Kara Jimenez Quando meus pés pisaram em solo brasileiro, meu coração afundou. Eu tentei decifrar o que eu sentia por estar de volta, mas a felicidade de estar ao lado das pessoas que eu amava sempre iria prevalecer. Avistei de longe aquela garotinha dos cabelos dourados. Estava de costas para mim ao lado de Alexandre. Ele indicou para ela onde eu estava e Olivia correu ao meu encontro. Ela estava eufórica e, ao mesmo tempo, emocionada. Me segurava com tanta força que achei que nunca iria me soltar. Olhei para os olhos dela, cheios de lágrimas, o rosto vermelho, como se tivesse feito muita força e se cansado rapidamente. Com muita dor em meu coração, eu lhe disse: — Sinto muito ter abandonado você – acariciei seu rosto e limpei suas lagrimas. — O tio Gustavo cuidou muito bem de mim – ela sorriu convicta do que estava falando – e cumpriu a promessa de trazer você de volta. O Gustavo se aproximou com Caleb nos braços e eu fiquei observando qual seria a reação de Olivia ao receber
Gustavo Henri Eu havia esquecido minhas chuteiras da sorte em casa e já estava alguns quilômetros longe, quando fiz o retorno. Eu não estava disposto a jogar aquela noite sem o meu amuleto da sorte e embora eu soubesse que chegaria ao treino atrasado, voltei para casa. Quando estacionei o carro avistei um veículo estranho na porta da minha mansão. Me questionei se a Bruna, minha esposa, estaria recebendo visitas. Bem provável que não. Ainda assim não dei muita importância. Subi as escadas rapidamente, enquanto ouvia risos, vindo da suíte, e quando abri a porta, me deparei com os olhos de Bruna arregalados, como se tivesse visto um fantasma. Ela pulou da cama, puxando os lençóis e cobrindo sua nudez, enquanto Donovan se erguia, ficando frente a frente comigo. — Gustavo – a voz dela estava tremula – o que você está fazendo aqui? Cerrei os punhos, mas não tentei acalmar meus nervos. As coisas ficaram ainda pior quando vi minha filha dormindo tranquilamente, no mesmo quarto q
Kara Jimenez Já havia se passado cinco minutos desde que o Gustavo entrou no carro e partiu, ainda assim eu continuava parada no mesmo lugar, olhando para o dinheiro que ele fez questão de jogar no meu rosto. Eu abaixei com dificuldade para pegar o dinheiro que o vento quase levou embora. Depois da humilhação que ele me fez passar e das feridas nos meus dois joelhos, pagar um táxi era o mínimo que ele poderia fazer. Me ergui e olhei para dentro do centro de treinamento. Os meus joelhos nem se comparavam ao meu coração estraçalhado. Gustavo não estava mais ali, me provando que ele não havia se importado com os ferimentos que causou em mim. Um suspiro longo e profundo escapou dos meus pulmões quando me lembrei o quanto eu o admirava antes mesmo de o conhecer. Embora a sede do clube estivesse vazia, eu sabia que os imperadores fariam um jogo importante naquela noite, e eu queria estar ali para passar eles toda a minha energia positiva. Acho que estou exagerando um pouco, na
No ritmo do jogo, corri na direção do gol, só eu e o goleiro, e chutei, vendo a bola passar distante. Ouvi a voz do preparador físico gritar de longe o meu nome. — Hoje você está muito distraído, Gustavo. Precisa se concentrar mais – Deu um leve tapa nas minhas costas e se afastou novamente. Estávamos apenas no aquecimento e todos já haviam percebido que algo estranho acontecia comigo. Os torcedores logo perceberiam também, quando eu, o artilheiro do time falhasse no jogo que valeria a nossa vaga para final. Eu tentava não pensar nisso, esvaziar a mente e me focar no real objetivo daquela noite, mas todas às vezes que eu buscava um caminho diferente, minha mente me levava de volta à cena em que minha mulher estava me traindo. — Droga! – esbravejei, quando senti a presença do Allan logo atrás de mim. — Está de mau-humor porque foi punido pelo atraso, ou por que errou aquele chute no gol? — Um pouco dos dois – menti, mas eu sabia que o Allan não acreditaria naquilo – o dia est
