Capítulo 6
Lorena, com sua habitual suavidade, se adiantou e tentou acalmar a situação:

— Heloísa, não fique assim. O amor não tem explicação. Você acabou de se divorciar de Isaac ontem e logo já está se casando com outro homem. Isaac nem mesmo questionou sua traição, por que você não aceita isso de forma tranquila e não nos abençoa?

— Você ainda se atreve a falar em traição? — Eunice, que ainda não estava ciente da situação, ficou furiosa ao ouvir isso. — Eu já sabia que você não era uma pessoa de confiança! Muito bem, eu realmente não me enganei!

Dizendo isso, Eunice empurrou Lorena para o lado e avançou com tudo para Heloísa, desferindo um forte tapa em seu rosto.

Heloísa ficou paralisada por um momento, instintivamente cobrindo o rosto com as mãos. Eunice, com as mãos na cintura e o dedo indicador em riste, gritou:

— Eu já percebi que você é uma mulher que traz infortúnio! O que Isaac fez para merecer isso de você? Que maldade é essa?

As palavras de Eunice eram cada vez mais cruéis, sua voz aguda e estridente, como se quisesse perfurar os tímpanos de quem a ouvisse.

Heloísa, em meio ao caos, sentiu vontade de rir.

Com aquele tom, qualquer um poderia pensar que Heloísa havia exterminado toda a família Assis.

Isaac, à parte, observava em silêncio.

Lorena até tentou interceder com algumas palavras, mas logo se mostrou tão fragilizada que não sabia o que fazer.

Eunice, vinda de uma origem humilde, havia sido uma aluna problemática na juventude, famosa por sua habilidade em ofender.

Apenas ao se casar com a família Assis, ela começou a disfarçar seu comportamento e a adotar uma postura de senhora da alta sociedade, mas sua ferocidade ao lidar com Heloísa ainda era inegável.

Desde pequena, Heloísa sempre foi a boa moça: gentil, educada e respeitosa, cercada de amigos e colegas igualmente civilizados.

Se não tivesse encontrado Clara três anos atrás e Eunice dois anos atrás, ela jamais saberia que existiam pessoas assim no mundo.

Eunice não tinha lógica, não aceitava argumentos, e sua velocidade ao ofender era tão rápida, é como uma série de repreensões, que ninguém conseguia intervir.

Ao ver Heloísa daquela forma, Eunice se enfurecia ainda mais, achando que Heloísa sempre se fazia de vítima, como se tivesse passado por grandes injustiças.

Era um desejo ardente de despedaçar aquele semblante inocente que a irritava.

Heloísa, em uma tentativa desesperada de evitar os ataques de Eunice, não se atreveu a revidar, temendo que isso pudesse levar Eunice a retaliar contra seu pai, arruinando a reputação da família em Cidade B.

Mas, enquanto tentava se esquivar, Eunice perdeu o equilíbrio e, de repente, caiu no chão.

Lorena correu para ajudar Eunice, não conseguindo conter sua reprovação a Heloísa:

— Heloísa, sua sogra é uma pessoa mais velha, como você pode a empurrar assim?

Isaac rapidamente se aproximou, com o semblante sério, agarrando o braço de Heloísa e a puxando para o lado, falando em um tom firme:

— Você já fez problemas o suficiente!

Diante da severidade de Patrício, Heloísa não pôde evitar que as lágrimas se formassem em seus olhos. Isaac, percebendo, continuou com uma frieza ainda maior:

— Não finja ser inocente. Peça desculpas à minha mãe!

Heloísa, controlando o nó na garganta, respondeu:

— Eu não fiz nada, Isaac! Você pode pelo menos ser razoável? Foi ela quem me agrediu, eu não a toquei!

O rosto de Isaac se tornou mais sombrio:

— Eu não fazia ideia de que você era tão maldosa! Se não vai se desculpar, então não me culpe se eu buscar suas responsabilidades legais!

Heloísa tremia incontrolavelmente; sabia que não tinha como vencer a família Assis. Se a situação fosse para o tribunal, ela não teria um bom resultado.

Enquanto Heloísa hesitava em se desculpar a Eunice, uma voz profunda surgiu atrás dela:

— Ir pela via legal é uma opção. Minha esposa foi agredida sem motivo, e eu também preciso de uma explicação.

Heloísa se virou, surpresa ao ver Patrício.

— Patrício? O que você está fazendo aqui?

