Capítulo 4
Ao ouvir que Patrício ia chamar a polícia para verificar as câmeras de segurança, Nicole finalmente se aquietou. Ela olhou para Isaac com um ar de culpa:

— Irmão...

Como um bom irmão, é claro que Isaac não poderia ignorar Nicole. Ele se aproximou de Heloísa e disse:

— Eu vou cobrir os danos do supermercado, não precisamos envolver a polícia. Isso só traria problemas para você.

Embora soasse como uma proposta, o tom de Patrício era firme. Heloísa percebeu a advertência nas palavras de Isaac e assentiu em silêncio. A família Assis tinha uma posição elevada na Cidade B, e Heloísa não podia se dar ao luxo de os ofender.

Depois disso, Nicole se encarregou de compensar os danos, enquanto a equipe limpava o local. Heloísa e Patrício não permaneceram, e saíram juntos.

Após toda a confusão, ambos perderam o desejo de continuar as compras e se dirigiram para o caixa. A fila era longa, e quando chegou a vez deles, Isaac e os outros chegaram para se juntar à fila.

Nicole ouviu o preço no leitor de códigos de barras e comentou, rindo:

— Tem gente que, depois de se separar do meu irmão, está tão mal que não consegue nem comprar um lençol decente. Cento e poucos reais por um lençol, é isso que uma pessoa merece?

Heloísa, embora não fosse uma pessoa submissa, não tinha como se manifestar diante da família Assis. Optou por abaixar a cabeça e fingir que não ouviu. Patrício, observando o silêncio de Heloísa, seus olhos escuros ficaram ligeiramente mais escuros, franziu o cenho e, de repente, disse:

— Outras pessoas já se separaram do irmão dela, e não sei o que uma ex-cunhada tem a comentar sobre a vida dos outros. Tem gente que fala como uma galinha.

Nicole, irritada, exclamou:

— Quem você está chamando de galinha? Fala isso de novo!

Patrício levantou uma sobrancelha, olho para ela surpreso:

— Eu não mencionei nome nenhum. Por que você acha que estou falando de você? Você se considera assim?

— Você!

Nicole colocou as mãos na cintura, pronta para atacar Heloísa, mas foi interrompida por um olhar severo de Isaac:

— Cala a boca! Você já não está envergonhando o bastante?

Nicole bateu o pé, furiosa:

— Irmão, Heloísa está aqui com o amante dela e ainda fala mal de você. Isso me deixa brava!

Isaac pressionou os lábios, observando friamente as duas silhuetas ao longe.

Como ele conseguiu engolir esse hálito?

Pensou que seu assistente já havia agendado um encontro com o dono da Companhia de Seguros TH para depois de amanhã, e um sorriso ligeiro surgiu em seu rosto.

“Não se preocupe, em breve Heloísa estará chorando, pedindo para eu os deixar em paz.”

Heloísa saiu do supermercado em silêncio, e Patrício, olhando para ela, perguntou:

— Você está triste?

Heloísa esboçou um sorriso amargo, sem esconder suas emoções, e assentiu.

Desistir de alguém que se ama e abrir mão de um relacionamento é como curar uma doença; como não sentir dor e tristeza?

Depois de um momento, Heloísa olhou para Patrício com um certo agradecimento:

— Obrigada por falar por mim, mas...

Ela temia que Isaac fosse atrás de Patrício.

Patrício, percebendo a preocupação de Heloísa, respondeu despreocupado:

— Fique tranquila, eu sou parente do chefe e sou o campeão de vendas do nosso departamento. Seu ex-marido não vai ser capaz de me intimidar assim tão facilmente.

A voz de Patrício era grave e firme, aliviando de maneira estranha a inquietação de Heloísa.

Ao chegarem em casa, Patrício gentilmente pediu que Heloísa tomasse banho primeiro. Após o banho, Heloísa entrou no quarto, hesitou um momento e acabou trancando a porta.

Na manhã seguinte, Heloísa se preparava para ir ao trabalho quando viu Patrício saindo do quarto em seu pijama. Ela, um tanto confusa, perguntou:

— Você não precisa ir para a empresa em horário regular?

Patrício hesitou um pouco, mas logo assentiu, mantendo a expressão natural.

