Iviston - A cidade Gelada
Iviston - A cidade Gelada
Por: Herions
Prólogo

Houve uma guerra, sempre há uma, você sabe disso e eu sei, e se não houve, vai haver. Sangrenta, cruel e apagada pelo tempo. Tão arcaica que seus velhos não recordam e nem consta nos registros de história. Não como de fato aconteceu.

Era uma manhã enfadonha, caótica e casual para aqueles guerreiros de orelhas pontuadas, com os cabelos longos e o corpo esguio. Eles não pensavam que aquela seria a última guerra da raça deles. Já faziam seis meses que estavam enfrentando a horda interminável de orcs, sozinhos. A pele vermelha, os olhos negros e os caninos proeminentes, quase na metade do crânio, diziam tudo o que precisavam saber sobre eles. Eram da ilha de Burning, onde o sol causticante e a constante falta de água não permitiam que nada crescesse, se não algumas poucas ervas venenosas, sustentando uma frágil cadeia de predadores.

A terra estéril e o orgulho infindável os trouxeram ali para morrer como homens, em conquista de sua própria terra, em vez de morrer pelas mãos da fome. Mais orcs sempre são uma praga e sempre serão uma epidemia, não importando o lugar. Se eram tantos com poucos recursos, imagine em uma terra verde, banhada por numerosos rios e com fauna abundante. Eles tomariam o continente mais uma vez. Afinal, essa terra sempre foi deles.

Foram os anões que os expulsaram de suas montanhas, os elfos de suas florestas e a humanidade os despojou de suas geleiras, jogando-os mais uma vez de onde saíram, da infernal Burning.

Nos olhos dos guerreiros caídos, a vergonha, o medo e a surpresa estavam estampados em suas órbitas, incrédulos diante da própria morte. Afinal, um orc só tem força e, normalmente, suas armas não passavam de clavas, algumas de madeira, e as mais rústicas eram feitas de pedra de sua ilha natal. As defesas não podiam ser mais precárias, apenas um couro denso, mas frágil, comparado às lâminas de seus adversários, que, para seu azar, ainda eram versados em magia. Mas a eles restava a selvageria e o profundo desejo de vingança. Contra quem havia tirado tudo, até a dignidade de se considerarem um povo forte que nunca se dobraria.

Quando um orc caía, outros dois surgiam com mais bravura, abrindo caminho onde um de seus irmãos descansava, alcançando o sonho de morrer no antigo lar. Era uma guerra de atrito, de constantes combates, onde os números pouco importavam para aqueles que estavam dispostos a morrer em batalha; já estavam destinados à morte pelo machado da fome.

Os elfos recuavam, não tendo escolha senão ceder espaço aos seus inimigos. Eles não tinham como segurar tantos bárbaros sozinhos. Demorou trezentos anos para expulsá-los das florestas e apenas cinco dias de guerra para tomarem metade de volta.

As flechas pareciam ricochetear na pele grossa, acostumada aos duros espinhos e às feras de sua terra natal. As espadas, com dificuldade, atravessavam a segunda camada do couro, adaptadas contra as garras de predadores tão ferozes quanto eles. Esses eram novos orcs oriundos da ilha dos sobreviventes, onde a reclusão os tornou mais fortes e selvagens.

Não demorou para que os anões entrassem na luta, ainda ressentidos por sofrer com o costumeiro terror orcânico pairando sobre suas cabeças. E, para variar, os humanos foram os últimos a tomar partido na guerra, se sentindo seguros quase no fim do continente, mas sua ajuda não veio de graça; afinal, eles vagamente encontraram um verdadeiro exército orcânico. Acostumados a espantar e a flagelar crianças do tamanho de seus adultos.

A guerra se estendeu por dois anos: intensa, brutal e fatídica. As pequenas vitórias das três nações aos poucos foram virando a maré para o seu lado e, pouco a pouco, o inimigo imbatível recuava de volta a Burning. Mas mal eles sabiam que vencer nunca foi o objetivo deles, apenas ganhar mais tempo.

Eles venceram, porém, sem ter para onde recuar, os elfos... todos morreram. Foi a ajuda tardia da humanidade que concedeu a vitória. Caso contrário, só haveria mais corpos nas florestas e nas montanhas, condenando a todos à completa extinção. Os anões sobreviveram por pouco, se refugiando nas cidades humanas com o custo de trabalhos forçados, enquanto seus guerreiros de armaduras pesadas marchavam em direção ao massacre.

Não demorou muito para que as cidades élficas e enamicas fossem tomadas por um novo exército, desta vez por um novo rival, surgindo nas entranhas de seus aliados.

Os humanos tomaram Duargom, a capital anã, e Sariston, do antigo conglomerado élfico, passando a ter o domínio sobre as outras raças, argumentando que iriam protegê-las em vez de tomá-las.

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