Gustavo Henri. Os olhos de Kara escureceram. Ela não conseguia entender. Eu imediatamente me culpei por dar uma notícia dessa forma. Não foi assim que planejei e, quando percebi, ela, perdendo as forças, a agarrei, segurando-a com força contra o meu corpo. Silenciosamente, Kara chorou e naquele momento considerei o silêncio minha melhor opção. Eu apenas a segurei em meus braços enquanto permitia que ela colocasse para fora toda a dor. — Como descobriu isso? – ela se afastou e eu lamentei – porque eu não fiquei sabendo… — A notícia estava em todos os jornais da cidade – respondi, mas Kara permanecia de cabeça baixa - não tinha como você ficar sabendo. Lamento muito. Ela permaneceu ali como se estivesse congelada no tempo ou afundada pelas próprias memórias. Percebi então que eu sabia muito pouco sobre esse lado da vida da Kara. Desde quando a conheci, ela nunca gostou muito de falar sobre sua família, seus pais e o relacionamento que havia tido com eles. Era tudo muito vago, aind
Kara Jimenez Meu coração batia descontroladamente dentro do meu peito e isso transparecia em todo o meu corpo. Sei que Sebastian me esperava atrás dessa parede, mas eu não conseguia parar de pensar nas últimas palavras de Gustavo para mim. Sua declaração havia soado tão doce e eu não consegui fazer nada a respeito. Eu saí tão rápido que quase tropecei nas minhas próprias pernas. Parei subitamente a um passo de ver o Sebastian e me acalmei. Estava no momento de resolver aquilo de uma vez por todas. Enchi os pulmões com ar e fechei os olhos antes de dar um passo e ficar de frente com ele. Os dois estavam parados atrás do balcão e os olhares se voltaram para mim. Um sorriso maquiavélico repuxou os lábios de Celeste, mas ela não estava feliz em me ver, aquilo era puro cinismo de alguém que sabia que se daria bem em cima da própria filha. Ouvi um rangido vindo do corredor e girei o pescoço para ver e garanti que não era o Gustavo pronto para estragar tudo. Vi Clemente cruzar a porta e
Gustavo Henri O tom frio e a voz triste da Kara fazem meu coração se afundar dentro do meu peito. Eu a observei virar as costas e entrar indo na direção do Caleb. Acompanhei os policiais para fora para prestar o meu depoimento, mas o que eu queria era ficar com a Kara, não havia ninguém que precisava de mim mais do que ela. Afrodite veio buscá-la e já era tarde da noite em Nova Iorque. Eu estava na delegacia quando Alexandre ligou para mim. Ainda era madrugada e eu me assustei com a urgência da ligação. — A audiência da guarda da Jasmim acontecerá amanhã – meu coração se descontrolou – precisa voltar para o Brasil imediatamente. Meu mundo desmoronou mais uma vez. Eu ainda não podia voltar, precisava resolver as coisas entre mim e a Kara. Prometi a Olivia que traria sua irmã de volta, como eu chegaria no Brasil sem a Kara ao meu lado? Eu apenas concordei com as orientações do Alexandre e pedi para que Afrodite fosse me buscar. Amanhecia e o céu ganhava tons alaranjados com os pr
Kara Jimenez Quando meus pés pisaram em solo brasileiro, meu coração afundou. Eu tentei decifrar o que eu sentia por estar de volta, mas a felicidade de estar ao lado das pessoas que eu amava sempre iria prevalecer. Avistei de longe aquela garotinha dos cabelos dourados. Estava de costas para mim ao lado de Alexandre. Ele indicou para ela onde eu estava e Olivia correu ao meu encontro. Ela estava eufórica e, ao mesmo tempo, emocionada. Me segurava com tanta força que achei que nunca iria me soltar. Olhei para os olhos dela, cheios de lágrimas, o rosto vermelho, como se tivesse feito muita força e se cansado rapidamente. Com muita dor em meu coração, eu lhe disse: — Sinto muito ter abandonado você – acariciei seu rosto e limpei suas lagrimas. — O tio Gustavo cuidou muito bem de mim – ela sorriu convicta do que estava falando – e cumpriu a promessa de trazer você de volta. O Gustavo se aproximou com Caleb nos braços e eu fiquei observando qual seria a reação de Olivia ao receber