Heloísa não pensou muito, com um toque de inveja, comentou:

— Seu trabalho é tão livre! Eu vou indo.

Os novos funcionários estavam passando por um treinamento, e aquelas informações eram muito simples para Heloísa. O tempo passou rapidamente, e quando ela estava prestes a sair para almoçar, seu celular tocou de repente.

Heloísa atendeu:

— Alô?

A voz aguda da raiva de Eunice, a mãe de Isaac, soou furiosa:

— Heloísa! Meu filho se separou de você e você ainda manda sua mãe na minha casa? Você não suporta ver meu filho feliz, é?

Heloísa ficou atônita:

— O que você está dizendo? Minha mãe foi-te visitar?

Eunice gritou:

— Não finja que não sabe de nada! Se não fosse você que trouxe sua mãe para a família Assis, ela não teria chegado até lá! Vocês, mãe e filha, não têm coisas boas! Vocês duas são um par de aproveitadoras! Depois de se separarem, ainda querem se aproveitar do meu filho!

Heloísa suspirou suavemente:

— Estou a caminho.

O treinamento da tarde começaria às duas e meia, e ainda eram apenas onze e meia, três horas, o suficiente.

Heloísa se apressou a descer, chamando um táxi, sem se preocupar com os custos naquele momento crítico.

— Motorista, me leve para a Área de Far Hills Villa, por favor, se apresse.

— Sem problemas!

O motorista pisou no acelerador e o carro disparou.

Heloísa estava inquieta. "Como Clara pode ter ido parar na Mansão da família Assis? Será que o dinheiro em casa não está dando? Mas eu acabei de enviar dez mil reais para elas no mês passado. Será que Martim aprontou de novo? Papai sabe que Clara foi para a mansão?"

A cabeça de Heloísa estava uma confusão. Ela torcia para que o táxi chegasse logo, rezando para que Clara não fizesse um escândalo.

Felizmente, sendo dia de semana, o trânsito estava tranquilo. Trinta minutos depois, o táxi parou em frente à Área de Far Hills Villa.

Heloísa pagou e desceu.

Ela morava ali há dois anos, e os seguranças já a conheciam. Quando o porteiro a deixou passar, ele sorriu e disse:

— Sra. Assis, pode entrar. Sua mãe está aqui hoje.

Heloísa murmurou um agradecimento e rapidamente entrou.

Heloísa avistou de longe a Mansão da família Assis, onde Clara parecia uma lunática, se agarrando ao portão de ferro e gritando:

— Quando nos casamos, foi a sua família que pediu pela minha filha! Agora, porque ela não consegue ter filhos, vocês a abandonam? Isso não faz sentido! Eles podem se separar, mas não vão deixar minha filha sem um tostão! Seu filho quer aproveitar a minha filha por dois anos, e agora quer o quê? Vou avisar: hoje vocês me pagam ou eu vou fazer seu filho se reconciliar com ela. Caso contrário, vou atrás de vocês sempre!

Heloísa parou em seco. Sempre soube que Clara não era uma boa pessoa, mas suas palavras nunca haviam sido tão ofensivas.

"Clara acha que, agora que estou divorciada e sem apoio, revelando sua verdadeira face?"

Os dois funcionários do condomínio se entreolharam, claramente já haviam tentado persuadir Clara a se acalmar, mas sem sucesso. Agora, não podiam a ignorar.

Ao ver Heloísa, ambos suspiraram aliviados, mas hesitaram em a chamar de Sra. Assis, se lembrando das palavras da mulher histérica e ficaram um pouco envergonhados por um momento.

Heloísa decidiu se desculpar:

— Desculpem-me por causar essa confusão, eu vou a levar embora o mais rápido possível.

Os funcionários do condomínio, querendo evitar se envolver, deram algumas instruções e se afastaram.

Clara, ao avistar Heloísa, elevou ainda mais a voz:

— Heloísa, você chegou na hora certa! Abra o portão! Esses malfeitores estão-me impedindo de entrar! Tenho que entrar e conversar com eles!

Heloísa não queria brigar com Clara e respondeu calmamente:

— Tia Clara, o divórcio foi minha decisão. Não temos mais nenhum vínculo com a família Assis. Não temos nada a discutir com eles. Por favor, volte para casa e pare com essa cena.
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