A garota ajeitava a trança pela ultima vez enquanto seus olhos escorriam pelo rosto, as ires densamente verdes, a pele cheia de sardas para se perder no macacão, que aos pouco se tornava sua segunda pele. Ela estava sozinha tendo o luxo de ficar mais um pouco na cama. Seu pai já havia saído antes do sol raiar para terminar uma grande encomenda de pedras, e sua mãe não queria perder clientes abrindo a loja de tecido e costura mais cedo. Cink tinha que aproveitar a curta temporada de cheia de Iviston para conseguir quanto clientes pudesse, assim o esposo poderia ficar mais tranquilo quanto aos impostos. Até Elby já estava ajudando com parte do seu salário atrasando sua inscrição para a prova de admissão para academia de magia por duas estações. Agora era a sua vez de se esforçar pela sua familia na venda.
Ela ainda entendia porque Falmmer mudava a loja em dois em dois meses e nunca parava em nem um canto da cidade. Mas agora entendia que era pra fugir dos nobres esnobes que além
Ela nunca esqueceria a fusa daquele gêmeos, as únicas coisas que mudavam eram o corte de cabelo Saémon, o mais baixo, mantinha os longos fios amarrados, enquanto Daemeon era maior e robusto com um corte mais curto o deixando quase arrependiados. Os olhos azuis em um tinham um tom fosco quase cinza, quando no outro eram mais escuros, vibrantes e de alguma forma sujos como a maresia repleta de espuma, o nariz firme e um tanto anguloso contrastava com os lábios finos, mais nem por isso deixava de acrescentar alguma elegância ao rosto. Mas essa beleza era manchada pela natureza perversa de ambos. Disso tinha certeza, que tipo de nobre rouba os outros? Ainda vestido roupas finas e de bom porte. Podia ser por diversão, para arrancar o tédio de suas vidas mesquinhas e ocas. Devia ser isso, não tinha outra explicação. A garota desconfiava que magia não devia ser o forte de Daemeon, algo nele dizia isso e o fato de portar uma espada só reforçava a ideia. Outra coisa que ro
Enquanto andava a pergunta dele ainda repercutia em sua cabeça, a concentrando de tal maneira que não percebia o que acontecia em sua volta, mais uma vez estava perdida em um fluxo constante de idéias, onde andar se tornava automático. As pessoas não passavam de um plano de fundo de uma paisagem caótica, as vendas improvisadas nas praças eram as nuvens dispersas, que rapidamente mudavam de forma e os prédios e casas se condensavam em uma cadeia de montanhas inconstantes. Tudo que Endy tinha na mente era a pequena indagação que, a punha em cheque e, permanecia sem uma resposta."Qual o seu sonho?"Não importava a quantidade de vezes que se perguntava ela nunca tinha uma resposta satisfatória, ou um objetivo tão ardente em seu peito que a impulsionasse a tentar varias e varias vezes. Tudo que tinha eram talentos, assim como para magia, não precisava de horas de estudos, fazer movimentos ou manter falas constantes, era simples e não precisava de esforço, só realizar o
Quando chegou aos fundos da casa Orion já estava lá, com os olhos fechados e dentro do circulo rúnico, que envolta dele emitia um brilho, esverdeado, opaco e então abriu os olhos, como se soubesse que ela estava o observando. - Pode ir primeiro. - Disse por fim se atendo aos pergaminhos preso entre as pernas cruzadas do primo. Estava curiosa para ver o milagroso resultado do treino imposto do tio. Uma parte dela ainda se recusava a acreditar que Raydon permitia que Orion competisse usando um único feitiço, o mais básico e inútil de todos e sem contar que nem pra ataque servia. Tudo era irreal demais para ser verdade ou um para não pertencer a um conto bardico. O truque de fazer luz era centenas de vezes mais útil que o de fazer água, essa era uma das coisas das quais Endy tinha plena certeza. Orion não se levantou, se limitou apenas em estender a mão destra pra frente do rosto, e fechou os olhos. Demorou pouco mais de um minuto e o som de estática fluía entre os dedos trazendo um