Gustavo Henri Eu havia esquecido minhas chuteiras da sorte em casa e já estava alguns quilômetros longe, quando fiz o retorno. Eu não estava disposto a jogar aquela noite sem o meu amuleto da sorte e embora eu soubesse que chegaria ao treino atrasado, voltei para casa. Quando estacionei o carro avistei um veículo estranho na porta da minha mansão. Me questionei se a Bruna, minha esposa, estaria recebendo visitas. Bem provável que não. Ainda assim não dei muita importância. Subi as escadas rapidamente, enquanto ouvia risos, vindo da suíte, e quando abri a porta, me deparei com os olhos de Bruna arregalados, como se tivesse visto um fantasma. Ela pulou da cama, puxando os lençóis e cobrindo sua nudez, enquanto Donovan se erguia, ficando frente a frente comigo. — Gustavo – a voz dela estava tremula – o que você está fazendo aqui? Cerrei os punhos, mas não tentei acalmar meus nervos. As coisas ficaram ainda pior quando vi minha filha dormindo tranquilamente, no mesmo quarto q
Kara Jimenez Já havia se passado cinco minutos desde que o Gustavo entrou no carro e partiu, ainda assim eu continuava parada no mesmo lugar, olhando para o dinheiro que ele fez questão de jogar no meu rosto. Eu abaixei com dificuldade para pegar o dinheiro que o vento quase levou embora. Depois da humilhação que ele me fez passar e das feridas nos meus dois joelhos, pagar um táxi era o mínimo que ele poderia fazer. Me ergui e olhei para dentro do centro de treinamento. Os meus joelhos nem se comparavam ao meu coração estraçalhado. Gustavo não estava mais ali, me provando que ele não havia se importado com os ferimentos que causou em mim. Um suspiro longo e profundo escapou dos meus pulmões quando me lembrei o quanto eu o admirava antes mesmo de o conhecer. Embora a sede do clube estivesse vazia, eu sabia que os imperadores fariam um jogo importante naquela noite, e eu queria estar ali para passar eles toda a minha energia positiva. Acho que estou exagerando um pouco, na
No ritmo do jogo, corri na direção do gol, só eu e o goleiro, e chutei, vendo a bola passar distante. Ouvi a voz do preparador físico gritar de longe o meu nome. — Hoje você está muito distraído, Gustavo. Precisa se concentrar mais – Deu um leve tapa nas minhas costas e se afastou novamente. Estávamos apenas no aquecimento e todos já haviam percebido que algo estranho acontecia comigo. Os torcedores logo perceberiam também, quando eu, o artilheiro do time falhasse no jogo que valeria a nossa vaga para final. Eu tentava não pensar nisso, esvaziar a mente e me focar no real objetivo daquela noite, mas todas às vezes que eu buscava um caminho diferente, minha mente me levava de volta à cena em que minha mulher estava me traindo. — Droga! – esbravejei, quando senti a presença do Allan logo atrás de mim. — Está de mau-humor porque foi punido pelo atraso, ou por que errou aquele chute no gol? — Um pouco dos dois – menti, mas eu sabia que o Allan não acreditaria naquilo – o dia est
Kara Jimenez Meu olhar se arregalou quando eu li a notícia nas redes sociais. A mulher do Gustavo havia sofrido um grave acidente e estava em estado grave no hospital. Ele devia estar arrasado, eu pensei, e por uma breve fração de segundos eu sentir compaixão dele. Me levantei atordoada quando percebi meus sentimentos. Gustavo não merecia nem meus pensamentos, imagine então minhas considerações. — Espero que agora ele aprenda a ser mais prestativos com pessoas atropeladas – bravejei em voz alta, sem perceber que eu não estava sozinha na pequena sala. — Ora essa, menina, anda falando sozinha agora? – meu coração acelerou quando ouvi a voz da Rosa logo atrás de mim. Enquanto recuperava o ar, observei Rosa rir de mim. Nem parecia que fui expulsa de casa há uma hora e estava aqui, morando na casa dela sem saber o que fazer da minha vida. — Desculpa, Rosa – me aproximei dela e a abracei. Meu coração estava cheio de gratidão por aquela mulher se tão bondosa comigo – eu prometo q