Kara Jimenez Meu olhar se arregalou quando eu li a notícia nas redes sociais. A mulher do Gustavo havia sofrido um grave acidente e estava em estado grave no hospital. Ele devia estar arrasado, eu pensei, e por uma breve fração de segundos eu sentir compaixão dele. Me levantei atordoada quando percebi meus sentimentos. Gustavo não merecia nem meus pensamentos, imagine então minhas considerações. — Espero que agora ele aprenda a ser mais prestativos com pessoas atropeladas – bravejei em voz alta, sem perceber que eu não estava sozinha na pequena sala. — Ora essa, menina, anda falando sozinha agora? – meu coração acelerou quando ouvi a voz da Rosa logo atrás de mim. Enquanto recuperava o ar, observei Rosa rir de mim. Nem parecia que fui expulsa de casa há uma hora e estava aqui, morando na casa dela sem saber o que fazer da minha vida. — Desculpa, Rosa – me aproximei dela e a abracei. Meu coração estava cheio de gratidão por aquela mulher se tão bondosa comigo – eu prometo q
— Hoje mesmo? – arregalei os olhos até ele sem acreditar no que ele dizia – eu não posso, senhor. Olha o modo como eu estou vestida. — Então quer desistir do emprego? – o homem me olhou dos pés à cabeça, começou a suar e eu vi o desespero estampado no rosto rechonchudo dele – o patrão precisa de uma babá o mais rápido possível. Patrão? Eu fiz uma careta. Eu trabalharia para um homem que eu nem conhecia. E se ele fosse um arrogante mesquinho como o meu padrasto, ou um velho abusador? Eu não sabia por que minha mente me levava para o lado mais obscuro das pessoas, mas eu já não conseguia confiar em ninguém. — Eu não estou desistindo – soltei um longo e pesado suspiro, enquanto encarava os olhos aliviados do homem – estou apenas dizendo que eu não devo chegar em um estado tão reprovável no meu primeiro dia de trabalho. — Isso não é importante – ele ignorou completamente o meu estado – o importante é saber se você consegue cuidar de um bebê recém-nascido. Eu franzi a testa e o t
Gustavo Henri Eu estava extremamente irritado e minha vontade era agarrar aquela garota e jogá-la para fora da minha casa. Parado ainda no meio da chuva, eu larguei o braço dela e a olhei com enorme reprovação. Percebi que ela estava assustada, embora dessa vez eu conseguisse ver os traços finos do seu rosto. A garota era bonita e a chuva que caia sobre ela a deixava ainda mais interessante. — Isso não pode ser verdade – comecei a andar para longe dela, quando subitamente olhei para trás para ver qual reação ela teria – eu não contrataria ninguém como ela. Havia indignação no rosto dela e percebi que a garota não havia gostado nada do que eu dissera. — O senhor mesmo pediu para que eu contratasse a primeira candidata que aparecesse – Alexandre sussurrou no meu ouvido, certamente para não a constranger – a Kara foi a única que apareceu para a entrevista. Eu achava aquilo consciência demais. Depois que ouvi as palavras de Alexandre, bufei e dei de ombros. Eu não podia levar a sér
Kara Jimenez Meu coração estava destruído, embora eu fingisse não sentir nada para não dar ao Gustavo o gosto de me ver sofrer, eu permaneci de cabeça erguida. O olhar dele era frio e indecifrável. Eram verdes escuros como jade rara. Os cabelos tão bem aparados, dourados como a luz do sol, agora molhados, deixava-o com um ar sedutor, o que era um perigo para mim. Nariz perfeito, a barba por fazer. O rosto esculpido por Deus. Meu corpo estremeceu e precisei desviar o olhar. Como um homem tão bonito como aquele podia ser tão arrogante? Senti ele se aproximando e eu precisei abaixar a cabeça. Eu sabia que o Gustavo não confiava em mim e só iria me contratar porque não tinha outra opção. Me lembrei da esposa dele, internada em um hospital em estado grave. Ainda assim não era compreensível todo aquele ódio no seu coração. — Eu vou contratá-la – ergui o rosto rapidamente olhando nos olhos dele. Eu sei que a expressão do meu rosto denunciou o quanto eu estava feliz com aquilo – mas devo