo-as em um abraço amoroso e caloroso, um abraço repleto de saudade e amor reprimido. Elas se perguntam o que está acontecendo, mas recebem o nono em seus braços, como se sentissem a conexão familiar que sempre esteve ausente.Uma delas, aproveitando aquele momento de ternura, me olha por alguns segundos. Seus olhos brilham com uma mistura de confusão e esperança, antes de voltar a se entregar ao abraço, sem saber quem a envolve. É como se, naquele instante, o tempo parasse e todas as dores do passado se dissipassem.Vou até elas e me junto a esse abraço, incapaz de conter as lágrimas que escorrem pelo meu rosto. Minhas meninas, minhas princesas, a quem prometi cuidar e proteger, est
ChloeEstamos todos reunidos na sala após a saída do Danilo. Ele disse que ia buscar as surpresas e, embora o aeroporto não seja tão longe, a impaciência começa a me consumir. Algo me incomoda profundamente. A atmosfera parece carregada, como se algo estivesse prestes a acontecer. Decido sair da sala e vou para a área externa, mas a sensação pesada persiste, como uma sombra que não me abandona.A conversa animada e as risadas na sala me irritam. Enquanto ando de um lado para o outro, tentando encontrar um pouco de paz, percebo que a inquietação dentro de mim só aumenta. O que está acontecendo? Por que essa ansiedade? Depois de um tempo sozinha, decido que preciso de um conselho. O seu Ary sempre foi tão atencioso e, quem sabe, ele possa me ajudar a entender o que se passa comigo.Volto para a sala e sigo direto para o quarto dele, mas dou de cara com a porta fechada. Que frustração! O velho ditado sobre a desgraça ser pouca parece se aplicar a mim. Volto para a sala e, para minha irri
A familiaridade daqueles braços, embora eu nunca os tenha visto, me deixa sem entender o que estou sentindo ali, mas sinto-me acolhida, querida; tem amor naquele abraço. Retribuo com vontade e acaricio o ombro do rapaz. Sinto que ele gostou do toque, mas também percebo algo em seu ombro; parece estar machucado, mas a roupa encobre. Disfarcei e aproveitei aquela sensação que estava sentindo no momento. Aos poucos, vamos nos afastando, mas não paro de olhar para aquele rapaz, tão jovem, tão bonito e tão "familiar". Era exatamente o que estava sentindo no momento. Pouco depois, vejo Chloe tocar o rosto dele e logo após ele encosta a cabeça na dela e escuto ele dizer baixinho para a Chloe que finalmente a encontrou e a chama de baixinha. Tem algo; ela começa a fazer perguntas, mas é interrompida por Sarah e depois ele sobe dizendo que, quando voltar, responderá às nossas perguntas. E assim espero, porque eu tenho muitas.O senhor bonito fica conosco ali, mas, apesar do momento feliz, do
CalábriaAlexAssim que Tyler dá a ordem e se retira, eu volto para dentro do galpão. O desespero do merdinha ao me ver é palpável; ele escuta cada palavra proferida pelo meu irmão. Em questão de instantes, somos dez dentro do galpão, espalhados como predadores que fomos treinados para ser. Libertamos nossa presa para dar início ao nosso jogo.— Hora de brincar, cara. Conhece o jogo do gato e o rato? Bem, nós somos os gatos e você... você é o nosso ratinho. Agora corre. Não deixe ninguém te pegar.Ele tenta correr, mas está debilitado. Tyler fez questão de lançar seus kunais nas pernas dele, bem próximas aos ligamentos, para evitar qualquer possibilidade de fuga. Entre um passo e outro, na sua tentativa frustrada de escapar, começamos a "caçar". Nossa vítima não tem para onde ir; começamos a nos divertir, empurrando-o de um lado para o outro. Quando ele se aproxima de um dos seguranças, leva um soco. Cambaleando na direção de outro, recebe um chute. A cada golpe, uma gargalhada ecoa p
