Clara arregalou os olhos, olhando furiosa para Heloísa: — Você está louca? A família Assis é rica, por que eles podem se divorciar sem te dar nada em troca? — Clara riu com desdém e continuou. — Seu pai gasta milhares de reais por mês em sua recuperação, e as mensalidades da escola do Martim são caras. Eu não sou tão orgulhosa quanto você; eles deveriam dar-te uma compensação! Se não, quem vai pagar essa conta é você! Heloísa se sentiu um pouco impotente: — Tia Clara, esse dinheiro sempre foi eu que mandei para vocês. — Isso é diferente! Antes você tinha a família Assis para te sustentar, agora você não tem nada. Como vai conseguir nos ajudar no futuro? Heloísa tentou explicar: — Eu nunca pedi dinheiro para a família Assis. O que eu dei a vocês nos últimos dois anos foi das minhas economias. Eu ainda tenho um pouco guardadas e logo estarei ganhando dinheiro novamente. Garanto que continuarei a ajudar vocês. — Você é tão ingênua! Deixe seu dinheiro para o Martim se casar,
Lorena, com sua habitual suavidade, se adiantou e tentou acalmar a situação:— Heloísa, não fique assim. O amor não tem explicação. Você acabou de se divorciar de Isaac ontem e logo já está se casando com outro homem. Isaac nem mesmo questionou sua traição, por que você não aceita isso de forma tranquila e não nos abençoa?— Você ainda se atreve a falar em traição? — Eunice, que ainda não estava ciente da situação, ficou furiosa ao ouvir isso. — Eu já sabia que você não era uma pessoa de confiança! Muito bem, eu realmente não me enganei!Dizendo isso, Eunice empurrou Lorena para o lado e avançou com tudo para Heloísa, desferindo um forte tapa em seu rosto. Heloísa ficou paralisada por um momento, instintivamente cobrindo o rosto com as mãos. Eunice, com as mãos na cintura e o dedo indicador em riste, gritou:— Eu já percebi que você é uma mulher que traz infortúnio! O que Isaac fez para merecer isso de você? Que maldade é essa?As palavras de Eunice eram cada vez mais cruéis, sua voz
Patrício soltou Isaac e segurou a mão de Heloísa, levando-a para longe. Isaac massageava o pulso, que ainda doía, enquanto observava as costas dos dois, seus dentes cerrando a ponto de sangrar.Isaac nunca se sentira tão fraco em toda a sua vida!Lorena, sentindo pena, apertou a mão de Isaac e, com descontentamento, comentou:— Heloísa foi muito além dos limites, como ela pude agredir você?Isaac mantinha o olhar sombrio, em silêncio.“Em toda a Cidade B, ninguém ousou desafiar a família Assis. Heloísa, desta vez, você se colocou nessa situação!”Do outro lado, ao saírem da Área de Far Hills Villa, Heloísa se afastou lentamente da mão de Patrício, se sentindo culpada.— Na verdade, pedir desculpas a eles não seria um problema. Agora, ao te envolver nisso, a família Assis não vai nos deixar em paz.Patrício apertou a mão vazia de nervosismo, mas sorriu ao dizer:— Não se preocupe, tenho um amigo advogado que é muito bom. Podemos vencer essa causa.Heloísa suspirou levemente. O mundo dos
Ivo virou o rosto, sua voz soando um tanto artificial: — Isso não te diz respeito. Não pense demais, ela e eu simplesmente não conseguimos mais viver juntos.Clara, com as mãos na cintura, furiosa, apontou para Ivo e disse: — Você ainda tem coragem de falar isso! Eu cuidei de você por três anos, já fiz o suficiente por você, não fiz? Tudo que pedi foi que você conversasse com sua filha; eu estava errada? Não era para o bem dela? Heloísa se separou, como ela vai sustentar nossa família?Ivo, um homem honesto, não conseguia proferir palavras cruéis. Sua expressão estava sombria, as mãos firmemente segurando os apoios da cadeira de rodas: — Você não disse isso antes!Aquelas palavras odiosas eram insuportáveis para qualquer pai. Heloísa, querendo evitar mais conflito para o pai, se aproximou e empurrou a cadeira de rodas: — Pai, volte para o quarto. Eu converso com a tia Clara.Ivo segurou a mão de Heloísa, seus olhos normalmente bondosos agora cheios de determinação: — Heloísa,
