Já casei com o bilionário, quem ainda vai servir o ex?
Já casei com o bilionário, quem ainda vai servir o ex?
Por: Muggles felizes
Capítulo 1
No dia do divórcio, Heloísa Rosário escolheu um suéter vermelho e passou maquiagem completa, exatamente como a havia feito dois anos atrás.

Às dez da manhã, Heloísa chegou pontualmente à porta do Local de Registro do Casamento.

Isaac Assis já estava esperando por ela. No início do outono, ele vestia um trench coat cinza-claro; sua estatura alta e traços marcantes atraíam os olhares ao seu redor.

— Você trouxe seu documento de identidade? — Perguntou Isaac.

Heloísa assentiu.

— Sim, eu trouxe.

— Certo. — Isaac deu um passo e entrou no Local de Registro do Casamento.

Heloísa, um pouco atordoada, se lembrando do dia em que eles tiraram a certidão de casamento. Mãos entrelaçadas, dois anos atrás, seus olhos brilhavam de felicidade. Na hora do juramento, Isaac até ficou com os olhos marejados, segurando a mão de Heloísa, prometendo que cuidaria dela para sempre.

E agora...

O atendente do registro do divórcio perguntou:

— Vocês confirmam que o relacionamento conjugal está irreparável, sem possibilidade de reconciliação?

Heloísa respondeu com calma:

— Sim.

Isaac também disse tranquilamente:

— Sim.

Não tinham filhos e não havia disputas de bens. O funcionário carimbou e assinou a documentação, tornando o processo de divórcio surpreendentemente simples.

Heloísa olhou para a certidão de divórcio em suas mãos, com os olhos cheios de amargura. O mesmo tempo, o mesmo lugar, mas as circunstâncias eram totalmente diferentes.

“Aquele homem que prometeu cuidar de mim por toda a vida acabou desistindo. É melhor assim. Nos últimos dois anos, não tive um dia de felicidade.”

A família Assis era uma família rica, enquanto Heloísa vinha de uma família comum. Se casar com Isaac foi, na verdade, um grande salto para ela. Para se firmar na família Assis, Heloísa renunciou ao emprego e se dedicou às tarefas domésticas.

Mas após dois anos tentando engravidar, Heloísa nunca conseguiu. Sua sogra era crítica, e sua cunhada dificultava ainda mais as coisas; as relações entre elas e o próprio casamento de Heloísa e Isaac se tornaram tensos.

Por Isaac, Heloísa suportava tudo. Porém, recentemente, a primeira namorada de Isaac, Lorena Miranda, voltou para o país.

No fim das contas, o grão de arroz no prato nunca poderia competir com a "lua branca" no céu.

Nesse triângulo amoroso sem amor, Heloísa decidiu finalmente se separar de Isaac com dignidade.

Os dois saíram do Local de Registro do Casamento, sem trocar uma palavra.

Lorena os esperava do lado de fora, vestindo um vestido branco, com seus longos cabelos soltos, como uma fada.

Ela não olhou para Isaac, mas fixou o olhar em Heloísa, com os olhos marejados de culpa:

— Heloísa, sinto muito, não sei como chegamos a esse ponto. Nunca quis destruir seu casamento.

Heloísa abriu a boca, sua voz quase um sussurro:

— Não precisa pedir desculpas...

Mal havia terminado a frase, Isaac olhou para Heloísa com um sorriso insatisfeito e disse:

— O divórcio foi uma decisão minha, e isso não tem nada a ver com Lorena. Se você tiver alguma insatisfação, pode se girigir a mim, mas não culpe a Lorena.

Heloísa permaneceu em silêncio, como no último mês durante o período de reflexão. Ela havia implorado a Isaac para que não se separassem, mas agora restou apenas um silêncio entorpecido.

Lorena, um pouco irritada, disse:

— Isaac, a Heloísa não fez nada de errado. Somos nós que devemos desculpas a ela. Não aceito que você fale assim com ela.

Nos olhos de Isaac havia uma mistura de amor e resignação ao olhar para Lorena:

— Você é tão gentil. Se eu não estivesse ao seu lado, como você se sairia?

Heloísa observava a doçura entre os dois e sentia seu coração se despedaçar. No dia do segundo aniversário de casamento, ela havia surpreendido Isaac e Lorena juntos em um hotel. Lorena, de joelhos e chorando, pedia perdão a Heloísa, enquanto Isaac a defendia. Para ele, Lorena era a encarnação da inocência.

Mas uma pessoa verdadeiramente inocente teria relações com alguém sabendo que essa pessoa já tinha uma família?