Não era apenas raiva que envolvia a respiração bufante, estava frustrada e envolvida por um arrependimento intrínseco. Uma parte dela queria culpá-lo, ainda desejava ferí-lo de alguma forma mais não podia, sabia e tinha ciência que apenas a magia nunca seria o suficiente contra o primo. Precisava aprender a lutar, a jogar sujo e a usar tudo ao seu redor, como ele e de alguma maneira o superar. Porém sabia que isso era impossível, ao menos agora, e uma parte de si, a maior parte ,sabia que a culpa era sua e não dele, que Orion estava apenas se defendendo, mostrando quem de fato tinha garras em vez de unhas, presas em vez de dentes bem desenhados. O combate rápido e decisivo só deixou claro qual dois estava melhor preparado, quem sabia lidar com as desvantagens e a diferença entre um gato do mato e uma raposa ardilosa. Doeu quando se pôs de pé, quando tentou andar, como se seus músculos estivessem prestes a rasgar mais tinha que levantar. O frio já tinha embalado os ossos, sujado o vest
Houve uma guerra, sempre há uma, você sabe disso e eu sei, e se não houve vai haver. Sangrenta, cruel e apagada pelo tempo. Tão arcaica que seus velhos não recordam e nem consta nos registro de história. Não como de fato aconteceu. Era uma manhã enfadonha, caótica e casual pra aqueles guerreiros de orelhas pontuadas, com os cabelos longos e o corpo esguio. Eles não pensavam que aquela seria a última guerra da raça deles. Já faziam seis meses que estavam enfrentando a horda interminável de orcs, sozinhos. A pele vermelha, os olhos negros e os caninos proeminentes quase na metade do crânio diziam tudo que precisavam saber sobre eles. Eram da ilha de Burning, onde o sol causticante e a constante falta de água não permitia que nada crescesse, se não algumas poucas ervas venenosas, sustentando uma frágil cadeia de predadores. A terra estéril e orgulho infindável que os trouxeram ali para morrer como homens, em conquista de sua própria terra, em vez de morrer pelas mãos da fome. Mais orcs
O sol ainda não havia nascido e no horizonte uma pequena linha vermelha surgia tingindo de vida o céu negro. Porém ele estava, ali, parado encarando o futuro jantar. A flecha tremia diante dos olhos enquanto calculava a força do vento. Respirou fundo esperando o momento certo, ajustou o foco e sem perceber a haste escorregava dos dedos, fazendo o alvo cair. Rapidamente saiu da ravina sacando a faca de esfolamento, desejando terminar o serviço o quanto antes. Sentindo os passos descompassados e a beira do colapso continuou correndo para finalizar o pobre animal caído, abandonando os arbustos cobertos de neve onde se escondia. - Uma morte limpa e um tiro perfeito. – Disse a si mesmo entre seus pensamentos conforme removia a haste do flanco do pequeno chacal. – Raydon iria se orgulhar! Ele seria lindo um dia e um perigoso rival em qualquer outra noite, mas agora não passaria de um bom jantar e um futuro casaco. Pensou ele separando a carne da pelagem que futuramente lhe renderiam algu
Faziam apenas duas semanas que estava viajando e foi só quando deu de cara com a neve que sentiu falta de casa, do clima quente onde o frio era uma brisa calorosa e a bafada, da cama aconchegante e da comida de suas empregadas. Endy ainda se perguntava por que viera sozinha? Quando sua mãe insistiu pra que ao menos um serviçal a escolta-se. Um que certamente saberia o caminho e seria responsável o suficiente pra não usar o mapa pra iniciar uma fogueira. Talvez uma vez na vida ela quisesse desfrutar de sua independência e da liberdade dos olhos super protetores da mãe. Mas agora sentia o amargo arrependimento por não ter lhe dado ouvidos e sofria por não saber se virar por sua conta. Desorientada em uma montanha sem recurso algum se não algumas blusas e uns pedaços de carne seca.Aquele era o segundo dia que estava perdida e por sorte encontrará uma trilha ate o topo da montanha. Só havia um problema não havia nada, apenas árvores e algumas
Foram duas horas de sono talvez três calculava ele que com mais uma estaria novo em folha. O Orion olhou para baixo observando a garota brincando com alguns galhos. Ele resgatou o arco e a aljava a cabeceira de seu saco de dormir e mais acima o par de adagas. Antes de dormir mais um pouco faria uma ronda mantendo o velho hábito, enquanto repassava uma lista como um mantra contra sua má sorte."Um nunca durma no solo, dois monte armadilhas e terceiro sempre tenha uma isca ou um bom alarme."Não demorou muito pra que avistasse duas sombras sobre a neve caminhando sem deixar rastro e sem dificuldade alguma. Aquela era a marca registrada dos mercenários de Falcon. Criaturas sanguinárias, animalescas e cruéis."Se encontrar um deles fuja, não se esconda. Nunca pela neve ela não é um empecilho para eles que são ótimos rastreadores. Deixe tudo pra trás, nada é mais importante que sua vida."Orion estava a fav