O que mais a intrigava não era apenas a presença de Patrício na área nobre de Cidade B, mas sua aura de sofisticação. Ele vestia um terno cinza-prateado impecável e no pulso, um relógio de luxo que exalava riqueza.

Patrício, ao encarar Heloísa, controlou o ímpeto em seus olhos e explicou:

— Vim visitar um cliente.

Em seguida, ele lançou um olhar para o homem que o acompanhava.

O homem, percebendo o significado do olhar de Patrício, hesitou e disse:

— Patrício, vamos assinar o contrato amanhã?

A voz dele tremia ao pronunciar o nome de Patrício.

Patrício acenou com a cabeça:

— Sim.

O homem, então, deixou transparecer uma satisfação crescente em seus olhos, mantendo a calma:

— Então, você continua ocupado. Eu vou indo.

A maneira apressada como ele se retirou era quase comedida.

Isaac observou Patrício com desprezo:

— Aquele é o presidente da Mineração Lk, não é? Que coincidência, eu me dou muito bem com ele. Você pode perder esse contrato que conseguiu com tanto esforço por causa de uma frase minha. Se eu fosse você, já estaria se ajoelhando e implorando.

Isaac soltou uma risada desdenhosa, seu olhar repleto de desprezo.

“Com um simples gesto meu, posso arruinar o Patrício. Heloísa, agora que você está sem mim, é isso que consegue arranjar?”

Patrício permaneceu calmo, como se não estivesse nem um pouco intimidado pela ameaça de Isaac. Com uma voz profunda e serena, respondeu:

— Infelizmente, você não é eu.

O rosto de Isaac se fechou.

Heloísa, nervosa, não queria envolver Patrício nisso. Ela se voltou para Isaac:

— Eu peço desculpas, sobre essa situação...

Mas antes que pudesse terminar, Patrício a interrompeu, segurando seus ombros com firmeza. Sua voz, calma e protetora, foi um consolo inesperado:

— Não é sua culpa. Por que você deveria se desculpar?

Heloísa ficou surpresa. Durante dois anos, ela se acostumou a pedir desculpas para todos da família Assis, mas era a primeira vez que alguém lhe dizia: “Não é sua culpa”. No entanto, ela sabia que estavam lidando com a família Assis. Em Cidade B, se não se recuasse, como poderia sobreviver?

Isaac sorriu friamente:

— Heloísa, se lembre disso: vocês se meteram nessa! Nos veremos no tribunal, e eu não os deixarei em paz!

Patrício respondeu, seu tom distante:

— Não precisa disso. O que devemos, nós mesmos resolveremos.

Assim que terminou a frase, Patrício caminhou até Eunice e, num movimento ágil, devolveu a bofetada que Heloísa havia recebido. O gesto foi rápido e preciso, mas a marca na face de Eunice foi muito mais pronunciada do que a de Heloísa.

Eunice, segurando o rosto, estava furiosa e atônita:

— Você se atreve a me agredir?

Os membros da família Assis ficaram paralisados com a ousadia de Patrício. Um simples vendedor de seguros, que eles consideravam insignificante, ousou atingir um deles?

Patrício, ignorando a fúria no ar, limpou a mão direita com um lenço de seda e explicou:

— Minha esposa não pode ser agredida por vocês.

— Patrício, parece que você está buscando a morte! — Isaac rosnou, sua raiva transbordando.

A atitude de Patrício era um desafio explícito à família Assis, uma afronta que eles não estavam dispostos a ignorar. Isaac, com um olhar gelado, avançou e desferiu um soco poderoso em direção a Patrício.

O coração de Heloísa parou. Isaac era forte, um verdadeiro atleta, e se Patrício recebesse aquele golpe, seu crânio poderia se despedaçar.

Heloísa sentiu o peito apertar de ansiedade, mas não havia tempo para impedir o que estava prestes a acontecer. Com os punhos cerrados, ela observou impotente.

Mas, para a surpresa de todos, Patrício conseguiu parar o punho de Isaac com uma mão, segurando firmemente seu pulso. Não conseguia ver quanta força ele estava usando, a expressão de Isaac rapidamente se transformou em pavor, sua palidez refletindo a dor que sentia.

— Sr. Isaac. — Patrício olhou nos olhos de Isaac como se ele fosse um palhaço. — Você vai se arrepender, não importa em que aspecto.

Isaac lutou para respirar, sentindo como se Patrício estivesse prestes a despedaçar seu pulso. Ele não conseguia encontrar palavras, a pressão era esmagadora.

Isaac sentiu algo que nunca havia experimentado antes: medo.
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