BrasilAinda no escritório, acertamos tudo nos mínimos detalhes e ficamos ali conversando amenidades, esperando dar o horário para jantarmos e descermos a serra para fazer o ataque no navio. Já eram dezessete horas quando saímos do escritório. Fizemos a bagunça de sempre, chamando a atenção de todos que estavam por perto. Logo em seguida, meu telefone toca. Olho para o ecrã e vejo que é Alex, provavelmente para me falar sobre a encomenda que deixei para ser entregue, e com certeza foi. Imagino que já saibam que estamos no Brasil; afinal, meu avô veio comigo.Minhas irmãs, a Amanda, pouco tempo depois, desceram para se juntarem a nós em nossa bagunça. A casa está uma alegria só; nosso nono Giorgi não consegue disfarçar tamanha alegria que sente. Notei que o nono Ary ainda não se juntou a nós, então vou até seu quarto e o encontro ali deitado, descansando. Não vejo a hora de que ele esteja totalmente recuperado para conseguir aproveitar os netos reunidos. Me aproximo da cama e o toco, c
Assim que adentramos o portão, já se passavam das oito da manhã. Acreditei que todos na casa ainda estivessem dormindo, mas assim que meu carro passa pela porta, vejo meu nono Ary na área. Ele estava sentado, mas não pude deixar de notar o ar de preocupação que ele demonstra, e isso me deixa um pouco intrigado sobre o porquê de ele estar assim tão cedo. Será que ele descobriu que eu fui atacar de forma cruel as finanças do nojento e está com medo de retaliação? Peço ao Benjamin que pare e desço indo de encontro ao meu avô, que, ao me ver, respira aliviado e me dá um abraço forte. Senti nesse abraço o medo que ele estava sentindo, e também o conforto, e aproveitando desse conforto entro na casa com ele.— Nono, por que estava lá fora? Achei que todos estivessem dormindo. É cedo e o senhor deveria estar descansando para se recuperar o mais rápido possível. Queremos o nono pronto para aproveitarmos ao máximo, as meninas e eu. —dou um sorriso a ele, que retribui com o amor que só um av
Acabo de acordar e, assim que termino meu banho, sigo em direção à escada. Escuto a voz do meu irmão, que soa cansada, como se ele tivesse passado a noite em claro. Não consigo entender o que ele diz, pois fala muito baixo, mas, ao chegar ao topo da escada, vejo que ele começa a subir. Nos seus olhos, noto a exaustão. Apenas o cumprimento e desço, indo em direção à sala de jantar, onde os outros ainda não se reúnem. Aproveito para explorar a área, observando o movimento ao redor. Desde que cheguei aqui, não tive a chance de conhecer, mas pretendo fazer isso em breve. Vejo alguns homens se movimentando, todos bem vestidos de preto. Isso me parece um tanto estranho, mas quem sou eu para questionar...Com o passar dos minutos, o tédio começa a me consumir, até que escuto passos se aproximando. Olho e vejo meu amigo Benjamin, trazendo duas canecas de café. O aroma é irresistível. Ele me entrega uma caneca e, sem querer, encosta em mim de um jeito mais íntimo. Essa reação dele me surpreend
O Escritório do ChefeVolto até onde o Chefe está, sentado em sua cadeira de couro, cercado por papéis espalhados sobre a mesa. A luz fraca do abajur cria sombras profundas em seu rosto, destacando as linhas de preocupação que se aprofundam a cada dia. Ele parece absorto em seus pensamentos, mas levanta os olhos quando me aproximo. Informo-lhe que já está tudo providenciado para o garoto voltar para sua casa e ficar com o seu pai, antes que ele seja descoberto. Tratando-se da Khazar, tenho certeza de que, se ainda não descobriram, estão muito perto de chegar. Esses caras nunca foram fáceis de pegar, e agora estão ainda piores. Depois do ataque que sofreram quando chegaram, com certeza estão com muito ódio.O Chefe me olha com uma expressão séria, mas antes que ele possa responder, o telefone dele toca. Ele atende, e eu o vejo arregalar os olhos com o que escuta. Ele leva a mão à cabeça, franzindo o cenho, e o vejo exalar ódio com os olhos. Com certeza é alguma coisa. Ele pega o contro