Heloísa não queria deixar isso claro, mas isso não significava que não entendesse a situação. Em um relacionamento, quando o amor muda, suas tentativas de salvar a relação se tornam fúteis.

Com um sorriso amargo, Heloísa disse:

— Vocês têm todo o direito de continuar sua história. Eu deveria os parabenizar e desejar felicidade a vocês.

Suas palavras surpreenderam Isaac, que a olhou com espanto. Heloísa acenou com a cabeça em direção a ele.

— Adeus.

Estava prestes a se virar, mas Isaac interrompeu:

— Quando nos separamos, você não pediu casa, carro nem bens. O que você planeja fazer agora?

Heloísa hesitou, seu passo vacilou. Isaac então tirou um cheque do bolso.

— Aceite este cheque. Nesses dois anos, eu te atrapalhei.

O olhar de Isaac era complicado:

— Se cuide bem. Se precisar de ajuda, pode me ligar. Eu farei o que puder para ajudar.

Heloísa olhou para a mão estendida diante dela. Aquela mão era a mesma que havia segurado a sua anos atrás, com dedos longos e pálidos. Mas o anel de casamento que ele usou por dois anos já não estava mais ali.

Ela afastou a mão dele.

— Não, obrigada.

Lorena, com o semblante triste, disse:

— Heloísa, por favor, aceite o cheque. Considere isso uma forma de aliviar meu coração...

Heloísa balançou a cabeça:

— Realmente não precisa.

A mão de Isaac ficou paralisada no ar, enquanto ele observava a silhueta de Heloísa se afastar cada vez mais. Um sentimento estranho começou a crescer dentro dele.

Lorena, com um tom de culpa, perguntou:

— Isaac, você acha que Heloísa vai nos culpar?

Isaac acariciou suavemente a cabeça de Lorena, respondendo com ternura:

— Não vai.

Os olhos de Lorena estavam levemente vermelhos, sua voz carregada de tristeza, mas firme:

— Se Heloísa me culpar, é justo. Eu enfrentaria o mundo inteiro por você.

Isaac sentiu um toque de emoção ao ouvir isso e envolveu Lorena em seus braços, suspirando:

— Você é uma tolinha.

No mundo do amor, não há espaço para terceiros. Com as costas voltadas para eles, Heloísa sentiu os olhos arderem.

O amor não tem uma ordem definida, mas se soubesse desde o início que Isaac guardava em seu coração outra mulher, nunca teria entrado nesse casamento.

“Foi Isaac quem disse que me amava, quem me pediu em casamento, prometendo construir um lar e cuidar de mim por toda a vida. Agora percebo que o amor não apenas pode desaparecer, mas também pode ser fingido.”

Heloísa parou ao lado de uma coluna, enxugou as lágrimas do rosto e pegou o celular para fazer uma ligação:

— Você já chegou? Estou na porta, usando um suéter vermelho.

Minutos depois, um homem alto caminhou em sua direção, iluminado pela luz do sol.

— Srta. Heloísa.

— Sr. Patrício? — Heloísa hesitou, surpresa.

No dia anterior, enquanto estava no bar, a luz baixa não permitiu que ela visse sem seu rosto claro . Agora, percebia que ele era realmente muito atraente. Vestia uma camisa preta e calça social da mesma cor, tinha traços refinados, uma mandíbula bem definida, e seus olhos negros eram como um poço profundo, misteriosos e inescrutáveis, emanando uma aura de frieza e contenção. Após um breve momento de distração, Heloísa desviou o olhar e perguntou educadamente:

— Você está livre agora?

Os olhos de Heloísa ainda estavam avermelhados, e sua voz soava um pouco rouca. Patrício a observou por alguns segundos antes de responder com um aceno:

— Sim, posso.

— Então vamos. — Heloísa se dirigiu ao Local de Registro do Casamento novamente.

Inesperadamente, eles se depararam com Isaac e Lorena.

Lorena exclamou, cobrindo a boca com as mãos:

— Heloísa, este é o seu novo namorado?

Heloísa hesitou, parando sem querer.

Isaac lançou um olhar rápido para Patrício, seu semblante escurecendo enquanto franzia a testa ao encarar Heloísa:

— O que você está tentando fazer? Já terminamos. Aconselho você a manter a dignidade, não quero que nossa situação se torne ainda de forma vergonhosa.

Ele não acreditava que Heloísa tivesse capacidade de encontrar um novo namorado, afinal, uma semana atrás ela ainda o questionava, com os olhos cheios de lágrimas, sobre o porquê de não poderem voltar.
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