Heloísa saiu de casa, e as vizinhas ainda estavam lá embaixo jogando mahjong conversando. Ao ver ela, elas a cumprimentaram calorosamente:— Heloísa, você vai embora?Heloísa sorriu e respondeu:— Sim, estou apenas vindo ver meu pai. Se ele estiver bem de saúde, ficarei tranquila.— Cuidado na estrada!— Certo.Heloísa sentiu um calor no coração, mas, ao se afastar, logo ouviu as vozes desdenhosas das vizinhas.— Heloísa ainda finge que é a senhora de uma família rica! Ela foi expulsa, mas ainda faz de conta que vai voltar!— Vocês viram como ela se veste? Que boa moça usa salto alto? Aposto que Heloísa saiu para se prostituir!— Já são oito horas, e Heloísa não tem para onde ir. Se não for para seduzir homens, onde mais ela poderia estar?Heloísa parou, seu corpo se tornou uma pedra. A raiva pulsava em seu peito, e ela não conseguia acreditar que aquelas que sempre foram como família para ela, as vizinhas que ela respeitava, estavam falando assim por trás.Ela sempre as considerou com
Heloísa desceu as escadas e logo avistou Patrício. A presença de Patrício era tão marcante que se destacava entre a multidão; ele usava um elegante terno cinza-prateado, parecendo mais um elitista do que um vendedor de seguros. Atrás dele havia um carro branco, um pouco envelhecido e coberto por uma camada espessa de poeira; a porta do passageiro estava aberta e Patrício se apoiava na porta, fumando.Ao notar Heloísa, ele apagou o cigarro, jogando ele no lixo, e se endireitou: — Vamos entrar no carro e conversar lá. Assim que se acomodou no banco do passageiro, Heloísa teve que abrir a porta de trás e entrar. O motorista era um homem excêntrico, com cabelo e barba longos, contrastando com seus óculos de aro dourado, criando uma imagem curiosa, que tinham um contraste estranho entre um javali e um farelo fino.Quando o carro ligou, um tremor intenso percorreu o veículo, fazendo Heloísa se segurar no apoio de braço.O motorista, percebendo sua reação pelo retrovisor, brincou: — N
Patrício bateu duas vezes na porta, que se abriu. Quem atendeu foi uma mulher idosa de estatura média, vestindo uma roupa verde-clara com um padrão elegante. Seu cabelo branco estava levemente preso na parte de trás, e embora estivesse envelhecida, sua presença exalava uma aura digna.— Você veio aqui sozinha de novo? — Heloísa ficou atrás de Patrício, e Isabela, ao ver apenas o neto, imediatamente perdeu a animação, reclamando. — Da próxima vez, venha sozinha. Se não, não precisa voltar, estou cansada disso.Patrício rapidamente se afastou, segurando a mão de Heloísa e a puxando para frente, sorrindo.— Avó, esta é minha esposa.Isabela percebeu um toque de orgulho na voz de Patrício, e sua tensão em relação à avó desapareceu. Olhando para Isabela, Heloísa disse educadamente:— Avó, olá, sou Heloísa.Ao ouvir o nome Heloísa, os olhos de Isabela brilharam, e ela lançou um olhar significativo a Patrício. Ele balançou a cabeça levemente, e Isabela sorriu, puxando Heloísa para dentro de
O caldo de galinha estava pronto, e Heloísa ajudou Isabela a servir a refeição. Enquanto comiam, Isabela, animada, disse:— Heloísa, eu moro aqui sozinha e sempre espero que tenha mais pessoas em casa. Você finalmente veio até aqui, então, que tal passar a noite comigo?Heloísa ficou um pouco tensa; o apartamento não era grande, com apenas dois quartos. Se Isabela dormisse em um, ela teria que dividir o outro com Patrício. Heloísa subconscientemente não querendo ficar.Patrício lançou um olhar discreto para o rosto de Heloísa e, sem hesitar, interveio:— Heloísa tem que trabalhar amanhã e a sua casa é longe. Se ficarmos aqui, teremos que acordar às seis da manhã, melhor deixar para lá. É muito problemático.Isabela lançou um olhar fulminante para Patrício. "Ingrato! A comida está na sua frente e você ainda não come?"Com Patrício recusando a proposta, Isabela não teve escolha a não ser concordar.Depois do jantar, Isabela se retirou para o quarto e, após um momento, trouxe uma caixa:—